REDAÇÃO DE CASOS
Considerações gerais:
Extensão – O ideal é um meio termo: o caso não pode ser muito curto, nem excessivamente prolixo. Porém, é preciso que haja um bom volume de dados e informações - sempre um pouco acima do estritamente necessário para as finalidades pretendidas.
Bom que haja anexos com dados numéricos, ou o uso de tabelas ao longo do texto.
Uma vez aprovado: usá-lo várias vezes, e corrigi-lo.
Convém que o caso tenha uma questão principal, mas não demasiado evidente. O caso perfeito é um mau caso.
Convém colocar certa medida de dados não relevantes.
Podem ser casos de sucesso ou de fracasso.
Buscar um tema interessante e atual. Ou, ir a alguma empresa que seja notícia.
Ao final é melhor apresentar:
Alternativas expressas ou tácitas.
Certo ar de dúvida.
Ter perguntas no texto, para encaminhar a análise e a discussão.
Estruturação de um Caso
Estrutura de Tempo: Um caso ocorre no tempo. Deve haver uma clara percepção da seqüência de tempo em que os eventos ocorreram. Pode ser necessário dividir a seqüência do tempo em certos pontos, de maneira a considerar alguns eventos que tenham ocorrido.
O problema aparece primeiramente, então, se torna preciso considerar os eventos que a ele conduziram. Eventualmente, eventos posteriores ao surgimento do problema também se fazem necessários.
Estrutura Narrativa: Não existe somente uma seqüência de tempo nos eventos ocorridos. Os principais acontecimentos, bem como suas circunstâncias, devem ser narrados em algum padrão que seja compreensível. Ao leitor deve ficar claro: onde os eventos se deram, e que situações foram causadas por tais eventos.
Estrutura Expositiva: A própria situação que está sendo relatada deve ficar bem clara. O autor precisa especificiar a situação sem que deixe margem a dúvidas. Também existe uma estrutura expositiva com referência à própria empresa. Deve ser dita alguma coisa sobre o contexto no qual a empresa opera - concorrência, situação econômica, consumidores, panorama geral...
Estrutura Viva: Para que o caso possa cativar a atenção do leitor, deve haver certo suspense, algo como uma pergunta no ar. Exemplos: Qual a causa de tão grande sucesso? Qual o principal motivo de tão rápida queda nas vendas? Qual a melhor decisão a tomar em tais circunstâncias?
Escrevendo um Estudo de Caso
O processo pode envolver entrevistas ou pesquisas a partir de publicações diversas. Além disso, sempre é necessário consultar documentos da própria empresa, como revistas internas e boletins informativos. Finalmente, cabe pesquisar associações de classe ligadas àquele setor de atividade.
O processo mais importante de coleta de dados é a entrevista, pois a partir dela o autor coloca sua expertise em jogo, e traz à tona novos dados, pois, afinal, os dados anteriormente utilizados já eram disponíveis ao público. Em outras palavras, o trabalho de autoria está mais propriamente nesta busca direta de dados através de entrevistas.
Coleta de Dados através de Entrevista
Antes da Entrevista
Convém ampliar os conhecimentos sobre o assunto a ser pesquisado, sobre a própria empresa, e sobre o seu setor de atividade.
Selecionar algumas dicas ao orientador para o seu roteiro de entrevistas.
Marcar entrevistas com antecedência. Informar ao entrevistado qual o propósito da visita, enviando um resumo do objetivo de seu trabalho ou outras informações que ajudem ao entrevistado a formar uma idéia sobre as suas necessidades de informação.
O primeiro contato com a empresa deve ser com o responsável pela área de seu interesse. Ele precisará autorizar a coleta de dados e indicar, se for o caso, uma pessoa que possa esclarecer as informações que você precisa, caso ele não possa atendê-lo.
Estabeleça uma metodologia para a sua coleta de dados. Antes de ir à entrevista busque informações gerais sobre a empresa (Internet, revistas, jornais, material promocional da empresa, etc.), certifique-se de que você sabe exatamente quais as informações que são fundamentais para a elaboração de seu estudo de caso. Elabore um roteiro para a entrevista. Você não precisa segui-lo fielmente, mas assegure-se que no roteiro estejam presentes todos os elementos fundamentais para a sua pesquisa. O roteiro servirá como um lembrete das suas necessidades.
A Pesquisa é a busca por fatos, não por evidências que suportem uma noção pré concebida.
Durante a Entrevista
Explicar a política da Instituição sobre o estudo de caso. É apenas um trabalho de final de curso, de cunho estritamente acadêmico, e que não visa oferecer nada específico, tal como serviço de consultoria, comentários ou qualquer indicação de curso de ação para a empresa.
Pedir o material de que você necessita. É um bom procedimento pedir exatamente o que você precisa; Balanços, política da empresa, etc. É melhor o funcionário que está atendendo você saber exatamente o que você precisa do que você conseguir o material por outros meios e ele ficar sabendo posteriormente.
A experiência mostra que na coleta de informações não se deve fazer perguntas do tipo: Você tem problemas nessa área?. É melhor perguntar sobre os benefícios que foram conseguidos na experiência de determinada área.
Esteja preparado para guiar a conversa com perguntas inteligentes, mas não estruture a sua entrevista de tal forma que não possibilite o funcionário que o está atendendo a dar idéias ou informações pertinentes que você não tenha previsto.
Não argumentar. A tarefa de coleta de dados é descobrir e relatar fatos e opiniões, não mudá-los.
Pegar algum material que aparentemente não seja necessário. Quase sempre você encontrará informações que aparentemente não tenham muito a ver com a situação problema escolhida, mas que se mostram úteis depois. Quando possível aceite convites para fazer uma visita pela empresa.
Técnicas para Escrever o Caso
Organizar o material: escreva tudo que se julgar importante para a elaboração do estudo de caso.
Freqüentemente é aconselhável começar um caso com uma afirmativa sobre o assunto.
Tópicos: O desenvolvimento do caso em tópicos pode também acelerar o processo da elaboração do mesmo.
Usar o verbo no passado: O verbo é utilizado no passado para proteger a empresa das informações que foram recebidas pelo aluno.
Tabulações: Tabular todos os dados que possam ser apresentados em forma de tabela.
Apêndices e Anexos: Tabelas, gráficos, balanços, formulários podem ser colocados em forma de apêndices ou anexos. Estes devem ser numerados consecutivamente na ordem em que eles aparecem no caso. Referência específica às fontes deste material devem ser colocadas ao final de cada um deles. O material que não seja parte essencial do caso ou que seja muito longo para inclusão no texto deve ser colocado como apêndice. Os apêndices geralmente são numerados por letras (Apêndice A).
Verificação dos Dados: Todos os dados devem ser verificados para que fique evidenciada a veracidade dos mesmos. Para facilitar essa verificação, é mais prático registrar as fontes de referência de maneira completa (n.º da página, autor, livro, etc.). O caso deve ser consistente e estruturado de forma lógica.
Fatos: Todos os fatos relevantes que estejam disponíveis devem ser incluídos. Caso algum fato relevante não esteja disponível é necessário mencionar isso. Opiniões ou Análises não devem ser relatadas como fatos. As conclusões pessoais dos autores do Estudo de Caso podem ser apresentadas, porém de modo a não serem confundidas com os dados reais.
Opiniões de qualquer pessoa devem ser relatadas como tal e o aluno deve ressaltar que trata-se de uma opinião, fazendo referência ao nome da pessoa e outros detalhes que sejam relevantes.
Decisões: A inclusão das decisões tomadas pela empresa são interessantes e ajudam a formar idéias concretas sobre as situações que realmente ocorrem nas empresas.
TRÊS ETAPAS DO USO DE CASOS EM AULA
Estudo individual.
Discussão em equipe para trazer à tona a experiência de cada um (ideal que haja um coordenador para manter a discussão nos eixos, evitar que monopolize).
Discussão geral.
Distinguir entre fatos, opiniões, problemas e soluções.
Nunca existe a "melhor solução".