Os " Contras " e o Investimento
 
Não vamos falar dos resistentes que lutaram contra o regime sandinista na Nicarágua, vulgarmente conhecidos por “ contras “ . Na acepção em causa neste artigo , “ os contras “ são os investidores que agem ao invés da tendência do mercado .Os anglo-saxões chamam-lhes contrarians e nós poderíamos apelidá-los também de “ os contrários “ ou “ os do contra “ .
Os “contras “ acham - como toda a gente – que se deve comprar na baixa e vender na alta das cotações .
   Só que “ os contras “ vendem quando o mercado está em alta e a maioria dos investidores está ainda a comprar mesmo a cotações tidas por especulativas e compram quando o público em geral acha que as cotações estão baixíssimas ( não baixas no sentido que a maioria pensa ...) e com fracas hipótese de subida .
Esta atitude “ contracíclica “ é aplicável a qualquer tipo de mercado . No caso do mercado de acções , por exemplo, “ o contra “ observa cuidadosamente a tendência e o “ sentimento “ do mercado . Tendo como ponto de partida um clima de medo ou desconfiança , os INVESTIDORES vão perdendo estes sentimentos à medida que as cotações iniciam uma subida generalizada e começam a comprar cautelosamente .À cautela segue-se a confiança perante uma subida ininterrupta , e ninguém já se lembra dos maus tempos . Finalmente , entra-se em plena euforia , com camadas novas de indivíduos atraídos por um lucro que se lhes afigura seguro , rápido e chorudo – é a altura em que aparecem os “ fanfarrões “ , os        “ expertes “ e os “ sabidos “ ...  - .
   É nesta fase que “ os contras “ vendem , aplicam o dinheiro em instrumentos monetários       ( depósitos , certificados , bilhetes de tesouro , mercado monetário , Fundos de tesouraria , Obrigações ) , e esperam que o ciclo desande ( Euforia – Confiança – Cautela – Medo ) . Quando lhes parece que as cotações estão a bater no fundo , “ ELES “ compram e aguardam o desenvolvimento de novo ciclo altista .
   É claro que as coisas não são tão simples como ditas desta maneira .
Porque a grande dificuldade está em interpretar e avaliar correctamente o mercado . Num mercado altista ( em alta ) a subida não é ininterrupta , como na baixa a descida também não é contínua . Pelo meio há inflexões de sentido , que duram dias ou semanas ou até alguns meses ( é “ VÊ-LOS “ a escreverem e a dizerem tolices nestas fases ... ) , retomando depois o sentido anterior da marcha , para cima ou para baixo . São as “ correcções técnicas “ ou reacções  técnicas “ de maior ou menor duração .
   O “ Contra “ que segue atentamente um mercado  pode enganar-se e interpretar uma           “ correcção técnica “  no sentido da baixa como sinalizando o fim da euforia e vende ou compra quando o mercado afinal ainda tinha potencial . De resto , os investidores experimentados sabem que é mais difícil determinar “ quando “ comprar ou vender do que propriamente  “ o que “ comprar ou vender . De qualquer forma o erro é prontamente corrigido e anulado ...
Em mercados amplos e evoluídos, onde a informação , a análise e o comentário sobre Bolsa é abundante e variado , " os contras " estão atentos a certos sinais para determinarem quando , por exemplo , é a altura de vender porque o mercado vai inflectir para um ciclo baixista .
Vejamos alguns desses sinais :

Subida parabóloca das cotações , acompanhada de previsões da maioria dos analistas , comentaristas e " etc`tras " , de que a subida continuará sem horizonte definido ;
Proliferação de esquemas de investimento duvidoso , prometento chorudos lucros em curto prazo;
Especulação intensa por investidores mal informados , crentes de que o lucro é certo e seguro ;
Recurso intenso ao endividamento para arranjar capitais para " Jogar " na Bolsa ;
Vendas maciças por parte de administradores , grandes accionistas e grandes investidores ...;
Elevados Volumes de transacções , que enchem os bolsos dos corretores , mas , ao mesmo tempo , sem resultados palpaveis para os pequenos investidores ;
Numerosas emissões de acções com subscrições públicas por empresas dos mais variados sectores , muitas delas sem dimensão nem passado ( emissões que o público absorve sem discernimento , pagando prémios de emissão exagerados ) .

   Será que alguns destes sinais " dizem " alguma coisa ao leitor ? Saberá de algum mercado onde isso se passa ... ?
 
 

Seguramente de um Contra .
 
Email José A.B.Machado
Home