Memórias de um beijo

 

Lembras-me uma marcha de Lisboa
Num desfile singular
Quem disse que há horas
E momentos para se amar.

Lembras-me uma enchente de marés
Com uma calma matinal
Quem foi, quem disse que o mar
Dos olhos também sabe a sal.

As memórias são
Como livros escondidos no pó
E as lembranças são
Os sorrisos que crês, que vês, devagar

Queria viver tudo numa noite
Sem perder a procurar
Um tempo, um espaço
Que é indiferente para poder sonhar

As memórias são
Como livros escondidos no pó
E as lembranças são
Os sorrisos que crês, que vês, devagar

Quem foi que provocou vontade
E atiçou as tempestades
E amarrou o barco ao cais...

Quem foi que matou o desejo
E amarrou o lábio ao beijo
E amainou os vendavais...

As memórias são
Como livros escondidos no pó
E as lembranças são
Os sorrisos que crês, que vês, devagar

Luís Represas

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