Análise em 26-7-2000
Depois da atribuição de 2 estrela a um conjunto de empresas, as
empresas que ficaram, ainda não classificadas, são:
Caima, Tertir, EDP, PT, Sonae SGPS, Central BI, BES, BPI,
BCP, SAG, Brisa, Sonae Imobiliária, Corticeira Amorim, Semapa, CIN, Cofina, Sumolis
Vamos então atribuir 3 estrelas às seguintes empresas:
Semapa ***
A excelente condição económica da empresa continua. Existe apetite comprador por parte
da Holderbank (mas, mesmo que não existisse, a valorização da empresa era certa). O
PER, considerando uma cotação de 19 euros, and há volta de 14 (resultados de 99) e os
lucros vão aumentar uns 10% a 15% em 2000, o que fará descer o PER para 11.5. Em
qualquer dos cenários possíveis de fusão / aquisição (comprando a Cimpor ou não,
sendo comprada pela Holderbank ou não), a acção tem que valer bem mais, possivelmente
acima de 27 euros. Tem boa liquidez bolsista, típica de blue-chip. O consumo de cimento
não pàra de aumentar em todo o mundo, nem parará, e pouco abrandará mesmo com um
arrefecimento da economia. Esta empresa é pouco sensível a crises. O risco económico é
pequeno. 3 estrelas bem merecidas.
Tertir ***
Aqui a realidade é bem diferente. Pouca liquidez bolsista, Pouca rentabilidade dos
capitais próprios (lucros ainda pequenos). Mas há outros factores muito promissores.
Primeiro, o património da empresa é muito superior à cotação bolsista (cerca de 10
euros por acção) o que estabiliza a sua situação dando-lhe mais hipóteses de resistir
a problemas (por exemplo, se tiver algum problema de tesouraria poderá vender algum
património). Por outro lado, os cash-flows são positivos, embora não muito grandes
(ajudados por uma indemnização anual de 900 mil contos recebida do Estado, que vai
aumentar e manter-se muitos anos). Tudo isto dá à empresa capacidade de investimento
para vir a meter-se em novos negócios na área dos terminais. A administração,
consciente dessa capacidade, tem desenvolvido contactos para entrada em novos negócios,
com grande potencial (portos marítimos e terminal de Sines) em parceria com grandes
multinacionais. Uma OPA bem acima desta cotação é lógica. A subida brusca da
cotação, se se concretizarem boas novas, é possível. O risco económico parece
relativamente aceitável, pois os cash-flows são positivos, o valor contabilístico alto,
os custos baixos. Pode estar aqui um gigante adormecido. 3 estrelas merecidas.
Central BI ***
Este banco tem uma grand participação na Cofina, só isso dá-lhe mais valias ocultas
enormes (dada a valorização actual da Cofina em relação à sua avaliação para
efeitos de balanço do banco). O banco é rentável, pequeno, pode ser opado facilmente
(embora os accionistas não estejam, naturalmente, com grande vontade de o vender, a não
ser por um muito bom preço). O PER = 23 justifica-se devido à participação na Cofina.
3 estrelas.
SAG ***
Os fundamentais da empresa estão bons e seria até candidata a mais de 3 estrelas. Tem um
PER = 10.5, no fim do ano deverá descer para 9.5 devido à subida de lucros em 2000 (+28%
no 1º trimestre). Está num grupo económico forte, com ligações ao BCP. A
representação da Volkswagen e Audi está pedra e cal. Tem excelente liquidez. Pagou um
dividendo de 7% em relação à cotação. Mereceria mais se não fosse um senão: as
vendas de Volkswagen poderão estar num topo, vai haver algum arrefecimento da economia,
dificilmente a quota de mercado da marca aumentará em Portugal. A possibilidade de
expansão das vendas parece relativamente limitada. Mas merece 3 estrelas devido aos bons
fundamentais. 3 a 3.5 euros parece a cotação merecida para esta empresa.
Brisa ***
Só merece 3 estrelas porque agora há um grande grupo (o Grupo Mello) a mandar na
empresa, o que lhe dá maior agressividade negocial e afasta o perigo de ela não ser mais
que um braço do Ministério das Obras Públicas. Fundamentais excelentes. 52% de subida
de lucros no 1º trimestre. Um PER = 17, que deverá passar a 13 no fim deste ano. Uma
blue-chip sempre na mira dos investidores estrangeiros. Só poderá sofrer se o Grupo
Mello sair. Tem o senão de ser uma executora de políticas de obras públicas do Estado
(construirá uma autoestrada se iso for politicamente necessário, independentemente de
critérios de rentabilidade). Mas com um grupo forte lá metido, esse problema fica
mitigado. A Brisatel também lhe acrescenta valor. Com alguma dificuldade, talvez, merece
3 estrelas, mas merece.
EDP ***
Cash-flows anuais de 250 milhões de contos. Um sucesso nas telecomunicações com a Oni.
Enorme capacidade de investimento nas telecomunicações, que vem desses cash-flows e da
dimensão da empresa. O negócio da electricidade continuará rentável, pois as tarifas
já pouco se afastam da média europeia, e o consumo ainda está a crescer a uma
velocidade de uns 5 a 7% ao ano. Se vender o grupo Oni, será bem caro. Uma das maiores
blue-chips do mercado. Um PER = 18 esperado para 2000. 14% de subida de lucros no 1º
trimestre. O grande problema é a ausência de accionistas fortes a mandar, que pode
tornar a empresa uma "coutada de caça" de interesses externos pouco claros.
Outro senão é a limitada possibilidade de expansão do negócio da electricidade. Mas
merece 3 estrelas.
Corticeira Amorim ***
Uma multinacional, com expansão internacional e fundamentais extremamente atractivos: 43%
de aumento de lucros no 1º trimestre e um PER = 7.6 que descerá abaixo dos 7 em 2000. Um
PER demasiado baixo, tanto mais que a acção tem alguma liquidez. Domina o negócio em
muitos países. A maior parte do uso da cortiça continua a ser para rolhas. Isto causa um
problema: as rolhas de cortiça só servem para rolhar garrafas de vinho e espumantes. O
consumo de vinho tende a diminuir nos países ocidentais, pois as camadas jovens cada vez
preferem mais a cerveja e refrigerantes. Isso, e a baixa liquidez, deve explicar o porquê
de os institucionais se afastarem do papel. No entanto, o consumo de vinho está a
aumentar em alguns países populosos como a China, e a CA vende para lá rolhas... E os
lucros subiram 43% no 1º trimestre. Possível uma correção técnica para cima na
cotação: merece valer uns 50% mais e as 3 estrelas.
Sumolis ***
Continua a boa rentabilidade, a onda de aquisições no sector das bebidas promete
propagar-se a ela, tornando uma OPA muito possível (nunca abaixo de 20 - 24 euros). O PER
= 21 não é caro, tanto mais que houve um enorme aumento de lucros no 1º trimestre (mais
de 300%). Tem boa segurança, pois domina os canais de distribuição e representa marcas
fortíssimas. Esta acção deve estar em qualquer carteira. 3 estrelas merecidas. Se a
cotação ainda estivesse nos 12 euros (agora já vai nos 16.5) mereceria ainda mais.
CIN ***
Fundamentais tembém bons, liquidez boa, por vezes surge especulação que faz subir a
acção bastante. Subida de lucros de 23% no 1º trimestre. Boa posição em Espanha. No
entanto, esta empresa tem risco económico maior do que no caso da Sumolis, compete com
marcas fortes. Uma OPA menos provável aqui. A cotação já esteve em 8.5 euros este ano
e está agora nos 5.6. Mas merece 3 estrelas.
Depois destas classificações, as empresas que restam para classificação posterior
são:
Caima, PT, Sonae SGPS, BES, BPI, BCP, Sonae Imobiliária,
Cofina
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