Análise em 23-8-2000

Depois da atribuição de 4 estrelas a um conjunto de empresas, as empresas que ficaram, ainda não classificadas, são:

PT, BES, Cofina

São as VENCEDORAS! Merecem as 5 estrelas, segundo uma análise fundamental e outras considerações.

PT *****
A campeã das blue-chips portuguesas continua com excelentes fundamentais. Na nossa análise fundamental detalhada adiantávamos o valor de 18.85 euros por acção para a empresa e não aconteceu ainda nada que nos fizesse mudar de perspectiva. Por exemplo, a queda das cotações da participada PTM não é assim tão significativa se considerarmos que a PT vendeu, bem a tempo, muitas acções PTM a 110 euros e mais. Também vendeu (juntamente com a PTM) milhões de acções da PTM.com entre os 8.5 e os 9 euros. Por isso, o grupo PT vai realizar resultados extraordinários, este ano, de algumas centenas de milhões de contos. Por exemplo, só na alienação da 49% da PTM, admitindo um preço médio de 70 euros, a PT deverá ter encaixado ganhos extraordinários de 2700 milhões de euros (540 milhões de contos), a distribuir pelos exercícios de 1999 e 2000 (podemos considerar a totalidade do preço de venda como igual ao ganho extraordinário, pois a participação na PTM está contabilizada a um valor praticamente nulo na PT). O PER 99 = 24 não é nada excessivo para uma empresa com tanto potencial de aumento de vendas e lucros. Os lucros operacionais deverão subir uns 10% em 2000. A expansão da Internet está a causar um rápido aumento de tráfego telefónico (já 30% de todo o tráfego era Internet em finais de 1999 e essa percentagem vai subir muito mais). Possíveis mais ganhos extraordinários com novas OPVs: PT Prime, PT Móveis ou TMN. A TMN continua a ser a mais rentável dos telemóveis. Os negócios no Brasil crescem a bom ritmo. E, para compor o panorama, a empresa pagou uns irrisórios 20 milhões de contos pela sua licença UMTS (em Portugal existe um Jorge Coelho e um Belmiro de Azevedo, na Inglaterra e na Alemanha não), quando se justificaria pagar 10 vezes mais. A ligação ao grupo Espírito Santo confere-lhe capacidade de lobbying mesmo a nível europeu. Não admira que ainda existam price targets de 24 euros por acção de reputadas casas internacionais, considerando este um dos melhores investimentos na Europa. Merece as 5 estrelas.

BES *****
Este banco merece um especial destaque. Tem o crescimento orgânico mais sustentado na banca nacional. Tem um capital já igual ao do BCP (embora o mercado ainda valorize o BCP mais, em termos de capitalização). Como, no BES, há uma família nacional que domina a maioria (ao contrário do que acontece no BCP e BPI), o BES não precisa de crescer desmesuradamente com aquisições arriscadas e a preços duvidosos (como os outros têm feito) comprometendo a sua saúde financeira e a capacidade de gestão das redes, só para assegurar os cargos dos stake-holders. Por isso, a saúde financeira deste banco está bem afinada e os cash-flows operacionais gerados anualmente permitem alimentar esperanças de novas aquisições (a PT poderá ser um alvo apetecível). O grupo Espírito Santo está alguns degraus acima dos outros grandes grupos nacionais: tem a mesma boa gestão, mas mais influência política (lobbying) no aparelho nacional que estes (lembremo-nos de que a família mora na Quinta da Marinha, a verdadeira capital das mais altas influências nacionais), e ainda ligações à alta finança internacional, sobretudo americana (através da ES Financial Holding). O poder do grupo na Bolsa é hegemónico. No turismo e na aviação civil, com a ES Turismo, o grupo construiu um vasto império imobiliário, que já deve valer centenas de milhões de contos. Todos estes negócios estão ligados ao músculo financeiro do BES. A parceria com a PT permitirá ao BES desenvolver-se na nova economia (com o BES.com), aproveitando o know-how de uma empresa que está para durar como a líder incontestada das telecomunicações. O PER 99 = 21 é extremamente atractivo, tanto mais que os lucros aumentaram 21% no 1º trimestre. No meio de tantos factores positivos, só uma pequena "sombra" paira sobre o BES: a parceria com a PT é muito importante, mas a golden share do Estado na PT poderá ter que desaparecer (movimentam-se poderosos lobbies europeus para acabar com as golden shares). Se isso acontecesse, poderia haver uma OPA hostil de um grupo estrangeiro sobre a PT, arrancando-a da esfera Espírito Santo. Mas esperamos que a capacidade de lobbying do grupo consiga manter esta golden share nas mãos do Estado ainda durante muitos anos, o tempo suficiente para o grupo se capitalizar mais, esperando talvez uma recessão que baixe alguma coisa a cotação da PT (embora, abaixo dos 10 euros pareça difícil), tornando uma OPA global Espírito Santo à PT mais favorável. Influências políticas destas não desaparecem de um dia para o outro. E o grupo ganhou mais aliados no lobbying: Silva da Lusomundo e Balsemão da Impresa falam certamente em uníssono com o GES desde os bons negócios comuns que foram feitos entre todos. 5 estrelas bem merecidas.

Cofina *****
Uma Internet Stock diferente das outras por várias razões. Primeiro porque a sua cotação subiu menos desde a entrada em Bolsa em 1997 a cerca de 4000$-4500$. A cotação está entre os 50% e os 80% acima desse valor mas já decorreram 3 anos em que, quer os negócios da Internet, quer as outras participadas, evoluíram favoravelmente. A Cofina acumulou uma enorme experiência no e-businness, e soluções Internet avançadas, possuindo uma equipa de mais de 100 pessoas especializadas nestas áreas que já dá cartas no ramo há vários anos (ao contrário de grupos como a PT e a Sonae, que "inventaram" a sua especialização já a meio da onda das Internet stocks). A reconhecida perícia dos homens da Cofina levou uma grande parte dos grupos económicos a celebrarem parcerias com ela para vários negócios Multimédia: Mediacapital, BPI, Mello, Sonae e outros. A força da Cofina foi reconhecida porque ela derivava de know how genuíno. O PER 99 = 38 é perfeitamente aceitável para empresas com uma expansão destas. Outra coisa confortável são as participações na Caima, F.Ramada, Vista Alegre e Atlantis: como todas estas empresas são bem rentáveis, os cash-flows que geram alimentam a expansão da Cofina para a nova economia. Além disso, o know how da Cofina na nova economia poderá melhorar a performance destas 4 empresas. É possível que a Cofina aliene uma ou várias destas participações, mas não tem nenhuma pressa de o fazer e, quando o fizer, será a alto preço, bem acima das cotações bolsistas. Uma comparação com a Pararede e a Novabase (as empresas mais próximas) é muito favorável à Cofina: não só tem mais parcerias do que estas, como o seu know how Internet é mais antigo, como ainda, para rematar, a cotação da acção está ainda pouco inflaccionada (PER de 38, valor nominal de 5 euros). Está aqui, possivelmente, a origem de um futuro grupo dominante em toda a economia portuguesa. Lembremo-nos que a Sonae, nos anos 80, valia umas cem vezes menos do que agora vale, já se caracterizava por um bom know how nas áreas onde actuava, e os analistas achavam a sua cotação cara demais por ter PERs acima de 30... Talvez por o smart money antecipar um bom futuro para a Cofina, as suas cotações têm sido relativamente poupadas nas alturas de baixa do Nasdaq, que se repercutem nas demais tech stocks. 5 estrelas.

Com estas últimas classificações terminamos a nossa classificação das empresas cotadas. A evolução dos negócios poderá levar-nos depois a actualizar estas análises.


                                                                      
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