Análise da EDP em 25-2-2000
Entre Junho de 99 e Junho de 98 o consumo de electricidade subiu 7%, o que deverá ser mais ou menos repetido entre Dez 98 e Dez 99. Mas os lucros vão descer uns 20% (como no 1ºSemestre) devido à redução de tarifas, fraca hidraulicidade, acréscimo de custos, e perdas de 19 Mc no Brasil, devido à desvalorização do real.
 
Qual será o lucro de 1999? Como a sazonalidade dos lucros da empresa anda à volta de 0.60 (o 1º semestre contribui com 60% para os lucros do ano), e no 1ºsem. teve 50 Mc de lucro, isso faz prever 50 / 0.6 = 83.3 Mc de lucro em 99.
 
Em 2000 o consumo aumentará talvez uns 5 a 7% devido ao crescimento económico, a hidraulicidade talvez seja também má, mas devemos avaliar a empresa pelo futuro e este trará hidraulicidades em média maiores que as destes 2 anos. Com uma hidraulicidade normal, devemos aumentar os lucros em cerca de 2% mais das vendas (segundo dados da empresa) o que dá 2% * 600 Mc = 12 Mc. Somando estes a 83.3, obtemos uns 95 Mc de lucro de base em 2000. O crescimento das vendas em KWH uns 5% poderá ser compensado com uma nova descida de tarifas em uns 5%, pelo que vamos supor que o lucro corrente fica mesmo nesses 95 Mc (para já).
 
A empresa tem participações na Bandeirante, DECA e CERJ (Brasil e Guatemala) avaliadas em 39 Mc (situação líquida). Alem disso a empresa comprou em Julho outra empresa brasileira, a Escelsa, por 105 Mc, em Agosto. Já viram o gráfico do BOVESPA desde esse mês? como subiu uns 100% isso pode significar uma elevada mais-valia na valorização dessa participação. As valorizações de participações no Brasil poderão ser de mais de 150 Mc em 2000, juntando tudo isto. Todas estas empresas deverão já apresentar já 10 Mc de lucro (parte da EDP).
 
Quanto à Oni, vamos supor que, em velocidade de cruzeiro disputa 5% do mercado à PT. Isso valerá uns 5 Mc de lucro anual, pelo menos, pelo que a Oni, com um conservador PER = 20, valerá 100 Mc (pelo menos). Mas com a parceria com a Telecel todo este sector poderá valer ainda mais. Se a EDP vender 25% dela na Bolsa, encaixará, em princípio, 25 Mc de lucro extraordinário.
 
Com a venda da participação na Optimus à Sonae tem 100 Mc de lucro extraordinário (pois vende por 125 Mc e não investiu mais que uns 25 Mc no arranque da Optimus).
 
Resumindo, o lucro corrente será
95 Mc (actividade em Portugal) + 10 Mc (Brasil) + 5 Mc (Oni em velocidade de cruzeiro) = 110 Mc.
 
Os lucros extraordinários serão, pelo menos, 125 Mc, (100 da Optimus, 25 da Oni).
 
Quais os planos da empresa para o futuro? É muito simples: continuar a receber a 'renda' do sector da electricidade, que não diminuirá, pois as tarifas já estão na média europeia e o consumo também poderá aumentar um pouco) que garante um cash-flow de 250 Mc ao ano. Em 5 anos isto dá 1250 Mc, muito dinheiro, para investir nas telecomunicações, formando um grupo muito grande.
 
Depois ainda há o potencial de crescimento do Brasil; as inovações tecnológicas que aumentam o valor dos cabos de alta tensão; uma Bolsa alta que poderá garantir enormes mais-valias. Só em 2000, o cash flow, contando com os lucros extras, poderá ser de mais de 375 Mc, como vimos, talvez mais de 400 Mc.
 
Com um PER corrente de 25, conservador dado o potencial de crescimento, a empresa vale 110 * 25 = 2750 Mc, ou seja, terá uma cotação de 22.92 euros. Mas, a essa cotação, o PER 2000, influenciado pelos res. extra. será de 11.7 apenas, o que poderá torná-la ainda mais atractiva nas listas internacionais.
Esta cotação de 22.92 é o mínimo. Assim, a minha previsão, é que o mercado terá este ano uma bolha especulativa que levará a cotação muito acima deste valor, para, depois da queda subsequente, ficar à volta de 22-23.