Análise em 15-5-2000

Esta página pretende definir que empresas do nosso mercado NÃO deverão ser adquiridas numa estratégia fundamental de longo prazo. O objectivo é ir acrescentando aqui empresas que deverão ser evitadas, com vista a seleccionar um conjunto mais restrito das que são boas para investir, numa óptica de longo prazo, e com base em dados fundamentais. Note-se que a decisão de rejeição não invalida que façamos compras especulativas de curto prazo de vez em quando, se se justificar, apenas rejeitamos a estratégia buy and hold de longo prazo. As rejeições ou classificações de empresas devem ser entendidas como baseadas na situação económica destas empresas, na situação da economia em geral e da Bolsa em particular, no período em que estas linhas são escritas: Maio / Junho de 2000.


PRIMEIRA REJEIÇÃO FUNDAMENTAL - Rejeitamos todas as empresas que têm OPAs já marcadas (Mundial Confiança, BPSM, BTA, BPA, BM, Imoleasing, Locapor, Império, Tranquilidade, BES Investimento, Espart, Unicer, Centralcer, Mundicenter, etc). Estas empresas não são más; pelo contrário, são boas demais para as suas futuras valorizações serem deixadas para os pequenos investidores e, por isso, há OPAs marcadas que as vão retirar do mercado. Como não estamos aqui para obter o Rendimento Mínimo Garantido (RMG) do mercado de acções, mas sim para comprar acções que tenham grande potencial de subida, temos que rejeitar estes investimentos, que são mais parecidos com um depósito a prazo do que com um investimento accionista.


Lisgráfica - caiu muito desde 1998, mas isso exprime a diminuição do valor económico da empresa correctamente. Tem uma presença na Internet através do site GuiaNet, mas não acreditamos que este possa ter algum futuro com a concorrência que aí vem no sector em que se insere. A liquidez da acção é baixa. O PER = 10 justifica-se. Rejeitamos.

Fisipe - também está em situação difícil, embora haja sinais de retoma no 1º trimestre de 2000 (aumento dos lucros forte). A liquidez é baixa, o risco elevado. Apesar de reconhecermos algumas hipóteses aqui, rejeitamos.

Cires - embora rentável, esta empresa tem uma liquidez muito baixa e um PER = 23, alto para empresas nesta situação (liquidez baixa, e risco económico alto). Rejeitamos.

Grão-Pará - continua nos prejuízos. Não haverá OPA nenhuma, pois os accionistas maioritários já disseram que manterão a empresa cotada. De vez em quando tem um interesse especulativo. O património imobiliário é vasto, mas o Autódromo é um "mono" que não dá, e provavelmente nunca dará, lucros. Apesar das hipóteses reais de especulação, em certas alturas, rejeitamos.

ITI - empresa muito rentável e sólida. Os últimos resultados são brilhantes, aumentou a taxa de ocupação, os lucros subiram muito, e a cotação também. Mas como já subiu bastante e a liquidez é baixa, temos que rejeitar também.

Papelaria Fernandes - mais uma vez, os lucros tardam em chegar, a posição da empresa no mercado é como um navio naufragado encostado às rochas da costa, batido por ondas muito grandes.... Lentamente, vai sendo demolida com as pancadas que lhe dão as novas cadeias de distribuição, o comércio online, etc. Quase tudo o que se encontra à venda nas lojas da Fernandes também está à venda no Continente mais barato... Além disso os artigos de papelaria são óptimos para vender online, esse filão vai ser aproveitado certamente por outros, e não nos parece que a P.Fernandes tenha planos realmente credíveis para vingar por essa via. A liquidez é baixa. Rejeitamos.

Orey Antunes - a rentabilidade desta empresa é exígua, a sua dimensão também, a liquidez também. Está em mãos que a não largam. É daquelas que   deveriam estar no mercado sem cotações. Rejeitamos.

Atlantis, Vista Alegre - embora a situação destas empresas seja excelente, detenham marcas bem sucedidas e de prestígio, tenham uma participação da Cofina (um dos grupos mais fortes da actualidade), os resultados sejam bons, a liquidez é muito baixa, e há poucas ocasiões de especulação com elas. A hipótese de OPA para as retirar do mercado é real, mas não nos parece razão suficiente para justificar a compra. Rejeitamos.

Credit Lyonnais - apesar da má situação financeira, este banco poderia até ser interessante, se houvesse uma OPA vinda da casa-mãe francesa ou um processo de recuperação em certos moldes favoráveis aos pequenos accionistas, dado estar muito barato. No entanto, o mais provável é a solução passar por uma redução de capital ou uma operação harmónio para limpeza de prejuízos. Estas operações costumam prejudicar gravemente o património dos accionistas, pelo que achamos que não vale a pena correr estes riscos. Apesar de barato, pode descer mais. Rejeitamos.

Soares da Costa - continua nos prejuízos. Os grupos Teixeira Duarte, Somague, Engil, Mota & Companhia, MSF, mostram-se mais fortes e ainda há a concorrência dos espanhóis. É possível uma nova OPA da TD para reforçar a sua posição, dados os desentendimentos de Laurindo Costa com a TD. No entanto, isso não nos parece suficiente para compensar os riscos. Já assistimos aos colapsos da Amadeu Gaudêncio, da Somec, da Sopol, da OPCA, da Interfina... Portugal tem um historial de empresas de construção civil juncado de cadáveres. Rejeitamos.


Brevemente continuaremos com a análise, classificando as empresas que restaram, depois das rejeições definidas nesta página.



                                                                      
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