Capítulo I - Parte I - No Reino de Martinica


    As pessoas ficam perdidas quando desembarcam na Martinica porque é um lugar onde sempre há sol... E não precisa ser um poeta pra dizer q, com sol, tudo fica + bonito, + colorido. Os turistas se deslumbram facilmente e não é à toa... Eles também se assustam quando ouvem algumas lendas locais, a maioria envolvendo a família real... Melhor apresentar a realeza do lugar pra q entendam onde vocês vieram parar...
  
    Atualmente quem está no poder é a rainha Valentina. Ela vive, a maior parte do ano, em seu castelo favorito, o Castelo da Primavera. Tem uma equipe de conselheiros q tentam assessorá-la (embora ela quase nunca concorde com o q eles decidem ou pensam q decidem...). A rainha-mãe bem q tenta explicar aos outros as manias e decisões intempestivas da filha, mas o q fazer se nem ela consegue entender o q se passa na cabeça da jovem rainha? Além de Valentina, a linha de sucessão conta com  Florisbela Olímpia, irmã caçula, igualmente maluca... 
          A jovem rainha estudou durante anos nas melhores universidades européias. É formada em Relações Públicas, teve noções de Direito, Administração e até Jornalismo (pra saber como age a mídia e como fazer com q esteja sempre a seu favor...). Enquanto pôde, viajou pelo mundo. Quando voltou pra assumir o trono, estava muito diferente do q tinha saído, + sábia, + culta, extremamente cínica e determinada a colocar a Martinica com nível de vida acima do Primeiro Mundo. Ela desembarcou de um avião vindo do Canadá...
 
Como deve ter dado pra notar (e vai ficar + claro ainda), ela não é uma princesa comum: tem um temperamento forte, uma forma de pensar um tanto peculiar, atitudes enérgicas... Ela é do tipo q não espera príncipe encantado pra salvá-la, arruma uma forma de enfrentar sozinha o perigo, inimigo, seja lá o q for... Muito bonita, incrivelmente sedutora sempre q deseja, ela consegue ser caprichosa, mimada, arrogante, pretensiosa em alguns momentos... E completamente doce, sensível, capaz de fazer o impossível pra ajudar a quem precisa... Ela tem uma mania considerada estranha por quem não entende os costumes locais... A marinha da Martinica é uma das mais bem equipadas do mundo. Os navios de sua alteza estão espalhados pelo mundo e sempre voltam aos portos da ilha trazendo uma encomenda pra rainha... 
 
    Jovens e belos canadenses...

    Estranho?! Pra Valentina fazia muito sentido, ninguém nunca soube mais q informações oficiais durante o período q ela estivera viajando pelo mundo, estudando. Quando ela assumiu o trono, estabeleceu uma espécie de acordo – se o nível de vida da população melhorasse em 1 ano, ela poderia pedir o q quisesse e seria atendida. Assim aconteceu e ela mandou q trouxessem canadenses pra ela. Ordens de sua Alteza são leis indiscutíveis. E, desde então, ela tem todos os canadenses q quiser. Ela os analisa, escolhe um e este passa alguns dias com ela, antes de ser mandado embora, sem ter noção do q aconteceu...
  

    A outra representante da realeza é Florisbela Olímpia. É a caçula da linha principal de sucessão ao trono. Igualmente linda e sedutora, é a artista local. Faz os bordados q enfeitam as salas e salões principais do castelo. Se Valentina tem uma quedinha por canadenses, Florisbela nunca disfarçou que tem paixão pelo sangue espanhol. Gosta de ter relacionamentos calientes e passionais... Por ter uma vida mais descompromissada com relação ao futuro da monarquia na ilha (isso era dever e direito de sua irmã mais velha), ela passou muito tempo viajando conhecendo o q há de excitante em Madri, Sevilha, Barcelona... Alguns boatos dizem q essa viagem teve resultados q nunca foram revelados, mas são apenas boatos... Pelo menos é o que dizem por aí... Ela tem uma vida razoavelmente mais livre, mas nem tanto... Coisas da vida, nunca se tem tudo o q se quer... Sorte de Florisbela, q tem acesso a maioria de seus objetos de desejo...
  
    E a vida seguia sem maiores complicações na Martinica, os inimigos estavam quietos, Valentina tinha seus canadenses pra exercitar a arte da sedução e

    Florisbela arquitetava possíveis viagens num futuro próximo...

    Mas o destino trouxe uma reviravolta, de navio, pra vida da nobreza e do reino...

    A ilha da Martinica nunca mais seria a mesma...

    ... As coisas andavam agitadas no ensolarado reino da Martinica, Florisbela
Olímpia tivera uma indigestão durante a madrugada e precisou ser removida a uma unidade hospitalar. O médico tranqüilizara toda a família real, dizendo que algo que ela ingerira nos dias anteriores não havia caído bem em tão frágil estômago...

- Só isso?! – perguntava a rainha ao médico, recém - saído do quarto da doente.

- É... – respondeu o doutor, um tanto surpreso.

- Previsível, em se tratando de minha irmã... Florisbela sempre teve os olhos maiores q a boca e o estômago juntos!!! – Valentina olhou para o conselheiro q a acompanhava... – Bem, pode cancelar a avant-première do filme...

- Cancelar, majestade?

- Sim, nada de A máscara do Zorro no palácio!!! – voltando-se ao médico – Obrigada, doutor por cuidar de minha gulosa irmãzinha caçula... Voltarei pra visitá-la amanhã.

    Despedindo-se, saiu, seguida pelo conselheiro:

- Ah, pode cancelar também a convocação do Antonio Banderas... A Melanie “Graffite” é uma pessoa de sorte...

- Já tem outra data em mente, Majestade?!

- Cancelado indefinidamente.

    Valentina andava estressada demais com os problemas de uma jovem de sua idade e posição social – que livro ler, qual cidade do Canadá escolher para as futuras convocações, se devia ou não mandar sabotar o navio de um inescrupuloso pirata alemão que andara navegando por mares que não devia passar nem perto, etc. E, para completar, a indisposição de Florisbela vinha tornar desagradável uma semana que começara cheia de dúvidas e dor-de-cabeça (culpa da mesma Florisbela que insistia em ouvir “Ray of light” numa altura suficiente para até Fidel Castro dançar em seu palácio em Cuba...)

- Tudo tem seu lado bom. – dizia Valentina enquanto escondia o último CD da Madonna em algum lugar onde a irmã levasse um bom tempo pra achar. A música q ouvia neste momento: Bye, bye baby, do CD Erotica, menos barulhento e muito melhor...

    Antes q Valentina começasse a pensar q o mundo conspirava contra ela e resolvesse abrir um processo por perdas, danos morais e falta de sossego contra Deus, de repente, tudo pareceu q ia melhorar. Chegou o último navio com os convocados. Um pirata (almirante) chamado Bruno, a quem a rainha muito estimava, teve contato com um estilo de música que animaria o desanimado palácio da Martinica. Depois das últimas notícias q  ele recebeu a respeito da realeza de sua pátria, resolveu levar a sério a idéia de providenciar algo que melhorasse o ânimo de Sua Majestade...

    Ela estava na sala do trono quando Almirante Bruno entrou. Ele fez a reverência e disse:

- Como a grã-duquesa está, Majestade?

- Ela está se recuperando no hospital. Nada grave. Deve sair de lá, amanhã, quando muito, em 2 dias...

- Ainda bem. Majestade, se me permite o comentário, eu fiquei preocupado com as notícias q recebi enquanto estava fora.

- Este palácio estava muito desanimado, Bruno. Você nem imagina... Desanimado ao som de “When I feeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeel... tum-tum-tum” + um pouco e eu achava q Florisbela tinha trocado os toureiros pelos clubbers!!! – concluiu sorrindo.

- Se me permite a ousadia, como um dos almirantes + dedicados à felicidade de Vossa Majestade, eu trouxe um presente pra mudar o ritmo deste palácio.

Os olhos de Valentina brilharam:

- É mesmo?! Ai, q ótimo!!! Estava precisando mesmo de algo pra animar!!! Onde está o presente?

- Foram levados pra Sala de Cristal pra q serem apreciados.

- Foram?!

- É, trouxe um presente em número ímpar como a senhora prefere.

*** Não era a idade q justificava o “senhora”... Era a formalidade q impunha respeito, q Valentina exigia e adorava ter... ***

- Ótimo!!! Vamos para a Sala de Cristal!!!

    A Sala de Cristal era a sala + freqüentada no castelo. Aparentemente era um grande e confortável salão, enfeitado em branco e cores claras, para onde todos os canadenses q chegavam eram levados. Mas, como muitos dos outros cômodos do castelo, este tinha um compartimento secreto q era de onde Valentina analisava e escolhia seus canadenses – a parede de vidro permitia q ela visse mas não fosse vista.
 
- Ulalá!!! – exclamou Valentina, tão logo viu seus hóspedes!!! – De qual região eles são?!  Tem um ali q tem todo o jeito de ter vindo das Montanhas Rochosas!!!
 

 
- Eles estavam em Quebec... - Almirante Bruno começou, um tanto hesitante...
- Quebec?! Mas eles não tem o estilo dos jeune quebècois!!! Eles não têm aquele algo dos canadenses com ascendência francesa...

    Almirante Bruno pigarreou, respirou fundo e...

- Como eu ia dizendo, Majestade, eles estavam em Quebec, mas eles NÃO são canadenses.

- O q?! – Valentina voltou-se. A voz estava ameaçadora – Almirante Bruno, qual é o país de origem deles?

- Estados Unidos...

- Americanos?! - Agora Valentina estava entre surpresa e furiosa. - Como ousa me trazer americanos e dizer q é um presente pra mim!!! Você, por acaso, enlouqueceu?! Minhas ordens sempre foram claramente expressas, Almirante!!! Canadenses... Ca-na-den-ses!!! Você esqueceu qual é a punição pra quem me trouxer americanos?!

- Se antes de me mandar pra forca, Sua Majestade me permitir mostrar uma fita...

- Quero ver como você vai se explicar. Tem um vídeo ali.

    Bruno colocou uma fita de um show realizado para um daqueles canais para cérebros vazios bem típicos da terra do Tio Sam... Os cinco jovens em questão cantaram ao vivo aquele que era o seu maior sucesso no momento: “Backstreet back”, para os preguiçosos: “Everybody”.

    Valentina ficou quieta no início, mas, lá pelas tantas, estava dançando, o q era um  indício de q ela A-M-O-U o ritmo da música (pedir letra seria demais...).

    Fim de show. Almirante Bruno tirou a fita e ficou à espera da sentença:

- Muito bem... Muito bem... – Ela concentrou a atenção na sala onde os cinco conversavam – Almirante Bruno, creio q você acaba de escapar da forca...

- Ufa!!! – ele não conteve o suspiro de puro alívio. Correu o risco e, incrivelmente, tinha dado certo... Ele escapara com vida pra contar esta história para as futuras gerações...

    Valentina foi até o interfone. Convocou outro de seus conselheiros q veio atendê-la rápido:

- Estes são meus novos hóspedes. Quero q eles sejam colocados em quartos separados, um em cada ala do castelo.

- Sim, Majestade. + alguma coisa?

- Q eles sejam muito bem tratados. Não pode faltar nada a eles. Ah, claro, toda a criadagem tá intimada a falar o mínimo possível, ou seja, não falar nada. Quem eu souber, e eu sempre sei, q descompriu minhas decisões vai sofrer um bocado depois, fui clara?

- Claríssima, Majestade. Seus hóspedes canadenses serão bem tratados, posso assegurar.

    Valentina deu uma última olhada nos rapazes e estava de saída:

- Ah, conselheiro, eles não são canadenses. São americanos.

  

E fechou a porta diante de um conselheiro estarrecido. Uma das coisas a respeito de Valentina q não era lenda era a antipatia q ela tinha de americanos. Alguns comentavam q era porque os EUA tinham como hábito acreditar q seu presidente era o manda-chuva mundial. Valentina nunca respeitaria um mero presidentezinho enquanto ela era uma rainha q aproveitava dos plenos poderes concedidos por Deus e seu povo... Mas, se esse era o motivo real, não se sabia... Os almirantes e comandantes q tentavam enganá-la trazendo americanos ao invés de canadenses, pagavam com a vida. 
E piedade não fazia parte do vocabulário de Valentina quando tentavam passá-la pra trás... 
  

O que Valentina faria com os BsB? Comos será que eles estam? Nâo percam o próximo capítulo de