Atualmente quem está no poder é a rainha Valentina. Ela vive, a maior parte do ano, em seu castelo favorito, o Castelo da Primavera. Tem uma equipe de conselheiros q tentam assessorá-la (embora ela quase nunca concorde com o q eles decidem ou pensam q decidem...). A rainha-mãe bem q tenta explicar aos outros as manias e decisões intempestivas da filha, mas o q fazer se nem ela consegue entender o q se passa na cabeça da jovem rainha? Além de Valentina, a linha de sucessão conta com Florisbela Olímpia, irmã caçula, igualmente maluca... | ![]() |
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Como deve ter dado pra notar (e vai ficar
+ claro ainda), ela não é uma princesa comum: tem um temperamento
forte, uma forma de pensar um tanto peculiar, atitudes enérgicas...
Ela é do tipo q não espera príncipe encantado pra
salvá-la, arruma uma forma de enfrentar sozinha o perigo, inimigo,
seja lá o q for... Muito bonita, incrivelmente sedutora sempre q
deseja, ela consegue ser caprichosa, mimada, arrogante, pretensiosa em
alguns momentos... E completamente doce, sensível, capaz de fazer
o impossível pra ajudar a quem precisa... Ela tem uma mania considerada
estranha por quem não entende os costumes locais... A marinha da
Martinica é uma das mais bem equipadas do mundo. Os navios de sua
alteza estão espalhados pelo mundo e sempre voltam aos portos da
ilha trazendo uma encomenda pra rainha...
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Estranho?! Pra Valentina fazia muito
sentido, ninguém nunca soube mais q informações oficiais
durante o período q ela estivera viajando pelo mundo, estudando.
Quando ela assumiu o trono, estabeleceu uma espécie de acordo –
se o nível de vida da população melhorasse em 1 ano,
ela poderia pedir o q quisesse e seria atendida. Assim aconteceu e ela
mandou q trouxessem canadenses pra ela. Ordens de sua Alteza são
leis indiscutíveis. E, desde então, ela tem todos os canadenses
q quiser. Ela os analisa, escolhe um e este passa alguns dias com ela,
antes de ser mandado embora, sem ter noção do q aconteceu...
A outra representante da realeza é Florisbela Olímpia. É a caçula da linha principal de sucessão ao trono. Igualmente linda e sedutora, é a artista local. Faz os bordados q enfeitam as salas e salões principais do castelo. Se Valentina tem uma quedinha por canadenses, Florisbela nunca disfarçou que tem paixão pelo sangue espanhol. Gosta de ter relacionamentos calientes e passionais... Por ter uma vida mais descompromissada com relação ao futuro da monarquia na ilha (isso era dever e direito de sua irmã mais velha), ela passou muito tempo viajando conhecendo o q há de excitante em Madri, Sevilha, Barcelona... Alguns boatos dizem q essa viagem teve resultados q nunca foram revelados, mas são apenas boatos... Pelo menos é o que dizem por aí... Ela tem uma vida razoavelmente mais livre, mas nem tanto... Coisas da vida, nunca se tem tudo o q se quer... Sorte de Florisbela, q tem acesso a maioria de seus objetos de desejo... |
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Florisbela arquitetava possíveis viagens num futuro próximo...
Mas o destino trouxe uma reviravolta, de navio, pra vida da nobreza e do reino...
A ilha da Martinica nunca mais seria a mesma...
... As coisas andavam agitadas no ensolarado
reino da Martinica, Florisbela
Olímpia tivera uma indigestão durante a
madrugada e precisou ser removida a uma unidade hospitalar. O médico
tranqüilizara toda a família real, dizendo que algo que ela
ingerira nos dias anteriores não havia caído bem em tão
frágil estômago...
- Só isso?! – perguntava a rainha ao médico, recém - saído do quarto da doente.
- É... – respondeu o doutor, um tanto surpreso.
- Previsível, em se tratando de minha irmã... Florisbela sempre teve os olhos maiores q a boca e o estômago juntos!!! – Valentina olhou para o conselheiro q a acompanhava... – Bem, pode cancelar a avant-première do filme...
- Cancelar, majestade?
- Sim, nada de A máscara do Zorro no palácio!!! – voltando-se ao médico – Obrigada, doutor por cuidar de minha gulosa irmãzinha caçula... Voltarei pra visitá-la amanhã.
Despedindo-se, saiu, seguida pelo conselheiro:
- Ah, pode cancelar também a convocação do Antonio Banderas... A Melanie “Graffite” é uma pessoa de sorte...
- Já tem outra data em mente, Majestade?!
- Cancelado indefinidamente.
Valentina andava estressada demais com os problemas de uma jovem de sua idade e posição social – que livro ler, qual cidade do Canadá escolher para as futuras convocações, se devia ou não mandar sabotar o navio de um inescrupuloso pirata alemão que andara navegando por mares que não devia passar nem perto, etc. E, para completar, a indisposição de Florisbela vinha tornar desagradável uma semana que começara cheia de dúvidas e dor-de-cabeça (culpa da mesma Florisbela que insistia em ouvir “Ray of light” numa altura suficiente para até Fidel Castro dançar em seu palácio em Cuba...)
- Tudo tem seu lado bom. – dizia Valentina enquanto escondia o último CD da Madonna em algum lugar onde a irmã levasse um bom tempo pra achar. A música q ouvia neste momento: Bye, bye baby, do CD Erotica, menos barulhento e muito melhor...
Antes q Valentina começasse a pensar q o mundo conspirava contra ela e resolvesse abrir um processo por perdas, danos morais e falta de sossego contra Deus, de repente, tudo pareceu q ia melhorar. Chegou o último navio com os convocados. Um pirata (almirante) chamado Bruno, a quem a rainha muito estimava, teve contato com um estilo de música que animaria o desanimado palácio da Martinica. Depois das últimas notícias q ele recebeu a respeito da realeza de sua pátria, resolveu levar a sério a idéia de providenciar algo que melhorasse o ânimo de Sua Majestade...
Ela estava na sala do trono quando Almirante Bruno entrou. Ele fez a reverência e disse:
- Como a grã-duquesa está, Majestade?
- Ela está se recuperando no hospital. Nada grave. Deve sair de lá, amanhã, quando muito, em 2 dias...
- Ainda bem. Majestade, se me permite o comentário, eu fiquei preocupado com as notícias q recebi enquanto estava fora.
- Este palácio estava muito desanimado, Bruno. Você nem imagina... Desanimado ao som de “When I feeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeel... tum-tum-tum” + um pouco e eu achava q Florisbela tinha trocado os toureiros pelos clubbers!!! – concluiu sorrindo.
- Se me permite a ousadia, como um dos almirantes + dedicados à felicidade de Vossa Majestade, eu trouxe um presente pra mudar o ritmo deste palácio.
Os olhos de Valentina brilharam:
- É mesmo?! Ai, q ótimo!!! Estava precisando mesmo de algo pra animar!!! Onde está o presente?
- Foram levados pra Sala de Cristal pra q serem apreciados.
- Foram?!
- É, trouxe um presente em número ímpar como a senhora prefere.
*** Não era a idade q justificava o “senhora”... Era a formalidade q impunha respeito, q Valentina exigia e adorava ter... ***
- Ótimo!!! Vamos para a Sala de Cristal!!!
A Sala de Cristal era a sala + freqüentada
no castelo. Aparentemente era um grande e confortável salão,
enfeitado em branco e cores claras, para onde todos os canadenses q chegavam
eram levados. Mas, como muitos dos outros cômodos do castelo, este
tinha um compartimento secreto q era de onde Valentina analisava e escolhia
seus canadenses – a parede de vidro permitia q ela visse mas não
fosse vista.
- Ulalá!!! – exclamou Valentina, tão logo
viu seus hóspedes!!! – De qual região eles são?!
Tem um ali q tem todo o jeito de ter vindo das Montanhas Rochosas!!!
Almirante Bruno pigarreou, respirou fundo e...
- Como eu ia dizendo, Majestade, eles estavam em Quebec, mas eles NÃO são canadenses.
- O q?! – Valentina voltou-se. A voz estava ameaçadora – Almirante Bruno, qual é o país de origem deles?
- Estados Unidos...
- Americanos?! - Agora Valentina estava entre surpresa e furiosa. - Como ousa me trazer americanos e dizer q é um presente pra mim!!! Você, por acaso, enlouqueceu?! Minhas ordens sempre foram claramente expressas, Almirante!!! Canadenses... Ca-na-den-ses!!! Você esqueceu qual é a punição pra quem me trouxer americanos?!
- Se antes de me mandar pra forca, Sua Majestade me permitir mostrar uma fita...
- Quero ver como você vai se explicar. Tem um vídeo ali.
Bruno colocou uma fita de um show realizado para um daqueles canais para cérebros vazios bem típicos da terra do Tio Sam... Os cinco jovens em questão cantaram ao vivo aquele que era o seu maior sucesso no momento: “Backstreet back”, para os preguiçosos: “Everybody”.
Valentina ficou quieta no início, mas, lá pelas tantas, estava dançando, o q era um indício de q ela A-M-O-U o ritmo da música (pedir letra seria demais...).
Fim de show. Almirante Bruno tirou a fita e ficou à espera da sentença:
- Muito bem... Muito bem... – Ela concentrou a atenção na sala onde os cinco conversavam – Almirante Bruno, creio q você acaba de escapar da forca...
- Ufa!!! – ele não conteve o suspiro de puro alívio. Correu o risco e, incrivelmente, tinha dado certo... Ele escapara com vida pra contar esta história para as futuras gerações...
Valentina foi até o interfone. Convocou outro de seus conselheiros q veio atendê-la rápido:
- Estes são meus novos hóspedes. Quero q eles sejam colocados em quartos separados, um em cada ala do castelo.
- Sim, Majestade. + alguma coisa?
- Q eles sejam muito bem tratados. Não pode faltar nada a eles. Ah, claro, toda a criadagem tá intimada a falar o mínimo possível, ou seja, não falar nada. Quem eu souber, e eu sempre sei, q descompriu minhas decisões vai sofrer um bocado depois, fui clara?
- Claríssima, Majestade. Seus hóspedes canadenses serão bem tratados, posso assegurar.
Valentina deu uma última olhada nos rapazes e estava de saída:
- Ah, conselheiro, eles não são canadenses. São americanos.
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E fechou a porta diante de um conselheiro
estarrecido. Uma das coisas a respeito de Valentina q não era lenda
era a antipatia q ela tinha de americanos. Alguns comentavam q era porque
os EUA tinham como hábito acreditar q seu presidente era o manda-chuva
mundial. Valentina nunca respeitaria um mero presidentezinho enquanto ela
era uma rainha q aproveitava dos plenos poderes concedidos por Deus e seu
povo... Mas, se esse era o motivo real, não se sabia... Os almirantes
e comandantes q tentavam enganá-la trazendo americanos ao invés
de canadenses, pagavam com a vida.
E piedade não fazia parte do vocabulário
de Valentina quando tentavam passá-la pra trás...
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