Os gregos tinham muitas
lendas do passado distante: de Foroneus, o primeiro homem, de
Deucalião e Pirra, que sobreviveram a uma inundação
enviada por Zeus para livrar o mundo dos homens maus. Mas
quando Sólon, o estadista grego, relatou essas lendas aos
sacerdotes do antigo Egito, eles riram. "Vocês, gregos,
nada sabem de sua prórpia história. Vocês falam de uma
inundação, mas houve várias. Foi numa dessas inundações
que seus ancestrais morreram."E os sacerdotes contaram a
Sólon a história da Ilha de Atlântida de onde, nove mil
anos antes, a mais nobre raça de homens que já viveu
governava a maior parte do mundo conhecido.
Um pobre casal, chamados
Evenor e Leudice, viviam em uma ilha pedregosa, com a filha,
Clito. Posêidon, deus do mar, ficou enfeitiçado pela beleza
de Clito e a esposou. Ele, então, reformou a ilha para fazer
dela uma morada digna de sua noiva. Ele a modelou em uma
série de cinturões circulares de mar e terra, com uma bela
ilha no centro que se aquecia ao sol. Os ricos campos
produziam trigo, frutas e vegetais em abundância, os montes
e florestas tinham toda a espécie de animais - até manadas
de elefantes - e no subsolo havia vários minérios
preciosos.
Clito deu a Posêidon cinco
pares de gêmeos. Todos eles eram reis e o mais velho, Atlas,
era o maior dos reis, e depois deles, seus filhos. O belo
reino era chamado de Atlântida.
O povo de Atlântida era
sábio na arte da paz e da guerra e logo liderava os povos do
Mediterrâneo. Todos os reis da ilha contribuíam para o
estoque de riquezas do país. O lado de fora do muro da
cidade de Atlântida era revestido de bronze, e o lado de
dentro, de estanho. O palácio no centro e o templo de
Posêidon eram cobertos de ouro. Os edifícios eram
construídos de pedras brancas, pretas e vermelhas; às vezes
uma única cor, às vezes, com combinações intricadas. Um
grande porto se abria para o mar, e pontes foram construídas
entre os cinturões de terra. Assim era Atlântida nos seus
dias de glória.
Por muitos anos, os reis
governavam sabiamente e bem, cada um passando sua sabedoria
para seu herdeiro. Mas à medida que as gerações se
sucediam, o sangue divino dos reis se tornou mais fraco e
eles caíam, cada vez mais, sob a influência das paixões
mortais e desejos mundanos. Quando antes valorizavam os
tesouros apenas por sua beleza, agora eram presas da cobiça.
Onde antes o povo tinha vivido em amizade e harmonia, agora
disputavam pelo poder e glória. O Grande Zeus, vendo sua
raça favorita se afundar, dia a dia, no poço das ambições
e vícios humanos, repreendeu Posêidon por deixar tal coisa
acontecer. E Posêidon, magoado e furioso, agitou o mar. Uma
onda colossal cobriu Atlântida e a ilha submergiu para
sempre sob as águas.
Onde ela está, ninguém
sabe ao certo - nem se, sob o oceano, os filhos de Posêidon
andam outra vez pelas ruas de Atlântida em paz e sabedoria,
ou se apenas os peixes passam pelas ruínas carcomidas da
cidade mitológica.