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Nasceu aos 05.03.1937, na periferia de São Paulo. Filha única de pais de poucos recursos, cedo conheceu a austeridade da vida regrada por gastos controlados e a severidade disciplinar dos padrões militares paternos.
Dentro desses parâmetros Zoraide estruturou sua formação, tendo um projeto de vida balizado por ideais quase sempre utópicos.
Não fugiu à regra sua escolha profissional. Ainda na infância conheceu dois tipos de a administração de propriedades rurais: o improdutivo, e o tecnicamente orientado. Este último, conduzido por um imigrante holandês: um engenheiro agrônomo, profissão que, até então, para ela era totalmente desconhecida.
Estava feita sua escolha. Seria Agrônoma, para poder participar da "guerra santa" na Agricultura para, através do aumento da produtividade, fizer de cada propriedade rural um celeiro de abundância. Evidentemente , na tenra idade, seu objetivo era intuitivo, vindo a tomar corpo na longa trajetória até os bancos da Universidade.
Uma conquista foi ingressar na conceituada Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", com suas colegas enfrentando os preconceitos contra as mulheres na Agronomia. Em 1958 Zoraide fazia parte do maior grupo de mulheres até então aprovado no mesmo vestibular : sete.
Conquista maior foi conseguir concluir o curso e dedicar-se ao planejamento do uso de pastagens na exploração pecuária, enquadrando-se na carreira de pesquisador científico.
Todavia, apesar de arraigada aos seus ideais, Zoraide foi aos poucos afastada do caminho que ideara seguir, passando a ter ascendente participação nos níveis superiores de direção da Secretaria da Agricultura. Nesse exercício, criou-se a oportunidade de revelar e utilizar a facilidade de escrever que sempre lhe fora peculiar.
Incumbida de resgatar a memória da Secretaria da Agricultura, que em 1991 completaria seu primeiro centenário, redigiu o livro que foi além desse objetivo, estruturando os primórdios que levaram à criação da Pasta, órgão fundamentalmente voltado para os fatores sócio-econômicos. Por essa razão, o livro intitulou-se " Agricultura Paulista: Uma História maior que 100 anos".
Foi na busca dos citados primórdios que Zoraide deparou com a figura do Morgado de Mateus. Tal encontro trouxe-lhe informações que a levaram a concluir o quanto foi importante a atuação desse fidalgo, Capitão-General incumbido de restaurar e governar a Capitania de São Paulo, há anos extinta devido sua profunda decadência.. Ao obrigar os paulistas a se fixarem ao solo e se dedicarem às lavouras de interesse comercial, como a cana-de-açúcar, foi o precursor do desenvolvimento econômico de São Paulo, iniciado pela fenomenal expansão da cafeicultura. Teria tal expansão ocorrido se o Morgado não tivesse imposto aos paulistas o trabalho de amanho da terra? Zoraide acredita que não. São Paulo não teria as mínimas condições fundiárias e fiduciárias para acolher e desenvolver a preciosa rubiácea.
Entusiasmada, Zoraide embrenhou-se no labirinto de pesquisas do farto material bibliográfico constituído pela correspondência oficial do Morgado quando Governador da Capitania, arrolada na coleção Documentos Interessantes, do Arquivo do Estado, além de outros trabalhos .
Já são cerca de oito anos dedicados à obra (desde sua concepção até sua divulgação), que além do enfoque centrado na figura do Morgado, ainda alinha as informações de períodos antecedentes ou contemporâneos que presumivelmente influenciaram a formação, a ação ou reação do personagem. Informações do Novo e Velho Mundos que delineiam o panorama da época, em termos políticos, econômicos, diplomáticos e sociais.
Zoraide , não obstante jamais tenha tido a intenção de escrever como romancista, arriscou-se nessa modalidade para, ao contrário de uma obra mais acadêmica, levar a um maior contingente de leitores as informações que considera como de significativa importância para se conhecer um período, de São Paulo, tão pouco por nós estudado.