Ilha do Campeche
Sem dúvida é o maior sítio de arte rupestre da região, perfazendo um total de 167 gravações. Alerto ainda para o fato de que novas inscrições sempre são descobertas, o que pode acarretar futuramente um aumento deste número, assim como em todas as outras localidades.
Nesta Ilha constatou-se em coleta de superfície a presença da tradição Itararé, através de sua cerâmica característica e de grande quantidade de adornos fuzeiformes. O sítio de habitação está localizado em baixo do casarão do clube ecológico Couto de Magalhães, extendendo-se pelos arredores do mesmo, local onde foram efetuadas as coletas. Os próprios sócios declararam que ao tirar os pequenos botes que ficam guardados em baixo do casarão, já desenterraram acidentalmente alguns esqueletos, que foram recobertos novamente. Alegaram ainda que Rohr esteve na Ilha escavando um poço teste, nas proximidades da figueira. Na ocasião descobriu alguns sepultamento, mas nada retirou do local. Isso provavelmente foi após a sua publicação sobre os petroglifos, em que menciona não encontrar outras evidências arqueológicas além dos petroglifos e das oficinas líticas (Rohr, 1969b: 20).
São 8 sítios de arte rupestre, distribuídos por toda a ilha, que para efeito de levantamento, foram contados a partir do sentido horário.
O primeiro sítio possui 48 símbolos gravados, sendo predominante os círculos (17 elementos), aparecendo em seguida as linhas em zigue-zague ou onduladas (5 elementos). De todos, apenas um possui vestígio de picoteamento com polimento, sendo o polimento a base de todos os símbolos restantes.
No segundo sítio aparece a única gravação da ilha obtida exclusivamente por picoteamento. São linhas onduladas de fase inversa partindo de um ponto comum na extremidade inferior. O sítio apresenta 9 símbolos gravados, dos quais, quatro são círculos. Aqui aparece também uma figura muito interessante, de padrão geométrico bem definido, composta de uma linha reta vertival de onde parte linhas laterais paralelas equidistantes em ângulo, conforme mostra a ilustração ao lado.
O sítio 3 apresenta 8 símbolos, todos obtidos por polimento. São 3 antropomorfos, 3 valiações de linhas onduladas e duas variações de linhas em ângulo obtuso. As figuras bastante desgastadas, com excessão da Ic-III/2.
O quarto sítio apresenta 6 gravações, que a exemplo do anterior, foram obtidas por polimento. São duas variações de linhas onduladas, uma série de bastonetes acompanhados cada qual com um ponto, um antropomorfo, um zoomorfo (o único de todo o levantamento) e uma variação de linhas paralelas em ângulo obtuso acompanhadas de uma série de pontos.
O quinto sítio é o mais expressivo, estando a poucos minutos de caminhada ao leste da praia. São 57 gravações, sendo que todas apresentam o polimento como técnica de confecção, com exceção de uma única (Ic-V/15), que apresenta o polimento e o picoteamento associados. Os motivos mais comuns são as variações de agrupamentos de pontos em série, os círculos e as linhas onduladas ou em zigue-zague. O painél do letreiro é o que apresenta os sulcos mais profundos (Ic-V/16 a 23), variando entre 5 e 8 mm de profundidade. Está em um platô, a aproximadamente 7 ou 8 m de altura.
Seguindo no sentido horário, um pouco adiante aparece o sítio 6. Possui 14 inscrições obtidas através de polimento. É neste sítio que se encontra a figura radial utilizada na análise comparativa. Encontra-se também séries de quadriláteros, que não aparece nos outros sítios da Ilha do Campeche (na verdade, além deste sítio, este tipo de petroglifo só vai aparecer no segundo sítio da Praia do Santinho, muito desgastado e quase imperceptível). Dos 14 símbolos, 10 ficam em um painél que foi pichado com tinta óleo.
No próximo sítio, o de número 7, o símbolo que mais se repete é o antropomorfo (4 vezes). São 18 gravações obtidas por polimento, em geral bastante consumadas. Neste sítio aparece a segunda sobreposição da ilha. É um antropomorfo sobreposto a linhas paralelas em zigue-zague (Ic-VII/8).
Concluindo, tem-se o sítio 8, próximo da toca dos morcegos. São 6 gravações polidas, sendo que somente a primeira, uma série de lihas ondulas partindo para cima e para baixo a partir de uma linha central, foi feita na primeira superfície da rocha, as outras foram feitas na segunda camada do dibásio descamado. Os dois antropomorfos chegam a atingir de 5 a 7 mm de profundidade de sulcos. Tem-se ainda duas gravações compostas de linhas paralelas em zigue-zague e uma série de pontos.
Finalizanto, dos 167 símbolos 163 foram feitos através de polimento (97,8 %), 1 através de picoteamento (0,5 %) e 3 que associam as duas técnicas (1,7%).
sítio |
Variações de círculos |
variações em ângulo obtuso |
variações de linhas onduladas ou em zigue-zague |
antropomorfo |
varições de séries de pontos |
rede |
1 |
17 |
4 |
5 |
3 |
0 |
0 |
2 |
4 |
1 |
1 |
0 |
0 |
1 |
3 |
0 |
2 |
3 |
3 |
0 |
0 |
4 |
0 |
1 |
2 |
1 |
0 |
0 |
5 |
16 |
6 |
7 |
1 |
17 |
2 |
6 |
4 |
4 |
2 |
1 |
0 |
0 |
7 |
3 |
3 |
3 |
4 |
2 |
1 |
8 |
0 |
0 |
3 |
2 |
1 |
0 |
Total |
44 |
21 |
26 |
15 |
20 |
4 |
Os demais são símbolos que aparecem menos e que podem ser conferidos na tabela tipológica e nas fichas de campo que estão em anexo.
Com esses dados, percebe-se que as variações de círculos se manifestam em maior número, porém, ausentes nos sítios 3, 4 e 8. Já as variações de linhas onduladas aparecem em todos os sítios, os antropomorfos deixam de aparecer somente no sítio 2 e as variações de linhas em ângulo obtuso somente não aparecem no sítio 8.
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