O dia em que a casa quase
caiu....
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( Morgan (Leo), fotógrafo e sócio-fundador do
Chupa Cabra Espeleo Group) |
12:00 AM
Eu sentia que estávamos chegando, pelo menos em algum lugar.... Só
me lembro de cair de bunda e deslizar uns 200 metros até chegar há um pequeno rio. Lá
encontrei o resto do grupo, que parecia ter gostado da minha apresentação de tobolama. A
boca da Caverna era maravilhosa!! Gigantesca.
Começamos a montar o material. Aquele cheiro delicioso de carbureto, hummm... Estava
chegando a hora de entrar nas trevas e viver uma das aventuras mais punks e adrenadas da
minha vida. Comecei a tirar algumas fotos, enquanto todos se preparavam. Que
disposição!! Todo mundo com a bateria a mil. Mal sabiam eles o que nos esperava!
Caminhamos pela caverna, meio desmoronada, até o primeiro lance de abismo. Chegou a hora!
Todos empolgados para bater os spits. Conselho: se tiver dinheiro, compre uma furadeira.
Me lembro de botar a lanterna e não ver o final do abismo. Senti um aperto. Lá mesmo
onde você pensa... Respirei fundo e deixei minha experiência de canyoning e rapel me
acalmar um pouco. Minha perna insistia em não obedecer o comando de parar de tremer.
Quando vi, já estava na metade. Até que não era tão difícil... (metido!) Desci
calmamente, para não dar tranco na corda, e acabei em mais um estágio. Olhei para o lado
direiro, ABISMO. Olhei para o esquerdo, ABISMO. Yeah!! Estava começando a gostar da
coisa. Tartaruga encontrou um canto no meio de umas pedras e puxou um ronco. Como
conseguiu, eu não sei. Mas roncava que era uma beleza. Shigueu, que trazia comida para
sobreviver a um isolamento de guerra nuclear ( mas não falou para ninguém), já estava
se empanturrando com os pães.
O segundo abismo era maior. Mais legal e mais adrenado. Ainda não tínhamos encontrado
nenhum ouro....:)
....Aguardem o restante, em breve.
Bem, parece que o Leo anda meio ocupado e esqueceu de
continuar a aventura então vou descrever resumidamente, pois já faz alguns meses que
estivemos lá.
Em minha curta carreira de espeleólogo (quase 7 anos)
já tive algumas aventuras adrenantes em caverna mas esta sem dúvida foi uma das
mais Hards !
No grupo estavam algumas pessoas experientes como
Wmarley da UPE (dinossauro de Espeleo) que ministrava o curso de Ancoragem, Nina e Jatobá
também da UPE que frequentemente estam no Petar, e outros integrantes mais novatos da UPE
e alguns amigos mais proximos que eu coloquei no rolo. Estes amigos já praticavam
Canyoning comigo (foram meus alunos em curso) mas estavam mais habituados com rappel
(descer) e não muito com Técnica Vertical (autosuficiência em corda).
Shigueo já havia utilizado equipamento em pontes e em
cachoeiras, Leo tinha comprado o equipo vertical completo a poucos meses e eu já tinha
feito um treino na ponte da av. Sumaré, Tartaruga e Ale adquiriram equipo uma
semana antes da viagem e eu tive que treiná-los intensivamente em uma noite e madrugada
na ponte também.
Apesar de minha preocupação constante com todos não
tivemos problema algum na transposição dos abismos.
Horas e horas nas trevas... nos levam a experimentar
sensações diversas, mudamos física e psicológicamente, nosso metabolismo se altera
depois de alguns minutos depois de deixarmos a luz do dia. Sensações comuns como a perda
de noção do tempo até a pior delas a Hipotermia...
...continuo logo logo, com certeza.
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