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Atualizações: 29/12/2001 |
Você sabe amar? Eu
estou aprendendo. A
morte do amor
Mas eu, desiludida, triste e quase já desistindo de acreditar no
amor, pude ainda encontrar uma outra classificação: os
amores-vencedores. Esses
são raríssimos, e há quem duvide de sua existência, jurando que irão
acabar a qualquer momento. E, assim sendo, renasce como um fenix a cada tentativa de morte. Surgindo mais brilhante e forte, apresentando-se como indissociável da própria vida, que não mais poderia ser vivida sem ele. Estou sentindo sua falta... A BELEZA VERDADEIRA Quando você tem quinze anos, costuma ficar em frente ao espelho pesquisando cada pedacinho do seu rosto. Entra em desespero porque acha que o seu nariz é muito grande ou porque mais uma espinha está surgindo. Além de tudo, você se acha feia porque seu cabelo não é louro e o menino mais bonito da turma nunca notou sua existência. Alison não conheceu esses problemas. Era bonita, simpática, popular e inteligente, além de ser a campeã de natação da escola. Alta, com seu corpo esbelto, olhos de um profundo azul-piscina e lindos cabelos louros, mais parecia uma modelo do que uma estudante comum. Mas, durante o verão, alguma coisa mudou. Um dia, ao enxugar o cabelo, ela notou uma falha no couro cabeludo. Aquilo a intrigou, mas Alison achou que devia tr apertado muito o elástico no rabo-de-cavalo. Logo se esqueceu do incidente. Três meses depois, uma outra falha no couro cabeludo de Alison. E outra. E mais uma. Em pouco tempo, sua cabeça estava repleta de falhas de cabelo. Os diagnósticos e os tratamentos se multiplicaram até se descobrir que Alison sofria de uma doença chamada alopecia e nada poderia deter o seu curso. Como Alison era muito querida, os amigos a apoiaram procurando lhe dar força. Mas, certo dia, sua irmã menor entrou no quarto com uma toalha na cabeça para que a mãe a penteasse. Quando a mãe desenrolou a toalha, Alison observou os cabelos espessos e luminosos da irmã caírem sobre os ombros e, pela primeira vez, chorou, dando vazão à tristeza que sentia. Naquele momento, Alison teve uma percepção profunda: havia uma escolha a fazer. Ela não podia deixar que o problema com o cabelo a dominasse a ponto de tirar-lhe o gosto de viver. Afinal, ela era muito mais do que o seu cabelo. Alison decidiu assumir sua condição e procurar soluções. Começou comprando não apenas uma, mas várias perucas de cores e tamanhos diferentes, que usava de acordo com a ocasião e com seu estado de espírito. Num dia em que a peruca voou de sua cabeça pelo janela aberta do carro de uma amigo, ela conseguiu rir da situação. Quando a escola abriu as inscrições par ao campeonato de natação, Alison se preocupou. Se não podia usar peruca na água, como competir? "Por que isso?", perguntou seu pai. "Por acaso você se esqueceu como se nada?" Ela entendeu a mensagem. Depois de passar apenas um dia com uma touca desconfortável, Alison se encheu de coragem e deixou a careca à mostra. Houve alguns olhares e comentários maldosos, mas a maioria das pessoas admirou o gesto de Alison e rapidamente ela se acostumou com sua nova aparência. Voltou para a escola no outono - sem cabelo, sem sobrancelha, sem cílios e deixando a peruca esquecida no fundo do armário. Como sempre planejara, ela se candidatou a representante da escola e acrescentou ao seu discurso de campanha slides de líderes carecas, como Gandhi. Todos os alunos riram muito da idéia. No primeiro discurso após a vitória, Alison dirigiu-se à audiência contando seus planos como representante e respondendo a perguntas. Ao final acrescentou: "Gostaria de compartilhar uma experiência muito particular. Todos presenciaram o problema que tive que enfrentar e agradeço do fundo do coração o apoio e a força que me deram. Eles foram fundamentais para que essa experiência promovesse uma descoberta da maior importância na minha vida: de que a beleza se encontra numa dimensão muito mais profunda do que o nosso aspecto exterior. Não vou negar que sinto falta do meu cabelo e que às vezes sofro com a sua perda. Mas quero lhes afirmar com toda a sinceridade: sou grata por ter descoberto que o amor é o valor essencial e que depende exclusivamente de mim desenvolvê-lo. Obrigada, meus amigos." Todo mundo vibrou e aplaudiu. E Alison, linda, popular e inteligente, ainda por cima campeã de natação e agora representante da escola, com seus olhos azul-piscina, do algo da tribuna, sorriu e agradeceu. Alison
Lambert com Jennifer Rosenfeld "NAMORADOS" (Carlos Drummond de Andrade) "Quem não tem namorado é alguém que tirou ferias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lagrimas, nuvem, quindim, brasa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é difícil, mas namorado mesmo, é muito difícil. Não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega perto dele treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parrida, decidida ou bandoleira: Basta um olhar de compreensão ou mesmo de afeição. Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: É quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem 3 pretendentes, 2 paqueras, 1 envolvimento e 2 amantes, mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, de cinema depois das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete de lagartixa e quem ama sem alegria. Namorar não é apenas quem faz pactos com a infelicidade, é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar. Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora em que passa o filme, de flor caçada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius, Chico Buarque lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre meia rasgada, de ânsia de viajar junto para a Escócia, Europa, Oriente ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário. Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçado, fazer compra juntos, quem não gosta de falar do próprio amor, nem ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não descobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, luas de manhã ou musical da Metro. Quem não tem musica secreta com ele, quem não dedica livros, não e corta artigos, quem não se chateia com o fato de o seu bem se paquerado. Quem ama sem gostar, quem gosta sem curtir, quem curte sem aprofundar. Quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou no meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais; quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações, quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele, quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz; quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo. Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita, passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com flores, com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração acelerado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com o gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos Beba licor de contos de fadas. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria. Se você não tem
namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele |
"Só
se arrependa do que não fez, nunca que do que já foi feito. |