Ardendo em
desejos
Joselito
dos Santos
O
aroma envolvente
Que me arrebata constantemente
Exala de uma mulher bonita
cuja beleza me excita.
Quando
nos teus lábios beijo
tu dizes não, é só um desejo,
abrasa-me em carícias
derrama-me o néctar dos deuses.
de que valem as rosas
que me destes,
se queixo-me dos espinhos seus?
Não me negues teu corpo jovem
garota dos olhos meus.
Bem
me lembro os teus dias
De angústias e desilusões
Quando nas noites sombrias
Teus lábios proferiam:
Oh! santo amor
E doce paixão,
Sofro pavorosamente o abandono
olhos em prantos asseveram a solidão.
Queres
tu, jovem menina,
Vir comigo?
acolher-te-ei em meu coração,
Enxugarei de ti
As lágrimas do teu rosto
Te abrigarei no meu peito
Velar-te-ei a noite inteira
Até que adormeças
sobre o véu do nosso leito.
Deusa do Amor
Joselito
dos Santos
Thelma,
Nos recônditos dos teus olhos
Posso perceber
O desejo da carne,
Que lentamente me seduz.
Na delicadeza do toque dos teus dedos
Posso sentir
A inquietude desse teu pobre coração
Sedento de amor.
A formosura e a sensibilidade
Que te faz mulher,
Permite-me beijar teus pés.
E como símbolo de respeito,
Tocarei em teus seios
Como se acaricia uma flor.
Vivendo fantasias desse sentimento
Que a cada momento que penso
Me faz feliz.
Thelma,
O teu olhar
É como uma espada de dois fios
Que atravessa meu coração
Sangrando-o em desejos e paixão.
Assim escrevo
Joselito
dos Santos
Escrevo
poesia
Como quem chora
Exprimindo sentimentos
Lágrimas que rolam
sutilmente nos cantos dos olhos,
Escrevo
poesia
Como quem ama
Deixando exaurir o gozo
Que existe a dois
na cama,
Escrevo
poesia
Como quem ri
Permitindo-me ver
A alegria
Que um ser possa ter,
Escrevo
poesia
Como quem dorme
Desligando-me deste mundo
E vivendo sonhos e fantasias
Assim, escrevo poesias...
Solidão...
Joselito
dos Santos
A
dor de ser desprivilegiado
tem um forte gosto amargo
que me faz pavorosamente viver
condenado à desolação.
Temo
abandonar o barco
Soprado pelos maus ventos
E mergulhar em profunda consternação.
Sinto
saudade!
Sinto medo, muito medo!
Porém, tenho coragem
De abraçar com determinação
Meus caminhos errantes
Hoje, mais que antes
Pois sinto-me infeliz
Às
vezes penso
E só me vêm lágrimas
Como pode, um coração
Cuja visão e alma são nobres
pulsar assim?
Como pode
Aquilatar tão pobre sentimento?
O tempo por mim
Passa vagarosamente
Sucumbindo as esperanças,
Dilacerando o coração
Restando apenas desespero
E solidão...
Escolhi
uma filosofia
Onde a vida
Era a luz da minha alma
os dias de bonanças se foram
o tempo passou depressa
e como não muito importou
restou minha estrada incompreendida
cheia de pedras, espinhos e abismo.
Ausência
Joselito
dos Santos
Sinto-te
distante
No dia que passa
A angústia é lacinante
Fere o peito, constante
Olhos em prantos
Choram lágrimas, desencanto
Me consome lentamente
Desesperança, coração ardente.
Guardado, segredo
Do amor calado
Morreu no leito,
Sozinho, amargurado.
Vitima da distancia
Traçado, destino sem esperança.
Vivido efêmero romance
Paixão lascívia,
Fruto do amor
Espada aguda, coração cortou.
Amor errante
Fim triste herdou.
Sonhos
Joselito dos Santos
Quem
dera decifrar
Os mistérios dos olhos teus
Quem dera sentir
O carinho dos teus beijos nos meus,
Guiando-te aos delírios cálidos
Sob o olor dos cabelos teus
Quem dera, linda e bela
Viver em ti, sonho, utopia
Despertando em mim
O desejo de amar-te um dia
Quem dera, luzia...
Quem dera, esse dia
Confissões
Joselito dos Santos
Vivo
sonho e fantasia,
Vivo época de hipocrisia
Em
cada esquina peço socorro
Passa o tempo e o mundo se transforma,
Oh!
Deus querido,
Livrai-me do perigo,
Sinto
fome,
Sinto sede,
Sinto medo,
Onde está o amor
Que tanto almejo?
Em
algum lugar alguém morre,
Quem matou?
Quem sabe?..."ninguém viu"
E assim segue o nosso Brasil
De mortes, chacinas
E, quem sabe
Uma guerra civil?
Sou
apenas um pobre coitado
Um bandido
Um degredado.
Cheiro
cola, uso drogas.
Sociedade dos degenerados!
Queria
ser a minoria
Não marginal de periferia.
Que
fiz eu para assim viver?
Eu nem pedi pra nascer
Cadê minha dignidade?
Meu Deus, onde está Você?
Deste
jeito que eu vivo
Nem preciso morrer!
Lembras de mim?
Joselito dos Santos
Sou
o amigo que não procuras,
Sou o mendigo que vive nas ruas.
Sou
o favelado que não tem o que comer,
Sou o rapaz que pede água de beber.
Sou
aquele que não tem carinho,
Sou o menino que no mundo vive sozinho
Sou
o injustiçado pela sociedade,
Sou o mal visto, pela humanidade.
Sou
o malandro, exilado
Sou o pobre coitado, abandonado.
Sou
o cego na sinaleira
Sou o garoto que de fome, bate carteira
Sou
os lábios sedentos
Sou os olhos lacrimejantes,
Sou
a criança sem esperança.
Sou o brilho no horizonte.
Eu vi
Joselito dos Santos
Vejo
bem de longe
Os raios do sol
Brilharem no horizonte
Vejo bem de perto
As folhas caírem
Rios, mares, desertos
Vejo surgir, logo ali
Pássaros, ninhos, bem-te-vi
Peixes, acari...
Vejo as pessoas que passam
argumentando, correndo, brincando,
Dançando ou reclamando
Vejo nos hospitais,
sofrimento, descaso, abandono
e nada se faz
Vejo também no poder
Tiranos, corruptos, enganos
Sociedade, desunamos
Vejo no nordeste
O povo, crianças, fome
Inerte...
Vejo constantemente, ausente
A alegria, a satisfação, o afeto, a união
Direito dessa gente.
Jesus, O Poeta
Joselito dos Santos
Quando
Cristo nasceu
Tudo no mundo se tornou
Mais poético,
A vida passou a ter mais sentido
A natureza sorria
As potências dos céus se abalaram
Fazendo manifestos a Sua nobreza
Tudo se tornara possível
Ao seu mover.
Poeta,
sim,
E lírico também,
Pois Este,
Mais que qualquer outro
Em face da terra,
Sentiu nas entranhas
Imensa dor, tristeza, solidão, abandono
E carência,
Carência, por não ter sido amado como devido,
Jesus,
Poeta lírico que é
Morreu por morte de cruz,
Pela humanidade atroz,
Tomando pra si
Os nossos pecados,
Como prova de amor a nós.
Porém,
como Filho onipotente,
Filho e Deus presente,
Venceu a morte
Por toda essa gente.
Hoje vive na glória
Com honra e vitórias,
Fazendo presente seu juízo
De pai celeste,
Que desde outrora,
Com Seu poder
Nos reveste...
|