0768.gif (15632 bytes)

   A proposta de paz pedida pelo Rei Gangazuma foi um dos mais inteligentes golpes político de sua vida para reaver a sua família e de seus cabos de guerra que se achavam prisioneiros do governo português em Pernambuco pois o tratado de paz solenemente assinado em 21 de Junho de 1678 entre o Governador Aires de Souza de Castro e a embaixada negra do Rei Gangazuma presidida pelo seu filho, não teve longa duração de trégua porque não foi ratificado pelo rei supremo dos palmerinos e deus da guerra dos quilombos devido as constantes ações de segurança desenvolvida pelo governador nas faldas da Serra da Barriga pelo Sargento-mor Manoel Lopes e pelas numerosas incursões do bando autorizado em Fevereiro de 1678 assinado por Dom Pedro de Almeida e que não fora revogado pelo tratado de paz, estes fatos trazia os palmerinos em constantes sobressaltos, e por outro lado os moradores de Porto Calvo e Serinhaém não viam com bons olhos a concessão dado aos negros na floresta de Cacau, todos estes fatos colaborava para fermentação da queda da paz, que não tinha sido aceita e ratificada pelo Rei Zumbi, o último coroado, segundo os usos e costumes preestabelecidos no reino. Devido aos acontecimentos os seguidores do Rei Gangazuma começaram a discordar e a se reunir secretamente, e planejaram o envenenamento do soba negro, apesar da relutância de Gangazona, irmão do rei e fiel aos termos do tratado de paz, porém estava pregada a discórdia no sobado de Cacau devido a influencia do poderoso Zumbi e de seus embaixadores que soturnamente arrebanhavam nas vilas aramas, munições, mantimentos e escravos dos moradores das vilas para a resistência e desafio que o Rei Zumbi planejava oferecer aos portugueses e devido aos fatos o Governador Aires de Souza de Castro lançou mãos de Gangazona para chamar a ordem seus iramos, porém era tarde demais pois esta já havia sido envenenado e retirado dos bastidores da contenda.

Heróico, resoluto e sublime entre seus vassalos, Zumbi se impõe e jura aos seus não ensarilhar as armas da liberdade e Terça-las em defesa da raça negra com isto a trégua foi quebrada.

0229.jpg (15562 bytes)

  Tão logo tomou conhecimento dos atos de rebeldia do Rei Zumbi, o Governador Aires de Souza de Castro mandou preparar duas expedições contra o Rei Zumbi, sendo uma comandada pelo Capitão João de Freitas Cunha com destino ao Palmares a qual sofreu grandes danos nas marchas até aos Palmares onde teve um tremendo revés no encontro os homens do Rei Zumbi que pelo fato se tornara ainda mais enfurecido e mais insolente. E este ataque serviu de lição aos palmerinos que a partir desta data passaram a defender os Palmares em uma única frente de combate, e a outra expedição enviada a floresta de Cacau sob o comando do Capitão mor Gonçalo Moreira foi mais feliz, pois seguindo a direção anteriormente traçada por Fernão Carrrilho encontrou vários quilombos despovoados em virtude da nova tática adotada pelo Rei Zumbi por isto atacaram a Aldeia de Una e Cucau onde fizeram de prisioneiro diversos negros com suas famílias e ali permaneceram por um período de três meses, sem contudo tentar um única investida direta sobre o quilombo fortificado do Rei Zumbi. A campanha de Palmares entrava em uma fase aguda, dada a reconstituiçao das forças palmerinas, sob um único comando e absoluta obediência ao rei e deus da guerra: Zumbi. O Governador da Capitania de Pernambuco, por seu turno, tomava medidas acertada, pois fundara diversos arraias nas proximidades de Palmares e organizara permanentemente o serviço de provisão das tropas sob o comando Sargento mor Manoel Lopes, porém as vilas não suportavam mais os ataques que vinham sofrendo dos negros dos Palmares, por estes motivo em 1680 o Capitão mor João da Fonseca pediu a Câmara de Alagoas mais recursos para as tropas ali estacionadas, estando a Capitania de Pernambuco arruinada economicamente, teve que apelar para os moradores para enfrentar as despesas com a guerra contra os palmerinos e devido a grave situação não houve a inadimplemento por parte dos moradores para manter as tropas ali estacionadas, pois de diversas vilas mais distante chegaram oferecimento de gente e alimentos em face do apelo do governador, que aproveitando a boa vontade recebida dos moradores e para angariar novos adeptos à causa de libertação da raça negra.

0215.jpg (23650 bytes)

Ele concedeu uma carta patente do posto de Capitão mor de Campo a André Dias, morador do povoado de São Miguel da jurisdição da Vila de Alagoas, com amplos poderes de agir. André Dias de imediato organizou diversas expedições de caça ao negro pelas faldas da Serra da Barriga porém não chegou a penetrar nos sertões palmerinos, se tornando um Capitão do Mato privilegiado na apanha do negro fugido.

No final do governo de Aires de Souza de Castro e inicio do governo de Dom João de Souza no ano de 1682 foi muito desgastante e de grande guerra de nervos, que os negros bem compreendiam e desta situação se aproveitaram para dilatar o seu reinado. As tropas portuguesas estavam sempre bastante alarmadas, não havia um plano de guerra sistemático, pois a luta mudava de aspecto todas as vezes em que era trocada a administração da Capitania de Pernambuco pois com a chegada de um novo governador os planos de guerra eram sempre diferentes um dos outros. Porém entre os palmerinos era bem diferente a situação, tanto política como militar, porque todos obedeciam a um comando único: do Rei Zumbi. Em 1683 o novo Governador Dom João de Souza organizou uma forte expedição sob o comando de Fernão Carrilho aparado em um regimento escrito com minuciosas diretivas para a expedição, do qual Fernão Carrilho discordou e pediu permissão ao governador para alterar o regimento que lhe fora dado no tocante, em que proibia terminantemente qualquer entendimento de paz com os negros, porém o seu pedido foi negado e Fernão Carrilho segui par ao Arraial do Outeiro na Serra da Barriga onde se tornou um espantalho para os negros, devido a sua fama de perigoso feiticeiro que mantinha entre os palmerinos.

 

Os negros palmerinos, diante dos resultados obtidos com o tratado de paz de 1678, lançaram mãos dos mesmos recursos, propondo a Fernão Carrilho, um novo tratado de paz, que ele aceitou sob o fundamento de cobrir as suas despesas, contrariando, assim, as diretivas da guerra baixada pelo governador da capitania.

0200.gif (27519 bytes)

Devido as confraternizações entre os portugueses e negros aquilombados em seu arraial, fatos estes que chegaram ao conhecimento do governador, que de imediato suspendeu e ordenou que viesse preso para Recife o comandante Fernão Carrilho

E para substitui-lo foi enviado o Capitão João de Freitas Cunha e quando da chegada de Fernão de Carrilho a Capitania de Pernambuco ele foi desterrado e mandado preso para o Ceará sem soldo e tendo Dom João de Souza apelado da sentença para o Conselho Ultramarino que encaminhou o processo para a coroa portuguesa, e com a chegada do Capitão João de Freitas da Cunha ao Outeiro na Serra da Barriga os negros já avisados por seus agentes, puseram-se em posição de oferecer resistência ao novo comandante das tropas portuguesa. Em 8 de Agosto de 1685 tomava posse o novo Governador da Capitania de Pernambuco João da Cunha souto Maior, que ao tomar posse deu conta a coroa portuguesa a situação que se encontrava a Capitania de Pernambuco, pois sem recursos para continuar a guerra contra os Palmares, ele se via na situação de aceitar a paz se os palmerinos a pedissem. Fernão Carrilho o famoso preador da paz em 1678 se achava sem soldo e degredado no Ceará escreveu uma carta ao Governador Souto Maior oferendo-se para tomar parte como soldado na expedição que estava-se organizando em Pernambuco. O governador por falta de meios, comtemporizava a situação angustiosa dos moradores e estava disposto a aceitar as pazes com os negros, quando chegou a carta de Fernão Carrilho, o governador aceitou o seu oferecimento e o nomeou-o comandante da expedição e em carta a coroa em 7 de Novembro de 1685 deu conhecimento das razoes que o levaram a eleger Fernão Carrilho para comandante da expedição, pois sua escolha eqüivalia a um indulto ou perdão, a rija vontade de vencer os palmerinos do governador, casava-se plenamente com a de Fernão Carrilho, por isto em 10 de Janeiro de 1686 ele partiu laureado por ter sido julgado útil e necessário pelo governador como único e capaz de comandar uma tropa para semelhante façanha.

E ao chegar nas regiões dos Palmares sofreu diversas emboscadas dos negros em suas fortificações inexpugnáveis e invencíveis, porém Ferrão Carrilho e seus bandos conseguiu pô-los em fuga desordenadas, entretanto com a chegada do inverno as operações tiveram de ser suspensas, e com a chegada do verão o governador recomeçou as perseguição aos negros com grande êxito.

0245.gif (19032 bytes)

   Apesar do seu feito e de estar comandando a casa forte dos Palmares, o Governador Souto Maior já estava se comunicando com o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho que se encontrava no Piauí com sua gente, para descer a Pernambuco e atacar os Palmares, que por essa época já não existiam mais os chamados Palmares maiores e menores dos primeiros tempos dos quilombos, devido ao fato do Rei Zumbi ter assumido todos todos os poderes temporais e espirituais e a direção da guerra, tornando coesos todos os aquilombados que haviam recuado mais para o sertão e se engastado nos penhascos da Serra da Barriga com uma administração bem superior daqueles velhos tempos, havia coesão entre todos os elementos que eram dirigidos pelo próprio Rei Zumbi, os postos avançados tomaram caráter militar e eram constituído de grupos de homens dispostos a morrer pela liberdade, as lavouras ficavam sob uma única direção e atras das organizações militares e em todos os caminhos e carreiros foram colocado armadilhas, tocaias e postos de sentinelas avançadas para impedir os avanços dos portugueses. Os negros assim dispostos, acompanhavam os avanços das tropas inimigas e aguardavam a chegada dos bandeirantes paulistas. No decorrer dos anos de 1686 e 1687 a situação na capitania era grave e o Governador Souto Maior nada pode fazer para reverter a situação e os índios Janduins ocuparam algumas aldeias no interior de Pernambuco e nas Capitanias de Itamaraca, Paraíba e do Rio Grande do Norte constituindo uma outra potencial ameaça aos portugueses; esta ameaça se tornou realidade e o governador mandou contra eles um forte contigentes de soldados, que foram facilmente vencidos pelos índios ao primeiro encontro, ateando a fogueira da insurreição geral, e as tropas destinadas para as guerras dos Palmares foram desviadas para combater os valentes índios Janduis durante seis anos, e desta trégua os palmerinos souberam aproveitar para reforçar suas defesas. Sem derrotar os índios primeiro não era possível vencer os Palmares e todos os esforços foram feitos, para evitar a junção dos índios com os negros e para isto Domingos Jorge Velho marchou com sua gente para abater os índios Janduins no Rio Grande do Norte em meados de 1689, e com os entendimentos entre o Rei Caninde dos Janduins e os portugueses; Domingos Jorge Velho recebeu ordem para marchar sobre os Palmares do novo Governador da Capitania de Pernambuco, Marques de Montebelo. Domingos Jorge Velho subestimou os palmerinos pois regressando vitorioso da campanha contra os índios Janduins, preferiu mudar de caminho e seguir diretamente para os Palmares em vez de fazelo para Porto Calvo, onde iria descansar e juntar-se com outras tropas, não procurou refazer-se das fadigas causadas pelas longas caminhadas do altiplano da Serra da Barriga, estacionou nos Campos dos Garanhus perto do quilombo do Rei Zumbi e tratou logo de guerrear os negros rebelados, atirando-se a luta de corpo aberto, sendo fragosamente derrotado na primeira investida contra o Rei Zumbi, por isto retirou-se para a praia deserta de Paratagi onde permaneceu por dez meses descansando e se refazendo da derrota.

0231.jpg (18887 bytes)

   Por sua vês os palmerinos com a vitoria alcançada sobre as gentes de Domingos Jorge Velho tornaram-se soberbos e já se consideravam invencíveis dentro de suas organizações e os negros das fazendas e engenhos se tornaram desaforados e insolentes e muitos fugiram para os Palmares de onde voltavam com os palmerinos para roubar, saquear e incendiar as vilas.

 

volta a principal

Site criado e mantido por Rodris.
Texto, Pesquisa e DIgitação: Paulo Lages
Exclusive RAZOR merchandise.
Copyright ©2000 Rodris Records Inc. , all rights reserved.
Nenhuma imagem pode ser copiada sem a permissão do autor.
This site is copywrited by Ralph's Designer© 2000.