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Como as plantas se defendem contra os insetos? Em resposta ao ataque de herbívoros, as plantas podem armar suas partes mais atraentes ou mais expostas com defesas mecânicas, como espinhos ou pêlos que cortam ou irritam a pele e produzem dor. A urtiga é um exemplo de planta que usa contra os predadores uma combinação de defesa mecânica e química. Os pêlos existentes nas folhas da urtiga (Urtica dioica) são reservatórios de venenos, cuja química inclui as aminas serotonina, histamina e acetilcolina. As defesas químicas empregadas pelas plantas contra seus predadores podem incluir desde simples toxinas até substâncias que interferem com o ciclo de crescimento e de reprodução dos insetos. Espécies silvestres de plantas contêm, muitas vezes, toxinas com as quais conseguem controlar o ataque de herbívoros. Quando essas plantas passam a ser cultivadas, as toxinas vão sendo eliminadas através do melhoramento genético e as plantas perdem sua defesa natural. É bem conhecida, por quem possui horta, a dificuldade de cultivar couves, por exemplo, sem uso de agrotóxicos. A couve (Brassica oleracea,da família das crucíferas) é bastante infestada por insetos. As Brassicas silvestres possuem grandes quantidades de um glucosinolato chamado sinigrina, que é bastante eficiente na defesa da planta contra seus predadores. Porém, assim como a couve, outras variedades cultivadas de Brassica, como o repolho e a couve-flor, apresentam pouco teor da toxina original. A sinigrina, ao ser desdobrada por hidrólise, forma o chamado óleo de mostarda, o alil-isotiocianato, corrosivo e de odor muito forte. Os sintomas tóxicos da sinigrina incluem salivação, irritação da boca, diarréia e gastroenterite severa. Insetos, como a larva da borboleta Papilio polyxenes, morrem quando alimentados com uma solução de sinigrina 0,1% infiltrada em aipo, um alimento normal para elas. No entanto, insetos adaptados à família das Brassicas, como as larvas da borboleta branca (Pieris spp.) são capazes de alimentar-se delas sem problemas.
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