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ZORAIDE MARTINS
NÃO MAIS QUE UM CAPITÃO-GENERAL
Release da obra

Um romance histórico tendo por personagem central o fidalgo trasmontano D. Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão, Morgado de Mateus, cuja existência foi conduzida pelas principais forças e tendências sócio-econômicas e políticas imperantes no século XVIII.
No panorama internacional, França e Inglaterra disputavam o domínio colonial das poucas áreas remanescentes da conquista de espanhóis e portugueses que, por seu turno, como tradicionais adversários se mantinham em constante estado de prontidão para a guerra que a qualquer momento poderia estalar na América do Sul. Obstinadamente disputavam a posse de áreas fronteiriças para ampliar seus territórios, já tão diferentes do estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas, por ter sua linha divisória empurrada para a Cordilheira dos Andes pelos intrépidos bandeirantes.
O pensamento evoluía, encadeado no Iluminismo, na Fisiocracia e no Enciclopedismo, num rumo pelo qual, em surdina mas inexoravelmente, avançava uma das mais profundas transformações que a Humanidade testemunhou - a Revolução Francesa - com repercussões em toda Europa.
As extravagâncias dos Luíses de França, coadjuvados pela aristocracia irresponsável, prepararam a derrocada da monarquia, enquanto em Portugal, a versão lusitana do Rei Sol ( D. João V) tinha por sucessor D. José, em nome de quem governou e manteve-se com poder absoluto o polêmico Marquês de Pombal. Terrivelmente competente, aterradoramente cruel, Pombal por longos anos reteve as rédeas do país e traçou o destino de seus súditos.
O Morgado de Mateus, como Moço Fidalgo da Casa Real e militar, não escapou das mãos de ferro do Marquês. Sobressaindo-se na campanha lusitana da Guerra dos Sete Anos, o Morgado, à frente de apenas oitocentos comandados, impediu que onze mil homens do exército inimigo avançassem pela Província do Trás-os-Montes. Graças a este episódio foi guindado à primeira plana da Corte, por ela reverenciado como herói e por Pombal visto como brilhante militar talhado para prestar-lhe um serviço muito especial no Brasil: restaurar a Capitania de São Paulo, extinta há dezessete anos, para utilizá-la como centro de recrutamento para a defesa do sul da colônia, sempre sob ameaça de invasão pelos espanhóis.
Iniciou seu governo com energia e sucesso. Na estratégia militar de defesa da colônia utilizou-se de táticas suplementares de implantação de povoações e de agricultura não itinerante; de ampliação da navegação fluvial e abertura de caminhos terrestres para agilizar a circulação de suprimentos de guerra e de subsistência. Com surpreendente antevisão, ele traçou os primórdios de ações hoje da maior atualidade, como Mercosul e Hidrovias.
Com extraordinário bom-senso impôs as primeiras medidas na agricultura que, embora rudimentares, propiciaram o desenvolvimento de incipiente indústria açucareira, criando condições mínimas suficientes para, no futuro, dar-se a implantação da cafeicultura em São Paulo e, com sucesso, que tornou o torrão paulista a Capital Mundial da preciosa rubiácea.
O peso de suas responsabilidades militares e administrativas não o impediram de atender a duas outras marcantes facetas de seu caráter, a cultural e a religiosa. Culturalmente preocupou-se em estimular os talentos artísticos da época na rústica São Paulo, criando a Academia dos Felizes. Religiosamente foi o principal esteio para Frei Galvão concretizar o grande anseio de fundar o Recolhimento da Luz, para tanto tendo o Morgado contribuído com recursos pessoais e, mais grave ainda, burlando a irredutível proibição de novos estabelecimentos religiosos,expôs-se à ira de Pombal.
O Morgado de Mateus cometeu apenas uma imprudência e, saliente-se, não um erro: foi obstinado na defesa de sua opinião, numa questão militar, a implantação da Fortaleza do Iguatemi. Como estrategista estava coberto de razão; mas como súdito cometeu o deslize de contrariar as ordens emanadas do todo-poderoso Marquês de Pombal. Isto não o levou a pesadas punições, mas a um penoso e longo desvalimento.
Fidalgo de grande cultura e inteligência, acima de preservar e usufruir a grande fortuna legada por seu pai, o que mais aspirava o Morgado era bem servir a El-Rei, honrado a tradição dos Sousa. Militar de larga visão e profundos conhecimentos, era irredutível em suas posições. Sensível e íntegro, viveu vários tipos de solidão: do menino órfão de mãe, do Governador isolado no poder; do homem mal-amado e que pouco amou; do dedicado súdito injustamente relegado ao ostracismo.
Alicerçado em exaustiva pesquisa, o romance, dividido nos três volumes - O Fidalgo, O Governante e O Desvalido - aborda todos os aspectos indicados, fazendo com que os personagens, no seu dia-a-dia, despretensiosamente contem a História que em torno de si estava sendo construída e da qual em muito participaram.
Resgatar a memória do Morgado de Mateus, Capitão-General Governador da Capitania de São Paulo no período de 1765-1775, é o mínimo que se pode fazer por quem tanto fez por São Paulo, a quem, no entanto, quase ninguém conhece e bem poucos estão familiarizados com o título " Morgado de Mateus", apenas por ser o nome de uma via pública da Cidade de São Paulo.


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