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AMA-ME Vives em mim e em meu pensamento, Caminham entrelaçadas nossas sombras Não me perco na escuridão do labirinto Porque me encontro ao teu lado. Se luz intensa ofusca meus olhos, Cerro-os, tendo-te dentro deles. Será a brisa que desmancha meus cabelos, Que afaga meu rosto dolorido Envolvendo meu corpo em mansidão humana E cresce e vibra, afogando meus lábios ressequidos? Não. É a tua presença dentro de meu sangue Entranhada no meu ser. O canto que ouço nas noites sombrias, Sussurro de amor que vem das estrelas, Alma adormecida, alma a sonhar, A sentir, a viver, sem ter vida? Substância subtil que em meu peito se aninha Estereotipada imagem do meu verso À qual me entrego e me subjuga. Amo-te na carne trêmula das flores No riso quente da natureza Na harmonia secreta das cousas, Somos feitos da mesma argila. AMA-ME!
Poesia publicada na revista ETAPAS - Literária, Social e Ilustrada,
número 37 - Outubro de 1958, também publicada no Líbano em 1959: