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MARA DE FREITAS HERRMANN
Um instante preciso de luz e sombra, naquele momento em que a festa iniciava, podiam-se ouvir passos tranquilos, de seres que na espera louca arrumavam a vida para depois viver. O ar era de paz, a brisa suave e mansa parecia uma carícia. Tudo era como nos tempos de velhos amigos, que ao se encontrarem deixavam mostrar a alegria na luz do olhar. E tanto burburinho, tanto ruído, por quê ? Porque estes antigos seres vinham para nos recordar, reacordar. Chegavam e a todo instante queriam relembrar nossas raízes, nossas caminhadas. Aonde vamos, para onde ?
Senti naquele instante um desejo imenso de paz, fraternidade universal, amor... tudo misturado. A fé e a dúvida tomavam o mesmo espaço, ocupavam o grande lugar em mim. Como expressar esta loucura e poder chegar ao fim enfrentando tantas confusões e ainda ser normal ? Como preencher a saudade e precipitar o infinito?
Um encontro se mostrou paixão... Impossível, inédito, indescritível. Dois seres que se fundiram como se fossem ouro a derreter-se ao calor da fome. Olhos que se infiltraram e conheceram a alma. Mãos que se confundiram em corpos que perderam os donos. Aconteceu... Confiança... entrega que se dava naquele instante entre o cair do dia e o anoitecer. Noite se fez em mim e em tudo, deixando a luz irradiar sua cantoria de saudade do que não foi, e de tudo que ficou... em mim.