P - Voce confirma a doação
gratuita dos direitos autorais que lhe cabem?
R - Sim.
P - Voce não tem participação
ou influencia na destinação desses livros?
R - Nenhuma participação pessoal. Devo, alias, acentuar que
todos eles
foram confiados pelos benfeitores espirituais que os escreveram a
instituições respeitaveis.
P - Voce ‚ diretor da Comunhão
Esp¡rita Cristã?
R - Não sou diretor, mas apenas um companheiro de serviço
espiritual,
desde a fundação da nossa casa, que se encontra magnificamente
administrada por nossa abnegada irmã Srta. Dalva Rodrigues Borges,
que
se faz acompanhar por devotados companheiros da causa esp¡rita-cristã.
P - Que nos diz das cidadanias honorarias
que vem recebendo?
R - Vou as solenidades referentes a elas, quando isso me é poss¡vel,
ao
modo de um caixeiro viajante que se incumbe de receber documentação
da
firma a que pertence. Em todas cerimonias de cidadania, com o amparo de
Emmanuel, tenho procurado transferir as homenagens programadas aos
companheiros esp¡ritas, reconhecendo que essas titulações
pertencem a
eles e não a mim. Nesse sentido, peço licença para
lembrar uma trova que
recebi do poeta desencarnado Milton da Cruz, muito apropriada ao assunto:
"Para
a jornada segura
Não te esqueças, companheiro,
Que todo lugar de altura
Revela um despenhadeiro."
P - Qual a sua impressão
do encontro com Sua Excia. Reverend¡ssima, o
Sr. Arcebispo de Uberaba, Dom Alexandre
Gonçalves do Amaral, na TV desta
cidade?
R - Sempre consagrei o maximo respeito e entranhado carinho por Sua
Excelencia, Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, nosso muito amado
senhor
Arcebispo de Uberaba, e encontra-lo pessoalmente foi uma elevada honra
para mim. Minha veneração por ele aumentou profundamente
ao encontra-lo
em pessoa, e a presença dele foi para mim uma benção
de Deus.
Outras entrevistas:
P - Por que, em muitos dos
casos, após a morte, a fisionomia dos
desencarnados adquire uma expressão
de suave paz?
R - A maioria das criaturas, em se desencarnando, de maneira pac¡fica,
isto é, com a paz de consciencia, quase sempre reencontra entes
queridos
que a antecederam na viagem da chamada morte f¡sica (...) e deixa
no
próprio semblante as derradeiras impressões de paz e alegria
que o corpo
consegue estampar.
P - Sempre me pareceu que
nós, a maioria das pessoas, desconhecemos a
imensa força do pensamento
na formulação da existencia. O pensamento pode
reformular a vida de uma pessoa?
R - Sem dúvida. Os benfeitores espirituais são unanimes em
asseverar que
toda renovação do esp¡rito, em qualquer circunstância,
começa na força
mental. O pensamento é a força criadora nas menores manifestações.
P - Que lhe ocorre dizer …às
pessoas que, embora se esforcem, não
conseguem se espiritualizar, porque
se sentem cativas de remanescentes paixões
ou fortes algemas emocionais?
R - Ainda quando nos sintamos encarcerados em idéias negativas que,
ás
vezes, nos colocam em sintonia com inteligencias encarnadas ou
desencarnadas, ainda presas a certos complexos de culpa, conseguiremos
a
própria libertação desses estados, claramente infelizes,
se nos
dispusermos com sinceridade a varar a concha do nosso próprio ego¡smo,
esquecendo, quanto ao aspecto inarminico de nossa vida mental, para
servir aos outros, especialmente àqueles que atravessam provações
e
problemas muito maiores do que os nossos.
P - Qual o melhor ant¡doto
contra a falta de confiança em nós mesmos?
R - Os amigos da Vida Maior nos ensinam que na prática da humildade,
na
prestação de serviços aos nossos irmãos da
Humanidade, adquiriremos esse
ant¡doto contra a falta de confiança em nós próprios,
de vez que
aprenderemos, na humildade, que o bem verdadeiro, de que possamos ser
intérpretes, em favor dos nossos semelhantes, procede de Deus e
não de
nós.
P - Voce acredita que se nós,
os terrestres, fôssemos mais evolu¡dos e
pac¡ficos, as humanidades
de outros planetas já teriam entrado em contato
amplo conosco?
R - Provavelmente, sim. Uma evolução espiritual iluminada
pelo amor
fraterno, consoante os ensinos de Jesus, devidamente praticados, nos
colocaria em condições de receber os seres superiores de
outros campos
cósmicos do Universo para compreende-los e assimilar-lhes as lições
de
progresso que nos pudessem ministrar.
P - Voce acha que o mal nunca
vencerá o bem?
R - O bem sanará o mal, porque este não existe:é o
bem, mal
interpretado. Muitas vezes aquilo que julgamos como mal, daqui a dois,
quatro, seis anos,é um bem. Um bem cuja extensão não
conseguimos
avaliar. Portanto, o mal esta muito mais na nossa impaciencia, no nosso
desequil¡brio quando exigimos determinadas concessões, sem
condições de
obte-las. De modo que o mal ‚ como se fosse o frio. Este existe porque
o
calor ainda não chegou. Mas chegando o aquecimento, o frio deixa
de
existir. Se a treva aparece ‚ porque a luz esta demorando, mas quando
acendemos a luz ninguem pensa mais nas trevas. Não creio na existencia
do mal em substancia. Isto ‚ uma ficção.
P - Atualmente, fala-se muito
nos contatos de seres extra-terrenos. O
senhor acredita na existencia de
discos-voadores?
R - Eu acredito que existem naves interplanetarias. Mas o assunto ‚ um
tanto dif¡cil, porque pertence ao campo da ciencia.
P - O que podera acontecer
ao mundo se continuarem as atuais agressões
contra a natureza?
R - Acontece que estamos agredindo, não a natureza, mas a nós
próprios e
responderemos pelos nossos desmandos. É importante pensar que se
criou a
Ecologia para prevenir estes abusos. Aqueles que acreditarem na Ecologia
acima de seus próprios interesses nos auxiliarão nessa defesa
do nosso
mundo natural, da nossa vida simples na Terra, que poderia ser uma vida
de muito mais saude e de muito mais tranquilidade se nós respeitássemos
coletivamente todos os dons da natureza. Mas, se continuarmos
agredindo-a demasiadamente, o preço ser pago por nós próprios,
porque
voltaremos em novas gerações, plantando àrvores, acalentando
sementes,
modificando o curso dos rios, despoluindo águas, drenando pântanos
e
criando filtros que nos liberem da poluição. O problema será
sempre do
homem. Teremos que refazer tudo, porque estamos agindo atualmente contra
nós mesmos.
P - Qual a sua opinião
sobre o aborto?
R - O aborto ‚ sempre lamentável, porque se já estamos na
Terra com
elementos anticoncepcionais de aplicação suave, compreens¡vel
e
humanitária, porque ‚ que havemos de criar a matança de crianças
indefesas, com absoluta impunidade, entre as paredes de nossas casas?
Isto ‚ um delito muito grave perante a Providencia Divina, porque a vida
não nos pertence e, sim, ao poder divino. Se as criaturas têm
necessidade do relacionamento sexual para revitalização de
suas próprias
forças, o que achamos muito justo, seria melhor se fizessem sem
alarme
ou sem lesão espiritual ou psicológica para ninguem.
P - De vez em quando aparece
alguem que, em virtude de algum problema
social mais grave - a violencia,
por exemplo, - pede a pena de morte. O senhor
concorda?
R - A pena deveria ser de educação. A pessoa deveria ser
condenada mas ‚
a ler livros, a se educar, a se internar em colégios ainda que seja,
vamos dizer, por ordem policial. Mas que as nossas casas punitivas, hoje
chamadas de casas de reeducação, sejam escolas de trabalho
e de
instrução. Isto porque toda criatura esta sentenciada a morte
pelas leis
de Deus, porque a morte tem seu curso natural. Por isso, acho que a pena
de morte ‚ desumana, porque ao invés de estabelece-la dev¡amos
coletivamente criar organismos que incentivassem a cultura, a
responsabilidade de viver, o amor ao trabalho. O problema da
periculosidade da criatura, quando ela ‚ exagerada, esse problema deve
ser corrigido com educação e isso há de se dar no
futuro. Porque nós não
podemos corrigir um crime com outro, um crime individual com um crime
coletivo.
P - Qual a posição
do Espiritismo, hoje, quando a Igreja amplia
violentamente a evangelização
com a visita do Papa a várias regiões do mundo?
R - Nó, brasileiros, temos para com a Igreja Católica uma
d¡vida
irresgatável, porque por mais de 400 anos nós fomos e somos
tutelados
por ela na formação do nosso caráter cristão.
Quando nos lembramos que
os primeiros missionários entraram pela terra brasileira adentro,
não
com lâminas ou objetos de guerra, mas com a cruz de Cristo, nós
nos
enternecemos profundamente e compreendemos que a nossa d¡vida é
imensa.
Se o nosso povo esta tributando as homenagens merecidas e justas ao
Papa, que nos visita em missão de Deus, nós devemos estar
satisfeitos e
rejubilar-nos com essas manifestações, porque isso mostra
que nosso povo
é reconhecido a uma instituição que nos deu e dá
tanto. Hoje, podemos
ser livres pensadores esp¡ritas, espiritualistas, evangélicos,
podemos
matricular nossos corações nas diversas escolas que são
derivadas do
próprio cristianismo, mas não podemos esquecer aquele trabalho
heróico
dos primeiros tempos, dos primeiros séculos. A Igreja até
hoje tutela a
comunidade brasileira com muito amor.
P - O povo tem hoje uma certa
incredulidade diante das definições
tradicionais do céu e inferno.
Na sua visão, como eles seriam?
R - Dentro da visão esp¡rita-cristã, céu, inferno
e purgatório começam
dentro de nós mesmos. A alegria do bem praticado ‚ o alicerce do
céu. A
má intenção já ‚ um piso para o purgatório
e o mal devidamente efetuado,
positivado, já é o remorso que é o princ¡pio
do inferno.
P - Deve-se aceitar a lei
do carma passivamente ou temos condições de
modificá-la, talvez, para
uma condição melhor?
R - Aquilo que ficou estabelecido como sendo nossa d¡vida ‚ uma
determinação que devemos pagar. Se comprei e assumi a d¡vida,
devo
pagar. Éo que consideramos destinação,é o carma.
Mas isso não impede a
lei da criatividade com a qual nós podemos atuar todos os dias para
o
bem, anulando o carma, chamado de sofrimento. Vamos supor que uma
criatura esta doente e precisa de uma intervenção cirúrgica.
É o caso de
perguntarmos: ela deve ou não se submeter a intervenção
cirúrgica, o que
tem todas as possibilidades de exito? Ela deve sim, deve preservar o seu
próprio corpo,é‚ um dever procurar a medicina e se valer
do socorro
médico para reabilitação do seu próprio organismo.
Então, a¡ esta uma
resposta a esta questão. A misericórdia de Deus sempre nos
proporciona
recursos para pagar ou reformar os nossos t¡tulos de débito,
assim como
uma organização bancária permite que determinadas
promissórias sejam
pagas com grande adiantamento, conforme o merecimento do devedor. Assim
como temos grande numero de amigos avalistas a nos tutelar nos bancos,
temos tambem os esp¡ritos extraordinários que são os
santos, os anjos,
os nossos amigos espirituais que pedem por nós, que auxiliam, que
nos
dão mais oportunidade para que a gente tenha mais tempo. Por isso
que a
pessoa deve cuidar bem de seu corpo, porque ele ‚ enxada com qual a
criatura esta semeando e lavrando o terreno do tempo e das boas ações.
De modo que existe o carma, mas existe tambem o pensamento livre, porque
nós somos livres por dentro da cabeça.
P - Existe alguma maneira
de uma pessoa desenvolver a sua mediunidade
sem precisar frequentar um Centro
ou mesmo aprofundar-se na Doutrina?
R - Nós temos, por exemplo, o esoterismo em determinadas doutrinas
espiritualistas com processos semelhantes aos da ioga, pelos quais a
criatura se aperfeiçoa nas suas faculdades ps¡quicas e consegue
ser, por
exemplo, um intérprete do mundo espiritual sem as caracter¡sticas
do
médium esp¡rita-cristão propriamente considerado. Mas
nos moldes em que
me vi na necessidade de encontrar um socorro para os meus problemas
psicológicos e espirituais, não vejo outras entidades no
momento capazes
de, do ponto de vista popular, trazer para o nosso coração
tanto
benef¡cio como um Centro Esp¡rita Cristão, orientado
com segurança por
amigos de Cristo e de Allan Kardec, capazes de ponderar as
responsabilidades que eles assumem. De modo que eu me sinto uma pessoa
feliz com o tratamento da mediunidade na estação em que trabalho
e me
encontro, mas cada qual tem o seu próprio caminho. Eu não
desconheço que
toda religião tenha os seus processos de apoio para a sublimação
de seus
adeptos, e respeito todas elas.