Parece que o país em que Fernando Henrique vive não é o mesmo que o nosso. A maneira com que o presidente leva a sua campanha eleitoral, prometendo o que não poderá cumprir, faz crer que o clima de "ilha da fantasia" que domina Brasília, contagiou definitivamente FH. Só isso, e o medo de perder a eleição, podem explicar o rumo que tomou sua campanha, onde as promessas são as grandes estrelas da festa. Certamente campanhas eleitorais são feitas basicamente de planos para o futuro, mas tentar vender um peixe que sabe-se não poderá entregar é pedir um pouco demais da crença do povo. Apesar disso o leitor perguntará: mas o candidato Lula também não faz a mesma coisa, prometendo basicamente tudo? Pode parecer a mesma coisa, mas há uma diferença enorme entre um e outro. Quando Fernando Henrique diz que fará algo no seu próximo governo, logo aparece a questão; porque não fez no primeiro ? Para isso há a resposta de que não houve tempo e que nos próximos quatro anos isso será feito. Evidentemente que isso poderia ser verdade se FH resolvesse no segundo mandato fazer uma volta de 180 graus na maneira que conduz o governo, trocar toda equipe econômica e adotar uma nova estratégia de priorizar o desenvolvimento. Mas, certamente, nada leva a crer que isso será feito, muito pelo contrário, reiteradas vezes ele já teve oportunidade de dizer que não trocará a equipe que rege a economia do país e nem pensa em romper com pelo menos um segmento da sua base de apoio no Congresso. A diferença básica entre a promessa de FH e de Lula é essa: um promete mudar tudo sem mudar nada e o outro, ao contrário, se propõe a fazer uma mudança radical nos rumos da economia do país. Sonhar é uma necessidade do ser humano, mas quando o sonho se desprende totalmente da realidade ele deixa de ser sonho para se transformar em delírio.