Os
"ESPORTES RADICAIS" formam um
conjunto de práticas corporais ainda
pouco estudadas. A maioria da
informações disponíveis limitam-se a
descrições de eventos e competições.
Assim, torna-se muito difícil criar
definições para o termo. Porém, uma
análise a respeito torna-se
interessante, visto que o interesse por
essas modalidades é cada vez maior.
Os
esportes radicais basicamente são
práticas que envolvem desafios,
aventuras e vertigem, realizados em meio
a ambientes naturais ou não. Assim,
devemos estar atentos pra os nomes dados
a essa prática, já que sempre
existiram esportes assim e não
necessariamente eram chamados de
radicais.
Mesmo
assim, o termo parece ter surgido na
década de 70, provavelmente entre
praticantes do surfe, em referência
aquelas pessoas que se aventuravam em
enfrentar ondas muito altas, próximas a
regiões de corais. Mais tarde as
manobras, os costumes e a linguagem do
surfe foram levados para as ruas pelos
praticantes de skate. Inúmeras
modalidades esportivas se intitulam como
radicais atualmente. Modalidades como:
bugee jump, skate, akysurf, rafting,
canyonyng, rapel e tantas outras.
Nas
últimas décadas os esportes radicais
ganharam maior organização e
divulgação pela mídia. Por
conseqüência, foi a época em que as
modalidades mais ganharam adeptos. A
exploração dos esportes radicais pela
mídia tem crescido assustadoramente
dentre as programações de televisão.
Este é um dos motivos pelo qual as
modalidades têm se organizado enquanto
competições de abrangência
internacional.
O
que é "radical"?
Nota-se
em comum na maioria das modalidades que
o que os indivíduos buscam é a
sensação de perda momentânea: do
controle da situação e das emoções.
É exatamente isso que busca o
praticante destas modalidades, a
sensação de pânico e medo por alguns
segundos de forma controlada e segura.
É isso que os grandes centros de
diversão oferecem com brinquedos que
elevam as pessoas a grandes alturas e
girando em várias direções, fazendo
com que, por alguns instantes, se sintam
sem controle da situação. As pessoas
estão em busca de vertigens.
Para
ser considerado esporte, a modalidade
deve estar direcionada também em
competições esportivas, elaboração
de marcas, regras e estabelecimento e
quebra de recordes. O alpinismo sempre
foi repleto de recordes e marcas, e
mesmo sendo uma modalidade muito antiga,
nunca foi considerado
"radical". O surfe era uma
modalidade de esporte radical e hoje
não é mais. Então o que é que define
se um esporte é radical ou não? No
alpinismo as pessoas mais cooperam entre
si do que parecem competir... Então
será necessário competir para realizar
uma prática radical? Mas as
competições são eventos
característicos de esportes, ou não?
O
importante é... o desafio
Em um
número grande de modalidade a principal
atração pode não ser a competição e
sim o desafio, com os seus próprios
limites ou limites naturais.
As
práticas esportivas podem ser
agradáveis sem que haja um perdedor e
todos podem ser vencedores de uma
caminhada ecológica (Treking). Todos
podem desbravar cavernas (espeleologia),
e conhecer lugares poucos visitados, sem
que seja necessário estar o tempo todo
sob a pressão de ser derrotado por
alguém. Então poderíamos recriminar
alguém que fica satisfeito em
participar de campeonatos de futebol,
mas que adora o esporte em si? Na minha
opinião não. Ainda porque vários
esportes radicais são realizados em
ambientes de grande beleza natural,
várias vezes a principal atração do
participante é admirar o lugar onde
pratica seu esporte favorito.
Fica
muito claro nos dias de hoje a
transferência de modalidades esportivas
do meio urbano para ambientes primitivos
e de grande beleza natural, que é um
processo saudável mas que demanda uma
consciência ecológica muito grande.
Não
podemos deixar de fazer menção ao
comportamento dos praticantes dos
esportes radicais, como levantado
anteriormente, se não está presente a
competição qual seria o fator
característico deste radicalismo?
devemos considerar o comportamento
diferenciado destes participantes que
também deveria ser radical na sua
realização. Mas até onde este
radicalismo comportamental está sendo
saudável? Não estaria envolvida nestes
esportes uma forma de extravasar as
tensões e emoções do cotidiano?
Poderíamos chamar tal processo de
descontrole controlado das emoções.
Tal expressão soa de maneira
civilizada, e os esportes são uma forma
civilizada de competir. Então, ao se
esportivizar as práticas radicais,
estes deixam de ser radicais? Ou seja o
comportamento do praticante deixa de ser
radical?
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