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                      H.D.Lamego      

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CONVULSÕES

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0 - INTRODUÇÃO

O tema deste trabalho é convulsões. Este é um tema com bastante importância, já que nos aparecem no serviço bastantes crianças com o diagnóstico de convulsões. Nós enfermeiros temos que ter um grande conhecimento sobre esta patologia, visto que, perante uma criança com crise convulsiva, temos que actuar rapidamente. Serve também para que possamos identificar correctamente uma crise convulsiva, de maneira a podermos descrever e transmitir aos outros técnicos de saúde, tudo aquilo que será importante para um futuro diagnóstico e consequente tratamento adequado. Neste trabalho poderemos encontrar um capitulo que fala só de convulsões neo-natais. Foi feita esta divisão porque estas convulsões são muito difíceis de detectar e só um grande conhecimento sobre os sintomas, nos permitem saber distinguir entre aquilo que é e que não é uma manifestação de convulsão neo-natal.

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1 - DEFINIÇÕES

Convulsão:

« Descarga bio-energética emitida pelo cérebro que provoca contracções musculares gerais e generalizadas.»
 
«Ataque episódico, que resulta da alteração fisiológica cerebral e que clinicamente se manifesta por movimentos rítmicos involuntários e anormais, que são acompanhados de alterações do tónus muscular, esfíncteres e comportamento.»

Crise convulsiva:

«Termo usado para designar um episódio isolado.»
 

Distúrbio convulsivo:

 
«É um distúrbio crónico e recorrente, (epilepsia).»
 

Foco epileptogénico:

«células hiper-excitaveis onde tem inicio uma descarga eléctrica expontânea.»

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2 - FISIOPATOLOGIA DAS CONVULSÕES

 

Seja qual for a causa, ou o tipo de crise convulsiva, o mecanismo básico é o mesmo.

Há descargas eléctricas:

- De origem nas áreas centrais do cérebro (afectam imediatamente a consciência);
 
- De origem numa área do córtex cerebral (produzem características do foro anatómico em particular);
 
- Com início numa área localizada do córtex cerebral e alastrando-se a outras porções do cérebro.

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2.1 - MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

 

Estão relacionadas com o tipo de convulsão, e irão ser abordadas ao longo do trabalho.

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2.2 - AVALIAÇÃO DE DIAGNÓSTICO

 

O diagnóstico tem dois objectivos principais que são:

- Definir o tipo de crise convulsiva;
 
- Compreender a causa.
 

O diagnóstico das convulsões faz-se através de:

- História completa;
 
- Exame físico e neurológico completo;
 
-Exames laboratoriais ( hemograma completo, glicémia, cálcio, ureia, liquido cefalo-raquidiano, etc.);
 
- E.E.G
 
- Cintigrafia cerebral;
 
- T.A.C.;
 
- Ressonância magnética;
 
- Etc.

 

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3 - CONVULSÕES NEONATAIS

 

3.1 - INCIDÊNCIA

 

Existem numerosas manifestações clínicas, que podem ser equivalentes a convulsões, no entanto, não são reconhecidas como tal. 0,2 a 0,8% das convulsões aparecem nos dez primeiros dias de vida, sendo a sua maioria na primeira semana (29 e 32 dia de vida).

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3.2 - SINTOMATOLOGIA

 

É de difícil observação, resumindo-se às vezes, a apenas um piscar de olhos, uma recusa alimentar, alterações do tónus, apneia ou espasmos dispneicos. Assim, as crises tónico-clónicas são raras no Recém Nascido, sendo mais frequentes as manifestações tónicas ou clónicas isoladas.

Sinais de crise no Recém Nascido:

 
- Movimentos de rotação da cabeça, olhar fixo e respiração irregular;
 
- Espasmos tónicos das extremidades;
 
- Tremores, finos e prolongados das extremidades;
 
- Movimentos de pedalagem dos membros;
 
- Períodos de hipotonia acentuada em fase pós critica;
 
- Hiperactividade e alterações do sono;
 
- Reflexo de moro expontâneo;
 
- Alterações da respiração;
 
- Alterações da deglutição;
 
- Etc.

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3.3 - ETIOLOGIA

 

As causas são múltiplas.

Cerca de 90% das convulsões no Recém Nascido são devidas a:

- Hipoglicémia - nas primeiras 48 horas de vida;
 
- Hipoxia - nas primeiras 48 horas de vida;
 
- Traumatismos de parto - nas primeiras 48 horas vida;
 
- Hipocaliémia ou hipomagnesémia - nas primeiras 72 horas de vida;

Depois da primeira semana de vida as infecções e problemas genéticos são as principais causas de convulsão.

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3-4 - TRATAMENTO

 

O tratamento, baseia-se essencialmente na correcção da perturbação causal, e secundariamente na administração de anticonvulsivantes.

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4 - CLASSIFICAÇÃO DAS CONVULSÕES

 

4.1 - CONVULSÕES PARCIAIS OU FOCAIS

 

Neste tipo de convulsão, há uma descarga eléctrica anormal, proveniente do foco epileptogénico, limitada a uma região mais ou menos circunscrita do córtex cerebral. As áreas que são mais frequentemente afectadas são:

- o lobo frontal,
 
- temporal e
 
- parietal.

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4.1.1 - Convulsões Psicomotoras

 

O ataque apresenta um período de comportamento alterado, amnésia, e é incapaz de responder ao ambiente. Não há perda de consciência, no entanto, não se lembra do seu comportamento. Depois da crise, normalmente, segue-se um período de sono ou sonolência.

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4.1.2 - Outras convulsões

 

As convulsões focais, caracterizam-se por sintomas motores localizados. A mais frequente, é a convulsão Adversiva (olhos e cabeça viram-se para o lado oposto ao do foco epileptogénico).

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4.2 - CRISES NÃO EPILÉTPICAS

 

Estão relacionadas com certas situações - sindromes especiais.

 

4.2.1 - Convulsões febris

 

São distúrbios transitórios associados à febre.

- Afectam 3 a 5% das crianças;
 
- Afecta normalmente crianças entre os 6 meses e os 5 anos;
 
- Suposta predisposição familiar;
 
- Na maioria dos casos acontece quando há uma elevação rápida da temperatura acima dos 38,9ºC;
 
- Apenas 25% das crianças voltam a ter uma futura convulsão febril;
 
- Normalmente não há compromisso neurológico.

O tratamento faz-se através do controle da febre (antipiréticos), da convulsão (diazepam ou fenobarbital), e posteriormente faz-se o tratamento das infecções.

 

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4.2.2 - Episódios de suspensão da respiração

 

É mais frequente em crianças com idades compreendidas entre os 6 e 18 meses. Precipita-se por medo, frustração ou raiva, e caracteriza-se por choro violento e cessação da respiração.

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4.2.3 - Enxaqueca

 

Caracteriza-se por cefaleia crónica recorrente, normalmente precedida por distúrbios visuais e acompanhados de náuseas e vómitos. Nestes casos a causa é ignorada. O tratamento é sintomático.

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4.3 - CONVULSOES GENERALIZADAS

 

Estas convulsões ocorrem em qualquer idade, em qualquer momento. O intervalo entre as crises varia bastante.

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4.3-1 - Convulsões de grande mal (motoras principais)

 

Caracterizam-se por duas fases completamente distintas.

Fase Clónica:

- Reviramento ocular;
 
- Perda imediata de consciência;
 
- Contracção generalizada e simétrica de toda a musculatura corporal;
 
- Braços flectidos;
 
- Pernas, cabeça e pescoço estendidos;
 
- Poderá emitir um grito;
 
- Dura aproximadamente 10 a 20 segundos;
 
- A criança apneica pode tornar-se cianótica.
 

Fase Tónica:

 
- Movimentos violentos, rítmicos e involuntários;
 
- Pode espumar pela boca;
 
- Incontinência urinária.

À medida que a crise vai cedendo, os movimentos tornam-se menos intensos e com intervalos maiores. Dá-se um relaxamento corporal e segue-se uma fase de sonolência.

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4.3.2 - Pequeno mal

 

Caracteriza-se por uma perda breve de consciência. Podem passar despercebidas, o comportamento sofre poucas alterações. É frequente entre os 5 e os 9 anos de idade. Pode haver alteração do tónus muscular, e a criança deixa cair pequenos objectos, no entanto raramente cai. Não ha incontinência.

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4.3.3 - Outras convulsões Acinéticas

 

- Perda súbita e momentânea do tónus e controle postural. Mioclónicas - Contraturas súbitas e breves de um músculo ou grupo de músculos.

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5 - ACÇOES DE ENFERMAGEM

 

O enfermeiro tem que ser capaz de actuar rapidamente, no entanto, tem que ser um bom observador. Pois esta observação poderá ser inicio de um diagnóstico correcto. Há acções que um enfermeiro deve fazer imediatamente, tais como:

- Proteger a criança durante a convulsão:
 
- Deitar a criança (caso ela esteja de pé ou sentada);
 
- Afrouxar roupas apertadas;
 
- Remover objectos;
 
- Sustentar com delicadeza a criança.
 
- Manter vias aéreas desobstruídas:
 
. Colocar cunha de borracha, abaixador de língua;
 
. Aspirar secreções se necessário;
 
- Administrar terapêutica anti-convulsivante e chamar médico de serviço;
 
- Observar crise convulsiva;
 
- Descrever e registar todas as observadas, tais como:
 
. Sequência dos acontecimentos;
 
. Início da crise;
 
. Duração da crise;
 
- Eventos significativos anteriores à crise;
 
- Verificar se há incontinência urinária ou fecal;
 
- Verificar se há fase clónica ou tónica.
 
- Observar após a crise,
 
- Descrever e registar:
 
. Forma de cessação da crise;
 
. Nível de consciência;
 
. Orientação;
 
. Capacidade motora;
 
. Fala.
 
- Promover repouso;
 
- Deixar a criança confortável;
 
- Permitir que a criança repouse após a crise;
 
- Reduzir estimulação sensorial ( luzes, barulho, etc. );
 
- Reduzir ansiedade dos pais:
 
- Promover atmosfera calma;
 
- Explicar propósitos de enfermagem;
 
-Oferecer apoio emocional
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