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                                  APRESENTA: ensaio do que se pode chamar de livro, OBS. ainda esta em construção

Sítio três Maria

 

   Num pontinho inexistente no mapa do Brasil, mas que podemos orientarmos por estar na divisa de dois gloriosos estados, um pela sua grandeza de dimensão geográfica, de tão grande que e, foi dividido em dois, Mato grosso, e Mato Grosso do Sul, o outro estado ,São Paulo, que se destaca pelo seu desenvolvimento econômico, social, industrial, cultural, enfim poderíamos chamar de capital do Brasil, e como marco divisório entre esses estados esta o majestoso e imenso rio Paraná, que apesar do seu complexo hidrelétrico de Urubupunga suas barragens : ilha solteira e jupiá, e outras usinas geradora de energia elétrica para região, e todo Brasil, mesmo com toda essa metamorfose ocorrida na natureza, o rio segue seu leito natural, indo desembocar nas terras paraguaias, e segue Argentina a dentro.

   As terras selváticas, eram férteis e bastante produtivas, e em  parte cultivadas por seus tradicionais habitantes colonizadores.

   Em meio aos grandes proprietários de terras {latifundiários} que sobressaiam, demais a essa imensidão, eram divididas em pequenas propriedades rurais: chácaras, sítios , minifazendas, entre esses estava o Sitio Três Maria, nome esse dado devido a um fato ocorrido no córrego que cortava o sitio ao meio, e suas águas que iam se juntarem ao glorioso rio Paraná.

   Dizem os antigos moradores daquela redondeza que, os primeiros proprietários daquela nativa e selváticas terras, tinham três filhas, únicas e trigêmeas, univitelinas {nascidas da mesma placenta}, e que um certo dia essas meninas sumiram.

   Os pais e toda vizinhança organizaram buscas por toda parte, dias e dias, meses a fio, e nada de encontrarem, nem mesmo se quer vestígios das pobres coitadas.

   O acontecido foi tão forte e intenso que, abalou toda a estrutura do casal e suas vizinhança, afetando a saúde deles, suportaram por algum tempo, mas logo suas forças foram se esgotando, viviam tristemente por fim ficaram doentes, em conseqüência vieram a falecer desgostosamente com diferença de dias um para o outro, tudo isso em função da grande desgraça que afetaram suas pobres vidas.

   Apartir desse tempo para cá, surgiram muitas estórias mirabolantes contada pelo povo, e que perduram até os dias de hoje, mas como a ultima vez que dizem que viram as meninas, estavam brincando tomando banho nas águas do córrego surucucu, então os povos começaram a falar que as águas traiçoeiras desse córrego eram malditas, como uma cobra, e tinham engolido as pobrezinhas inocentes, apartir do acontecido mudaram o nome do córrego de surucucu, para córrego três Maria em homenagem a elas, Maria Helena, Maria Luiza, Maria Lúcia, e assim começa a estória do sitio três Maria.

   A cidade mais próxima daquela redondeza era Iacanga, com seus quase mil habitantes que viviam do cultivo da roça, um laticínio, onde se beneficiava o leite da região, o comercio do varejo da cidade, mas o que realmente era o esteio, e que sustentava a cidade era uma usina hidrelétrica, ou seja o complexo hidrelétrico de Urubupunga, formado pelas barragens de Ilha Solteira e Jupia, o canal de Três Irmãos.

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   A VELHA ESTRADA DE TERRA QUE CORTAVA AQUELAS SERTANIAS, DELINEAVA UM RISCO QUE PARECIA INFINITO, ONDE DEFINIA-SE OS LIMITES DAS PROPRIEDADES DE TERRAS, OS SEUS MINIFUNDIÁRIOS E LATIFUNDIÁRIOS PECULIAR DAQUELA REGIÃO.

   ANTIGAMENTE ERA ASSIM, NÃO EXISTIAM FAZENDAS, E FAZENDAS, BASICAMENTE ERAM UMA COMUNIDADES DE VÁRIOS SITIANTES RESIDENTES,{digo sitiantes residente, porque eram pessoas que moravam ali, viviam da terra, diferente do que se vê nos dias de hoje, virou moda, comprar um pedacinho de terra, para passar uma temporada de ferias, ou sei lá só para se exibirem}ELES CULTIVAVAM SUAS TERRAS PRODUZINDO OS MAIS VARIADOS TIPOS DE ALIMENTOS, ISSO ERA HERDADO DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO, ERA UMA LEI, TRADICIONAL FAMILIAR.

   EXISTIA UMA HARMONIA ENTRE OS SEUS VIZINHOS, COM DATAS CERTAS, PARA SUAS FESTIVIDADES, OU MESMO PARA SUAS VISITAS CORDIAIS, ONDE SE COMENTAVAM AS NOVIDADES, QUE IAM ACONTECENDO NO MUNDO AFORA, ISSO QUANDO UM DELES IAM A IACANGA, A CIDADEZINHA MAIS PRÓXIMA DO POVOADO.

   RADIO, TELEVISÃO, JORNAL, MAQUINAS AGRÍCOLAS, ETC... ESSAS MARAVILHAS DA EVOLUÇÃO HUMANA, AINDA NÃO HAVIAM CHEGADO AO CONHECIMENTO DOS MORADORES DAQUELA REDONDEZA, PRINCIPALMENTE NO SITIO TRÊS MARIA.

   A VELHA ESTRADA DE TERRA QUE LIGAVA AS CIDADELAS INTERIORANAS DAQUELA REGIÃO, A ESTRADA DE FERRO {O TREM}, A ESTRADA BOIDADEIRA, OU OS TRILHOS QUE O GADO FAZIAM CORTANDO OS PASTOS MARCANDO UM CAMINHO PARA AS SUAS PROCISSÕES ROTINEIRAS, ISSO PARECE COISA TEATRAL, MAS EXISTIA E EXISTE ATE HOJE EM ALGUMA REGIÃO DESSE IMENSO  E MARAVILHOSO PARAISO, CHAMADO BRASIL.

   HA UMA HORA MONTADO NO LOMBO DE UM ALAZÃO, A TODO GALOPE, CHEGAVA-SE A CIDADE DE IACANGA, POVOADO MAIS PRÓXIMO DO SITIO TRÊS MARIA.

                                                                              -A ROTINA DA ROÇA-

   Era quatro horas da manha, de um domingo friorento do mês de maio de mil novecentos e cinqüenta e cinco. o galo ainda não havia cantado, para anunciar a aurora de uma novo dia, que raiava com todo o seu esplendor, em especial para a família Ramos que acabavam de despertar.

   Com a lida do dia a dia, rotina desgastante de uma dona de casa, Dona Ziza começava a executar as primeiras tarefas, daquele primeiro dia da semana o domingo, que ia ate no sexto dia, pois no sétimo, o sábado era sagrado, guardava-se religiosamente, isso segundo os preceitos bíblicos, velavam respeitosamente ao Senhor nosso Deus.

   Labutava ela  na peleja dos afazeres da cozinha, trabalhava nos preparativos do café da manhã, abanava pausadamente a tampa de um caldearão, na tentativa de reacender o velho fogão de lenha.

   Enquanto o patriarca da família Ramos, o senhor José Bento, afiava suas ferramentas de trabalho, aguardando sair um café fresquinho, passado a pouco, no coador de pano ,saco de açúcar, objeto este feito pela habilidosa mão de Dona Ziza.

   Joanito José Bento Ramos, o filho primogênito, o Nito querido, que chegara do curral, e entrava cozinha adentro, saudando sua mãezinha e pedindo-lhe a benção, trazia as mãos um balde de leite de vaca fresquíssimo, tirado a pouco, para o consumo da casa, enquanto mimosa , a égua mansa, animal predileto de Nito, pois ela alem de ser muito dócil, era super destrada, parece que ate lia o pensamento do seu condutor, bastava uma sinal, um gesto para ela prontamente obedecer, executando o comando, aguardava pacientemente de cabeça baixa, abanando o rabo, espantando as moscas atrevidas que vinha a lhe perturbar suas partes intimas, ficava imóvel assim como se estivesse meditando no percurso que tinha de fazer pra levar os tambores de leite na porteira de entrada do sitio Três Maria.

   Antes do nascer do sol, eram para estarem todos de pé, para pegarem no batente pois, segundo o senhor Ramos , ele foi criado nesse sistema, e queria que a sua família conservasse os bons costumes herdados , provindos de seus antepassados.

   Em pouco tempo já estavam todos prontos a caminho da roça, que não ficava muito retirado da casa onde moravam.

   Trovão o cachorro perdigueiro caçador dos bons, corria a frente em ziguezague, farejando tudo que via pela frente, e as vezes esperava a turma que vinha caminhando compassadamente, ele vinha roçando as pernas do Juquinha, o caçula da família, que embora não tivesse estrutura física nem idade suficiente para o serviço braçal, mesmo assim ia todos os dias com seus irmãos par ir se acostumando com o estilo de vida da família, isso segundo o seu pai Bento, e também dizia ele, só assim não ficava incomodando sua mãe nos seus afazeres.

   Interessante a energia que movia aquela família trabalhadora, mesmo acordando todos os dias muito cedo, isso fazia com que fossem dormir com as galinhas, esse e um modo de dizer no interior, a noite vinha, todos iam pra cama, pois não tinham sequer um radio de pilha para ouvir, já que energia elétrica não havia chegado a aquelas redondezas, e no mais o Sr. Bento não era nada a favor dessas maravilhas da evolução humana, ele achava que era mais maléfica do que benéfica ao ser humano, por isso ele repugnava veementemente, e do mais não existia nada que pudesse distraí-los, o único barulho que se ouvia era o cantar dos grilos, o rosnar de algum animal selvagem, os piscas , piscas dos vaga-lumes que passavam sobre nossas cabeças, a constelação de estrelas, e quando na lua cheia o uivo arrepiante de um lobo clamava em nossos ouvidos, ou em noite chuvosas que ficávamos deitados quietinhos em nossa caminha feita de colchão de palha de milho, ouvindo a sinfonia de sons que faziam os pingos dagua que caiam do telhado , e a cascata de goteiras que faziam uma batucada melódica propicia para dormir um sono tranqüilo, ao som da natureza agradecida pela dádiva recebida do nosso bondoso Deus.

   A noite vinha, apagava-se a lamparina fumacenta movida a óleo, que empretejava todo o telhado daquela casa, pois não tinha forro e todos nós já estávamos acomodados nos nossos singelos aposentos, como era uma casa simples assim como os utensílios que compunham a mobília: guarda roupa, mesas, cadeiras, camas, e o colchão que era feito de palha de milho [esfarpada] esfarrapada, que fazia um chiado quando nos se mexiam na cama, já os travesseiros eram maravilhosamente feito de paina [frutos de paineira] e revestidos com panos de sacos de açúcar que a dona Ziza havia feito, isso fazia com que tudo que compunha aquela casa, ou fizesse, parte dela se tornasse singelo, inclusive seus moradores, que por sinal o próprio Bento ajudou na construção da mesma, assim que se mudaram para o sitio, foi tudo construído com muito suor, e luta, mas principalmente com muito amor e determinação.

   A cultura de café ficava a uma boa distancia da casa, que logo apos tomarem o café matinal partiam em fila indiana formando uma verdadeira procissão familiar.

   O Sr. Jose Bento puxava o cordão, seguidos dos demais em ordem decrescente, formando uma verdadeira escada humana, já que a diferença de idade de um filho para o outro era religiosamente um ano.

   Entretido cantando seus hinos religiosos, orando em silencio, o tempo passava rápido, mal o sol despontava, lá vinha Joanito montado no ventania, trazendo o almoço e o café do meio dia, leite de vaca e polenta, milho cosido, mandioca frita , e outras iguarias mais, produtos estes, frutos da bondosa mãe terra, que nos ofertava graciosamente, pois era típico daquela região, devido a sua fertilidade exuberante.

   A frondosa figueira, com sua sombra convidativa para um descanso, nos proporcionava um abrigo do sol ardente do dia, ali embaixo onde todos fazíamos as nossas refeições, mal acabamos de comer, papai gritava chamando todos para o reinicio do trabalho, com exceção de Erondina, chamada carinhosamente de indiazinha, por causa de sua pele morena cor de canela, cabelos pretos brilhante e seus olhinhos meio puxadinhos, parecendo dois peixinhos, assim mesmo como uma mestiça de índio com branco, ela estava com ar de cansada, ofegante com falta de ar,

   -Joanito interviu.

   -Papai, a indiazinha não esta boa, olhe, mal esta conseguindo trabalhar, veja o esforço que ela faz para respirar, coitada da maninha, morro de pena dela.

   Enquanto Nito falava com seu pai essas coisas Ero sentia suas dores se contorcendo toda, alguma coisa estava errada com ela, pois, o ar lhe faltava, era um aperto no peito para respirar, uma pressão na cabeça, parecia que ia explodir, uma sensação estranha, parecia que a qualquer momento  desmaiar, ou melhor, pensava: -vou morrer, vinha agora a perturbar o medo da morte, ofegante estava suando frio de tanta ansiedade daquela situação, por mais que se esforçasse para executar a tarefa que lhe incumbia, mais difícil se tornava para ela, a ponto de não resistir, desistir de tudo, largou a enxada de lado, pois as duas mãos na fonte, agachou-se ficando ali imóvel.

   O pai Jose Bento que estava atento a todos os movimentos dos filhos, viu que sua filha não estava boa mesmo, pois ela não acompanhava o ritmo dos demais, isso ele já a observara a alguns dias, e hoje parece que agravara ainda mais.

   Ao ver sua filha, ali imóvel agachada com as mãos na fonte preocupou-se ainda mais, achou que o caso podia ser mais serio do que ele pensava, concordou imediatamente com seu filho ordenando-lhe.

   -Realmente Nito, ela não esta boa, isso vem acontecendo já a dias, eu venho observando-a, não esta rendendo no serviço, esta com uma ar abatida de doente mesmo, quero que monte no ventania agora mesmo, e leve ate sua mãe, vá ligeiro e diga pra sua mãe, não perder tempo e ir direto ao Dr. Dagoberto  na cidade, vê se apresse que parece que o caso dela carece de uma certa urgência, pois a ocasião lhe pede, vá pra ver se ele descobre o que essa menina tem, ou será que e só manha dela, dengo, só para não trabalhar na roça, e quer ficar com sua mãezinha.

   -Ah! Pai, o senhor vai me desculpar, mas eu acho que o caso dela merece uma atenção maior, ela não e de ficar fazendo manha pra serviço, ela e uma guerreira, nos afazeres da roça como de casa, Ero sempre foi uma trabalhadora exemplar, e adorável irmã.

   -Ta bom filho, ta bom, chega com esse discurso de advogado familiar, então vá logo, vá ligeiro, já que o caso e tão necessitada assim, leve-a para sua mãe tomar as devidas providencias.

   - Ta bom pai, Deus...

   Partiram os dois, Nito e Ero montados no lombo de ventania, saíram a todo galope, em poucos segundos desapareceram de vista, levantando a poeira da estrada.

   Dona Ziza que estava no córrego três maria, agachada sobre uma tabua e uma bacia enorme de roupas sujas, esfregava freneticamente, quando ouviu e viu ao longe a poeira que levantava das patas do cavalo que vinha a todo galope, ela estranhou, logo preocupou-se, dizendo pra si mesma.

   -Quem será que vem lá, com essa pressa toda?,

   Logo avistou que alguém acompanhava  Nito na garupa do ventania, preocupou-se. ainda mais, se pos de pe imediatamente, enxugando as mãos na barra da saia do seu vestido, foi como se quisesse ir ao seu encontro querendo encurtar a distancia, visivelmente perturbada, com a visita inesperado, coisa boa não era, para o Nito vir aquela hora, e naquela pressa toda, Oh meu Deus, o que será desta vez, nos proteja Senhor.

   -Quem esta vindo lá com meu Nitinho, quem será?

   Os maus pensamentos fluiam, alguém foi picado por cobra?, Deus não permita, ou será outra coisa, pois a mão na testa e matutou...

   Quando se aproximaram mais um pouco, dando para se ter uma visão melhor de quem vinha na garupa, disse.

   -É Ero, todo dia essa moleca se queixa que esta com dores: e dor no peito, dor de cabeça, e o ar que lhe falta, quando respira diz que dói o peito, não consegue fazer as coisas direito, essa canseira dela não e normal, não agüenta fazer nada a coitadinha, preciso saber o que se passa com a bichinha, eu sabia que era caso de  medico.

   Num segundo chegaram a beira do riacho, onde estava Dona Ziza aperreada, Ventania chegou bufando, balançando a cabeça, pra cima, pra baixo, e Nito gritando, oh, ah! Ah!, Sossega cavalo, quieto ventania. Nem apearam, do cavalo que ficava pisoteando o chão, como se percebesse que o caso era de urgência, Nito quis falar, mas sua mãe interpelou.

   -O que aconteceu com minha filhinha, Nito? Disse a mãe com voz aflita, desça daí minha filha, venha cá com sua mãe.,

   Mas Nito interviu ao pedido da mãe dizendo-lhe. -Mãe e melhor a gente nem apear , não precisa ficar tão aflita assim, não aconteceu nada de grave , apenas a maninha que esta com essa crise que ela  sempre tem, e hoje parece que deu uma piorada,  o pai achou melhor a senhora levá-la ao dr. Dagoberto pra ver se ele descobre que mal afeta a minha maninha.

   -Ta bem filho, já imaginava que isso ia acontecer um dia, mais cedo ou mais tarde, eu tenho observado ela , que não esta boa a dias, se é assim ,leve-a para casa que eu já estou indo, eu não me demoro, vou só acabar de lavar essas pecinhas de roupas sujas e logo me vou.

   Partiram, não tão apressados como vieram, embora ventania animal bom como sempre, aceitava qualquer marcha que o cavaleiro exigia.

   Chegando em casa, Joanito percebeu que sua mana estava com uma fisionomia ainda mais abatida do que quando saíra, a respiração mais arrastada, parecia que o vento da corrida agravou a crise, mal conseguia respirar, a coitada estava suando frio, em seu rosto uma expressão visível de sofrimento, de dor, transformava totalmente aquele rostinho angelical que possuía, isso deixava seu irmão ainda mais aperreado, olhava pela janela para ver se sua mãe já vinha vindo, nada, assim meio perdido, vagando par lá e par cá, desnorteado feito barata tonta, quase entrando em desespero, preocupado com aquela situação, que para ele era inusitada, realmente estava muito aflito, não sabia o que fazer e nem por onde começar para ajudar sua Irmã sair daquela situação, ou pelo menos suavizar aquela angustia de dor que sentia sua maninha, ate parecia que era com ele mesmo que estava acontecendo.- Oh meu Deus que situação!

   Nito - disse Ero com voz baixa sem forcas, maninho essa dor no peito esta aumentando, parece que vou morrer sufocada, acho que não vou agüentar.

   -Sem saber o que falar, Nito olhava pela janela pra ver se sua mãe já vinha, e disse:

   -Calma minha maninha querida, agüente firme, tenha Fé em Deus, que a mamãe já vai levar você ao medico, e ele vai ver o que você tem, e te dará um remedinho para você sarar, olha se deite um pouco naquela rede ali. Descanse, relaxe, que vou botar um pouco de água no fogo, para você se lavar, tomar um banho, fique calma, mamãe vem já, já, ta bom?

   Nito nem esperou a resposta de sua Irmã, correu foi pegar uma vasilha para apanhar a água, desceu o balde poço adentro, com uma velocidade tamanha que só ouvia o zunido do sarilho girando, girando desembestadamente, poço a dentro numa velocidade tanta que mal conseguia frear com as mãos, quando escutou o estalido do balde batendo na água, ta ah ah... rapidamente ele manivelou de volta, trazendo a tona um balde de água derramando pelas beiradas.

   Ero tinha acabado de se deitar, quando chegou sua mãe com uma arrodia de pano na cabeça sobre uma bacia abarrotada de roupa branquinha, nem parecia a mesma de outrora, nem colocou no varal, viu sua filha largada na rede, parecia ate que tinha desmaiada, com um cor pálida, foi direto arrumar-se para irem ao médico, antes deu uma olhadela no céu, procurando o sol para se orientar e calcular as horas do dia, baseado na inclinação que sua sombra fazia no chão, pensou... deve ser umas onze e pouquinho, tenho que me apressar, se quiser pegar a jardineira do meio dia.

   Enquanto elas se aprontavam, Joanito tirou a cela do ventania, e preparou a carroça para levarem sua mãe e Irmã até a estrada, no caminho encontraram o Sr Irineu seu vizinho, que vinha da cidade e para encurtar caminho cortava pelo meio do sitio três Maria.

   -Paz do Senhor Irmã Ziza, irmão Joanito e você Ero, estão tudo bem, a menina me parece um pouco abatida, esta de cor pálida, o que ela tem Irmã Ziza?

   Dona Ziza respondeu-lhe apressadamente

   -O meu irmão estou aperreada por demais, agora mesmo estou levando ao medico a saúde dela não anda boa, disse com ar de preocupado com a situação, orem por ela irmão,  Deus, foi se despedindo para não perder tempo, e a jardineira.

   -Orarei sim, minha Irmã em Cristo Jesus, ainda hoje no trabalho lá em casa, pedirei pela saúde dela, e Deus ha de compadecer de nos e atender os nossos pedidos, como sempre nos atendeu...

    Perdoe-me irmão a pressa  não é falta de educação, é que preciso mesmo pegar essa jardineira do meio dia, pois, se perdê-la só as quinze horas, ai tenho que ir de carroça pra cidade, Deus...

   Sim Irmã Deus, vá ligeiro, pois ela já deve estar vindo de volta, pois eu vim nela da cidade, fiquem na paz do Senhor Jesus irmãos, mando lembranças para o Irmão Bento, diga para ele que acenavam para Nito, que já estava de braço levantado gritando.

   -Logo mais a tarde eu volto aqui na porteira para pegar vocês, Tá bom? Vão com Deus, e vê se volta boa  Erozinha, minha irmãzinha querida do coração.

    O consultório do Dr. Dagoberto ficava na avenida principal da cidade, onde a jardineira passava em frente, era apear e dar de cara com a porta do consultório.

   -Bom dia senhorita Sandra, como vai você, tudo bem? disse Dona Ziza a secretaria do Dr.

   -Bom dia Dona Ziza, respondeu-lhe com um sorriso simpático no rosto angelical de moca educada e estudada, ola Erondina, eu vou bem e com vocês?

   Ero toda acanhada, embora ela tivesse melhorado um pouco da crise disse:

   -Eu to doente Sandra, Estou mal.

   -Isso não deve ser nada grave, você vai ver o Dr. Dagoberto já vão te atendê-las, sentem-se um pouco ali naquele sofá, fiquem a vontade, vocês aceitam um café ou suco, uma água?

   -Sim Sandra, vou aceitar um copo de suco, esta fazendo muito calor e aqui na cidade e tão abafado, parece que não tem ar, nem vento, e tão diferente do ar la da roca.

   -Você vai querer tomar o que Ero?

   -Não, não vou querer tomar nada não, estou sem vontade, quando estou desse jeito me tira toda minha fome e sede, tudo que eu quero e ficar boa, estou ansiosa, cadê esse medico?

   -Tenha calma , pois daqui a pouquinho o Dr., já vai te medicar, tenha paciência.

   Sandra pediu licença as visitas e entrou por uma porta lateral que dava acesso a copa do consultório, para pegar o suco para a Dona Ziza, o Dr. Dagoberto que saia de sua sala de cabeça baixa, concentrado lendo um papel que trazia as mãos disse:

  -Sandra, envie esse documento para... foi quando percebeu as visitas

  -Dona Ziza!!!, disse ele com os olhos arregalados , com ar de surpresa,apertou-lhe a mão em cumprimento, dando-lhe um osculo na face esquerda, dizendo em seguida, como vai a senhora e sua filha, tudo bem, quanto tempo não nos vemos, como vão indo seu esposo, os meninos?

  -Comigo, meu marido e os meninos vão indo tudo bem, mas minha Erozinha que não anda muita boa doutor, e por isso que estamos aqui.

  -Vamos entrar e veremos o que se passa com a menina, venham.

   Depois de analisá-la cuidadosamente, percebendo a anormalidade nos batimentos cardíacos da menina, disse:

   -Vou encaminhá-la para tirar umas radiografias, para depois eu darei a minha palavra final, dependendo do resultado, talvez ela tenha que passar por uma cirurgia.

   -C i r u r g i a!, disse Dona Ziza boquiaberta, mas e tão grave assim, o que ela tem, pelo amor de Deus, fale doutor, e tão grave assim?, valha-me Deus., Oh mãe bondosa me ajude.

   -Ainda e cedo para falar qualquer coisa, não quero me precipitar, falar a esmo, eu preciso antes de qualquer coisa, preciso desses exames, para que ele me possa fornecer alguns dados importantes para a confirmação dessa suspeita, só assim depois de analisarmos cuidadosamente esses exames, e que poderei dar-lhe a minha palavra final,e que na verdade eles são uma fotografia do órgão afetado, o coração, e avisando de antemão, não para ficar assustada, mas sim para ficar preparada , porque talvez ela tenha mesmo que passar por uma cirurgia, e recomendação medica e que faca enquanto a paciente e jovem, pois será mais eficiente o tratamento, e a garantia do sucesso.

   -Ah! Dr. tomara que não seja preciso operar, porque do contrario, não sei se o Zé vai aceitar, por causa da religião e ele tem uma cabeça dura, acho que não vai entender.

   -Vamos ver Dona Ziza, vamos ver, tomara a Deus que não seja preciso, olha. aqui esta a guia de encaminhamento par tirar os exames as chapas dos pulmões, e eletrocardiograma, Tá tudo ai explicado, ate como se faz para chegar lá no laboratório, basta levar esse papel a Senhora ou quem quer que for acompanhar a menina, no dia marcado para fazer os exames, depois de feito retorne aqui, e gostaria que viesse junto o seu esposo para eu explicar melhor para o mesmo, o que se passa com sua filha, e ver se ele entende, tá bom? Vai dar tudo certo, tenha Fé.

   -Tudo bem doutor vamos ver, Deus nos ajude. Ate logo, tchau Sandra, fiquem com Deus, bom serviço, obrigado pelo suco, estava ótimo, vê se aparece um dia la no sitio para passear?

   Qualquer dia dona Ziza, que eu estiver de folga, farei um passeio ao seu sitio, estou precisando mesmo tomar um pouco de ar puro, ver aquelas lindas paisagens.

   A consulta foi rápida, logo já estavam de volta pra casa.

   No alto do morro do Sitio Pau d,alho, já avistava a carroça perto da porteira do sitio, Ventania pastando uma grama verdinha que parecia um tapete, quando apearam, encontraram a carroça, Ventania, mas cadê o Nito, olharam pra lá, pra cá, nada de Nito, pensou consigo mesma... Ele não deve estar longe, deve estar por ai, olharam mais ao longe, e nada de Nito, Dona Ziza começou a se preocupar, como todo coração de mãe protetora, basta perceber uma pequena ausência dos filhos já se alvoroça toda, disse pra Ero.

   - Fique sentada ali embaixo daquela arvore, pois tem umas sombras gostosas, que eu vou campear por ai, ve se encontro o seu irmão, não vou longe Tá, não vou demorar, já volto, Tá bom?

   Ero não disse palavra alguma, apenas balançou a cabeça pra cima e pra baixa em afirmação que havia entendido, estava ela meio aérea, devido ao remédio, calmante que o dr. Dagoberto medicou, o efeito foi rápido, ela nem parecia aquela moca de algumas horas atras.

   Dona Ziza andou um pouco e começou a gritar, J o a n i t o, J o a n i t o... esperou um pouco e nada, não ouvia-se nada, apenas os cantares dos pássaros, embora distante.

   Derrepente passou uma idéia por sua cabeça.

   -Esta na época de manga madura, esse menino deve ter ido lá em baixo perto do córrego, lá tem muitos pés de mangas, uma mais gostosa do que a outra, e ele e louco por manga, rumou em direção do mangueiral, andou um tanto e gritou novamente,

   -J o a n i t o , fez duas conchas com as mãos sobre as orelhas, para captar melhor o som, logo em seguida ouviu ao longe um grito, reconheceu que era a voz de Nito.

   -Estou aqui embaixo no brejo mamãe, já estou indo.

   Daqui a pouco lá vinha ele com sua camisa fez uma sacola, que a encheu de mangas.

   -Filho, você mata a sua mãe do coração, que susto você me deu, já estava preocupada contigo, achava que tivessem raptado meu filhinho, Oh filho não faca isso com sua mãe.

   -Ah! mãe, achei que vocês iam demorar, então resolvi botar o ventania para pastar um pouco, e fui apanhar umas mangas lá no brejo, esta na época delas e estão se perdendo, o gado e que aproveita tudo, e com a minha maninha, tudo bem com ela?

   -É! filho, o Dr. disse que temos que fazer outros exames com ela, mas vamos embora, lá em casa a gente conversa melhor, estou morrendo de fome, tive que sair as pressas como você viu, não deu tempo nem de comer nada.

   Ih! agora que me lembrei, na correria devido a urgência do caso, fiquei tão atordoada que nem botei as roupas no varal para secar, deixei a bacia e tudo do mesmo jeito que a trouxe, justo hoje que quis aproveitar o dia ensolarado para lavar as roupas, já que nesses dias de frio, o sol quase não aparece, quando não aquela chuva fininha, garoa, vamos meu filho.

   -Joanito, você levou o café da tarde pro pessoal na roca? Olha que cabeca a minha, o que não faz uma pessoa no desespero, esquece os compromissos ate os mais rotineiros como esse, não devia ter esquecido, sabe oi seu pai como ele e vai falar um montão não minha cabeça, e eu não tou a fim de ficar escutando as reclamações de seu pai, também pudera ne filhos a ocasião era de desespero, e a pressa fez com que eu esquecesse, sai naquela correria toda que nem deixei preparado, sabe como e o seu pai, ele me mata se eu esquecer de alguma coisa, tenho que me virar em dez, se for preciso para dar conta do recado.?

   -Sim mãe, a senhora pode ficar sossegada, eu levei o café da tarde pro pessoal, e cheguei ate adiantado la, e sua roupa lavadinha, já deve estar sequinha, porque seu filho mais veio botou no varal.

   -Oh! meu querido filho, tenho muito orgulho de você, não e à-toa que Deus me mandou você como primeiro dos filhos, para me ajudar nessa lida, sozinha sei que não ia agüentar o tranco, sinto muito orgulho de você por ser meu filho. Abraçou-o carinhosamente, dando-lhe um beijo na face e em seguida olhando para o céu dizendo:

   Obrigado Senhor meu Deus, por essa dádiva, um filho prendado, e pena que daqui a alguns anos, vai querer se casar, que e natural, e ir para longe de mim, ai se cumprira o ditado, não somos donos do nossos filhos, criamos para os outros, mas vou falar com seu pai, e ver se ele compra o sitio de Jucao para você, só assim o pintinho fica perto da galinha, que cobrira com suas asas protetoras quando delas precisar, quando se sentir fraco ameaçado a mãe estará sempre perto para te proteger, não e meu filho, você quer?

   -Claro que sim mamãe, eu nunca vou deixar você sozinha, nunca...

   Ero ouvia tudo isso calada, mas seu coração batia cada vez mais forte pelo filho do Jucao, o Antônio, era ele o príncipe encantado dela, que morava no sitio ao lado, e que o encontrava as escondidas no meio da roca.

   Deus me livre se seus irmãos ou seu pai soubesse disso que se passava no seu coração, não era bom nem pensar alto, pois eles podiam ouvir.

   Uma vez ou outra, eles se encontravam pelo caminha, ou nos carreador de milho, eram momentos mágicos, nem nas mãos se tocavam, bastava apenas um olhar e conversassem um pouco, já eram delirantes para eles, e o bastante para afirmarem que queriam levar uma vida junta, e claro se seus pais consentissem.

   Da parte da família do Antônio, ate que tudo bem, já que o motivo era religião, eles eram de origem católicos, e da parte de Ero eram adventistas do sétimo dia, religião muita rigorosa, principalmente por parte de seu pai o Sr. Jose Bento, que era o líder da Igreja, muito querido por sinal, respeitado eu diria ate adorado como um santo homem vivo.

   Passado alguns dias, Antônio encontrou-se as escondidas com Ero e fez-lhe uma proposta que a deixou-a indecisa, não sabia o que fazer.

   A família de seu amado havia vendido o sitio e eles iam de mudança para outro estado, bem longe por sinal, ele participou a seus pais o amor e o namoro as escondidas que se passava com a filha do Sr Jose Bento, e eles me propuseram, se você aceitassem iria com a gente para o Paraná, teríamos que sairmos escondido, já que os seus pais não iriam consentir, ou você acha que valera apenas tentar conversar com eles?

   -Nem pensar numa coisa dessas, falar com meu pai sobre isso, você Tá doido, mesmo que ele concordasse que eu duvido muito, mas o meus irmãos jamais iriam concordar, jamais, e o mesmo que eu tivesse declarado guerra pro resto da minha vida, e não teria mais sossego, e como se eu tivesse traído eles, a religião que eu fui criada não permite que me case, nem muito menos tenha amizade com pessoas de outra doutrina, principalmente católicos como vocês , você não sabe.

   Ficaram em silencio, por algum momento, e a tristeza cobriu os dois, pois viam que não tinha solução para a questão.

   Ero pensava consigo mesma...Mesmo se eles não fossem se mudarem para tão longe, mais cedo ou mais tarde, ia ser um problema de difícil solução, esse nosso relacionamento, Oh! meu Deus o que eu faço?

   Já sinto a dor da partida, Antônio o meu amado, primeiro e grande amor da minha vida, e difícil para qualquer um deixar de viver um sonho, perder a felicidade, ou será ilusão, não e ele a pessoa ideal que eu sonhei pra mim.

   Desde aquela hora em diante, o sol escureceu pra mim, a vida perdeu a cor, passou minha fome de viver,fiquei entristecida, nada tinha valor, ate minha doença por algum tempo esqueci, mas com toda essa melancolia mais tarde só fez piorar o meu quadro de saúde, logo depois senti a recaída, fiquei acamada por vários dias.

   Antônio ficou triste, vivia acabrunhado pelos cantos, já não era o mesmo rapaz, pois via que não tinha jeito de ter uma saída para o seu namoro.

   Sua mãe vendo a aflição de seu filho resolveu fazer uma visita a casa de Ero e conversar um pouco com sua mãe, par ver se surgiam alguma idéia ou saber o que ela achava da parte dela, mas não teve jeito, pois Dona Ziza achou melhor nem sequer falar uma coisa dessas com seu marido , pois sabia a resposta e reação dele, e era bom que ele nem sonhasse, porque talvez saísse morte, e ela não queria ver uma desgraça dessas em sua família.

   Passado alguns dias ,Ero viu vindo ao longe um caminhão diferente, vindo para aquelas bandas, ela deduziu. E hoje que a família de Antônio vão se mudarem, seu coração disparou, ela saiu correndo para o meio do mato a dentro, achou uma arvore bem alta, subiu lá no topo, pois la de cima dava pra ver a casa do Antônio e a sua e em pouco tempo o caminhão estava cheio de mudança, pronto para partir.

   Mas Ero viu uma pessoa caminhando em direção a sua casa, ela imaginou que fosse seu amado, pois de la não dava para saber quem era, desceu da arvore e foi em sua direção

   Chegando próximo, eles se olharam melancolicamente mas não falaram nada, a voz não saia, apenas entregou um envelope e se afastou, andando cabisbaixo e devagar, ela não se conteve, seus olhos apertaram e o pranto rolou, não quis nem abrir o envelope, pois sabia do seu conteúdo e era demais para ela, escondeu a carta para que ninguém o percebesse, chegando em casa sua mãe perguntou-lhe:

   -Onde você estava filhinha, graças a Deus já esta melhorzinha ne?

   -Ah! mãe, eu estava dando uma volta por ai, par ver se arejava um pouco minha cabeça.

   -Quê foi filha, não esta se sentindo bem, esta passando mal?

   -Não mãe, e coisa da minha cabeça, Ou melhor, do coração, ele não esta doente.

    Coisa de sua cabeça, coração um! eu sei, coisas que vem do coração ne?

    Essa dor tem nome, eu sei?

   Por acaso não se chama Antônio, pensa que eu não estou sabendo de tudo,que você anda se encontrando as escondidas com ele, e que agora esta no mato sem saída pois ele e sua família vão se mudarem daqui.

   -Sim mamãe, você esta sabendo de tudo, não adianta querer esconder da senhora não e, mas o que vou fazer? estou enrolada, ele me deixou uma carta, esta escondida, depois eu vou tentar ler, e falo com a senhora, Ta bom, não deve ser coisa boa não, mãe minha vida não tem mais sentido, meu amado vai embora.

   -Calma filha, entregue na mão de Deus, ele saberá o que fazer de vossas vidas.

   Passado alguns dias que Antônio havia se mudado, chegou outra carta dando noticias da nova vida da cidade, que ele morava.

   Ero, insegura encheu-se da malicia, imaginou:

  Aquele traste já deve ter arrumado alguma galinha por lá, um bonitão como ele, trabalhador, honesto, um tipao de homem como ele, não se encontra de bandeja por ai, olha ele também conta que por la faz um frio lascado, diz ele o clima aqui e diferente da terra , o povo , o lugar tudo aqui e novo.

   Assim que pode, Ero respostou a carta, isso as escondidas de seu pai e seus irmãos, porque ate então só sua mãe sabia do envolvimento dos dois.

   Ele dizia na carta que estava com muita saudades, e que estava esperando que ela completasse os dezoitos anos, ai sim eles se decidiriam definitivamente, que iria enfrentar sua família, casando-se oficialmente no papel, civil e religioso , ou se alguém fosse contra, eles fugiriam.

   Assim que Antônio recebeu a carta resposta de Ero, ele deu um pulo de alegria, e foi correndo procurar a Irmã mais nova, para que lesse a carta para ele, e saber das novidades que sua amada havia escrita, pois ele não sabia ler nem escrever.

   Passaram alguns dias, Ero recebeu uma carta que mudaria para sempre o rumo de sua vida e seus sentimentos para com o Antônio.

   A carta, quem lhe enviara era uma antiga vizinha deles que havia se mudado a muitos anos antes para o Paraná, por capricho do destino foram morar no mesmo bairro que ele, era muita coincidência, mas aconteceu, e aquela carta era venenosa e tinha a intenção de atingir a pobre menina, aquela a quem Antônio tanto a amava, e não deu outra acertou em cheio, atingiu seu objetivo, depois que ela leu a carta enfureceu-se e disse: - todos o homens sao iguais, não creio mais no sentimento deles, de hoje em diante vou mudar meu coração, ele vai ser de pedra, por mais ninguém vai derreter, nem que venha a fogo.

   Foi a gota dagua para piorar as crises de Erro, ela não comia mais direito, não dormia mais tranqüilo, enfim sua vida virou de ponta cabeça, virou um inferno.

   Um belo dia, Antônio inocente que estava dessa situação com sua amada, e cansado de mandar suas cartas e não receber respostas, resolveu ir ate o sitio três Maria, e ver de perto o que se estava se passando, mesmo sabendo que ele não era bem recebido por lá, resolveu arriscar, mas foi com cautela, apeou da jardineira na entrado do sitio e ficou matutando, como ia fazer para encontrar o seu amor e saber noticias concretas dela, e parece que era seu dia de sorte, pouco tempo depois ele avistou o irmão Irineu que vinha da cidade, e ele vinha de charrete, não deu outra conversou com ele bastante sobre o que estava acontecendo e pediu ajuda para ele. 

   O irmão Irineu, a principio exitou um pouco, mas enfim decidiu ajuda-lo, não por causa do Antônio, mas por causa de Ero, pois ele tinha muito apreço pela família dos Ramos, e não queria afetar esse sentimento, que ele tanto prezava, enfim disse que o ajudaria, na medida do possível.

   Chegando próxima a casa de Ero, só o Sr. Irineu apeou, Antônio ficou escondido na charrete, como havia combinado, teve sorte Antônio, pois estavam em casa Dona Ziza e Ero, Joanito estava na roca, mas a qualquer momento estaria de volta, tinha que ser rápido, se não estragaria tudo o plano.

   Ero que estava no seu quarto acamado, ouviu toda a conversa do irmão Irineu com sua mãe, não pensou duas vezes, se enfureceu, pulou a janela do quarto e sumiu no cafezal adentro, conversando consigo mesma, justo com aquela sirigaita, descarada, não quero nem falar o nome daquela bruxa, ladrona de homens alheios.

   Dona Ziza percebendo que sua filha estava muito alterada, e isso poderia agravar ainda mais a crise, tentou acalmá-la, dizendo-lhe que aquela carta poderia ser falsa, pense nisso, pode ser uma cilada, não se sabe, você não acha que e melhor ouvir de sua própria boca a versão dos fatos, mas Erro não cedia, seu coração já estava preto de raiva, e não suportava nem tocar no assunto, ignorava por completo e dizia e ponto final e pronto, acabou, par mime acabou definitivamente.

   Antônio voltou para o Paraná, depois de fazer varias tentativas de se encontrar com sua amada para conversar melhor esta situação, mas foram todas inúteis, sem sucesso, pois Erro se esquivara de todas as maneiras.

   Finalmente chegou o dia de Ero fazer os exames, Dona Ziza aflita, angustiada com a espera, orando o tempo todo para que desse negativo o resultado, ou seja para que não fosse preciso operar sua filha, pois sabia que seu marido não concordaria em fazer a cirurgia na menina, porque a questão maior, alem de ser religioso, era a transfusão de sangue .

   Dizia ele vão misturar o sangue de minha família com sangue que eu nem sei de onde vem. Mal sabia ele que membro da família podia ser o doador.

   Na semana seguinte estavam todos juntos, Erro , sua mãe, seu pai no consultório do Dr. Dagoberto, ficaram fechados na sala do consultório um bom tempo, enquanto Erro aguardava, na sala de espera com Sandra, estava muito aflita, as mãos entre as pernas cabeça baixa, não queria nem falar, mas Sandra disse:

   Vou pegar um suco para você se acalmar, você esta muito nervosa, vai dar tudo certo, acalme-se, tenha Fé em Deus, já volto.

   Ero tomou aquele suco, mas quase não descia de garganta a dentro, estava estreita demais apertada, e tremula, aflita com a encrenca do Antônio, se bem que tão tentando arrumar um outro partido para ela, esse pelo menos seu pai e seus irmãos Aso a favor, também pudera ele pertence a mesma igreja , então tem a bênção de Deus e da família Ramos.

   Depois de horas da angustia e aflição, por causa da espera, saíram da sala, o Sr. Jose Bento na frente, Dona Ziza e o Dr. Dagoberto logo atras com um envelope nas mãos. O Sr Bento disse.

   -Oi Dr., nos vamos pensar direitinho, o que vamos fazer, depois daremos a resposta.

   Mas pense bem, Sr. Jose Bento, pense na saúde da menina futuramente, não tome decisões que possa vir a se arrepender no futuro, a decisão esta em suas mãos.

   Voltaram para casa, sem trocar uma única palavra, Ero ficava se perguntando o tempo todo, que será que deu naquelas fotografias? Que será que seu pai decidiu? Oh meu Deus me ajude, por favor, sinto que meu coração esta ainda mais fraco, tem piedade de mime, esta pobre pecadora, mas sua serva Senhor, te imploro me ajude.

   O dia já estava se findando, e amanha e o sétimo dia da semana, id do Senhor, id de oração, como manda a lei de Moisés, ninguém trabalha no sito Tres Marias, Ero passou o id em oração para ver se o Senhor Deus dava uma luz sobre a sua doença, mas nada, no domingo cedinho, enquanto tomava o café da manha, Ero ouviu a conversa de seu pai, dizendo para sua mãe que preferiria que ela morresse, mas não consentiria que ela fosse operada, porque não era justo para nos que tivemos uma formação limpa, se contaminar com sangue de não sei quem...

   Ero ate entao parece que deu uma melhorada, também pudera estava de namoradinho novo, namorando em casa a família consentia, enfim parece que tudo estava bem mas Deus sabe do coração de Erro, o grande amor da vida dela era o Antônio, mas se ela não tivesse traído, pensava ela, mesmo se tivesse saído fugido de casa, como teria sido, mas traição, não isso não ia dar certo, talvez hoje, logo interrompia seus pensamentos dizendo para si mesma e melhor eu nem pensar nessas coisas, foi melhor assim, traição, jamais, jamais...

   Passaram algumas messes, Erro se encontrava noiva doe Joaquim, quando tudo parecia indo bem, ela conseguira esquecer a dor da traição de Antônio, a bomba maior estava por vir, Erro teve uma crise muito forte maior daquelas que tivera antes, ficou acamada por vários dias, todos pensavam ate que ela não iria resistir, de tão fraca que ficou, nisso correu um grande boato por toda aquela redondeza da doença da menina, da decisão de seu pai em não operar, caíram no ouvido do noivo Joaquim, ele ficou preocupado e ate concordou com que a maioria das bocas malditas falavam, que Ero sua noiva não agüentaria nem mais um ano de vida, e dizia assim , não somos nos que estamos falando não, foi o medico dela que previu, se ela sobreviver, vai ser com grande esforço e penúria para a vida toda, ela nunca iria ter saúde que prestasse.

   Joaquim de tanto que ouvia o buxixo dessas línguas de serpente, foi envenenando ele também, e se imaginava casando-se com ela e logo em seguida ficando viuvo, o sofrimento , isso mexia demais com a cabeça dele que resolveu criar coragem e dar um tempo maior para se casar.

   Como ele não podia dizer diretamente para Erro a sua decisão devido a gravidade de sua doença, ele ia a sua casa de vez em quando e friamente, pois não conseguia se fazer que estava tudo bem, nem olhava da mesma maneira que antes.

   Ero começou a perceber a sua indiferença e quando soube do verdadeiro motivo porque Joaquim seu noivo estava se comportando daquele jeito, e ate adiou a data do seu casamento, ficou irada, e teve um conversa seria com ele, que não teve jeito de evitar a separação, brigaram feio, enfim terminaram o seu noivado, Imaginem como ficou a cabeça de Erro, depois de pensar bastante, e chorara muito também, sua mãe que via e sentia o sofrimento de sua filha teve uma idéia, mas achou melhor nem comentar nada com ela por enquanto, pois não sabia em que fim isso ia dar, resolveu ficar calada, e esperar o desenrolar desta historia.

   A idéia de Dona Ziza [sua filha Cida morava em Campinas com o bigode, o Pedro, isso já alguns anus, eles moravam num bairro distante do centro, sossegado que mais parecia morar no interior, não igual no sitio, mas num vilarejo, era boa demais ela iria adorar, ainda mais porque estava longe do olhar da guarda de seus irmãos e seu pai, e daquela gente que já havia defamado sobre seu futuro, e ela sonhava com uma nova vida num outro lugar diferente daquele ali].

                                                                 VISITA DO TIO MIGUEL, IRMÃO DO SR. RAMOS

   Depois que tomou um café da manha reforçado, com polenta, cuscuz com leite de vaca ou cabra, café, bolos de milho de mandioca, tapioca, enfim um café da manha completo, bastante sortido e nutritivo, do jeito que o pessoal da roca gosta, come-se muito bem.

   Se eu ficar por aqui um tempo, quando eu voltar par minha terra ninguém vai me conhecer, de tão gordo e corado que vou ficar, disse o tio Miguel, que agora desejava fazer uma caminhada por ai, para ajudar na digestão e conhecer um pouco aquelas redondezas, mas tinha um pouco de receio, pois ali ainda era um lugar não muito civilizado, ou seja desbravado, existia ainda muita mata fechada, virgem, e muitos animais selvagem, como onça, cobras gigantes etc...

   Nito que nasceu e foi criado naquelas bandas, conhecia tudo e se sentia fazendo parte daquele universo, nada o assustava, mas respeitava e tomava certas cautelas quando saia para caçar pescar enfim quando saia em alguma missão mata a dentro, se prevenia, com seu facão , faca, e a velha cartucheira de carregar pela boca, ele percebeu o desejo do tio, e entendeu o certo receio do tio, se predispôs , assim como se autoconvidando.

   -Se quiser tio, posso ir contigo, para mim e um prazer fazer companhia para o Senhor, já terminei os meus deveres por hoje e estou livre e também vai ser bom sair com o Senhor pois preciso falar sobre um assunto em particular, pois a mão na boca em forma de concha e cochichou no ouvido baixinho, tem que ser num lugar bem reservado, só nos dois, pois e segredo, só assim o Sr vai conhecer um lugar especial, que vou la de vez em quando, quando quero meditar um pouco, e contemplar a beleza natural deste maravilhoso lugar, vamos

   -Vamos la meu sobrinho, e disso mesmo que eu preciso, disse o tio Miguel, se a minha conversa e a minha companhia for de alguma valia, estou a suas ordens e fico feliz em te servir, espero que tenha ao meu alcance, e ficarei feliz.

   Saíram os dois com passos lentos, andar descompassadamente, devagar observando tudo, e Nito ficava a vontade e respondia com segurança todas as perguntas e curiosidades do tio já que morava na cidade grande e tudo ali eram novidades, depois de mais de uma hora de caminhada, foi quando perceberam a distancia que já tinha percorrido, pois já estavam longe de onde partiram, já estavam chegando ao destino daquela aventura, já avistavam de pertinho uma alta montanha, que para avistar o seu cume tinha que curvar a cabeça para o céu para ver o seu pico, ali era onde fazia divisas com os outros sítios vizinhos, e la do alto do morro teriam uma visão privilegiada de todos os ângulos, que dava para ver bem ao longe tudo que os cercava.

   Monte branco, assim era que chamavam aquela montanha, deram-lhe esse nome, porque volta e meia o monte ficava envolto com uma nuvens branca, ou no inverno a neblina era mais intensa, que mal dava para ver sua silhueta, parecia que nascia na terra e findava no céu, ou seja não se via seu pico, tinha começo na terra e o seu infinito.

   Com certa dificuldade para subir, devido a íngremes do morro, e o tio já bem cansado da viagem, lentamente foram vencendo a subida, com seus troncos de arvores enormes caídas, arrancadas com raiz e tudo pela forca das tempestades, as pedras enormes que bloqueavam os trilhos, obrigando a desviarem da rota, mas a vista la de cima valeria a pena, toda e qualquer sacrifício, o tio e Nito estavam empolgados e seguiam em frente.

   Depois dos dois terem atingido o topo, aos trancos e barrancos e aos pedaços, escolheram um lugar confortável para se sentarem.

   -Aquela ali em frente esta ótima disse o tio, e já foi se sentando, dizendo que vista maravilhosa, que lugar privilegiado este, isso olhando o horizonte ao longe.

   Nito ficou calado e rindo por dentro, pois foi ele mesmo que em outra época tinha removido aquela pedra para servir da banco quando ele vinha ali meditar, foi procurar uma outra pedra para se sentar ao lado do tio que fazia um certo esforço para respirar, ficava procurando o ar pois, parecia que ia lhes faltar, ou uma sensação de zonzura, parecia que iam desmaiar.

   -O ar aqui em cima e pouco, não e tio, disse com convicção.

   -Eeee... disse o tio o ar aqui e rarefeito.

   -Rarefeito, disse Nito com ar de deboche, e raro o efeito.

                                                                        DIALOGO DE NITO COM SUA IRMÃ

   -Coitada de minha maninha Ero, essa nasceu para sofrer, acabo de crer, primeiro nasceu com esse problema no coração, que já lhe judia tanto, o medico diz que ela tem que operar, se não tem poucas chances de sobreviver, depois o namorado Antônio, aquele traste, ah. se eu soubesse disso no tempo, ele ia ver a cobra fumar, embora eu ache que foi melhor assim, e bom que ele não venha mais lhe procurar. depois aquele maldito Joaquim que deu mais ouvido o que os outros falavam da minha maninha, se afastando dela devido a doença, o meu pai que não permitiu a operação, Oh! meu Deus que aflição, nos ajude Senhor, tenho que fazer alguma coisa, eu preciso. mas o que eu posso fazer?

   Me ilumine meu bom Pai do céu, envia tua luz bendita, o menino Jesus seu filho amado, envia teu Espirito Santo, para que possa dar uma solução, eu te imploro.

   Nito estava sentado a sombra de uma laranjeira pensando todas essas coisas, de cabeça baixa, riscando o chão com um graveto, quando percebeu que tinha companhia, estava vindo alguém em sua direção, levantou a cabeça e viu sua maninha Erro, acenou com a mão para ela, mas ela nem percebeu na sua distração total, continuava caminhando distraída olhando ao leu, Nito disse: -Maninha.

   Ela se assustou, pôs a mão no peito e falou,

   -Ai ! que susto você me deu Mano, você quer acabar de matar a sua maninha do coração, não faca isso comigo não, me deixe em paz, não to afim de conversar não, o que você quer comigo.

   -Desculpe maninha não foi minha intenção, não quis te assustar, eu acenei ate para você, mas você não viu, estava tão perdida em seus pensamentos, nesse seu mundinho ne, olha venha ca um pouquinho e me escute bem o que eu tenho par lhe falar contigo, e quero saber sua opinião, estava eu agora a pouco fazendo uma oração, conversando com Nosso Deus, pedindo para ele nos iluminar, e ajudar-nos nessa tarefa.

   -Ta bem, vou fazer um esforço, mas não sei se tenho cabeça para pensar, par opinar ou sei lã o que, estou nervosa, desgostosa, não to com vontade de fazer nada, também fazer par que, se eu vou morrer em breve, não e mesmo, não sou uma desgraçada dessa vida, não só nasci para sofrer, ve todos meus irmãos e irmãs, todos com saúde, e eu?

   -Não maninha não fale assim, não e bem assim não, fale assim e pecado, tenha Fé em Deus, e ele vai cuidar de ti , da sua vida, não foi ele quem disse, entregue seu fardo pesado para mime, que eu o levarei, tenha Fé nele e vamos entregar os nossos cuidados em sua mãos, ele saberá o que fazer com sua Divina Providencia tomara a decisão certa, e o Senhor e generoso para com seus filhos, e terá piedade de ti e todos nos que estamos sofrendo tanto, com isso e há de iluminar o nosso caminho.

   -Assim seja meu irmão, deu um abraço nele, mas o que você quer falar comigo mesmo, diga logo maninho, eu quero ficar sozinha.

   Sentaram os dois, embaixo da sombra de uma laranjeira, antes Nito havia apanhado umas laranjas que estavam amarelinhas, bem maduras, convidativas para degustá-las, ele metia a unha do dedo polegar no fundo da laranja, para arrancar-lhe a casca, soltando no ar aquele cheiro de sumo de casca de laranja que ele adorava tanto, pois fazia isto de propósito ele adorava aquele cheiro, se preferisse poderia descascar a laranja com um canivete que não apartava de sua cintura..

   -Quer um gomo de laranja, mana?

   -Não maninho, obrigado, de uns tempos para ca não tenho apetite de mais nada, perdi o gosto de tudo, to sem apetite, perdi o gosto ate de viver, também essa minha vida, e só desgosto, par que viver assim, só dando trabalho pros. outros, me sinto uma imprestável, isso e deprimente para mime, acho que vou morrer de desgosto.

   -Que isso maninha, para com isso, levante essa cabeça e vamos em frente, e sobre isso que eu quero lhe falar.

   Eu sei que a vida tem sido muita dura, cruel contigo, sim, mas talvez seja o teu destino, mas faca com que isso seja motivo de crescimento, se superar e com tudo isso dar graças a Deus.

   Quem sabe não e o desígnio de Deus, que preparou para você, tenha fé, anime-se e entregue nas mãos do Senhor.

   _Ha! meu irmão, falar e fácil, duro e fazer, suportar essa carga, e pode ate ser por permissão do Pai Eterno mas e muito forte para mime, te confesso não estou agüentando,

   -E sobre isso que quero lhe falar, eu tive pensando umas coisas e quero com você partilhar.

   - Conte logo, desembucha, vamos!

   -Sabe quando o tio Miguel veio passear aqui em casa, nessa ultima vez.

   -Sei, que tem o tio?

   -Calma, calminha que vou te contar, eu estava conversando com ele em segredo la no morro branco, uma tarde eu me abri com ele e falei de você , do que você tem passado, e eu também tinha vontade de conhecer a cidade grande, pois aqui no sitio não tinha mais futuro não, o nosso pai mesmo já estava desanimado das coisas por aqui. e que ele não via melhora não, a sua saude não andava muito boa, a idade avançada, tudo isso fazia com que ele se desgostasse.

   -E ele o que disse para ti?

   -Ele ficou sensibilizado com sua situação, com a do nosso pai, enfim com todos por , e me prometeu ajudar-nos no que ele pudesse fazer ele ia fazer, primeiro ele i pouco, pois sabia do drama que ela estava passando, nesses últimos tempos e como era seu irmão mais velho, me sentia na obrigação de fazer alguma coisa por você, olha que idéia eu tive.

   - Conte, entao maninho, já estou ficando aperreada com essa lenga lenga.

   -O tio ficou de me mandar uma carta ou talvez ele venha pessoalmente, acho que e por isso que esta demorando um pouco mais, que e capaz que ele venha em pessoa mesmo, talvez devido a gravidade do assunto que ele vai tratar com o pai ele achou melhor vir pessoalmente, mas pode ficar tranqüila ele vai vir, pois ele me garantiu, olha se tudo der certo do pai concordar de ir passar um tempo lá em Campinas, ai ficara mais fácil para eu arrumar as coisas para você ir também, deixa primeiro o tio falar com o pai, e eu ir se Deus quiser, e resolver o seu problema , ne maninha, por isso eu quero que você fique tranqüila, confie em Deus, e tudo vai dar certo, você vai ver.

   -Oh! sim maninho querido do meu coração, mas eu quero ver como vai ser esse pega, como convencer o velho Jose Bento, eu não to acreditando muito não meu irmão so por Deus mesmo.

     -Bom , e isso ai mana, quero te pedir um favor , de você guardar segredo disso tudo que nos conversamos, esse assunto e nosso segredo, e vamos orar para que Deus nos abençoe, e nos de forcas.

   Nito arrancando do bolso um papel dobrado, meio amassado, disse: -Mana eu quero te mostrar uma coisa que escrevi, pensando em você, e quero saber sua opinião sobre isso.

                                                                       CADA SER COM SUA DOR, ...CONVIVENDO.

AS FERIDAS EXPOSTAS OU NÃO, NÃO IMPORTA, MAS INCOMODA DO MESMO JEITO.

AS CICATRIZES FALAM, OU MELHOR, ELAS ENTREGAM, DENUNCIAM A VIOLÊNCIA COM QUE PASSOU, DEIXANDO SUAS MARCAS NO CORPO , DA MUITA DOR SOFRIDA.

SÓ EM OLHAR PARA ELAS NOS CAUSA ARREPIOS, VERTIGEM, PAURA.

ISSO FALANDO DAS MARCAS QUE FICARAM GRAVADAS NUM CORPO FRÁGIL, LIMITADO COMO O DO SER HUMANO.

AGORA COMPARE A REAÇÃO DE VER, SENTIR A FERIDA, As CHAGAS ACESAS, ABERTAS CORROENDO AS ENTRANHAS DA CARNE ADENTRO, ATE AOS OSSOS CHEGAR.

IMAGINA A DOR QUE JESUS CRISTO SENTIU, AO SER PREGADO NA CRUZ, A SUA MÃE MARIA AO VER TAL COISA, OH! MEU DEUS.

   Ero ficou meio boquiaberto esperando que seu mano falasse mais, estava ela achando que não tinha terminado e ficou esperando, mas Nito parou de ler e ficou apenas observando sua reação, ela disse.

   -Muito bonito maninho, lindo, obrigado, por me fazer feliz, Oh! meu Deus.

                                                             VIAGEM DE NITO A CIDADE GRANDE

   Dona Ziza começou arrumar a mala do seu filho amado, com lagrimas nos olhos, coração apertado como se seu filho, não fosse mais voltar, fez de tudo, mas não conseguiu o pranto segurar.

   Falava baixinho consigo mesmo, meu Nito querido vai nos deixar, eu que sonhava outro dia ele casando-se, o Zé comprando o sitio vizinho, para que ele ficasse sempre perto de nos.

   Era quase noite quando...DEPOIS EU CONTINUO

   -Oh meu filho querido, você tem que ir mesmo?

   -Sim mamãe, eu preciso ir, vai ser bom para mim, pra nos, e para todo mundo, e quero ver se arrumo algo para minha maninha Ero, e a senhora sabe, o sitio não tem mais futuro, a senhora viu o fruto dessa ultima colheita, que foi um fracasso total, so tivemos perdas, e isso já vem acontecendo a alguns anos, papai não tem falado com a senhora?

   -Eu sei meu filho, o Ze seu pai tem falado disso comigo, alias ele vive se queixando, e de uns tempos para ca, esta desgostoso, com tudo isso aqui, mas ele tem medo de ser daqui e ficar a Deus dará por ai. E eu também me preocupo muito, mas fazer o que, eu me pergunto o tempo todo, fico preocupada com essa situação, sabe como e coração da mãe Ne, você me entende, as vezes vem a minha cabeça uma pergunta que não acho resposta, o que vai ser de mim e, estou vendo a minha família se desmantelando, Ha! tenho que orar muito ao meu Deus, para ver se ele tenha piedade de todos nos filho e nos conduza, porque do contrario estamos arruinados.

   -Deus estará comigo mamãe, por isso nada temerei, o Senhor e meu pastor, nada me faltara, será meu guia nesta viagem, e abençoará, onde quer que eu va, pela vida inteira, assim seja a todos nos também, amem...

   -Assim seja meu filho, assim seja , amem...Vamos dormir, que já e tarde da noite e o id já vem, e vai ser um id longo, e cheio de emoções, Oh meu Deus.

   -Nito pediu a benção a sua mãe, e foi para a cama, dando lhe boa noite.

   -Boa noite meu querido filho, durma com Deus.

   Aquela noite foi a mais longa da vida de Nito, pois ele não pregou o olho, era muita ansiedade para ele, ficou olhando o telhado, embora que escuro, ficava imaginando, ouvia os grilos, os pernilongos que vinha lhe incomodar, isso fazia com sua noite ficasse ainda mis longa, sem duvida foi a noite mais longa do ano, pelo menos para ele.

   Finalmente amanheceu, sua mãe já estava de pe, aos prantos beijou seu filho amado, abraçou-o demoradamente, não queria mais soltar, com medo de perde-lo.

   A carroça estava pronta, o seu pai e o tio Miguel já estavam montados, esperando, conversando calmamente, Nito olhava para os dois , custava acreditar que aquilo estava acontecendo, tanto que ele sonhara, por aquele momento, e a conversa continuava entre os dois, parecia ate que o interesse era mais do Sr Bento, seu pai pois as perguntas partiam sempre dele, com muita gesticulação, as mãos movimentavam com frenesi, ora a cabeça balançava par frente par trás, num gesto de afirmação, ou girava prum lado e pro outro, num sinal de reprovação.

   -Vamos Nito, se não vamos perder a jardineira que já vai passar, e ele não vai nos esperar, nos não podermos perder esse bonde por nada, pois temos que pegar o outro ônibus que vai nos levar ao nosso destino.

   -Já vou tio, já vou, apressou-se para despedir mais uma vez de todos os seus irmãos e a mãe, Dona Ziza se desmanchava em prantos, Oh ditosa e copiosa lagrimas.

   Em pouco tempo la estavam Nito, seu pai, e o tio montados na carroça a caminho da estrada de terra, onde passava a jardineira, a bendita jardineira, que não demorou muito, logo chegou, e os dois partiram, Nito através da janela viu seu pai de cabeça baixa, como quem não queria ver seu filho partindo, O velho era forte, ou pelo menos dava uma de forte, mas ele ouviu o grito abafado do filho, dizendo.-Pai, acenou para ele, que levantava a cabeça e não desgrudou os olhos já jardineira ate que sumiram da vista, e disse adeus filho primeiro, Deus te acompanhe, nessa viagem, e volte com boas noticias, assim seja...

   Chegaram a rodoviária, com uma hora de antecedência para o ônibus partir, esse que ia levar os dois ao destino, Campinas, cidade esta onde o tio morava a mis de dez anus.

   Nito começou se impressionar com o tamanho do ônibus, grande e alto, coisa de louco ele nunca tinha visto aquilo, estava ansioso para entrar e ver como era por dentro dele, pois afinal era a primeira vez que entrava num onibusao desses, não se agüentava de curiosidade, mas por enquanto não perguntava nada para o tio, pois alguma coisa prendia sua língua, era um no na garganta, uma vontade de chorar, mas ele se fingia de forte, e foram chegando gente, e mais gente, foi se aglomerando com seu parente, que vinham para despedir dos seus familiares, isso fazia com que sentisse mais saudades de seus familiares, principalmente de sua mãe e sua irmãzinha querida Ero , o tio Miguel percebeu.

    -Não ta se agüentando ne, meu sobrinho querido, tenha forca?

   -Não to não tio, e só impressão, respondeu secamente, abaixando a cabeça, olhando para o Tão, como sempre fazia, era uma mania, estava sempre cabisbaixo, principalmente diante de pessoas desconhecidas ou em situações diferente do seu id a id.

   Já dentro do ônibus com suas malas guardadas no bagageiro, disse o tio.

   -Olhe Nito, apontando o dedo para a bela poltrona colorida, que confortável que ela e, apalpando a mão, mostrando a maciez da espuma e do pano aveludado, que luxo, tudo isso aqui e nosso, pelo menos ate o fim dessa viagem, ela e todinha nossa, o tio fez um sinal com a mão, como que pedindo para ele entrar e se sentar na poltrona do lado da janela, fez isso propositadamente, para que ele aproveitasse a bela paisagem que íamos ter na viagem, ta vendo esse botaozinho, aqui do lado da poltrona, ele reclina ela se tornando uma cama, da para tirar uma boa soneca, quando você estiver cansado, pois a viagem vai ser longa, so vamos chegar no destino a noite, se Deus quiser e não acontecer nenhum imprevisto, e nenhum contratempo na estrada.

   Nito empolgadissimo, não sentia cansaço, pois tudo era novidade, lhe tomava por completo sua atenção, sua energia era infinita, as paisagens que dos cantos por onde passavam, o deslumbrava, e tudo tinha um sabor especial, o momento magico da primeira vez que ele saia de casa e dizia consigo mesmo, -Meu Deus, minha fortaleza, com Jesus eu vencerei, obrigado, obrigado por tudo isso.

   O tio Miguel entre uma soneca e outra, vivia lhe perguntando,

   -Não ta cansado não sobrinho, relaxe um pouco, dobre a poltrona.

   -Quero não tio, eu estou ótimo, obrigado, não se preocupe comigo.

   Nito achava incrível, como seu tio ficava a vontade no ônibus, ate parecia sua casa de tão folgado que ele ficava, pois assim que entrou no ônibus, conversou um pouco e puxou a palha, mas que sono bendito, ressonou, roncou muito e alto, tanto que eu me preocupava com os outros , ficava com vergonha deles, mas percebia que eles não estavam nem ai, muitos estavam dormindo do mesmo jeito que o tio, uma curiosidade que chamou a atenção dele, e que não teve jeito de perguntar para o seu tio num dos intervalos de sua soneca.

   -Tio porque as pessoas de vez em quando, se levantam de seus lugares e vão la pro fundo, abrem uma portinhola e depois voltam com as mãos esfregando, como se tivessem ainda molhadas, e as vezes meio pálidos, quando abrem a porta saindo uma mau cheiro de privada rasa?

   Desculpe-me sobrinho, e que eu tinha que falar tanta coisa par você, acabei esquecendo de falar uma coisa importante, ali e o toalhete.

   -Que e isso tio, que bicho e esse, ele morde? disse Nito agora com um meio sorriso no rosto, estava mais a vontade,ate com certa liberdade, e o tio Miguel gostou de ve-lo assim mais descontraído.

   -Ai e a casinha como se diz no interior, lá no sitio não tem uma aquela mesma que serve para nos esconder nossa nudez quando estamos tomando banho de balde.

   -Oh sim,. mas pode fazer de tudo lá dentro?, Disse ele numa interrogação, como se tivesse perguntado, para onde vão as coisas a urina as fezes, que desprezamos, sera que eles guardam, ou joga-se estrada afora, Ave Maria não quero nem pensar, já imaginou o fedor que deve ser, quando esse ônibus para eu vai verificar lá atrás se tem vestígios, agora estou curioso, mas e bom nem comentar com o tio isso, deixa pra la, na roca eu sei, e comum, mas aqui no ônibus, nesse luxo todo.

   -Mas a surpresa maior estava por vir, foi quando o sol se pôs, escureceu e Nito viu as luzes da cidade acesa, fazendo um grande clarão, haja lenha para tamanha fogueira, e tanta claridade, ele achou lindo demais, tanto que acordou seu tio novamente para mostrar-lhe aquela vista maravilhosa, a novidade.

   -Oh Nito querido, isso não e nada, perto do que vai ver a hora em que chegarmos em Campinas prepare-se, se com isso que você esta vendo já esta meio abobado, espera chegar lá par ver, você vai ver um morro todo iluminado, alias vários prédios, muito maior do que o morro branco, você vai ficar de queixo caído.

   Depois de não sei quanto tempo que estavam no ônibus, que so ouvia o zumbido do motor, rugindo pelas rodovias, e o mato que passava correndo, que deixava a gente meio tonto, nosso marinheiro de primeira viagem, derrepente o ônibus diminuiu a velocidade, fez um balão e entrou para a esquerda. O passageiro Nito observava tudo, não deixava passar nada sem a sua observação e encantamento, disse para o tio cutucando.

   -O ônibus mudou de direção tio, já estamos chegando em Campinas?, ao longe eu vi um monte de luzes acesas, parece ate que tocaram fogo no mundo inteiro?

   -Esta e outras cidades grandes, chamadas Ribeirão Preto, e o ônibus vai entrar nela para nos descansarmos um pouco, principalmente o motorista, vai tomar um café, ou talvez ate troque de motorista, nos também vamos sair um pouco, esticar as pernas, enquanto o ônibus e abastecido com combustível, para chegarmos ao destino de nossa primeira e inesquecível viagem, não e mesmo, pelo menos para você?

   -Que bom tio, eu estou gostando demais disso tudo, mas as minhas pernas parecem que dormiram, adormeceram, estou a muito tempo sentado não to acostumado a isso não, estou louco para sair dessa jaula elegante, mas cruel, pois ela nos prende.

    -Também você não dorme, não relaxa um pouco, que foi esta ansioso ainda, tenha calma tudo vai se ajeitar, você vai ver,

    -E tio, ate que eu tento, mas eu não dono dos meus nervos, eu sou assim, fazer o que.

   -Você tem que aprender a dominá-los, ter o auto controle de si, se esforce, pelo menos tente, quer tomar uma bebidinha para ver se sossega o leão que tem dentro de você.

   -Sim tio, vamos lá, tomar um pequenina.

   Logo retornaram a viagem, e quando já era alta madrugada, estavam chegando no trevo de Campinas, foi então que o tio Miguel despertou e começou a falar:

   -Agora falta pouco, pouquinho mesmo, olha Nito aqui já e Campinas, a cidade que um id me abrigou, assim como acolheu muita gente, também vai te abrigar, e Deus há de te abençoar, para você ter prosperidade, para que as todas possam ajudar.

   -Estou vendo mesmo, agora a pouco eu os arranha céus iluminado que o senhor falou, e essa quantidade de carros que passam tão apressados, e coisa de louco.

   Nito não se continha de tantas novidades, estava boquiaberto com o pescoço esticado que parecia que saia de janela a fora, o tio alertou-o

   -Cuidado com essa cabeça par fora do ônibus, não pode e perigoso, o motorista pode nos dar uma bronca, Você não esta cansado, mesmo, não esta com sono, você não dorme não, quero ver a hora que você cair numa cama.

   -Por enquanto não tio, não sinto sono e sem canseira, estou e abestalhado com a cidade grande, será que eu vou adaptar a tudo isso tio? E eu não vejo a hora de escrever uma carta dando as novidades para minha família..

   -Calma meu sobrinho adorado, tenha paciência, você terá tempo para todas essas coisas, de tempo ao tempo, e cada tempo no seu tempo, não adianta botar os carro na frente dois bois, isso não vai funcionar, você vai ver, vai se adaptar com tudo isso, no começo você apanha, como todo mundo apanhou, ate se acostumar, ai você se desenvolve, naturalmente.

   Passaram-se algumas meses, Nito que já havia conversado com seu tio a respeito de sua irmãzinha, deu mais uma lembrada, que ele ficou de ver com o seu pai Ramos.

   Não precisou nem o tio Miguel escrever, pois o próprio Sr. Ramos foi quem antecipou, dizia numa carta que ele precisava muito falar com ele o tio Miguel, se ele pudesse vir o mais rápido possível.

   Isso antecipou a ida do tio ao Sitio Tres Marias, Nito queria ir também, mas não podia, pois estava trabalhando numa fabrica, e não podia faltar ao serviço, escreveu uma carta, para os seus entes queridos, mandando em mãos com o tio toda economia que tinha conseguido ajuntar, nesse pouco tempo de serviço, o plano de Nito de trazer sua Irmã para se tratar, não precisava ir ate o final, pois em breve sua família inteira viria de mudanças para Campinas.

                                   ESCREVER AQUI UM OUTRO DIA SOBRE A CIRURGIA QUE ERO NÃO CONSEGUIU FAZER CIDADE GRANDE

   Em pouco tempo a família Ramos já estavam instalados na cidade grande, muitos dos filhos já havia arrumado emprego com a ajuda do bigode e outros amigos, e aprecia um novo candidato na vida de Ero, era um rapaz simples trabalhador de família humildo, parece que vindo do interior um pouco antes deles,

   Próximo da casa onde moravam tinha um bar que era freqüentado por toda vizinhança, inclusive pelo bigode, entre eles existia um rapaz recém chegado do interior, e que morava por ali, as vezes ele ficava no bar so para ficar paquerando a Ero que por uns tempos morou na casa da Cida e do Bigode .

   Um belo dia, Leonardo, tomou umas a mais, isso para encorajá-lo para falar com Ero o sentimento que ele nutria por ela, resolveu declarar , esperou que voltasse com sua Irmã da cidade e ficou sentado no muro perto de sua casa esperando.

   Quando Ero se aproximou com sua Irmã, como ela já desconfiava do que estava se passando entre os dois deu a maior forca, foi dizendo, fiquem a vontade, não querem entrar um pouco, lá dentro na sala vocês conversam melhor, Pelo menos ate o bigode chegar, que ele já te conhece do bar não e Leonardo.?

   -Sim eu o conheço do bar, ele e corintiano que nem eu, e toma da mesma marca da "marvada" cachaça.

   -Hoje parece que você tomou umas a mais, porque, foi para encorajá-lo de falar com minha maninha?

   -Sim Cida, eu tomei um pouquinho a mais, foi para dar coragem mesmo, pois sou muito tímido, fui criado nomeio do mato, e estou em Campinas não faz muito tempo.

   Não faz mal, porque Erozinha também esta há pouco tempo aqui, fiquem a vontade , eu vou fazer um café bem forte e amargo, par ver se você melhora dessa inhaca.

   Naquele mesmo dia começou o namora dos dois, e tudo ia as mius maravilhas, o bigode se deva bem com ele pois e mesmo torcia para o mesmo time de futebol, sabe como que e esses torcedores roxos, sem contar que eram amigos de bar, não precisa nem falar quando tinha jogos que ia ser televisionados, era aquela bagunça na casa, mas tudo transcorria na perfeita paz, passaram-se quase dois anus e já estavam de casamento marcado, mesmo que seu pai não gostou muito da idéia, de se casarem, tão rápido assim, dizia ele, alem do mais ele e de outra religião filha, será que vai dar certo?, mas Leonardo jurou diante de seu sogro que faria sua filha feliz, que construiria um lar daria netos, enfim viveria uma vida de paz.

                                                              O CASAMENTO DE ERO COM LEONARDO

   Passaram pouco tempo de namoro, Leonardo falava em casar-se com Erro.

   Isso a deixava meio assustada, pensativa dizia.

   Meu namoro com Antônio, o meu grande amor, não deu em nada, foi-se de água a baixo, eu acho que ele ate se casou com outra, e nem quero pensar mais naquele salafrário, pois meu amor se transformou em ódio, não quero ver nem que venha pintado de ouro, esse outro o Leo, parece ser muito boa pessoa, parece que me ama de verdade, mas tem um detalhe ele não sabe da doença que eu tenho no coração, será quando ele souber como ele vai reagir, ou vai se comportar que nem aquele outro, Joaquim não sei das quantas, eu quero e que ele se exploda.

   O pedido de casamento de Erro deixou muita aflita, a cabeça dava mil voltas, mil perguntas duvidas, e nada de respostas, resolveu se abrir com sua Irmã Cida.

   -O Cida, O Leo me pediu em casamento, o que você acha dele, seja sincera?

   -Olha maninha querida, eu te quero você muito bem, e torço par que você seja feliz, você já sofreu tanto por causa de homen, espero que agora você se acerte, torço de coração, agora quanto a ele me parece boa pessoa, pelo e o que ele tem demostrado ate agora, não sei se ele mudar, um exemplo e eu e o bigode, nos vivemos bem, embora ele tem lá os seus defeitos e eu também os meus, e assim um vai se agüentando o outro, disse-me um amigo certo vez, falando sobre o amor [O verdadeiro amor e aquele que tem a capacidade de suportar uma ao outro]

   Eu acho que ele parece ser um homem bom, trabalhador, toma lá as suas pingas mas... outro ponto que acho que e a favor, ou seja tem tudo para dar certo, e o fato dele também ser do interior de ter vindo a pouco tempo, veio da roca que nem nos ne, ?, Agora só se tem uma coisa, como e que você vai falar disso com o pai, e os nossos irmãos eles morrem de ciúmes de você, vai ser duro , e isso ai , mas não custa tentar, e com jeito tudo se apruma, temos que correr atrás dos nossos objetivos, para que eles se possam tornarem verdades

   No começo da vida de casados foi duro, pois foram morar numa favela, não tinha esgoto, energia elétrica, casa de madeira, muita sujeira na rua, fora a bandidagem que corria solto, drogas, roubo, ladrões e bandido tinha a rodo, mas os dois conseguiam viverem em paz no seu barraco, pois os dois saiam cedo cada um para o seu trabalho, só retornavam noitinha e essa era a vida dos dois.

   Mal completou uma ano de casados Erro ficou grávida e nascera a primeira filhinha da casa, que botaram o nome de Letícia, apartir daí as coisas na casa de Erro começaram a tomar um rumo diferente, afinal era uma boca a mais para comer, Erro teve que sair do serviço, Leonardo estava ganhando mal, e parece que ele se enfiava cada vez mais na malvada cachaça, chegava todos os dias bêbados, e bravo ainda por cima, quando bebia ficava violento, maltratava sua esposa e a filhinha assistia tudo e as vezes no seu desespero chorava, onde acabava apanhando também por estar chorando, ai começava o martírio de Erro.

   Para ajudar no sustento da casa ela ia trabalhar fazendo faxinas pros outro, como não tinha creche e ninguém par olhar sua filhinha, pois ela era muita pequenina levava consigo aonde que r que fosse, quando voltava , tinha que vir correndo para fazer comida para o marido que já estava para chegar como sempre bravo, e ela não queria dar motivos de reclamações, e ele já estava ficando meia que traumatizada.

   Ero não estava suportando mais aquela carga, morava num lugar fedorento, comia mal o marido só chegava bêbado e briguento, ela estava desenganada da vida, começava mostrar sinais de depressão,, fora o problema que ela já tinha de nascença, volta e meia os sintomas voltavam a perturbar sua vida sofrida, dava-lhe falta de ar, constantemente, disritmia cardíaca, enfim era uma tristeza.

   Aquele ano foi inteirinho nessa batida, no outro parece que as coisas melhoram um pouquinho, Leonardo maneirou um pouco na bebida, ele foi promovido no serviço, passou a ganhar melhor, embora ele tinha que trabalhar a noite, mas estava tudo bem, Letícia estava bem crescidinha, bem de saude, esperta todo mundo adorava a menina queria pegá-la no colo , também ela parecia uma princesinha, mas o destino daquele pobre criatura e sofredora mulher estava traçado, devido ao problema cardíaco que ela tinha de nascença, e que não foi cuidado a tempo quando adolescente, por causa de seu pai e nem seus parentes o consentiu que fizesse uma cirurgia, o medico havia avisado, que seria melhor ela não tivesse mais filhos, pois o risco seria muita grande para a mãe e o bebe, pois na primeira gravidez da Letícia foi dificílimo, so por Deus mesmo, mas a inocência da mãe, a falta de conhecimento a timidez em contar para o seu marido, porque não o medo dele não entender e ficar brava com ela, ela ocultou todas essas coisas dele, coitada de Erozinha ela não sabia ate que existiam métodos anticoncepcionais, ou seja não sabia como evitar filhos.

   Nesse meio e tempo Leonardo e Erro conseguiram guardar umas pequenas economias e compraram um terreno num lugar mais desenvolvido, num bairro bem melhor do que aquele em que moravam, financiaram o material de construção de uma casinha simples mas de alvenaria, no fundo de seu quintal e foram morar, Nesse meio e tempo a gravidez de Erro já estava para completar seus dias.

   Como se era de esperar a apreensão era muita, pois o medico havia avisado do risco, enfim foi um parto muito difícil, teve que fazer uma cirurgia às pressas, devido a posição que estava o bebe, coitado ele se bateu tanto , deu tantas voltas que enrolou o cordão umbilical em seu pescoço, tudo isso em conseqüência do problema cardíaco que a mãe tinha, quase que não saem com vida mãe e filho, mas como foi da vontade de Deus, nasceu Felipe com saúde e a mãe com o tempo se recuperou do sofrimento desse parto, embora o bebe nasceu muito fraquinho, teve que ficar na incubadora, e par completar ele pegou uma pneumonia dupla, quase que ele batia botas.

   Mal Erro sai do hospital com seu bebe e volta par casa, Leonardo começa a ter uma recaída com suas crises de ciúmes, bebedeiras, em conseqüências brigas, e desgostos para a pobre Erro, e a vezes as brigas eram por coisas banais, por exemplo ele não aceitava que fosse menino, ele queria por queria que fosse uma menina, andava ate falando que o filho não era dele, uma loucura.

   Nessa dele trabalhar de noite, e de id em vez de ir dormir e descansar, não, saia do seu serviço e ia direto para os botecos da vida se embriagar, para depois vir aos trancos e barrancos, bêbado caindo, brigar com sua esposa e seus filhos, Erro morria de vergonha dos seus vizinhos, mas a vizinhança a conformava, e dava-lhe forca a acolhia, e entendia o problema que ela estava passando, tantas foram as vezes que Leonardo aprontou que começou a ter problema mental, e estava afetando no seu serviço.

   Felipe já estava crescidinho, Letícia era uma mocinha, já estava em idade escolar, ate ajudava sua mãe nos deveres de casa, foi então que Erro teve uma idéia, e tomou uma decisão, iria fazer um curso de enfermagem, era o sonho da vida dela trabalhar de enfermeira, e só assim ajudaria o marido para manter a casa, pois a coisa tava preta para aquela família.

   Nesse meio tempo veio a falecer seu Pi Jose Bento, que como parte da herança que foi dividida entre seu filhos, deu um tantinho de dinheiro para cada um, com alegria compraram um fusquinha ano sessenta e sete, foi uma alegria, Erro já estava trabalhando fora, a vida parece que deu outra aprumada.

   Mas como tudo que e bom duro pouco, Leonardo seu marido volta a ter crises de ciúmes e em conseqüências bebedeiras sem parar, e dessa vez estava mais forte do que todas as outras, uma porque Ero não estava em casa para socorrê-lo, estava no trabalho, ele trabalhava num hospital, justo no PS. pronto socorro, onde toda bomba de emergência passa por ali, em conseqüência ela terminava seu plantão estava um bagaço, chegando em casa tinha que cuidar dos filhos, e do traste de seu marido, que agora estava se tornado violento, com ela e seus filhos, e essa violência era tanta que corriam risco de morte , pois ele a ameaçava e avançava com faca, garrafa de bebidas, pedaço de pau, enfim ele estava perturbado mental, ela não tinha duvidas, teria que levar a um especialista, se não iria acontecer uma tragédia.

   Com muito esforço e ajuda de vizinhos ela conseguiu levar seu marido ao hospital, que começou logo em seguida fazer um tratamento, que por uns tempos ate que surgiu bom resultado, também estava sob efeito de remédios.

   Certo dia a enfermaria Erro estava concentrada em seu plantão, na correria comum de um hospital, recebeu uma ligação e disseram que era urgente, a coitada tomou um susto, largou tudo e saiu correndo para sua casa, que era longe .

   A sua vizinha desesperada, não sabendo o que fazer, pois o Leonardo enlouqueceu de vez, esta falando ate em se matar e acabar com a vida de seus filhos. nisso Erro se lembrou do conselho que uma amiga de serviço aconselhou.

   -Boba, larga de ser boba e ficar sofrendo na mão desse traste que não reconhece e não quer crescer, espera um id em que ele estiver muito bêbado e for dormir, você prepara uma chaleira de água fervendo e joga no ouvido dele, e uma só. por pouco a nossa enfermeira não se torna uma assassina, pois a vontade era , mas ela pensou bem, pensou nos seus filhos, ergueu seu pensamento ao céu e pediu uma luz ao Senhor Jesus, ela pegou as crianças e foram passar uns dias na casa da Cida e do bigode, que eles tentaram conversar com ele par ver se acalmavam, mas ele na frente dos outros era uma pessoa e depois era outra, e tudo recomeçava de novo, o fato e que sua mulher já não estava acreditando mais naquele casamento.

   Já que o casamento e uma sociedade, direitos e deveres ambos os lados.

   Mas quando o companheiro e omisso conseqüentemente sobrecarrega o outro.

   Exatamente isso que acontecia com a nossa Ero.

   Ela tinha que pensar em tudo, ate no seu marido que não assumia seu papel de pai, as vezes ela tinha que ser a mulher, a mãe, o marido , o pai tudo naquela casa, e alem de tudo ser criticada, so reclamava, enchia a casa de pinga e enciumava, tocava todos de casa, queria mata-la, ameaçando inclusive com uma faca, e o pior na frente das crianças, ou quem quer que estivesse por perto, era uma vergonha total para Erro, que a cada id desgostava do homem que desposou para ser seu marido companheiro, pai dos seu filhos, que decepção...

   O clima naquela casa estava insuportável, acabaram se separando de quarto, ela dormia no quarto do casal com as crianças, com a porta bem fechada, mesmo assim um certo id de acesso as suas loucuras ele bateu tanto nessa porta que rachou-ª

   Parece que o casamento havia acabado, Erro já não era a mesma mulher, perdera a forca de trabalhar fora e cuidar das coisas de casa, alem disso ela tinha que fazer muitas dobras em seu serviço, para aumentar a renda da casa, e ele ainda para pirraçar, certo id embriagou-se como sempre vendeu o fusquinha por preço de banana, e deu um fim no dinheirinho que era da herança do seu finado pai lhe coube, isso foi o estopim para tomar uma decisão, e não voltaria atrás, nem que a vaca tossisse, queria se separar de qualquer jeito , com ele não queria ficar nem mais um minuto, porque não dava mais para agüentar aquela novela , estava chegando ao capitulo final, e ela não queria um fim trágico, por isso o melhor para ela naquele momento era a separação.

   Ero foi novamente procurar ajuda a sua Irmã Cida e seu marido bigode, que concordou plenamente para ajudá-la, e ate planejaram, um belo id quando Leonardo sai para trabalhar, alugaram um caminhão, apanhou o que podia, catou seus filhos e foi morar com eles, as escondidas, no outro id foi procurar um advogado, para darem entrada nos papeis.

   O incrível aconteceu, Leonardo não foi atrás de sua mulher, muito menos de seus filhos, em pouco tempo Erro soube através de um vizinho que encontrou na cidade que ela havia se enroscado com uma vizinha mãe solteira que morava próximo da casa dele, ela fez que nem ouviu, e disse para si mesma , só assim vai ser mais facial me separar daquele trambolho. e sua vida se resumia em trabalho, casa, casa trabalho, e assim ia tocando sua vidinha, de vez em quando deixava as crianças com a Cida, e saia com sua sobrinha Mirta filha da Cida, já que ela vivia a convidar a sua tia a sair um pouco, se distrair, dizia ela: você e nova , bonita, tem que viver, tem que sair da toca, e agora a senhora e solteira, Erro preferia comprar umas cervejinhas e tomar em casa , mas de tanto sua sobrinha insistir as vezes ela acabava cedendo e saia com ela por ai, nesse id foram numa festa de umas colegas de Mirta, la estava um senhor de cabelos grisalhos muito simpático que puxou asas para Erro que estava todo recolhida num canto esgrimida, que retrucou de primeira , rebatendo o que Mirta disse: - Estou saindo de um relacionamento que não deu certo, mas sua sobrinha lhe cutucava e dizia olha ai que partidão, olha o carrão dele e me parece ser uma boa pessoa, não bebe não fuma, e educado, mas ela sempre se esquivava, e retrucava, no começo tudo e uma mar de rosas, mas depois só nos resta espinhos, amarguras.

   Passaram algum tempo, e sua vidinha continuava, rotineira como sempre, mas ela estava mais descontraída, mas outro homem ia aparecer em sua vida e o contato o ambiente de trabalho, havia um rapaz que vinha pegar uma senhora toda tarde ia no hospital onde ela trabalhava e ele não parava de olhar para Ero, estava na cara que ele estava paquerando, e ela achou muito atraente, já fazia algum tempo que havia separado daquele traste que já estava com outra vagabunda, ela não tava nem ai, deixava o clima rolar, se pintasse alguma coisa, alem de ser muito atraente ele parecia muito com seu primeiro amor de sua vida o Antonio, isso fez reacender os sentimentos bons do passado do seu coração, e em pouco tempo já estavam saindo juntos, enfim tiverem um relacionamento, ate que bom, mas tudo que e bom dura pouco, começou aparecer os podres, ela descobriu sem querer que aquela senhora que ele ia buscar toda tarde não era a sua patroa, ou uma simples amiga como algumas vezes ele falou tentando lhe convencer, pois eles moravam juntos, ela havia comprado um apartamento para eles, eram amasiados, e ela morria de ciúmes dele, então começou a encher a cara de bebida e ficava transtornados, violentos, chegando a agredir seu irmão o bigode, batia nos seus filhos, enfim Ero se desgostou e parece que ela não tinha sorte com homem, ela resolveu dar um tempo com ele, mas ele não largava do seu pe, alem de inferniza-la no serviço, ia a casa dela vigiar, quase toda noite , ficava lá fazendo campana, vigiando se tinha outro homem na vida dela, a situação se tornou insuportável, que obrigou ela se mudar de endereço as escondidas, para que se livrasse da perseguição dele.

   Letícia já estava grande em idade escolar, Felipe já não dava mais trabalho, enfim tava bom pois o Chico esse ultimo caso que se passou em sua vida, ainda não conseguira o novo endereço, dizem os vizinhos que ele ficava infernizando a vida deles tentando arrancar deles para onde tinha ido o amorzinho da vida dele, mas eles foram fiel e não falavam par onde Erro tinha se mudado com seus filhos, e confirmavam que ela tinha voltado para o interior na casa de seus pais, e que não tinha endereço, pois era muito longe.

   Passado algum tempo, parece que as coisas tinham se arrumado em sua vida, seu trabalho ia bem os filhos também, moravam numa casa sossegada de fundos , onde a senhora dona da casa que morava na casa da frente , ajudava a cuidar das crianças ,m Erro estava feliz, tava bom ate demais para ser verdade, o Chico ate então havia dado um tempo estava tudo sossegado. sua sobrinha Mirta que gostava muito da sua tia, certo dia convidou-a, para ir ao seu aniversario, porque a sua tia querida não podia falar, Erro não prometeu só falou assim depois eu vejo, será que eu não vou estar trabalhando, e ela estava cansada, que não pensava em sair , ficar em casa evitava muita confusão, e o Felipe não tava muito bom de saude como sempre, coitadinho sempre tava sentindo alguma dores, ainda mais quando esfria, ele fica ruizinho, devido a pneumonia que ele pegou quando ainda bebe, mas vou fazer um esforço, ta Mirta, minha sobrinhazinha querida, se tudo correr bem eu vou, ta bom?

   Era uma noite de sábado, fez um dia bonito ensolarado, a noite estava maravilhosa, convidativa para sair e desfrutar, quando derrepente, quando menos se esperava, Erro assistia à novela das oito, ouviu-se uma buzina de um carro, e de tão forte parecia que era na frente de sua casa, Felipe saiu correndo foi ver quem era, e de la mesmo gritou.

   -Mamãe e a mirta, e ele esta chamando a senhora.

   -Ta bo filho diga que já vou,

   Mirta não estava sozinha, seu namorado estava numa caminhonete dessas com carrocerias abertas, havia mais uma galerinha em cima que estava muita animadas, um vozerio, Erro pensou estou frita, e Mirta quando viu a tia já foi gritando, nem esperando ela se aproximar.

   -Pode se arrumar , você hoje esta intimada a sair da toca, você vai a minha festa e vinhemos aqui prontamente para te levar , nem que seja amarrada, hoje você sai de casa, e você hoje vai se desencalhar, fica ai entocada parecendo um bicho arredio, e se você insistir eu nunca mais olha na sua cara, pode desconsiderar a sua sobrinha que voce tem.

   -Mas minha sobrinha querida, não e por falta de vontade, eu estou muita cansada mesmo, estou trabalhando muito ultimamente, e o Felipe não esta bom de saude.

   -Não vem com desculpa esfarrapada não, de hoje você não escapa, pode falar o que quizer falar, tenha a desculpa que tiver, mas você vai lá na festa nem que seja um pouquinho, depois nos trazemos você aqui, na hora em que você quizer vir embora, ou se quizer posar lá, você e quem sabe.

   _Posar lá você Ta doida, amanha tenho muito que fazer, estou de folga mas tenho os deveres de casa.

   -Olha tia, vai ate um tocador, exclusivamente vai tocar par nos, vai ta animado, você vai ver você vai se divertir, e depois você vai me agradecer, meus pais também vão estar lá, e eles pediram a presença da senhora lá também.

   -Ta bom, só me dão um tempinho, para eu me arrumar, e vamos la, mas vou voltar cedo, ta bom, que amanha tenho que lavar um montão de roupas e cuidar da casa que esta uma bagunça,

   -Combinado tia querida, vamos fazer melhor, amanha eu venho par ca e te ajudo na limpeza.

   -Ótimo, excelente, eu vou comprar uma caninha e umas cervejinha par nos tomarmos em casa enquanto a gente da um trato, em casa.

                                                                                 ENCONTRO COM OTÁVIO

   Chegando la a festa estava animada, muita gente bonita, musica ao vivo, era um tal de Otávio que estava tocando, sujeito que falava arrastado era nordestino pelo jeito, mas muito comunicativo, agradava a todos, cantava e fazia gracinhas para a Erro que estava com o Felipe no colo todo encolhidinho num canto, nem parecia que estava ali, no intervalo ele veio conversar com ela, pois Mirta já havia dado um toque, era sua tia, e que estava solteirona, mulherão, igual aquela ali, tava par nascer outra igual, ele nunca iria encontrar outra igual, não porque ela era sua tia, mas porque ela era especial mesmo, o Otávio estava sozinho e acabaram indo embora juntos, pois o Felipe despertou e queria , porque queria ficar com o violão dele de qualquer jeito, Mirta brincou.

   -E um bom começo, ne Otávio?

   Ele não disse nada, apenas olhou-a e disfarçou.

   No outro id era domingo, amanheceu um dia lindo, céu azul, com poucas nuvens clara, branca como neve, Ero estava de folga do trabalho, quando era quase meio id, ouviu-se um buzinar de carro, a principio tocou uma vez, curtinha e deram um tempo, de ouvido a espreita para ver se viam qualquer movimento de vida dentro daquela casa, mas tudo estava quieto, parecendo que não tinha ninguém em casa, mas sabiam que estavam lá, então buzinaram fortemente, fazendo a maior algazarra, gritando feito loucos, alucinados, e gritavam todos juntos o nome de Erozinha, Erozinha, O que ouvia mais era os gritos estridentes de Mirta gritando o nome de sua tia, e diziam podem sair daí, eu sei que vocês estão ai dentro, saiam da toca.

   Ero não queria acreditar, mas sua sobrinha não queria nem saber, estava com seu namorado numa caminhonete, com uma turma de amigos, convidando, ou melhor intimando ela e seus filhos e irem ao clube de campo Santo Clara do Lago. a qual Erro tinha um titulo de sócia.

   Não teve jeito de se esquivar de tanta pressão, embora ela fez um jeitinho de que não queria ir, deu mil desculpas, da roupa que tinha que lavar, do Felipe, que...mas teve como, nada colou.

   Mirta como sempre a convenceu de ir, e em pouco tempo já estavam eles de shorte e camiseta, Felipe todo animado, sorridente brincalhão, Letícia deu um pulo de alegria e perguntou se poderia levar suas coleguinhas também, em pouco tempo, já estavam todos na carroceria da caminhonete, fazendo a maior algazarra pela estrada a fora.

   Ero que estava na boleia juntamente com Mirta e seu namorado, percebeu que não estavam indo na direção do clube, disse.

   -Por acaso o clube Santa Clara, mudou de endereço, olhando para ela com ar de assustada?

   -Não tia não mudou de endereço não, continua la no mesmo lugar, falou assim com um sorriso no rosto, pegando no queixo dela e balançando par lá e par ca, carinhosamente, e completou, fique fria, só vamos desviarmos da rota um pouquinho e por um motivo justo, e a senhora vai gostar, pode crer.

   Ero olhou para os dois, com ar de desconfiança, mas não disse nada , apenas com meio sorriso no rosto, apontou o dedo indicador para eles e disse,

   -Não sei não, ve la o que vocês estão aprontando?

   Cessaram as perguntas e piadinhas maliciosas, depois de uns vinte minutos de estrada, e viradas e sinaleiros, foi quando Mirta resolveu abrir o jogo com sua tia.

   Tia não vamos mentir par a senhora, estamos indo a casa do Otávio, pois havíamos combinados de pegarem ele em sua casa com seus amigos,     

   Ero retrucou.

   -Mirta minha querida, não venha com gracinhas pro meu lado, sabes muito bem, que não dou sorte com homem, e que eu já me decidi, que vou levar essa minha vida sozinha, eu e meus filhos, nada de macho par me encher o sacão e maltrata-los.

   -O que você acha da frase: Amor com amor se paga, desamor com amor se cura.

   -Não minha sobrinha querida o que u quero mesmo e ter paz, ficar no meu cantinho sossegada, criar meus filhos, trabalhar ganhar meu dinheirinho, e me divertir, mas reafirmo sozinha, não quero me comprometer, uma porque, se aquela ultima coisa que arrumei que se dizia ser homem e que eu acreditei, e porque não ate amei, virou aquele bicho, me enganou o tempo todo porque o desgraçado era comprometido, e justo com uma pessoa que eu conhecia, pois trabalhava juntos, a ponto de acontecer uma tragédia comigo, e eu sem saber, não e melhor não eu quero e ter paz, paz...

   Conversando caminho a fora, logo o tempo passou , e quando vimos já estávamos na casa onde o Otávio morava com seus amigos, que logo pularam todos na carroceria da caminhonete e partimos com destino ao tal clube de campo.

   Foi um tarde maravilhosa, um sol divino, a beira dum lago, na sombra de uma arvore, num quiosque, bebemos, cantamos, bagunçamos, enfim nos divertimos bastante, e logo já era hora de voltarmos, mas estava tão bom que queríamos continuar, mas o id dava sinal que ia terminar, w o tempo formou-se para chuva, de tal maneira tão rápido que, mal acabamos de arrumar as nossas trais, e se ajeitarmos na carroceria da caminhonete, começou a cair um toro, mas era uma chuva daquelas com gosto, não tinha vento forte, era uma chuva calma sem vento, eram so aquelas biqueiras dagua que caiam la do céu par nos refrescar, e lavar nossas almas, e todo mundo encolhidinho na carroceria , Erro estava também lá em cima, pois o Felipe grudou no Otávio, de um jeito que não largava-o por nada, e parecia que já estava curado por completo sua mãe ate estranhou, parece que o menino acordou para a Cida. enquanto sua mãe encolhidinha no conta da carroceria, de cocara, com os dois braços abraçando os joelhos, como que para se auto aquecer , pois a velocidade do carro na estrada fazia um vento que batiam em nossos corpos olhados dava um friozinho gostoso que deixava a gente arrepiado.

   A Mirta como sempre ativa e que veio também em cima conosco fazendo a maior farra, ficava cutucando o Otávio dizendo:

   -O Cara, cuida da minha tia ai , vai lá perto dela e abraça ela , não ve que esta morrendo de frio, a mulher e fraca tem que ter a proteção do homem, mas tem que ser dum homem de verdade, você e homem mesmo?

   Otávio não falava nada, fingia que não estava ouvindo, outras vezes dizia não entendi, e assim ele ia levando, e a tia só olhava, também pudera ela estava com umas bebidas na cabeça, estava ate bem animada.

   -Olha Otávio, como ela esta arrepiada, toda encolhidinha, carente, precisando de uns braços amigos, coitadinhos, você vai negar a sua assistência, cada o seu lado humano, deixa de ser tão ingrato, não custa você abraçá-la, não vai arrancar pedaço não.

   -Otavio se fazia de surdo, isso para esconder sua timidez, bem que ele queria muito fazer isso, mas alguma coisa o impedia, lhe maltratava muito e lhe impedia de fazer o seu gosto, mas ele percebia que se fosse pela vontade dela, eles já estavam agarradinhos a muito tempo, mal alguma coisa alem da timidez reservada, que os dois tinham em comum. não sei era como se alguma coisa o avisasse, do que estariam por vir, com suas vida, e as demais que o cercavam.

                                                                                           FIM DO LIVRO

   Era daqueles dias de muito calor, sol ardente, queimava apele, sem piedade, bastava a gente ficar meio horinha no sol, que via estrelas faiscarem nos olhos, e ficávamos loucos a procura de uma sombra qualquer de uma arvore amiga.

   A vovó Ero morava agora em sua própria casa, que conseguira com muito esforço e suor, e horas e horas extras de trabalho.

   Era um terreno de dez metros de frente, por trinta de fundos, com duas casa construídas, para si própria e seus filhos morarem, um belo jardim, inclusive o bairro onde moravam era bastante arborizado, enfrente a sua casa havia duas frondosas arvores, plantadas por ela mesma e seus filhos.

   Sentada numa cadeira de descanso, dessas chamadas preguiçosas, a sombra de uma arvore, ficava observando as suas netas, e outras crianças alegres, que corriam, brincavam sem parar, e ela a pensar, relembrando o passado e assim dizia par si mesmo.

   -Para aqueles que diziam que eu não ia durar muito, Oh! Meu Deus, aqui estou com meus cinquentoes, vendo o sol raiar e se por , tanto que ate já perdi as contas, acabo de crer que os dias dos viventes deste imenso universo esta nas mãos do seu criador, e só a ele compete determinar o dia e a hora que temos que voltar para o repouso eterno.

                                                                               LOUVADO SEJA O MEU DEUS,

   CRIADOR E DONO DE TODAS AS COISAS DESTE MUNDO E DO OUTRO, INCLUSIVE DA MINHA POBRE VIDA, AMEM...

   OBRIGADO MEU DEUS, MUITO OBRIGADO MESMO DE CORAÇÃO. DESTA POBRE CRIATURA, SUA SERVA.

   [OZODRAC OGRAMAC RIADI]

   Idair Cardoso Camargo

   Autor dessas bobageiras [SOTNAS SOD ODLARE OINOTNA]

   Antonio Eraldo dos Santos  Meu e-mail  arauto@cresce.net  

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