Arjuna
disse: Ó Krishna, o que impele alguém a cometer pecados ou ações egoístas,
mesmo contra a sua vontade, sendo forçada de novo a querê-los? (3.36) O Senhor Krishna disse: é a luxúria, nascida
dentre a paixão, que se transforma em ira quando insatisfeita. A luxúria é
insaciável, e é um grande demônio. Conheça-a como o inimigo. (3.37) O modo da paixão é a ausência do equilíbrio
mental conduzido pela vigorosa atividade para alcançar os frutos do desejo.
Luxúria, o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material, é
o produto do modo da paixão. A luxúria torna-se ira se não satisfeita. Quando
o alcançar dos frutos é impedido ou interrompido, o intenso desejo por sua
realização transforma-se em ira feroz. Por conseguinte, o Senhor nos disse
que a luxúria e a ira são dois poderosos inimigos que podem conduzir alguém a
cometer pecados e retirar do caminho da auto-realização, a suprema meta da
vida humana. Atualmente, os desejos materiais compelem uma pessoa para
ocupar-se em atividades pecaminosas. Controle o seu querer, porque seja o que
for o que você quiser exigirá de você. O senhor Buddha disse: “O desejo
egoísta é a raiz de todos os males e misérias”. Como o fogo é encoberto pela fumaça, um
espelho é encoberto pelo pó, e como um embrião está encoberto pelo ventre, de
forma similar, o autoconhecimento é encoberto pelos diferentes degraus da
luxúria insaciável, a inimiga eterna do sábio. (3.38-39) A luxúria e o autoconhecimento são eternos
inimigos. A luxúria somente pode ser destruída pelo autoconhecimento. Onde
mora a luxúria, e como alguém deve controlar os sentidos para subjugar a
luxúria, é dado abaixo: Os sentidos, a mente e a inteligência diz-se
que são o lugares da luxúria. A luxúria ilude uma pessoa controlando-lhe os
sentidos, a mente, a inteligência, e velando o autoconhecimento. (3.40) Portanto, pelo controle
dos sentidos, primeiro mate todos os maldosos desejos materiais (ou luxúria),
que destrói o autoconhecimento e a auto-realização. (3.41) O poderoso inimigo, a luxúria, escraviza a
inteligência por usar a mente como seu amigo e os sentidos e os objetos dos
sentidos como seus soldados. Estes soldados mantém a alma individual iludida,
e obscurecem a Verdade Absoluta, como uma parte do drama da vida. O sucesso
ou o fracasso na nossa função, na ação, depende de como nós cuidamos nossas
funções individuais e alcançamos nosso destino. Todos os desejos não podem – e não precisam – ser eliminados, mas desejos egoístas, e motivos pessoais egoístas, precisam ser eliminados para o progresso espiritual. Todas as nossas ações – pelos pensamentos, palavras e obras – incluindo os desejos, devem ser direcionados para glorificar a Deus, e para o bem da humanidade. As escrituras dizem: “O mortal quando se libera do cativeiro dos desejos egoístas torna-se imortal, e alcança a liberação, mesmo nesta vida (KaU 6.14, BrU 4.04.07). |