AS "MINHAS PARIS"

Telma Gomes

Já fui pra lá três vezes. Querer ir pra lá de novo  é falta de criatividade? Só quem nunca foi diz isso.

As “minhas Paris”, cada uma delas, teve seu motivo especial. E se tornaram mais especiais a cada ano que passa.

Paris Aventura: sozinha, com toda a coragem dos 25 anos e muito pouco dinheiro. Tão pouco que subi a Torre Eiffel a pé pra não pagar os 10 dólares. Paris aos 29, a lembrança de já ter estado, o já ter vivido, a vitória de poder ter voltado. Paris mãe. Meu sonho, mostrar a Europa, e claro, a cidade do Louvre pra ela. Emoção revivida com pinceladas familiares de medo. Época de bombas no metrô. Revista pra entrar no túnel do Arco do Triunfo, lixos lacrados pra ninguém jogar nada pra dentro. Mas, o que eu não esqueço mesmo é a explosão minutos depois que saímos da estação que dava acesso ao Museu D’Orsay. Quase que eu viro manchete nos jornais brasileiros. Acho melhor chamar esta Paris de Paris Deus.

Mas, a próxima é a que importa: Paris Amor. É a que eu sempre sonhei. Ir em lua de mel. Já decidi. Sem Paris, não tem casamento. Já pensou? Embarque em Cumbica em alto estilo.

Sala VIP, jogos de malas de recém-casados, vestida de tailler com lencinho no pescoço como minha tia rica embarcava. Passagens na mão do “marido”. Algumas horas de vôo que, na primeira classe nem cansam tanto, e enfim Paris. Mais iluminada ainda pelo nosso amor. Almoço romântico no bateu mouche, beijo às margens do Sena, jantar no restaurante da Torre. Muitas, muitas fotos. Tudo que um turista tem direito.

O dia inteiro no Louvre no encalço na Monalisa, Michelângelo e todas as outras maravilhas de lá. Rodin, Camille Claudel, paixão diferente da nossa, mas paixão. Napoleão guardadinho no Museu dos Inválidos, aquela coisa linda de cúpula dourada no meio daquele gramado todo. Picasso, mais uma paixão e muita loucura. Museu pequeno, aconchegante. E o máximo, o “must” da cidade: a vista de Montmartre. Juro que me vêem lágrimas nos olhos toda vez que me lembro de lá.

Que vontade de poder estar e passar horas diante da Sacre-Couer, comendo quiche, sentada na escadaria, sonhando. E, sonhar em Paris, é um direito. A cidade leva a isso. Você pode sentir-se o que quiser: um rei, uma rainha, um mendigo excêntrico ou um ator de uma peça encenada na Comédie Française. É só entrar no clima.

Entrar no Palácio de Versalhes, se mirar na sala dos Espelhos e enxergar uma princesa do Rei Sol. Debruçar nas janelas antigas de um hotel e ver os franceses no seu passeio calmo entre os carros estacionados grudadinhos na rua, já que ninguém tem espaço para garagem.

Dá pra se sentir parte da cidade, daquela cultura conservada de toda a Europa. E a Eurodisney? Não conheço. Faz parte de Paris, mas não fui. Deve ser bárbaro entrar em todos os brinquedos e virar criança depois de provar todos os vinhos de Loire. Nem na Florida deve ser tão bom. Nenhuma lua de mel pode ser tão boa.
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