História e Memória de um
Movimento*
No Brasil, na época da ditadura, o Movimento Estudantil (ME), em sua maioria,
estava aliado a grupos políticos anti-ditatoriais e de liberdade política,
sendo esse o maior foco de atuação. Com o fim da ditadura o ME
ficou enfraquecido, o que gerou toda uma reformulação na atuação
do movimento.
O Movimento Estudantil de Área na Psicologia surgiu nos anos sessenta
com o ENEPsi. O primeiro ENEPsi ocorreu em 65, tendo um caráter reivindicatório
e com uma bandeira de luta própria do nosso campo: que eram as discussões
sobre o currículo. No fim desta década, devido às agitações
políticas, como a instituição do AI-5 e os conflitos ocorridos
no ano de 68, não foram mais realizados ENEPsis.
No início dos anos setenta o ME, depois de ter passado por uma série
de situações que prejudicaram o movimento, tais quais o envolvimento
com a guerrilha, a repressão, a tortura, a desmobilização
dos estudantes gerada também pela proibição das atividades
da UNE (União Nacional dos Estudantes), as organizações
estudantis recomeçaram a fortalecer os movimentos de área, como
alternativa de reorganização do movimento.
Foi a partir disso que surgiu o Primeiro ENEP- Encontro Nacional de Estudantes
de Psicologia- em 1976 na cidade de Ribeirão Preto/SP, em plena SBP.
Depois disso se desenrolou uma sucessão de Encontros itinerantes ocorridos
em diversos estados do país, formando-se Executivas com estudantes de
diferentes regiões do Brasil, havendo a troca de gestões nos ENEPs.
No início, os Encontros tinham um caráter mais político,
ligado a partidos e a UNE. Com o passar dos anos, os partidos foram perdendo
força no movimento e a parte acadêmica foi crescendo no ENEP. Ao
mesmo tempo, descobriu-se que este espaço era muito fértil para
a integração e a troca entre os estudantes, constituindo assim,
seu caráter integrativo e cultural. Atualmente nos encontramos num momento
onde estes três pólos: político, acadêmico e cultural
se constituem como os orientadores do Encontro e da ação estudantil.
Um problema muito freqüente é a constante troca de participantes,
considerando que o estudante dispõe de uma condição transitória
e que participa desse movimento num período restrito, que é o
período de sua formação; há portanto, muitas lacunas
no Movimento, nas quais muitas discussões se perderam, devido a épocas
sem diretoria executiva e sem organização. Por causa destas lacunas
deliberou-se pela auto-gestão, gerando uma abertura da estrutura orgânica,
a qual viabilizou uma maior participação de estudantes.
Vale ressaltar a existência de organização nas diferentes
regiões do país. Atualmente existe o COREP-SP (Conselho Regional
de Estudantes de Psicologia-SP), o COREP-MG/ES, o COREP-Sul, a BARUFFA (reunião
das faculdades de Salvador) e a PUNFUMF (reunião das faculdades de Belo
Horizonte).
* Dados retirados de:
• RIBEIRO,M.A.
- ENEP (Encontro Nacional dos
Estudantes de Psicologia)- História e Memória de um Movimento,
Dissertação de Mestrado, IPUSP, São Paulo, 1998- e
• HUR, D.U. - COREP/SP - Conselho Regional de Estudantes de Psicologia/SP: Investigação
sobre sua construção e consolidação como entidade
estudantil. Pesquisa de iniciação científica, IPUSP, São
Paulo, 2001