Poesias - Coletânea 6
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Arabian Knight - Tradução de Horácio Costa O Amante - Tradução de Horácio Costa Todo Dia - Djavan |
ARABIAN KNIGHT
Tradução de Horácio Costa
As oliveiras, os montes,
as hortaliças no vale,
as muralhas ocres
do Palácio Real na medina,
a brisa da noite,
a voz do muezim, longe, monótona,
0 café de sempre e seus fregueses...
Sentado no terraço
Do jardim El Haboul, em Meknés,
jovem moreno
vestido em branco com uma djelaba,
depois de algum tempo,
depois de beber
o chá de menta que pedira,
veio a ti para saber de onde vinhas...
E enquanto te contava
a história do lugar,
descascou um figo maduro
com uma navalha que desembainhou súbito.
o reflexo de um farol no fio
tocou seu rosto: três gotas de leite
derramaram-se entre seus dedos.
Ao ver que olhavas, suas pupilas
dilataram-se como as de um tigre.
Então, partiu o figo
- florescência prenhe de sementes
que pareciam arder na abóbada -
e em seguida, levou
uma das metades à tua boca
e a outra, ágil, à sua.
Quanto prazer ao degustar a fruta.
Quanta vertigem no fio da hora.
Espessou-se o sangue,
abriram-se os sentidos a um outro tempo.
De repente, sentiste sobre teu pé
sua babucha. Sem nenhuma palavra
saíste com ele pelas vielas da medina.
O Amante
Tradução de Horário Costa
Ele espera, mas não será fácil
que consiga fazer cócegas
num passarinho com seu violão.
Ele gostaria de gritar Andiamo!
mas, pena! ninguém chegou ainda
mesmo que o orvalho esteja perfeito
para adeusinhos. Quão amargo bate
em seu peludo peito! porque ele é
um homem que senta em espera indigna.
A mesquinha lua é como um limão
nojento sobre as ubíquas figueiras
remelentas e caso houver
um cisne num raio de umas doze
milhas quadradas, há de estrangulá-lo.
Nós, também, estarmos preocupados.
Ele é um homem como nós,
ereto na fria noite escura. O silêncio
agarra tão desajeitado o seu violão
como um par de jeans molhado.
Na grama há babas de ocultas cobras.
Só ele está quente entre as estrelas.
Se ninguém correr para si, descendo
escadarias que pendem surpreendentes,
em direção a rija lâmpada de suas coxas,
pois, que maus lençóis, quando se espalharem
as pernas em direção ao sol,
e decrescerem nossas miúdas caras na colossal noite.
Todo Dia
(Djavan)
Será um dia de paz
Todo dia de tarde será rapaz
Toda lua será moça
Todo dia será um dia a mais
Cheio de sol entre as trevas
Todo homem será rei na terra
não haverá mais guerra
Pois só quem tem
Os sonhos mais básicos
Pode amar e dizer a verdade
Ipanema é uma sala de estar
P'ro nosso barato hipnótico
A ponte aérea
É o barulho do mar
E as estrelas
Ainda vão nos mostrar
Que o amor não é inviável
Num mundo inacreditável
Dois homens apaixonados
Apaixonados...