Quinta feira, 11 de julho

- 19 -
 

Sem o amor materno nenhuma criação poderia continuar.
Nada é inteiramente físico, nem tampouco inteiramente
metafísico; um pressupõe o outro e o explica.
Todos os deístas estão de acordo
que este universo visível tem uma base, mas diferem
sobre a natureza ou caráter desta base.
Os materialistas dizem que não há tal base.
Em todas as religiões, é idêntico o estado supraconsciente.
Os  hindus, cristãos, maometanos e budistas
e até aqueles que carecem de credo, todos experimentam
a mesma coisa, quando transcendem o corpo.


Os cristãos mais puros do mundo, foram estabelecidos
na Índia, pelo apóstolo Thomás,
uns vinte e cinco anos após a morte de Jesus.
Isto aconteceu quando os anglo-saxões eram selvagens,
pintavam o corpo e viviam nas cavernas.
Os cristãos chegaram a somar uns três milhões, na Índia,
porém agora, só resta um milhão, aproximadamente.
O cristianismo, se propagou sempre pela espada.
Que coisa assombrosa, que os discípulos
de tão doce alma, tenham causado tantas mortes !
As três religiões missionárias são:
a budista, a maometanae a cristã.
As três mais antigas: o hinduísmo, o judaísmo
e o zoroastrismo, nunca pensaram em fazer conversões.
Os budistas nunca mataram, entretanto, converteram
três quartas partes do mundo, em certa época,
por meio da simples doçura.
Os budistas foram os agnósticos mais lógicos.
É realmente impossível deter-se em um ponto
entre o niilismo e o absolutismo.
Os budistas foram, intelectualmente, demolidores,
estremando sua teoria até sua última expressão lógica.
Os advaitistas também levaram sua teoria até a sua conclusão
lógica e chegaram ao Absoluto, a Substância Única e idêntica,
da qual todos os fenômenos surgem e se manifestam.
Tanto os budistas como os advaitistas sentem a identidade
e a não identidade, ao mesmo tempo;
um desses sentimentos deve ser falso e o outro verdadeiro.
Os niilistas colocam a realidade na não realidade e os realistas
põe a realidade na identidade; e esta é a luta,
o tira e põe que ocupa o mundo inteiro.
Os realistas perguntam:
Como adquirem os niilistas a idéia da identidade ?
Poderíamos replicar: como uma brasa,
girando rapidamente, aparenta ser um círculo de luz ?
Só compreendemos o movimento,
comparando-o com um ponto imóvel.
Os niilistas não podem explicar jamais o gênesis da ilusão
de que existe uma base; nem pode o idealista explicar
como o Um se converte em muitos.
A única explicação deve vir de um plano além do sensorial;
devemos elevar-nos à supraconsciência, a um estado
inteiramente além da percepção dos sentidos.
Este poder metafísico é o instrumento superior
que só o idealista pode experimentar;
este pode experimentar o Absoluto;
o homem Vivekananda pode tornar-se o Absoluto
e logo voltar a ser homem, outra vez.
Para ele, então, o problema está resolvido
e secundariamente para os outros,
porque elepode mostrar o caminho para os demais.
Assim, a religião principia onde termina a filosofia.
O “bem do mundo” será quando o que agora
é para nós supraconsciência, for, em idades futuras,
a  consciência de todos.
A religião é, portanto, a mais alta tarefa
que o mundo tem diante de si; e devido ao fato de que
o homem sente, inconscientemente, isso, se aferrou,
através de todas as épocas à idéia de religião.
A religião é a grande vaca leiteira, que tem dado muitas
patadas, mas não importa porque dá, também, muito leite.
Ao leiteiro, pouco importam as patadas
da vaca que dá muito leite.
A religião é a maior criança que está para nascer;
a grande lua de realização, alimentando-a
e ajudando o seu crescimento, ela se tornará um gigante.
O rei Desejo e o rei Conhecimento lutaram,
e o último estava a ponto de ser vencido,
quando lhe nasceu um filho, a Vedanta e lhe deu a vitória.
Depois o amor (bhakti) e o conhecimento
se casaram e viveram muito felizes.
O amor concentra, sem esforço, todo o poder da vontade,
como quando um homem se enamora de uma mulher.
O caminho da devoção é natural e agradável.
A filosofia é forçar a que regresse a sua fonte,
o arroio da montanha.
É um método mais rápido, porém muito difícil.
A filosofia diz: ”reprime tudo”.
A religião diz: “abandone tudo à correnteza,
entregue-se continuamente”.
Este caminho é mais longo, porém mais fácil e mais feliz.
“Teu, eu sou, para sempre; desde agora, tudo que eu faça,
Tu o fazes. Nunca mais existirão, nem eu nem meu”.
“Não tendo dinheiro para dar, nem cérebro para aprender,
nem tempo para praticar yoga, a Ti, Oh doce Uno,
me dou; a Ti entrego meu corpo e minha mente”.
Por muita que seja a ignorância, por muito que sejam
as idéias errôneas, não podem constituir
uma barreira entre a alma e Deus.
Mesmo que Deus não existisse,
deveríamos entregar-nos ao amor.
Mais vale morrer buscando a Deus a morrer
como um cão, buscando sempre a carniça.
Elejam o Ideal mais elevado e dediquem-Lhe toda a sua vida.
Sabendo-se que a morte é certa, o melhor
é dar a vida por um elevado propósito.
O amor alcança a filosofia sem maiores esforços;
logo, trás conhecimento e leva a parabhakti. (suprema devoção)
O conhecimento é crítico e faz muito barulho acerca de tudo;
porém o amor diz:
“Deus me mostrará sua verdadeira natureza”,
e aceita tudo.


Rabbia

Rabbia, em seu leito de enferma,
Por dois santos foi visitada,
Sam Malik e Hassan - o sábio -
Homens notáveis aos olhos muçulmanos.
Hassan disse: “Aquele, cuja reza é pura
Suportará os castigos de Deus”.
Malik, deu um sentido mais profundo
E falou da sua própria experiência:
“Aquele que ama o Mestre escolhido
se regozijará com o castigo”.
Rabbia viu que um traço de egoísmo
ainda restava em suas máximas
E contestou: Oh, homens de graça
Aquele que viu a face do seu Mestre
Não se recordará, em suas orações
de jamais ter sido castigado.

 (poema persa - sufi)