Sexta feira, 12 de julho

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(Comentário de Sankara)

Quarto sutra de Vyasa:“ O Atman é o anelo de todos".
Isvara deve ser conhecido pela Vedanta.
Todos os Vedas O conhecem.
(Aquele que é a causa, o Criador,
o Preservador e o Destruidor).
Isvara é a unificação da Trindade, conhecida como
Brahama, Vishnú e Shiva, que está a frente do Panteon Hindu.
“Tu és nosso Pai, que nos conduz ao outro lado do oceano escuro”.
(invocação a Isvara) .
Saudação do discípulo ao Mestre.


Os Vedas não podem mostrar-nos Brahaman,
pois nós já somos Aquele; eles só podem ajudar-nos
a levantar o véu que oculta a verdade, aos nossos olhos.
O primeiro véu a destruir é a ignorância;
quando ele é erguido, o pecado desaparece,
em seguida cessa o desejo, termina o egoísmo
e todo o sofrimento se esfuma.
Esse *acabar com a ignorância*, só pode acontecer
quando sabemos que Deus e eu somos Um.
Em outras palavras, identifiquem-se com o Atman,
não com as limitações humanas.
Desidentifiquem-se com o corpo e toda a dor passará.
Este é o segredo das curas.
O Universo é um caso de hipnose.
Desipinotizemo-nos e acabará o sofrimento.


Para ser livre, temos que passar pelo vício para chegar
à virtude e depois, renunciar aos dois.
Tamas há de ser conquistado por rajas
e ambos devem ser submergidos em sattwa;
depois, transcender às três qualidades.
Alcancem um estado tal
que até o seu alimento seja uma oração.


Sempre que aprenderem (ganharem algo)
das palavras de um homem, saibam que já tinham
a experiência adquirida
em existências anteriores, porque a experiência
é o único Mestre.
Todos os poderes trazem consigo
maiores sofrimentos, portanto, matem o desejo.
Ter um desejo é como introduzir
um graveto num ninho de abelhas.
Vairagyam (renúncia) é descobrir que os desejos
são pílulas douradas e envenenadas.
“A mente não é Deus”. (Sankara)
“Tat twan asi” “Aham Brahmasmi”.
(Tú és Aquele. Eu sou Brahaman).
Quando um homem realiza isto, todas as suas aflições
se aliviam e todas as suas dúvidas se desvanecem.
É impossível não sentir medo enquanto sentimos
que há alguém acima de nós, mesmo que
esse alguém seja Deus; devemos ser Deus.
O que está desunido permanecerá desunido
eternamente; se estamos separados de Deus
nunca poderemos ser Um com Ele e vice e versa.
Se, pela virtude, estamos unidos a Deus,
quando esta cesse, a desunião virá .
A união é eterna e a virtude só ajuda a levantar o véu.
Somos azad (livres) e devemos realizá-lo.
“Aquele que o ser elege” - significa que nós somos
o Ser que elegemos a nós mesmos.
Depende, o ver, do nosso próprio esforço,
ou depende de algo externo ?
Depende de nós mesmos; nossos esforços
rasgam o véu; o espelho não muda.
Não há conhecedor, conhecimento nem conhecido.
“Quem sabe que não conhece, esse O conhece”.
Aquele que tem uma teoria, nada sabe.
A idéia de que estamos ligados é só uma ilusão.
A religião não é deste mundo; consiste em purificar
o coração e seu efeito sobre este mundo, é secundário.
A liberdade é inseparável da natureza do Atman,
a qual é sempre pura e perfeita, sempre imutável.
Jamais poderemos conhecer este Atman;
nada podemos dizer Dele, senão:“ não é isto, não é isto”.
“Brahman é aquele que nunca podemos expulsar por meio
de poder algum da mente ou da imaginação”. (Sankara)


O universo é pensamento e os Vedas são as palavras
que expressam este pensamento. Nós podemos criar
ou descriar todo este universo.
Repetindo palavras, se desperta o pensamento
invisível e como resultado, se produz um efeito visível.
Assim o afirma certa seita de Karmis.
Acreditam que cada um de nós é um criador.
Pronunciadas as palavras, o pensamento a que corresponde
surgirá e o resultado se fará visível.
“O pensamento é o poder da palavra, a palavra é a expressão
do  pensamento”, dizem os *mimansakas*,
seita filosófica hindu.