Sexta Feira, 19 de julho

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Enquanto eu digo *eu e você*, tenho direito
a falar de Deus como protegendo-nos.
Quando vejo um *outro*, devo aceitar
todas as conseqüências e introduzir o terceiro fator,
o ideal, que se acha entre nós; esse é o ápice do triângulo.
O vapor se faz neve, depois água, e logo, o Ganges,
e quando vemos a água não pensamos que contém vapor.
A idéia da criação, ou  mudança,
está, inseparavelmente, conectada com a vontade.
Enquanto percebemos esse mundo em movimento,
temos que conceber uma vontade por trás dele.
A física prova a completa ilusão dos sentidos;
nada é realmente como o vemos, sentimos,
cheiramos ou degustamos.
Certas vibrações produzem certos resultados
e afetam nossos sentidos;
só conhecemos a verdade relativa.
A palavra sânscrita para *verdade*, é *existir* (sat).
Do nosso presente ponto de vista, este mundo
nos aparece como vontade e consciência.
O Deus pessoal é tanto uma entidade para Si mesmo,
como nós o somos para nós mesmos, e nada mais.
Deus pode também ser visto como uma forma,
exatamente como nós nos O vemos.
Como homens, devemos ter um Deus,
como deuses não necessitamos de nada.
Esta é a razão pela qual Sri Ramakrishna via,
constantemente, a Divina Mãe sempre presente
diante dele, mais real do que qualquer
das outras coisas que o rodeavam;
porém em samadhi tudo se desvanecia, exceto o EU.
O Deus pessoal se aproxima, e se aproxima,
até que se desvanece e não resta Deus
pessoal ou eu; tudo se submergeno EU.
A consciência é uma sujeição.
O argumento do determinismo,
declara que a inteligência precede a forma;
porém, se a inteligência é a causa de algo,
ela, por sua vez, é também um efeito.
É Maya.
Deus nos cria e nós criamos a Deus, e isto é Maya.
O círculo é contínuo; a mente cria o corpo
e o corpo cria a mente; o ovo produz a galinha
e a galinha produz o ovo; a semente produz a árvore
e a árvore produz a semente.
O mundo não é completamente diferenciado,
nem inteiramentecompletamente homogêneo.
O homem é livre e deve se colocar além dos dois lados.
Os dois estão bem em seus lugares;
porém, para ensinar a verdade,
*o ser* devemos transcender
tudo o quanto agora conhecemos da existência,
vontade, consciência, ação, atividade e  conhecimento.
Não existe uma verdadeira individualidade do *jiva*
(alma separada), eventualmente ela,
como um composto, se dividirá em pedaços.
Só o que está além de toda análise posterior é *simples*,
e só isso é verdade, liberdade, imortalidade e felicidade.
Todas as lutas pela preservação dessa
personalidade ilusória são, realmente, vícios.
Todas as lutas para perder
essa individualidade, são virtudes.
Tudo o quanto existe no universo, está tratando
de destruir esta individualidade,
seja consciente ou inconscientemente.
Toda moralidade está baseada na destruição
da separatividade ou falsa individualidade,
porque esta é a causa de todo o pecado.
A moralidade existe primeiro,
depois a religião a codifica.
Os costumes vem primeiro e atrás,
vem a mitologia para explicá-la.
Enquanto as coisas estão acontecendo,
vemos uma lei mais elevada que o raciocínio;
este tem lugar mais tarde ao tratar de compreendê-las.
O raciocínio não é o motivo, raciocinar
é um ato posterior ao *remoer*.
A razão é o historiador das ações humanas.


Buddha foi um grande vedantista (porque o budismo
foi realmente um retorno da vedanta) e Sankara
foi chamado, com freqüência, *um budista oculto* .
Buddha a analisou, Sankara fez a sua síntese.
Buddha nunca se inclinou diante de nada:
nem veda, nem casta, nem sacerdócio, nem costumes.
Raciocinou intrepidamente até onde a razão o levou.
Jamais viu o mundo, tão resoluta investigação
da verdade e tal amor por todas as coisas viventes.
Buddha foi o Washington do mudo religioso;
ele conquistou um trono somente para dá-lo ao mundo
como Washington fez com o povo americano.
Não aspirou nada para si.