Segunda Feira, 5 de Agosto

- 43 -
 

A questão é: para chegar aos estados mais elevados,
é necessário passar por todos os inferiores
ou se pode alcançá-lo de um salto ?
Os americanos modernos, gastam vinte e cinco anos
para conseguir o que seus antepassados
alcançavam em cento e cinquenta anos.
Os hindus chegam, em vinte anos, a uma altura
alcançada em oito mil, por seus antecessores.
No plano físico, o embrião percorre
a escala de ameba a homem, na matriz.
Tais são os ensinamentos das ciências modernas.
A vedanta vai mais longe e nos diz que não
só temos que viver a vida de toda a humanidade passada,
mas também a vida futura de toda a humanidade.
O homem que cumpre a primeira etapa,
é um homem instruído; o que cumpre a segunda,
é um *jinanmukta*; livre para sempre.
O tempo é, simplesmente, a medida dos nossos
pensamentos e, sendo estes inconcebivelmente rápidos ,
não há limite para a rapidez com que podemos
viver a vida futura. Por conseguinte,
não podemos dizer quanto durará toda a vida futura.
Pode transcorrer num segundo ou durar cinquenta vidas;
depende da intensidade do desejo.
Os ensinamentos, portanto, devem ser modificados,
segundo as necessidades do discípulo.
O fogo consumidor está pronto para todos.
Dêem ao homem um museude verdades
e ele tomará a que mais se adapte a ele.
As vidas passadas, modelaram nossas tendências;
dêem ao educandoo que está de acordo com suas tendências.
O intelectual, o místico, o devocional, o prático,
constituem a base; tomem um desses aspectos
como base, mas ensinem todos os outros
ao mesmo tempo.
O intelecto deve ser equilibrado com o amor,
a natureza mística com a razão,
enquanto que a prática deve fazer parte
de cada um dos métodos.
Peguem cada um onde ele se encontra
e empurrem-no para a frente.
O ensinamento religiosodeve ser sempre construtivo,
não destrutivo. Cada tendência mostra a ação
de uma vida passada; a linha, ou raio ao longo
do qual o homem deve se conduzir.
Todos os raios levam ao centro.
Nunca tentem torcer as tendências de ninguém,
porque isso faz retroceder,
tanto ao mestre quantoao discípulo.
Quando ensinam *jnanam* dever tornar-se
*jnanis* colocar-se, mentalmente, no lugar exato
onde se encontra o discípulo.
Da mesma forma, em cada uma das outras yogas.
Desenvolvam cada faculdade, como se fosse a única;
tal é o verdadeiro segredo do chamado
desenvolvimento harmonioso.
Isso significa adquirir extensão e intensidade,
mas não uma coisa às custas da outra.
Nós somos infinitos. Não há limitação
para nós e podemos ser tão intensos como o mais devoto
maometano e tão amplos como o maior dos ateus.
A maneira de conseguir isso, não é colocando a mente
num só objeto, mas desenvolvendo e controlando
a própria mente; depois, poderão dirigí-la para
qualquer ponto que os agrade.
Desse modo obterão intensidade e extensão.
Sintam *jnanam* como se fosse tudo o que existisse,
depois façam o mesmo com *bhakti*,
com *raja* e com *karma*.
Abandonem as ondas evão para o oceano;
depois poderão ter tantas ondas quantas queiram.
Controlem o lago de suas próprias mentes,
de outro modo não poderão compreender
o lago da mente alheia.
O verdadeiro mestre é aquele que pode empregar
toda sua força, na tendência do discípulo.
Sem simpatia real, nunca poderemos ensinar bem.
Descarte a idéia de que o homem é um ser responsável;
só o homem perfeito é responsável.
Os ignorantes, beberam até a última gota
da taça da ilusão e não estão em seu juízo perfeito.
Vocês, que *sabem*, tenham infinita paciência com eles.
Não sintam por eles senão amor e tratem de descobrir
a enfermidade que os faz ver o mundo de maneira
tão equivocada; ajudem a curá-los e a ver com retidão.
Lembrem-se sempre, de que só os livres possuem
o livre arbítrio; todos os demais estão escravizados
e não são responsáveis pelo que fazem.
A vontade, como vontade, está ligada.
A água que se produz ao derreterem-se os cumes
do Himalaia, é livre, mas, ao converter-se em rio,
fica presa ao seu leito; sem dúvida o impulso natural
a leva ao oceano, onde recuperará a sua liberdade.
A primeira etapa, é como a queda do homem
e a segunda, como a sua ressurreição.
Nem um só átomo encontrará descanso
até que encontre sua liberdade.
Certas imagens, ajudam a romper o elo de outras.
Todo o universo é imaginação, porém,
uma série de imaginações, cura uma série de outras.
Aqueles que nos dizem que no mundo há pecado,
sofrimento e morte, são terríveis;
porém as outras quenos repetem sempre
"Sou santo, existe Deus e não existe dor", essas são boas
nos ajudam a romper as cadeias criadas pelas outras.
A imaginação mais elevada e que melhor pode quebrar
os elos da cadeia, é a do Deus pessoal.
Om Tat Sat é o único que está além de Maya,
mas Deus existe eternamente.
Enquanto existirem as cataratas do Niágara, haverá
um arco íris; porém a água corre incessantemente.
As cataratas são o universo e o arco Íris é o Deus
pessoal, e ambos são eternos.
Maya não é existência nem não existência.
As cataratas do Niágara são o eternamente mutável.
Brahman visto através de Maya.
Os persas e os cristãos, dividem Maya em duas partes
e chamam Deus a parte boa e diabo a parte má.
A Vedanta considera Maya como um todo
e reconhece a unidade além dela: Brahman.


Maomé viu que o cristianismo estava se afastando da raiz
semita e seus ensinamentos procuram demonstrar
que o cristianismo deve ser uma religião semita,
porque sustenta a idéia de um Deus único.
A idéia ária de que "Eu e meu Pai somos um só",
lhe  causou desgosto e terror.
Na verdade, o conceito da Trindade
foi um grande adianto sobre a idéia dualista
de um Jeová para sempre separado do homem.
A teoria das encarnações é o primeiro
elo de uma corrente de idéias que conduz
ao reconhecimento da união de Deus e do homem.
Deus, aparecendo primeiro em forma humana
e reaparecendo depois, em diferentes tempos,
em outras formas humanas, é finalmente reconhecido
como residindo em cada forma humana
e em todos os homens.
O monismo é o estado mais elevado;
o monoteísmo é um estágio inferior.
A imaginação os levará ao mais elevado, mais rápida
e facilmente ainda do que o raciocínio.
Deixem que uns poucos se afastem e vivam só para Deus
e salvem a religião para o mundo.
Não pretendam ser com Janaka quando são apenas
*progenitores* da ilusão.
(o  nome Janaka significa progenitor e pertence a um rei
que, mesmo conservando  eu reinado por amor
a seu povo, havia abandonado tudo mentalmente).
Seja honestos e digam: Vejo o Ideal, mas ainda
não posso praticá-lo; não simulem renúncia
quando ainda não o tenham feito.
Se renunciaram, mantenham-se firmes.
Embora cem soldados caiam na batalha,
tomem a bandeira e levem-na adiante.
Deus é verdade de todos os modos;
não importa quem caia.
Aquele que caiu, que entregue a bandeira a outro,
pra que a faça avançar; esta nunca pode cair.
Quando estou lavado e limpo,
por que me haverão de atirar impurezas ?
Busquem primeiro o reinos dos céus
e abandonem todo o resto.
Não desejem que os agreguem algo;
alegrem-se de estarem livres de tudo.
Renunciem e saibam que o êxito é conseqüência,
embora jamais o vejam.
Jesus só deixou doze pescadores e,
sem dúvida, estes poucos destruíram o império romano.
Sacrifiquem sobre o altar de Deus o melhor
e mais puro que a terra produz.
O que luta vale mais do que aquele que nunca tenta.
Até o fato de olhar para um ser que renunciou
exerce um efeito purificador.
Agarrem-se a Deus; soltem o mundo.
Não transijam: renunciem ao mundo porque
só assim ficarão livres do corpo.
Quando os corpos morrerem,
vocês serão  *azad*, ou seja, livres.
Sejam  livres. A morte, apenas,
não é o bastante para nos libertar.
A liberdade deve ser alcançada por nossos próprios
esforços durante a vida; depois, quando morre o corpo,
não haverá mais renascimento para o livre.
A verdade deve ser julgada pela verdade e nada mais.
O  fato de fazer o bem não é a prova da verdade.
Não precisamos de uma tocha para ver o Sol.
Embora a verdade destrua todo o universo,
continuará sendo a verdade; atenham-se a ela.
O fato de praticar as formas concretas da religião
é fácil e atrai as massas; mas na realidade,
nada há nas exteriorizações.
"Assim como a aranha extrai de si mesma a teia
e de novo a absorve, do mesmo modo, esse universo
emana e é reabsorvido por Deus.