Terça Feira, 6 de Agosto
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Sem o *eu*, não pode
haver o *vocês* no exterior.
Partindo desse princípio,
alguns filósofos
chegaram à conclusão
de que o mundo externo não existe,
senão no sujeito;
que o ele só existe em função do eu.
Outros argumentaram que
o *eu* só pode ser conhecido
mediante o *você*,
e com igual lógica.
Ambos os pontos de vista
são, parcialmente certos;
cada um é falso numa
parte e correto em outra.
O pensamento é tão
material
e está tanto na natureza,
quanto o corpo.
A matéria e a mente
existem numa terceira;
uma unidade que se divide
nas duas.
Esta unidade é o
Atman, o Eu real.
Existe
o ser, uma incógnita que está
se manifestando como mente
e matéria.
Seus movimentos no plano
visível, estão presos
a certas linhas fixas, chamadas
leis.
Como unidade, é livre;
como pluralidade está
ligado pela lei.
Sem dúvida, apesar
de todas essas limitações,
uma idéia de liberdade
está sempre presente,
e isto é *nivritti*,
ou o abandonar o apego.
As forças materializantes
que, mediante o desejo,
nos levam a tomar parte
ativa nos assuntos mundanos,
são chamadas *pravritti*,
ou ir ao encontro do apego.
Ação
moral é aquela que nos livra dos laços da matéria
e vice e versa.
Este mundo aparece como
infinito porque tudo
está num círculo;
tudo volta ao seu ponto de partida.
O círculo se completa,
por isso não há aqui,
descanso nem paz, em lugar
nenhum.
Devemos afastar-nos.
Mukti é o único
fim a que devemos alcançar.
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O mal
muda de forma, porém permanece
o mesmo em qualidade.
Nos tempos antigos governava
a força; hoje é a astúcia.
A miséria, na Índia,
não é tão grave quanto na América,
porque aqui, o pobre vê
um contraste maior
entre sua má condição
e a dos outros.
O bem
e o mal se acham intrinsecamente ligados,
e não se pode ter
um sem ter o outro.
A soma total de energia
neste universo, é como um lago;
cada onda produz, inevitavelmente,
uma depressão correspondente.
A soma total permanece absolutamente
a mesma;
assim, fazer feliz um homem,
é fazer a outro desgraçado.
A felicidade externa é
material e sua provisão é fixa,
de modo que ninguém
pode obter
um grão de areia
sem pagar por isso.
Só a felicidade para
além deste mundo material,
pode ser obtida sem a perda
de ninguém.
A felicidade material é
unicamente uma transformação
do sofrimento material.
Aqueles
que nasceram numa onda e se mantém nela,
não vêem a
depressão nem o que nela há.
Nunca pensem que podem melhorar
o mundo
ou fazê-lo mais feliz.
O boi atado ao moinho, nunca
alcança o feixe de feno,
atado diante dele; só
moi as sementes.
Do mesmo modo, perseguimos
o fogo fátuo
da felicidade que sempre
nos escapa, e só moemos no moinho
da natureza, e depois morremos
para começar de novo.
Se pudéssemos nos
livrar do mal, nunca chegaríamos
a vislumbrar algo
mais elevado; ficaríamos satisfeitos
e já não lutaríamos
para obter a liberdade .
Quando o homem vê
que toda a perseguição da felicidade
na matéria, é
insensatez, a religião começa.
No corpo
humano estão tão equilibrados o bem e o mal,
que, se o homem quiser,
pode se libertar de ambos.
O livre
nunca se escravizou; perguntar-lhe
como conseguiu a liberdade
é uma coisa ilógica.
Onde não há
escravidão, não há causa e efeito.
"Sonhei que era uma raposa
e que um cão me perseguia ".
Como posso agora, perguntar
por que o cachorro me perseguia ?
A raposa era parte de um
sonho e como conseqüência
lógica, surgiu logo
um cão, porém ambos pertencem
ao sonho e não tem
existência fora dele.
A ciência e a religião
são tentativas para ajudar-nos
a sair do cativeiro; só
que a religião é mais antiga
e temos a superstição
de pensar que é a mais santa.
De certa forma é,
porque faz da moralidade
um ponto vital, enquanto
que a ciência não.
"Bem
aventurados os puros de coração,
porque eles verão
a Deus".
Esta única sentença
bastaria para salvar a humanidade,
mesmo que todos os livros
e profetas desaparecessem.
Tal pureza de coração,
trás uma visão de Deus.
É o tema de toda
a música desse universo.
Na pureza não existe
prisão.
Arranquemos, por meio da
pureza, os véus da ignorância,
e então nos manifestaremos
como realmente somos
e reconhecemos que jamais
estivemos ligados.
O fato de ver os muitos,
é o grande pecado de todo o mundo.
Vejam tudo como o Eu, e
amem a tudo;
dispam-se de toda idéia
de separatividade.
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O homem
diabólico, é uma parte do meu corpo,
da mesma forma que uma ferida
ou uma queimadura.
Temos que tratar de melhorá-lo;
assim, continuamente
cuidar de ajudar o homem
diabólico, até que ele se cure
e de novo, se sinta são
e feliz.
Enquanto
pensamos no plano relativo, temos o direito
de crer que, como corpos,
podemos ser atingidos pelas coisas
relativas e, igualmente,
que podemos ser ajudados por elas.
Esta idéia de ajuda,
quando é abstrata, é o que chamamos Deus.
A soma total de todas as
idéias de ajuda, é Deus.
Deus
é o composto abstrato de tudo o que é misericordioso
e bom, e capaz de prestar
ajuda; essa deveria ser a única idéia.
Como Atman, não temos
corpos; portanto dizer:
"eu sou Deus e veneno não
pode me matar", é um absurdo.
Enquanto há um corpo
e nós o vemos,
não realizamos a
Deus.
Pode um pequeno rodamoinho
continuar existindo,
quando o rio já secou
?
Peçam ajuda e a obterão,
e no final, compreenderão
que o pedido de ajuda se
desvanece,
e também o Ajudador;
o jogo termina; só o Eu resta.
Uma vez
conseguido isso, voltem a jogar para seu prazer.
Este corpo já não
poderá causar dano,
porque só quando
as forças negativas
estiverem queimadas, chegará
a liberação.
Todas as impurezas foram
queimadas e só resta
" chama sem fumaça
e sem calor ".
O impulso
dado, sustenta o corpo, porém esse só pode
fazer o bem, porque o mal
desapareceu totalmente,
antes que a liberdade chegasse.
O ladrão moribundo,
na cruz,
colheu os efeitos de suas
ações passadas.
Havia sido um yogi e teve
sua queda;
então teve que nascer
outra vez; voltou a cair
e se tornou um ladrão;
porém o bem que havia feito
anteriormente, frutificou,
e encontrou Jesus,
no instante em que podia
alcançar a liberação
e uma única palavra
o tornou livre.
Buddha
liberou ao seu maior inimigo, porque este
o odiava tanto (a Buddha)
que constantemente
pensava Nele; tal pensamento
purificou a sua mente
e o deixou em condições
de receber a liberação.
Portanto, pensem em Deus
todo o tempo e isto os purificará.
FIM
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