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Características gerais
texto do trabalho Modernismo

O Modernismo é o Movimento literário que compreende um grupo variado de correntes estéticas de vanguarda, como o Dadaísmo, o Surrealismo e o futurismo. É uma tendência dinâmica, indicando a necessidade de renovação e a crença de que é possível uma superação constante, baseada na idéia da 'modernidade' contra a tradição e do antigo. O séc. XX tem-se caracterizado como uma época de mudanças radicais, com a preocupação de substituir os valores antigos e levar a pesquisa ao campo de todas as atividades humanas. No campo literário, a atitude moderna da época presente em oposição às antigas coloca acima de tudo o particular, o local, a circunstância, o pessoal, o subjetivo, o relativo e a diversidade. Assim configurada a atitude moderna, a literatura contemporânea atingiu um estágio em que as constantes estruturais e ideológicas obedecem a esse teor.

Enumerando, o modernismo provocou:

01. Abalo de valores éticos e morais que se constituíam no eixo ideológico do início do século (Guerra de 1914).

02. Integração cultural do Brasil.

03. Conscientização dos problemas sociais da realidade brasileira.

04. Luta contra o ufanismo nacionalista ( "O Rei da Vela" - peça satírica).

05. Sincretismo de tendências.

06. Desenvolvimento do romance de tendência regionalista, já iniciado por Távora (regionalismo do Nordeste) e por Taunay e Bernado Guimarães (Brasil Central).

07. Romance de tendências universalizantes.

- O homem em toda a sua incerteza contemporânea.
- O homem esmagado pelas forças sociais que o geram.

08. Ineditismo de linguagem - Marinetti tinha proposto a proscrição da sintaxe, da pontuação do adjetivo do advérbio.

 

Segundo Afrânio Coutinho

(a) impessoalidade: o autor ausenta-se da narrativa, dando maior impressão de realidade;

(b) a ação e o enredo cederam em importância às emoções, estados mentais e reações dos personagens;

(c) a temática passou dos assuntos universais para os particulares, individuais, específicos;

(d) a seleção do material inclui todos os motivos e assuntos, mesmo os abjetos e vis;

(e) a caracterização variou, aumentando o interesse pelos estados mentais, pela análise profunda do eu, pelo fluxo da consciência, em vez das exterioridades, do retrato e da ação ostensiva;

(f) a literatura tornou-se cada vez mais subjetiva e interiorizada, feita de experiências mentais;

(g) a sugestão e a associação, a expressão indireta, são os meios mais comuns de expressão.

 

- Características Gerais da literatura Moderna

A) LIBERDADE DE EXPRESSÃO
A importância maior das vanguardas residiu no triunfo de uma concepção inteiramente libertária da criação artística. O pintor, o escritor ou o músico não precisam se guiar por outras leis que não as de sua própria interioridade e seu próprio arbítrio. A liberdade só poderá ser cerceda por regimes autoritários que proibem a circulação dos objetos artísticos. Caso contrário, todas as normas foram abolidas.

B) INCORPORAÇÃO DO COTIDIANO
Uma das maiores conquistas do modernismo, a valorização da vida cotidiana traz para uma abertura temática sem precedentes pois, até então, apenas assuntos "sublimes" tinham direito indiscutível ao mundo literário. Agora, o prosaico, o diário, o grosseiro, o vulgar, o resíduo e o lixo tornam-se os motivos centrais da estética modernista. A aventura do cotidiano leva o artista a romper com os esquemas de vida burguesa. Ele descobre o folclórico e o popular, elementos dos quais se apropiará, muitas vezes indevidamente. Acima de tudo, o artista está consciente de que todos os objetos podem se tornar literários.

C) LINGUAGEM COLOQUIAL
Este anticonvencionalismo temático, esta dessacralização dos conteúdos encontra correspondência na linguagem. Além das inovações técnicas, alinguagem torna-se coloquial, espontânea, mesclando expressões da língua culta com termos populares. Liberto da escrita "nobre", o artista volta-se para um estilo prosaico, que admite "erros" gramaticais e palavras comuns.

D) INOVAÇÕES TÉCNICAS
O rompimento com os padrões culturais do século XIX implicaria no surgimento de novas técnicas de escritura, tanto no domínio da poesia, quanto no da ficção. As principais conquistas foram:

- O verso livre: o verso já não está sujeito ao rigor métrico e as formas fixas de versificação, como o soneto, por exemplo. Também a rima se torna desnecessária.

- A destruição dos nexos: os chamados nexos sintáticos, preposições, conjunções, etc. São eliminados da poesia moderna, que se torna mais solta, mais descontinua e fragmentária e, fundamentalmente, mais sintética. No plano da prosa, essas elipses geraram o estilo telegráfico: frases curtas e sincopadas.

- A enumeração caótica: consiste no acúmulo de palavras que designam objetos, seres, sensações, vinculados a uma idéia ou várias idéias básicas, sem ligação evidente entre si.

- O fluxo de consciência: técnica narrativa estabelecida por Edouard Dujardin e sacramentada por James Joyce. Trata-se de um monólogo interior levado para o texto de ficção sem qualquer obediência à normalidade gramatical, à lógica e mesmo à coerência. É a mente do personagem revelada por ele próprio, sem nenhum tipo de barreira racional.

- A colagem e montagem cinematográfica: ainda no campo da narrativa, valoriza-se a fragmentação do texto, sua montagem em blocos, a "colagem" de notícias de jornais, cartazes, telegramas, etc. No corpo dos romance, como o fez Jonh dos Pasos na trilogia U.S.A . Ou ainda a utilização de várias vozes narrativas (1ª, 2ª, 3ª pessoas no mesmo livro) nas experiências de Faulkner (Enquanto agonizo, O som e a fúria).

- A eliminação dos sinais de pontuação: os sinais tornam-se facultativos, com o escritor subordinado ao uso de pontos, vírgulas, travessões, etc. A uma disposição estilístico- -psicológica e não a regras gramaticais. Sua eliminação freqüente, visa dar ao texto um aspecto de caótico ou febril.

E) AMBIGÜIDADE
O discurso literário perde o sentido "fechado" que geralmente possuía no século passado. Ou seja, ele oferecia ao leitor apenas um sentido, uma interpretação. Agora, ele tem um caráter variado e polissêmico. Uma rede de significações, que permite múltiplos níveis de leitura. É a chamada obra aberta, obra que não apresenta univocidade.

F) PARÓDIA
Os modernistas realizam um releitura de textos famosos do passado, reescrevendo-os em forma de paródia. Um dos livros de crítica literária de Mário de Andrade chama-se A escrava que não é Isaura, numa evidente alusão ao conhecido relato de Bernado Guimarães.

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Resumidamente as características de cada fase será mostrada logo a seguir, porém, o próximo capítulo apresentará de forma mais detalhada as fases do modernismo, características individuais e autores importantes.

1ª Geração 1922-1930

- Revolução estética.
- Movimento demolidor e sarcástico, mais pitoresco do que profundo.
- Sentido trpicalista, desmistificador.
Oswald de Andrade: "PAU-BRASIL".
Mário de Andrade: "MACUNAÍMA", "MARTIN CERERÊ".
Cassiano Ricardo: "DEIXA ESTAR, JACARÉ", etc.

2ª Geração 1930-1940

- Movimento de balanço, geração mais crítica.
- Desenvolvimento da ficção regionalista (José Lins do Rego, Raquel de Queiroz, José Américo, etc.)

3ª Geração 1945 até os nossos dias

Morte de Mário de Andrade.
- Momento de cristalização e equilibrio de valores.
- O regionalismo com tendências universalistas.
- Já se mescla com o neo-modernismo: interesse mais universal.

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