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Como diria Egypcio, o bicho vai pegar! Poucas bandas brasileiras conseguiram tanta exposição em um disco de estréia quanto o Tihuana com
"Ilegal", de 1999. "Pula!", "Tropa de elite", "Praia nudista", "Que vés?", "Clandestino", foram muitas as músicas de boa execução nas rádios roqueiras de Norte a Sul do Brasil. E isso de uma banda montada das cinzas d'Ostheobaldo, que estourou "Arrasa-quarteirão" e implodiu, em 1998. O cantor Jonny seguiu seu caminho e os cariocas Léo (guitarra), PG (bateria), Román (baixo, este um torcedor do Boca Juniors disfarçado) e o baiano
Baía (percussão) encontraram o paulista Egypcio e montaram uma nova banda. O nome, uma perversão da cidade mexicana onde o primeiro o
mundo encontra o terceiro, traz consigo um sabor latino e eventualmente caribenho do grupo.
Pois o Tihuana tira de letra o tal teste do segundo disco (mesmo porque "A vida nos ensina" é o quarto trabalho para quatro quintos da banda), dosando mais os ataques de metal aeróbico com balançadas levadas jamaicanas e, quem diria - para um bando de marmanjos que agradecem a cinco estúdios de tatuagem no encarte do disco -, muita sensibilidade.
O disco começa calmo e reflexivo, com o reggae "Por que será", que ganha um ar andino devido ao som da flauta de Emilio Tarankon, e cujo arranjo cresce na medida em que Egypcio filosofa, mostrando outro lado de sua maneira de interpretar. O baixo firme de Román abrilhanta a levada. O momento cabeça continua em "Desaparecidos", versão de "Desapariciones", do superastro panamenho Rúben Blades. Aqui, a banda passeia pela Plaza de Mayo, em Buenos Aires, lembrando os desaparecidos durante os períodos de ditadura militar na América Latina e no mundo. Assim como fez com "Clandestino", de Manu Chao, o Tihuana mostra ao Brasil como existe boa música em um idioma próximo do português, retratando uma realidade que todos conhecemos.
O momento pelo qual os fãs de "Pula!" e "Tropa de elite" estavam esperando surge na terceira faixa, onde Léo puxa um de seus riffs de guitarra e a banda tem seu momento de Anthrax - uma das melhores bandas da história do thrash - em "Jamaica no problem". É festa da pesada, com o jeitinho sutil do Tihuana. Mas a bagunça não dura muito: "Uma noite" é uma balada densa, quase triste, puxada por um belo dedilhado de guitarra. No mesmo clima é o reggae "A reza", mais uma desculpa para Román esmerilhar o baixo e a dupla PG-Baía brincar nos tambores: a canção entra com sutileza na discussão sobre o papel da religião. Mais festa? Nada disso, o Tihuana continua no Caribe, desta vez com a ajuda de um belo naipe de sopros. Mais uma canção lenta, "Calcanhar", que cresce no arranjo e contém a frase que dá nome ao disco.
Agora sim, é a hora da garotada sair do chão mais uma vez. Baixo, percussão, guitarra e sopros mandam bala, em uma canção com a assinatura do Tihuana: "Campo minado". Metais e baixo marcam as estrofes, enquanto a dupla guitarra-bateria (atrás dos berros de Egypcio, naturalmente) solta os bichos no refrão. É bom aquecer o pescoço. O peso misturado ao suingue continua em "Não vou me entregar", puxada por outro riff de guitarra dos diabos de Léo. E esta faixa conta ainda com a participação especial nos vocais de Belex (Orbitais). Brasil, Califórnia, Jamaica, todos se encontram como em uma esquina qualquer. "Kolô", que vem em seguida, é uma espécie de hino da banda, que anuncia sua blitz nos primeiros versos. A voz é levada em versos de rap, na adrenalina e no peso do instrumental. Uma massa sonora com a cara que só um quinteto carioca – paulista baiano-argentino poderia ter.
Embicando em direção ao final do disco, "Estrelas" acalma os ânimos e mostra mais uma letra bem sacada (só pode ser a idade...) dos rapazes. "Pra você ver o mundo lá fora/Com você o amor não tem hora/Pra fazer tudo agora/Viver pra aprender". Quem ouvir distraído até suspira quando acabar. Mesmo porque o CD se encerra com uma pérola instrumental, "V.C.L.", uma linda levada de violões.
Em 36 curtos minutos, "A vida nos ensina" dá o seu recado e já pode ser ouvido de novo. E de novo. E mais uma vez...
Bernardo Araujo
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