DOM
VALENTINO BALDISSERA

Nascido em 1840, em Gemona Del Friuli,
Itália, único
herdeiro da parte da mãe
da riquíssima família Modesti, de
Maiano, mais que um sacerdote
foi um apaixonado estudioso
de história local. Competente autor
de muitas publicações,
exímio historiador, pintor, professor.
Estudou em Roma, no prestigioso Colégio
Pontifício
e, em 1863, rezou a sua Primeira Missa na nossa Catedral. Muito
jovem ainda, ficou só no mundo: os seus pais e seu irmão
morreram todos de tuberculose. A tuberculose foi diagnosticada
também nele, e um médico de Trieste o aconselhou a gozar um
pouco a vida antes de morrer. Assim sendo, Dom Valentino girou
a Itália e a Europa (inclusive Londres), de Norte a Sul e de Leste
a Oeste;
conheceu muitas personagens com as quais, depois, se
manteve em contato
epistolar, enriquecendo-se culturalmente e... esqueceu-se de morrer.
De volta a Gemona, dedicou-se a por em ordem o arquivo municipal.
De 1877 a 1892, ensinou Italiano e Francês nas Escolas Superiores locais.
Deu a Gemona os seus
4.000 livros,
fundando, assim, a Cívica Biblioteca Glemonense. Escreveu uns
sessenta opúsculos sobre a história de Gemona e muitíssimos artigos. Esteve
em constante contato amigável com escritores e cientistas italianos (Josué
Carducci, Giovanni e Olinto Marinelli, Antonio Fogazzaro, Vittoria Aganoor -
Pompili, Ronaldo Stringher, etc...) e estrangeiros (Teodoro
Mommsen, P. Kandler,
J. V. Zahn, Diretor dos Arquivos do Estado de Viena...).
Por sua apaixonada dedicação às pesquisas, conseguiu também pesquisar os seus próprios antepassados, compilando uma árvore genealógica que se inicia no ano 1200.
Dom Valentino Baldissera, que sempre nos foi apresentado como um estudioso
austero, tinha também algumas fraquezas que o tornam mais humano: em períodos
alternados dormia em três quartos diferentes, um no seu palácio, um no seu
atelier de pintura e um na casa Stroili, nas proximidades da Prefeitura
Municipal. Tinha feito dispor as suas três camas na direção da
agulha
magnética, com a cabeceira para o Norte, convencido de que isto lhe faria bem.
Ainda antes de Freud, em folhetos, procurava dar uma interpretação
analítica aos próprios sonhos, convencido de que tivessem um significado
inconsciente. Também, nos últimos anos de
vida, continuava a vestir a batina,
já em desuso havia dezenas de anos, com chapéu grande na cabeça.
Faleceu em 1906, deixando todos os seus bens
ao orfanato e ao asilo, instalados em sua casa de Zúcola, na Rua
Sottocastello,
os quais, posteriormente, receberam o seu nome: "Orfanotrofio
Baldissera Modesti".
Esta construção ruiu com o terremoto de 1976, e em seu lugar, hoje, funciona
uma escola elementar. Hoje, a praça ao lado se chama Praça Baldissera.
Era tão ligado a Gemona e à sua casa de Zúcola que quis também representá-la
em cartão postal.
Traduzido do livro "Gemona Gemona Gemona", de Tito Cancian, por Rafael Baldissera.