CENTRAL  DE  QUADRINHOS  BRASILEIROS - Super-heróis brasileiros 1 

              
     

Acima: O Capitão 7 dos quadrinhos, Aires Campos fantasiado de Capitão 7, e a capa do nº 1 do gibi, de 1959, produzido por Jayme Cortez e Júlio Shimamoto. Repare como o herói tem a mesma fisionomia do Flash Gordon...

Abaixo: O Capitão Estrela num desenho do autor deste texto, Antonio Luiz Ribeiro. Em seguida, três quadrinhos, desenhados por Juarez Odilon.
    



    

  

Capítulo 1:  CAPITÃO  7       
(Por Antonio Luiz Ribeiro)


Embora os super-heróis de histórias em quadrinhos existissem nos Estados Unidos desde os anos 30, só nos anos 60 eles pegaram para valer no Brasil. Foi quando, para pegar carona no sucesso dos heróis Marvel da EBAL, os editores pequenos brasileiros, em parceria com desenhistas locais, resolveram também criar seus clones.

Mas o primeiro super-herói brasileiro surgiu, na verdade, nos anos 50 e não nos quadrinhos, mas na televisão. Trata-se do CAPITÃO SETE, que nasceu na TV Record de São Paulo (não confundir com a Record atual, do bispo) e foi exibido entre 1958/59. Foi criado pelo ator Aires Campos, que também o interpretava. No início, o Capitão Sete não era um super-herói como conhecemos. Fazia mais um tipo Flash Gordon, que foi evoluindo a cada episódio. A princípio, o personagem não voava, usava espadas e pistolas.

Aires Campos era um ator de visão empresarial, semelhante ao Maurício de Souza. Patenteou o personagem, licenciou-o para vários produtos e arranjou um patrocinador, o leite Vigor. A próxima etapa seria transformar o Capitão Sete em heróis de gibi. Campos licenciou o personagem para a Editora Continental. A adaptação ficou a cargo do diretor artístico da editora, o hoje lendário Jayme Cortez. Este, ao que parece, se preocupou em dar mais vida e conteúdo ao personagem do que o próprio criador, pois a única e exclusiva preocupação de Campos era ganhar muito dinheiro com seu personagem, seja através da TV ou da fábrica de uniformes do herói. E deu certo, pois o ator-empresário ficou rico.

Foi Jayme Cortez que transformou o capitão Sete num herói voador e, junto com seu grupo de desenhistas, bolou as histórias – todas quase sempre com texto final do redator Hélio Porto. A origem do Capitão Sete foi apresentada no nº 1 (1959), desenhada por um jovem Júlio Shimamoto. Entre os principais desenhistas estavam Getúlio Delfin e Juarez Odilon, mas também estavam lá Osvaldo Talo e Sérgio Lima. Já na equipe de roteiristas, além dos já citados, encontravam-se o mestre Gedeone Malagola e Helena Fonseca.

Segundo a origem, o capitão Sete era, na verdade, um químico nerd chamado Carlos, namorado da filha de um figurão da Interpol, Silvana. Quando garoto, Carlos foi levado para o Sétimo Planeta, onde desenvolveu super-poderes como super-força, poder de vôo e uma inteligência excepcional. Guardava seu uniforme comprimido numa caixa de fósforos.

O gibi do Capitão Sete durou até 1964. No início dos anos 80, a Grafipar, de Curitiba, tentou revitalizar o raio Negro. Se desse OK, outros heróis certamente também seriam revividos, entre eles, quem sabe, o Capitão Sete. Infelizmente, o revival do Raio Negro fracassou, devido ás dificuldades financeiras da editora (recessão dos anos 80) e sua conseqüente quebra, infelizmente.

(originalmente publicado no fanzine ZONA TOTAL nº 4, de julho/1998).

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Capítulo 2:
CAPITÃO  ESTRELA

(Por Antonio Luiz Ribeiro)


Com o sucesso da série de Tv do Capitão 7, a fábrica de brinquedos Estrela resolveu investir num super-herói próprio. Surgia assim, num horário diferente, o CAPITÃO ESTRELA. Assim como o Capitão 7, o novo personagem virou, além de televisivo, também um herói multimídia, chegando, inclusive, a ganhar seu próprio gibi em 1961, a revista “Fantasia”, editada pela mesma Editora Continental do Capitão 7, inclusive com os mesmíssimos desenhistas (liderados por Jayme Cortez).

Apesar de aparentemente ter tudo para dar certo, o capitão Estrela acabou não agradando o público leitor, e sua revista só durou oito números. Seu uniforme vermelho, o bigodinho e o jovem parceiro, lembravam muito a dupla de super-heróis americanos Escarlate e Pinky.


Apesar de ter durado pouco, ESTRELA é sempre lembrado por quem cresceu lendo gibis nos anos 60. Foi uma época ainda não monopolizada pelos super-heróis Marvel/Abril, um tempo onde os heróis brasileiros ainda tinham chance. E a Editora Continetal/Outubro tinha tomado uma decisão importante naquele tempo: só trabalharia com desenhistas brasileiros. Juarez Odilon, um dos desenhistas da casa, era o criado do capitão Estrela. Trabalhou anteriormente para a RGE, no final dos anos 50 e início dos 60, desenhando de tudo, ao ponto de suprir a falta de material americano para séries como BLACK RIDER (Cavaleiro Negro) e THE FHANTON. Depois da Continental, Juarez ingressou na EBAL, como ilustrador e capista, mas chegando a desenhar HQs de O JUDOKA.

(originalmente publicado no fanzine ZONA TOTAL nº 5, de setembro/1998)

- A seguir: Raio Negro e Homem Lua.

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