A Volta da Fluminense e da Kiss FM (inédito)

Por Marco Antonio Ribeiro

Hoje, 24 de julho de 2.001, eu li na newsletter da Usina do Som que a rádio Fluminense está de volta, desde ontem às 23h. A diferença é que ela vai funcionar em AM "em caráter experimental". "Ainda estamos resolvendo questões técnicas para melhorar a qualidade das transmissões", anunciou Cristóvam Neuman, diretor da Jovem Rio FM, que atualmente ocupa o mitológico endereço 94,9 Mhz no dial carioca. A nota ainda diz que "em breve deve ser divulgada a chegada de um nome historicamente ligado à chamada "Maldita" para atuar como programador da nova Fluminense.

Na semana passada, Luis Antonio Mello, criador da legendária emissora, escreveu um editorial no site da Rocknet - do qual é diretor geral - que não fora avisado pela direção da Rádio Fluminense da existência de tal projeto. " Teria que ser avisado? Não, eles não tem que dar satisfações a ninguém", escreveu Mello. "Soube da 'volta da Maldita' através de e-mails de ouvintes da Rocknet, alguns questionando se a Fluminense AM pode juridicamente utilizar o nome 'Maldita'", continua ele. "Pode sim. Apesar de ter sido criado por mim, Serginho Vasconcellos e Amaury Santos na madrugada de 1o. de março de 1982, o slogan "Maldita" está registrado no INPI pelos donos da Rádio Fluminense". Mistérios e segredos à parte a questão é: estaria havendo um novo modismo "radiofônico" no qual a bola da vez seriam as chamadas rádios "classic rock", ou será que é uma nova tendência que vem por aí neste novo milênio?

Há pouco mais de 20 dias a rede CBS (Comunicações Brasil Sat, dona de várias emissoras segmentadas em São Paulo) promoveu algumas mudanças em seus vários canais de FM na região metropolitana e que resultaram na volta de uma de suas criações: a Kiss 102 FM, agora sob a direção de Ademar Altieri, ex-diretor de jornalismo da Rádio Eldorado AM.

Ao contrário das duas outras tentativas, em que a rádio se limitava apenas a tocar músicas dos anos 60, como se fosse um canal de streaming na internet. A locução é coloquial e descontraída - sem ser piegas como de certas rádios que se dizem "de rock". A programação está bem no espírito da rádio, embora ainda falte para eles descobrir o que vai rolar na área do rock nacional. Na verdade, a Kiss lembra muito a original Fluminense FM. Só para não dizer que é perfeita de tudo, posso citar dois defeitos. É calcado em emissoras no estilo "classic rock" americanas. As vinhetas - com um forte sotaque em inglês - nada tem a ver com o contexto da rádio. Mas estes não chegam a ser um problemas, desde que eles não queiram imitar tudo que as emissoras similares fazem lá fora. Se isto acontecer, vai ficar ridículo.

De qualquer forma, estas duas novidades são ótimas para o rádio. Aqui em São Paulo, o bochicho sobre a Kiss é fortíssimo. Muita gente que conheço parou de ouvir as emissoras chamadas "adulto-contemporâneas", que eram as que melhor cobriam este segmento. Aqueles que não suportavam mais FM por causa da 89 e congêneres, religaram seus sintonizadores. Tem rádio que já começou a se incomodar e está mexendo na programação (de leve...). O que a gente espera é que o pessoal da Kiss e da nova Fluminense tenham êxito, que possam transformar esses canais em marcos permanentes da radiodifusão no Brasil e que não se iludam com as tentações do mundo do disco nem se amedrontem com as dificuldades do mercado publicitário no rádio.
Cá pra nós, eu não quero - e que você também não - que elas tenham o mesmo destino da Bandeirantes FM, da Nova Excelsior FM e da Globo FM, que foram cruelmente assassinadas simplesmente porque seus "proprietários não tiveram a paciência de ver estas frondosas árvores gerarem grandes frutos.

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