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A MENINA POR
TRÁS
DE V.I.C.I.
Encantadora e
adorável, mas uma estraga-prazeres para a concorrência, Tiffany Brissette foi a
garota escolhida para o difícil papel de incorporar uma menina robô no seriado
Small Wonder (Super Vicki). Tal papel lhe foi confiado devido à equipe de funcionários e
roteiristas quer confiaram em seu talento precoce.
Sendo a primeira a chegar ao set de filmagem a fim de que seus cabelos (muito
cheios) pudessem receber tratamento adequado para encarnar a menina robô e
também devido à arrumação dos trajes, Tiffany (Vicki) era, nos bastidores, uma criança
muito educada, alegre, espirituosa, mas, ao mesmo tempo, reservada. Diferente de
Dick Christie (Ted Lawson) que era um pouco descuidado e muito brincalhão, ou
Marla Pennington (Joan Lawson) que era um tanto introspectiva e meio desligada,
ou Jerry Supiran (Jamie Lawson) que era endiabrado, ou Emily Schulman (Harriet
Brindle) que
era super agitada, Tiffany refletia a discrição, quietude e seriedade dos
produtores. Como se estivesse em constante aprendizado, Tiffany era
perfeccionista, bastante cordial e recíproca com o carinho das pessoas tão bem
quanto lê o script, mas
não gostava quando acabava se enrolando em alguma cena e, às vezes, ficava
visivelmente irritada quando alguém fazia uma cena em tom de brincadeira, tendo
que repetir tudo de novo. Seu interesse era até compreensível no contexto de que
Super Vicki era o "seu programa", mesmo que ironicamente a participação de sua
personagem fosse pequena em comparação ao
restante dos personagens principais.
Ela
era consciente de sua pequenez em se tratando de estágios e escolas de teatro,
então, um ano antes de começar o espetáculo, ela se viu forçada a amadurecer
além de seus anos de modo a não figurar "como uma pequena criança".
Isto não era uma questão
de vaidade, especialmente em Hollywood onde
não se poderia
imaginar, por exemplo, os produtores no teste de atores de Beverly Hills 90210
(no Brasil, Barrados no Baile) falando na escalação de Super Vicki "Você é
perfeito, mas nós não podemos ter nossos atores se comportando como crianças do
primário". Horas extras de trabalho, fama, e algumas vezes recepções não muito
amigáveis feitas por colegas da escola, ciumentos devido ao sucesso da garota,
fizeram de Tiffany uma menina mais cautelosa e retraída, principalmente na
última temporada, mas felizmente não muito defensiva. Por fim, seu jeito imaturo
acabou sendo moldado rapidamente e essa precocidade acabou destacando Tiffany
dos demais atores mirins da época e a ajudou a despertar confiança na hora de
ser contratado por empresas publicitárias, contribuindo para seu rápido sucesso
em comerciais.
É
bastante provável que toda menina que fosse ser escolhida para interpretar Vicki
Lawson teria que ter um pouco da personalidade de Tiffany Brissete pois o papel
da menina robô era algo inédito na TV e considerado difícil de se fazer. Não se
pode imaginar, por exemplo, as atrizes principais dos seriados Blossom,
Punky Brewster ou mesmo Moesha se fazendo de coadjuvante e
servindo de suporte para os outros personagens (daria muita briga), mas Tiffany
Brissette se prestou a esse papel sem reclamar. A frustração de apenas servir de
suporte deve ter pesado e muito na carreira de Tiffany após o seriado Super
Vicki, embora isso nunca a tenha frustrado
(jamais sequer discutiu com alguém sobre alguma possível insatisfação, ao
contrário do que alguns fazem), embora ninguém
a culpasse se assim o fizesse. Poucas garotas ingênuas e provavelmente
nenhum ator mirim veterano teria aceitado, muito menos suportado, o papel
inédito e difícil sem reclamar, já que alguns atores da mesma categoria estavam
atrás de trabalhos merecedores de prêmios. A mãe de Tiffany era uma mulher super
devotada ao trabalho da filha e bastante animada também. As pessoas logo viram de onde Tiffany
tinha herdado seu humor, cortesia e força.
Além de possuir um
caráter luminoso, Tiffany era muito inteligente no senso técnico de compreensão
e aceitação dos limites que existem por trás do papel de robô e curiosamente ela
acabou se tornando autodidata em assuntos relacionados à robótica e computadores
em geral. Uma situação memorável em que ela, durante um show beneficente de nome
Putting on the Kids onde, de improviso, Brissette encarnou a personagem Vicki e
fez, de forma bem séria, uma observação técnica sobre computadores. Isso foi um
tanto assombroso e mostrou o tipo de pessoa que ela era, especialmente quando
havia pessoas do meio artístico que eram semelhantes a ela: "Eu nunca pude
brincar com isso!" disse uma vez. Tiffany também zombava de si mesma quando interpretava Vanessa
Lawson ("irmã" gêmea má de Vicki), quando ela imitava, de forma irônica, o jeito
de Vicki se comportar nos episódios ""The Bad Seedling" and "Hooray for Hollyweird."
Para a maior parte
dos roteiristas, em especial os do tipo independente, havia um consenso de que o papel
de Vicki era bastante limitado para Tiffany e eles sempre procuravam colocar
cada vez mais linhas de fala e tentavam adaptar tudo dentro das restrições
impostas por Howard Leeds (o criador do seriado) e do formato juvenil do
espetáculo. Uma solução foi Vanessa Lawson, entretanto Tiffany e o elenco em
geral não foram informados sobre o intento de se adicionar o grande (mas
futuramente frustrado) papel da arrogante Vanessa e, em especial, sobre algumas
idéias que circulavam fora do show. Até mesmo a confiante Tiffany saltaria e
cairia de joelhos jurando ter ela captado ventos de maturidade nos scripts com
Vicki no formato de Vanessa que regularmente lançou Leeds (o "pai" do seriado)
para fora da cesta, mas os roteiristas brincam uns com os outros, até mesmo
sobre
conceitos fascinantes. Há um debate, comumente rotulado de "Sabores de Tiffany",
no qual a mítica 5ª Temporada iria sugerir
que Ted Lawson criaria
várias encarnações de Vicki e as dispersaria para amigos ao redor do mundo como
forma de teste - versão Beta. Você teria uma Vicki japonesa, alemã, indiana,
argentina, queniana e assim por diante... Todas sendo feitas por Tiffany
Brissette e que seriam mostradas em cenas curtas, mas engraçadas. Imagine os
episódios "I Dream of Vicki" (paródia do seriado Jeanne é um Gênio) e "Geisha
Vicki" lado-a-lado, onde Vicki interpreta uma árabe e uma japonesa
respectivamente, e você teria uma idéia de como seria isso. Teria sido caro em
termos de sets de filmagem e guarda-roupa e também seria bastante penoso para
Tiffany o uso de maquiagem que seria bastante exagerado, principalmente para as
personagens africana e indiana, mas isso faria do seriado um completo show de
variedades e seria divertido ver Tiffany agir de tantas maneiras, entretanto sou
a favor de que, se ao invés de Vicki, Vanessa fosse utilizada, isso
proporcionaria à Brissette um aprendizado maior sobre relações humanas e
aumentaria ainda mais sua naturalidade na interpretação de papéis.
Havia muita maturidade sociológica, filosófica e até mesmo conceitos de teologia
que nunca haviam sido notados em Super Vicki ou em qualquer outro espetáculo. A
raridade de se ter um TV Show estrelado por um robô (inusitado talvez em todos
os conceitos de
televisão) atesta essa singularidade e dificuldade, o que naturalmente torna a
possibilidade de um "revival" bastante viável. Basta que haja atores, interesse
e, de preferência, Howard Leeds para dirigir, da mesma forma que fez com
projetos semelhantes, como no caso de seriado Different Strokes.
Naturalmente, se a idéia de um revival do seriado Super Vicki fosse estivesse
sendo projetado, haveria também a seguinte questão: Tiffany Brissette seria
escalada mais uma vez como Vicki ou até mesmo estaria disposta a fazê-lo?
O
vendaval de popularidade em que os atores mirins são submergidos é um ambiente
difícil de se imaginar para aqueles que estão
do lado de fora. Durante as produções e até mesmo nas férias, as estrelas são
obrigadas a se fazer presente em vários lugares, de Telethons (Shows
beneficentes) e hospitais a
Shoppings e Parques de diversões. A esmagadora adoração das pessoas em gritar
visando estar próximas ao seu ídolo, pegar na mão e pedir um autógrafo, para um
artista, significa uma precipitada emoção em saber que você é reconhecido e desejado,
habitando tantos corações. Mas quando o seriado termina, o choque e a perda de
posição é, para a criança, como um peru que acabou esfriando. Até mesmo o
oferecimento de papéis de 5ª
categoria
em uma nova série raramente infla o antigo amor próprio. Alguns atores infantis
tentam se afundar em impróprios papéis adolescentes (A fé de Tiffany e amor
próprio teria evitado ofertas de trabalho do tipo Long Island Lolita) e
alguns nunca conseguem fazer nada além disso,
e a maioria nunca consegue consegue se desvencilhar do fantasma de ator mirim e
jamais consegue ser escalado para papéis maduros. A produção de Super Vicki
cobriu por baixo uma nuvem de atordoantes e amargos sentimentos relacionados a
vários fatores internos e conflitos, tanto de ordem pessoal quanto criativa, de
maneira que várias coisas teriam que mudar para que um revivel de Small Wonder
(Super Vicki) fosse algo próspero. Lembre-se: A maioria dos atores sempre estão
à procura de trabalho, mas a qualidade da oferta é que acaba despertando o
interesse deles. Acredita-se que, se formar, de maneira impessoal, uma equipe de
roteiristas e consultores tecnológicos para sentarem com produtores interessados
e jogarem fora a idéia de "Forma perfeita" (que é sem variações), Tiffany
realmente se interessaria em
participar de uma nova versão do papel que ela mesma foi pioneira. Isto
ofereceria, além de um retorno, uma forma dela ajudar, através de sua
experiência, as crianças que fossem escaladas. Isto ofereceria a ela um retorno
àquela performance que poucos atores mirins conseguiram alcançar.
Duvide disso! Não poderia haver retorno de Tiffany como Vicki ou como Vanessa;
alguma outra garota PEQUENA e talentosa merece uma chance de pegar o legado
deixado por Tiffany e fazer sua caracterização. Uma Vicki adulta eu duvido que
seria tão bem aceita na pesquisa de mercado quanto o antigo modelo
(criança-robô), particularmente em se tratando de um papel que se refere a uma
criança que se mete em situações inconvenientes e engraçadas; seria algo como
pegar a setentona Julie Newmar e mandá-la fazer de novo o papel da sexy robô
Rhoda no seriado My Living Doll (1964-1965). Embora ela tenha sofrido um choque
assim como os outros membros do elenco (exceto Supiran) ao escutar que a 5ª
Temporada seria descartada, eu duvido que interpretar uma andróide novamente
despertaria o interesse de Tiffany (o papel que determinou o fim de sua
carreira), entretanto isso não necessariamente a lança fora dos membros de
produção, especialmente se ela fosse relançada como
a criadora de uma nova Vicki ou no
papel de Joan (a mãe), que estaria contribuindo como coadjuvante de Vicki e da
Família Lawson. Outra possibilidade é Tiffany interpretar uma cybercientista
solitária que faz um teste Beta de uma "nova" Vicki/Vanessa, com alguns
mecanismos e interação social entre ela e os humanos e também outros robôs. Se
alguém tranqüilamente quiser ver Tiffany em um papel de andróide, a única
situação que se possa imaginar seria ela interpretando isso em outro "reino",
talvez em um remake de The Questor Tapes (seriado de 1974), no papel de uma
avançada Ginoide (andróide feminina) ajudando o mundo em quanto aprende a ser
cada vez mais "humana". Assombroso, não?! rsrs. Isso teria um potencial de
ação-drama que os atores gostam. Uma palpite de porque acha-se que ela aceitaria
esse tipo de papel é que, no princípio, Tiffany entrava em ação esperando atuar
como uma garotinha normal, mas acabou atuando de forma muito diferente, com um
personagem nada convencional, e acredita-se que ela, tendo aceitado papéis nada
convencionais que são muito lembrados induziria Tiffany a continuar buscando
esse tipo de personagem. Até mesmo pessoas que odiavam o seriado Small Wonder,
hoje estão propensas a recordar o show e até mesmo o nome VICKI; Duvido que,
depois de todo esse tempo, eles recordassem episódios, muito menos nome de
personagens em outros programas que eles também tivessem essa mesma aversão.
Claro que Tiffany necessita de chance e idéias de qualidade para poder se
aventurar em tudo isso, e, acima de tudo, um programa que tenha chances de
alavancar audiência e somente com a contribuição dos fãs pode-se fazer isso.
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