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Carta ao Partido dos Trabalhadores

 

Aos companheiros do Diretório Municipal do PT Campinas
À militância do PT:

 Tenho participado ativamente de várias reuniões realizadas pelo Partido - inclusive pelo Diretório Municipal do PT Campinas - para realizar o balanço das eleições e discutir as tarefas do próximo período.

No dia 13 de dezembro, uma destas reuniões - realizada com os companheiros que apoiaram minha candidatura a deputado - orientou-me a enviar uma carta para a direção municipal e para o conjunto da militância, em que eu relatasse as conclusões daquele coletivo:

  1. As eleições deste ano mostraram a força do PT, no Brasil, no estado de São Paulo e em Campinas. Se não fomos melhor é porque existem gravíssimos problemas no nosso Partido. Em primeiro lugar, não conseguimos receber o voto de amplos setores da classe trabalhadora, que optaram pelo voto nulo, branco ou abstenção - e parece evidente que esses milhões de trabalhadores repudiaram o processo eleitoral porque repudiam os políticos, as eleições, os partidos. E não viram em nós aquela diferença que, antes, fazia toda a diferença.
  2. Em segundo lugar, ficou evidente que a mobilização dos setores organizados da classe trabalhadora, em particular do sindicalismo, está muito inferior ao que seria necessário.
  3. Em terceiro lugar, nosso crescimento nos espaços institucionais (governos estaduais, municipais e parlamentos) está custando caro ao Partido, em termos de moderação do nosso discurso, desorganização dos movimentos sociais e degeneração ideológica de muitos de nossos companheiros. O governo municipal de Santo André deu chancela petista à redução de jornada acompanhada por redução de salários. O governador Cristovam Buarque fez alianças com o PFL e defendeu a manutenção da equipe econômica, num eventual governo Lula. Na maioria dos locais onde ganhamos governos, os movimentos sociais esvaziam-se e perdem força. E muitos de nossos parlamentares são eleitos com dinheiro de grandes empresas, que é gasto em campanhas milionárias e contratação de cabos eleitorais.
  4. Em quarto lugar, nosso Partido está profundamente dividido entre aqueles que defendem uma estratégia de esquerda e os que defendem uma estratégia de centro-esquerda. Aqueles que acham que devemos apoiar os governos Covas e Itamar, e os que defendem que nosso lugar é na oposição. Aqueles que acham que Lula acertou ao encontrar-se com FHC, e aqueles que consideram o episódio um erro. Aqueles que querem um partido onde as lideranças estão acima do Partido, e aqueles que acham que a democracia partidária deve ser respeitada.
  5. O PT e os setores populares devem superar estes problemas, caso queiram enfrentar esta conjuntura tão difícil, mas tão cheia de possibilidades, que se abriu após o segundo turno das eleições. Uma conjuntura onde cabe ao PT realizar uma oposição implacável ao governo FHC e seus aliados, defendendo um outro rumo para o país e, se possível, abreviando o mandato do atual governo, assim como fizemos com o de Collor.
  6. Os companheiros que participaram da reunião de 13 de dezembro estão dispostos a enfrentar estes desafios. Temos a nosso favor um mandato de luta, de esquerda, de defesa dos interesses do povo de Campinas e do conjunto da classe trabalhadora brasileira. Obtivemos 44 mil votos na eleição de 1998, contra 26 mil na eleição anterior. Não conseguimos a reeleição, em parte por deficiências de nosso trabalho nos últimos quatro anos, em parte pela aguda competição das candidaturas ligadas aos setores moderados do Partido, em parte também pelo lançamento de outra candidatura campineira a deputado federal. Mesmo assim, acumulamos um patrimônio político que deve ser utilizado nas próximas batalhas que o PT enfrentará.
  7. Achamos que o PT deve, no próximo período, priorizar três frentes. A primeira é a mobilização social. A segunda é a organização do PT Campinas. A terceira é o Congresso Nacional do PT, marcado para novembro de 1999.
  8. Cabe-nos a tarefa, gigantesca mas incontornável, de combater este governo, de mobilizar os setores populares, de viabilizar uma alternativa de país para as maiorias, não apenas para os grandes empresários. É hora de erguer nossa bandeira e radicalizar na defesa dos oprimidos, transformando a insatisfação que sentimos nas ruas em nova disposição de luta.
  9. As eleições municipais de 2000 serão um momento importante da reorganização do PT em nossa cidade, bem como uma chance de reforçar - no PT paulista- aqueles setores que defendem um partido mais combativo.
  10. O PT tem bons nomes para assumir a tarefa de candidato em 2000 e boas chances de vencer as eleições, mas para isso é preciso unificar o partido, dotá-lo de um programa para a cidade, de uma tática eleitoral e de uma política de alianças adequada.
  11. Um aspecto importante, sem dúvida, será a escolha do candidato. A avaliação que fizemos, coletivamente, é de que devo apresentar meu nome como pré-candidato do Partido a prefeito de Campinas. Por isto, propomos que o Diretório Municipal de Campinas organize, desde já, o processo de debates, no interior do qual possamos começar a discussão do programa, da tática e das candidaturas a vereador e prefeito para 2000.
  12. Achamos que a experiência recente da escolha do candidato petista ao governo de São Paulo - quando eu mesmo e uma parte do coletivo que apoiou minha candidatura a deputado federal, apoiamos a pré-candidatura de Renato Simões- mostra a importância de que o Partido realize, de forma o mais antecipada e democrática possível, a escolha de seu candidato.
  13. Essas são as questões que gostaríamos, ainda que de forma resumida, de expor para os companheiros. Estamos a disposição, eu e todos os companheiros que conosco se reuniram, para discutir estes temas em todas as instâncias do Partido, dos movimentos sociais e em todos os lugares onde haja companheiros dispostos a luta, contra o governo FHC e seus aliados estaduais e municipais, por um Brasil democrático e popular, pelo socialismo.
  14. O futuro está sendo construído agora. Em parte, pelos desdobramentos da crise econômica internacional, que podem levar o Brasil à lona. Em parte, pela intensidade da disputa interburguesa. Mas, em grande medida, pelo que fizerem ou deixarem de fazer os setores populares.
  15. Que as festas de natal sejam uma oportunidade de convivência solidária e fraterna, e reavivem em cada um de nós o ânimo, a garra e a força para as muitas lutas que nos aguardam no novo ano.

 

22 de dezembro de 1998

Luciano Zica


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