-
Olá, pai!_ disse Draco
Lúcio parecia que havia sido obrigado a comer uma fatia de limão acompanhada de um enorme tijolo.
-
Draco?
-
Ele realmente parece com você, Lúcio!_ disse Voldemort olhando Draco
superficialmente – Especialmente em volta dos olhos._ ele ergueu sua varinha
– É uma pena que eu vou ter de queimá-los!
-
Meu Lord!_ exclamou Lúcio, desesperado, virando-se para Voldemort – Por
favor, acredite em mim..._ por um breve momento, Draco pensou que seu pai fosse
implorar pela sua vida – Por favor, acredite em mim, eu não sabia nada sobre
isso!
-
Estranhamente o suficiente, eu acredito em você, Lúcio._ disse Voldemort –
Você sempre foi profundamente idiota e não me surpreende que você não tenha
conhecimento das ações de seu filho. Mas isso não muda o fato de que ele é
um traidor e irá morrer!
-
Eu posso fazer uma sugestão, Mestre?_ perguntou Lúcio
-
Pai!_ Draco interpôs-se
Lúcio
o ignorou.
-
Faça-a rápido!_ disse o Lord das Trevas
-
O Feitiço Veritas._ disse Lúcio delicadamente – É possível, até provável,
que Draco tenha conhecimento do paradeiro de Harry Potter... se isso é uma Poção
Polissuco, ele deve precisar estar sempre perto...
Voldemort
sorriu friamente.
-
Uma excelente idéia!_ ele disse
E
sacou sua varinha e a apontou para Draco.
-
Pai..._ disse Draco de novo
-
Veritas!_ sibilou o Lord das Trevas
Então,
pela segunda vez em sua vida, os ganchos afundaram em seu peito e o abriram, e
ele sufocou de dor e de terror de estar tão exposto. E era ainda pior, talvez
porque dessa vez ele estava resistindo. Contudo, não havia como resistir. Não
importa o que ele quisesse dizer quando abrisse a boca, ele sabia que a verdade
sairia sempre.
Voldemort
começou com uma pergunta simples:
-
Qual é o seu nome, garoto?
-
Draco Thomas Malfoy.
-
Em homenagem a mim, Lúcio?_ falou Voldemort – Exótico!
Lúcio
sorriu.
-
Onde está Harry Potter?
Draco
mordeu seus lábios com força. Mas não adiantava.
-
Eu não sei_ ele se ouviu dizer.
Esse
foi um alívio de grande valor. O fio que o ligava a Harry foi desfeito com a
dissolução do efeito da Poção; ele não tinha mais a mínima idéia de onde
Harry pudesse estar.
-
Por que você tomou a aparência dele e fingiu ser ele?
-
Meu pai ia matar Hermione._ disse Draco – Eu não podia deixar isso acontecer.
Lúcio
ficou surpreso.
-
Ela era mesmo sua namorada?_ Lúcio perguntou
-
Não._ respondeu Draco – Ela não era. Ela é a melhor amiga de Harry.
-
E você sentiu necessidade de arriscar sua própria vida pela vida da melhor
amiga de outra pessoa?_ pergutnou o Lord das Trevas – Por quê?
-
Eu a amo._ disse Draco, que se sentiu ruborizar e ficar
escarlate
Ele
havia pensado que não seria humilhado, mas aparentemente, foi.
-
Meu Deus! Que embaraçoso!_ exclamou o Lord das Trevas, mas ele parecia
fracamente divertido – Por que você não nos conta, jovem Malfoy, como você
veio para nessa casa, com a melhor amiga de Harry Potter, a quem você... ama,
e com o próprio Harry, presumivelmente disfarçado de você?
-
Não!_ disse Draco, tentando se levantar com a ajuda de suas mãos e joelhos
Havia
algo úmido em seu rosto;quando ele levou a mão para tirar essa coisa, sua mão
voltou vermelha. Sangue. Ele tinha mordido seus lábios forte demais, e os havia
perfurado.
-
Não!_ ele repetiu
Mas
ele não podia levantar. A dor em seu peito era muito intensa, e o sentimento de
ser rachado era muito forte. Ele caiu no chão.
-
Pai_ ele se ouviu dizer, e estremeceu-se com o quão infantil ele soava – Pai,
por favor!
Lúcio
se mexeu, desconfortavelmente.
-
Talvez o senhor devesse atingí-lo com o feitiço novamente, Mestre._ ele disse
-
Realmente!_ disse Voldemort, e fez
**
Eles
estavam quase no pé da escada que levava à sala de visitas quando Harry deu um
grito onipotente e caiu no chão. Hermione virou-se, surpresa.
-
Harry!_ ela chamou – Você está bem...?
A
resposta dele veio abafada. Ele parecia se desdobrar como se, com dor, um
infeliz caroço negro rolasse no chão com as mãos no rosto. Ela se aproximou
de Harry e pôs as moas sobre a cabeça dele.
-
Hermione? É você?
Ela
estava quase respondendo impacientemente quando a luz de sua varinha caiu sobre
ele, e então, sua resposta incisiva tornou-se um gritinho. Ela tapou a boca com
a mão e olhou.
-
Harry..._ ela tomou fôlego – É você!
-
Claro que sou eu!_ ele disse, irritado – Quem você esperava que fosse? Lúcio?
Deixa para lá, não precisa responder!
-
Cale a boca!_ ela disse – Estou falando sério, Harry, é você mesmo... você
voltou, entende?
E
ele tinha mesmo voltado ao normal. O cabelo escuro desarrumado, olhos verdes,
cicatriz em forma de raio, e tudo mais. Ele tirou suas mãos de seu rosto e meio
que sorriu para ela.
-
Eu meio que imaginava isso!_ ele disse – Por causa da dor horrível e pelo
fato que eu não consigo enxergar nada.
Hermione
não podia parar de olhar para ele. Era tão estranho ver o rosto dele sendo o
dele novamente; seus detalhes familiares, de novo tomavam vida pela inteligência
que vivia lá e pertencia àquele corpo. Houve um momento de silêncio embaraçoso
quando ela ficou pasma, olhando para ele. Finalmente, ela disse:
-
Não dói mais, dói?
Ele
balançou sua cabeça em sinal negativo.
-
Não, mas..._ ele disse – Mas eu queria poder enxergar.
Ela
se ajoelhou perto dele.
-
Eu posso curar seus olhos, Harry. Você quer que eu faça isso?
Por
um momento, ele ficou quieto, mordendo seu lábio. Então, relutantemente, ele
disse:
-
Eu acho que é melhor.
Ela
sabia o motivo pelo qual Harry nunca deixou ela nem ninguém consertar sua vista
com mágica, antes: seus óculos tinham se tornado algo como o símbolo da marca
registrada de Harry Potter, ele gostando disso ou não, e se ele se livrasse dos
óculos, a revista de fofocas “Bruxa Semanal” iria teria um grande dia. Eles
já haviam feito matérias sobre como ele cortava seu cabelo (segundo a revista.
ele cortava o próprio cabelo no banheiro, com uma tesourinha de unhas) e onde
ele comprava suas roupas (“eu deixo Hagrid encolhê-las para mim”). Se ele
se livrasse dos óculos, isso significaria manchetes como: HARRY POTTER É MUITO
VAIDOSO PARA USAR ÓCULOS: SERÁ QUE O MENINO QUE SOBREVIVEU ESTÁ FICANDO CABEÇUDO?
E Harry odiava esse tipo de coisa.
-
Será temporário._ ela disse suavemente – Um Feitiço Corretor. Até que
recuperemos seus óculos.
-
Está bem!_ ele disse, e fechou seus olhos
Hermione
sacou sua varinha e tocou a ponta dela suavemente em cada uma das pálpebras
dele.
-
Fique quieto!_ ela recomendou, manteve os punhos firmes – Oculus!_ ela
disse
Harry
pulou, como se tivesse sido picado, e abriu seus olhos. Então, um sorriso
relutante espalhou-se pelo seu rosto.
-
Ei!_ ele exclamou – Obrigado, Hermione!
**
Só
haviam passado quinze minutos, mas para Draco, pareciam horas desde que o Lord
das Trevas havia posto-o sob o Feitiço Veritas. Ele havia tentado se
desvencilhar, e ouviu sua própria voz falando, como se estivesse a uma longa
distância, contando ao seu pai e ao Lord das Trevas tudo, desde o primeiro
momento que ele ficou sob a aparência de Harry até sua crença de que Harry
estava no calabouço, resgatando Sirius.
Finalmente,
quando ele não tinha nada mais para contar, o Lord das Trevas tirou o Feitiço
Veritas dele. O alívio foi intenso, mas também foi intensa a revoltante sensação
de culpa.
-
Então_ ele ouviu seu pai falar – Devemos procurar o garoto Potter nos
aposentos subterrâneos, Mestre?
-
Não é necessário_ disse Voldemort, agradado – Nós devemos apenas esperar.
Harry Potter virá até nós. Ele virá em busca de seu filho.
Lúcio
Malfoy parecia ter dúvidas sobre isso.
-
Mas meu Lord... eles não são sequer amigos, Draco disse o quanto...
Voldemort
balançou sua cabeça.
-
Eu conheço Harry Potter._ ele disse – Ele é exatamente igual ao pai
dele. Ele virá em busca de seu filho, Lúcio. Eu garanto.
**
Quando
eles foram até a sala de visitas, Sirius os estava esperando sob sua forma
canina. Harry abriu sua boca para dizer alguma coisa, mas Sirius simplesmente
balançou sua cabeça velozmente, indicando que eles o deviam seguir. Eles
andaram atrás dele pelos corredores até o escritório de Lúcio, cuja porta
Sirius abriu com uma pata, e entrou.
Narcissa
estava sentada atrás da mesa de Lúcio, exatamente como Sirius a havia achado
antes, porém, dessa vez, ela estava com as mãos sobre o rosto. Estava
chorando.
Sirius
transformou-se em homem novamente tão rápido, que houve um audível *pop*
quando ele fez isso. Ele indicou Narcissa com um movimento de seu queixo.
-
Eu tive que contar tudo para ela_ ele disse a Harry e Hermione em um tom de voz
fraco – Ela está muito triste_ ele olhou para Harry – Tomou sua forma de
volta, não é? Eu achei que sim.
Harry
parecia surpreso.
-
Como você sabia?_ Harry perguntou
Sirius
bateu o pé no chão, parecendo profundamente infeliz.
-
Voldemort já chegou._ Sirius disse, e olhou nesse momento, aflito, para
Hermione – Ele veio em busca de Harry..._ Sirius suspirou – Bem, quero
dizer, ele deve ter sabido logo que Draco não era você, não deve? Ele
provavelmente cessou o efeito da poção.
Hermione
estava chocada e preocupada; Harry, porém, não mostrava surpresa, só resignação.
-
EU imaginei que isso tivesse acontecido._ ele disse silenciosamente – Minha
cicatriz está doendo há quase uma hora.
Hermione
ficou furiosa, e perguntou:
-
Por que você não me contou?
Harry
lançou a ela um olhar irritado, e ela se lembrou de que, uma hora atrás, ela e
Harry estavam se beijando no calabouço, e depois disso, ela brigou com ele com
grande veemência. Não parecia, provavelmente, para ele, a hora certa de dizer
que sua cicatriz estava doendo.
-
Ah!_ ela exclamou, ficando vermelha – Me desculpe.
Harry
virou-se para Sirius, e perguntou:
-
Você acha que Draco está bem?_ ele lançou um olhar aflito para Narcissa e
abaixou o tom de voz – Você acha que ele está vivo?
Sirius
balançou os ombros.
-
Não sei. O Lord das Trevas pode tê-lo matado num impulso de raiva. Contudo,
Draco é o filho de seu Death Eater mais próximo e mais poderoso. Se Draco
conseguir convencê-lo de que estava agindo sob a influência da Poção
Polissuco... se ele der ao Lord das Trevas informações sobre você...
-
Ele não faria isso!_ protestou Hermione
-
Talvez não_ disse Sirius prudentemente, mas nem ele nem Harry olharam para ela
-
Narcissa vai ficar bem?_ Harry perguntou, finalmente, quebrando o silêncio
-
Eu espero que sim_ disse Sirius esperançosamente – Lúcio..._ ele disse esse
nome com imenso ódio – Lúcio a menteve sob todo o tipo de magias e feitiços
por muito tempo... Feitiço da Coação, Maldição Imperius às vezes, ela foi
proibida de ter uma varinha, proibida de mentir para ele, proibida pela dor da
morte até de dizer o nome de Lúcio, no caso de ela usar isso num feitiço.
Hermione
balançou sua cabeça.
-
Não teria sido mais fácil para Lúcio casar-se com alguém que de fato
gostasse dele?_ ela se perguntou, em voz alta
-
Homens como Lúcio não fazem as coisas porque elas são fáceis._
disse Sirius amargamente – Eles fazem as coisas para mostrar o quão
poderosos são. Lúcio queria casar-se com a garota mais bonita da escola. E
assim ele fez.
-
Ele deveria estar em Azkaban!_ disse Hermione, com raiva
-
E nós deveríamos estar resgatando Draco!_ disse Harry
Hermione
estremeceu.
-
Eu vou ter que ir encará-lo._ disse Harry soturnamente
-
E fazer o quê, Harry?
-
Um trato_ disse Harry – Vou me oferecer no lugar de Draco.
-
Ah, claro!_ falou Hermione, com raiva – Porque Voldemort é muito
conhecido por manter sua palavra!
-
Eu acho que sei o que Hermione quer dizer_ disse Sirius – é que ele vai te
matar de qualquer jeito. Na verdade, tenho certeza de que ele espera que você
faça exatamente o que você acabou de sugerir.
-
Bem, nós não podemos deixá-lo a mercê de Lúcio e Voldemort._ protestou
Harry – E dos Death Eaters!
-
Os Death Eaters não estão com ele._ disse uma fraca voz. Era de Narcissa, que
estava agora se sentando e esfregando os olhos – Eles estão no Salão de
Festas do andar debaixo, reparando a maldição Lacertus.
Sirius
andou, sentou-se perto de Narcissa e colocou uma mão sobre o ombro dela.
-
Está tudo bem_ ele disse – Ele ficará bem._ mas o próprio Sirius não
parecia convencido disso
Harry
olhou para Hermione em busca de ajuda, mas ela estava bastante pensativa. Ela
andou até o lado oposto do aposento e pegou um grosso livro verde de uma
estante: Elaborações Essenciais de Bruxaria.
Sirius
virou-se e olhou para ela. Perguntou:
-
Hermione, o que você está fazendo?
-
Shhh!_ disse Harry, e colocou seus dedos sobre os lábios de Sirius – Deixe-a!
Hermione
começou a folhear o livro.
-
Eu só achei que... talvez... se nós pudermos fazer isso funcionar... pode ser
que...
Sirius
parecia confuso. Até Narcissa parecia confusa. Mas Harry simplesmente ficou
parado, assistindo-a ler, e tentou ficar calado. Finalmente, ela soltou o livro
e virou-se para Sirius. E disse:
-
Eu tenho uma idéia.
Sirius
parecia ter dúvidas.
-
Isso é bom_ Harry o tranqüilizou – Hermione tem grandes idéias.
-
Mas eu vou precisar de sua ajuda, Narcissa._ Hermione adicionou
Agora,
até Harry parecia ter suas dúvidas. Mas Narcissa se levantou de sua cadeira.
-
O que eu posso fazer?_ ela perguntou
**
Voldemort
ordenou que Lúcio tomasse conta de seu filho; então andou pelo aposento, e
debruçou-se na janela, olhando para fora. Isso efetivamente deixou Draco e seu
pai sozinhos. Se Draco esperava que Lúcio estivesse arrependido pelo terror que
ele o submeteu, ele deve ter ficado desapontado. Ele simplesmente examinou Draco
dos pés à cabeça e disse friamente:
-
Você em entristeceu, garoto.
A
despeito de si mesmo, Draco estava quase impressionado com a total falta de
remorso de seu pai. Era comovedor.
-
Talvez você me desse razões._ Draco disse
Lúcio
franziu as sobrancelhas.
-
E o sue grande senso de humor não está ajudando no seu caso._ Lúcio disse –
Se você se comportar mostrando que está arrependido, é capaz do Lord das
Trevas te perdoar. Ele sempre teve grandes expectativas sobre você, Draco. Ele pode
ser piedoso. E se você realmente estava agindo sob a influência dessa Poção
Polissuco...
Draco
balançou sua cabeça.
-
Eu temo que eu vá te desapontar novamente, pai._ ele disse – Não tenho a mínima
vontade de me unir ao Lord das Trevas. Eu temo que eu não possa ver o que o
senhor vê nele. Não o cara mais estável. Nem o louro mais bonito._ ele
adicionou, numa reflexão posterior
-
Eu não sei o que você espera conseguir me desafiando, Draco_ disse Lúcio,
parecendo tão preocupado quanto um pai comum, que acabou de descobrir que seu
filho adolescente pegou o carro emprestado e bateu numa barreira de neve
-
Se o senhor não sabe o que eu espero, pai_ disse Draco friamente – Não sou
eu quem vai explicar.
-
E se você não parar de me desafiar_ disse Lúcio, ainda mais frio – Eu não
serei mais o seu pai.
Depois
disso, eles sentaram-se em silêncio.
**
Harry,
Hermione e Sirius sentaram-se nervosamente no escritório, sem olhar um para o
outro. Narcissa havia saído havia cinco minutos. Quando a porta finalmente
abriu e Narcissa voltou ao quarto carregando um largo objeto empacotado, Sirius
ficou tão contente que transformou-se em um cachorro, depois novamente em
homem, e então de novo em cachorro, numa sucessão veloz.
-
Pare com isso, Sirius!_ disse Harry, embora igualmente aliviado – Muita excitação,
isso não é bom para você!
Narcissa
colocou o pacote sobre a mesa e andou para trás, quando Harry, Hermione e
Sirius (soba forma humana novamente) se aglomeraram em volta.
-
Eu disse a eles que estava buscando isso para Lúcio_ ela disse, soando quase
contente – Quanto mais eu resisto, mais fácil fica._ ela continuou – Eu
sinto como se eu quase pudesse dizer o nome dele agora.
Harry,
Hermione e Sirius andaram para trás rapidamente.
-
Mas eu não direi_ ela adicionou
Hermione
voltou até a mesa e desembrulhou o pacote, e então, respirou fundo. Um grande
braço de metal estava estendido à sua frente, sinistro e horroroso. Cada um de
seus sete dedos de metal terminavam em lâminas mórbidas e haviam grotescas
trinchas de Magia Negra por toda a sua cavidade. A despeito de ser vazio por
todo o seu interior, isso parecia extremamente sólido e pesado.
Harry
estava olhando para o braço metálico, revoltado. Perguntou:
-
Esse é o braço Lacertus?
-
É horrível, não é?_ disse Hermione, concordando com a cabeça
-
É bom que ele não vai tentar usar essa coisa em Draco afinal de contas_ disse
Harry – Não há jeito de fazer Draco vestir uma coisa como essa. Bem..._ ele
adicionou, com o espectro de um sorriso – talvez se você dissesse a ele que
isso é Armani.
-
AH, cale a boca, Harry!_ disse Hermione, desatentamente – Nós só temos
alguns minutos com essa coisa antes que Narcissa tenha que levá-la para você-sabe-quem.
Me deixe trabalhar nisso!
**
Enquanto
Hermione trabalhava, Sirius puxou Narcissa para um canto.
-
Você fez muito bem, muito bem._ ele disse – Nós sabemos que pé difícil
para você...
-
Eu estou fazendo isso por Draco_ ela disse, com a voz um pouco aguda
-
Eu sei_ disse Sirius
-
E quando tudo isso terminar_ disse Narcissa – você sabe que eu vou ter que
ficar aqui, não sabe? Eu não ouso sair. Não enquanto o pai de Draco tiver
aquele pingente.
-
Mas o Lúcio não já vai pensar que...
Narcissa
balançou sua cabeça.
-
Ele nunca vai pensar que eu agi contra ele, não pela minha própria vontade, não
depois de dezessete anos. Mas se eu sair daqui com você...
Sirius
parecia infeliz.
-
Eu entendo.
Narcissa
sorriu. Era a primeira vez em dezoito anos que ele via seu sorriso. Isso o fazia
lembrar de sua infância.
-
Tudo vai ficar bem, Sirius_ ela disse
-
Sim_ ele disse – Talvez.
**
Se
não estivesse com o corpo tão dolorido, Draoc teria dormido onde ele estava,
no chão da sala de esgrima. Ele estava exausto. Ele quase não ouviu a porta
abrir quando Narcissa entrou no quarto.
Ela
foi até Lúcio.
-
Eles pediram que eu te trouxesse isso._ ela disse, e rudemente entregou a ele o
braço Lacertus
Lúcio
parecia espantado:
-
O quê... por quê?
-
Harry Potter está na casa._ disse Narcissa, sem mentir – Ele está a caminho.
Isso
acordou Draco. Ele se levantou e olhou para sua mãe, que não olhou de volta
para ele. Algo estranho estava acontecendo, ele tinha quase certeza disso. Não
parecia provável para ele que os Death Eaters tivessem pedido a Narcissa que
levasse a Lúcio um objeto mágico tão poderoso e importante, sem eles. A menos
que eles tivessem uma razão que ela não estava mostrando.
Lúcio
também suspeitou, mas não quis dizer nada na frente de Voldemort. Ele já
havia mostrado uma vez, hoje, que não podia controlar sua própria família, e
provavelmente não queria se expor mais. Ao invés disso, ele levou seu braço
esquerdo até seu rosto e falou para dentro da Marca das Trevas:
-
Rabicho! Macnair! Venham! Tragam todos!
Instantaneamente,
Death Eaters começarama a aparatar: Rabicho, Macnair, Zabini, Rosier,
Parkinson, entre muitos outros. Pessoas que Draco conhecia desde criança, havia
visitado, com cujos filhos ele havia brincado. Nenhum deles sequer olhou para
ele, infeliz e sangrento, sentado sobre o chão.
Voldemort
virou-se da janela.
-
Harry Potter está aqui._ ele disse, flexionando seus longos dedos – Ele está
fora desse aposento.
Sua
voz soou aos Death Eaters como uma chicotada. Eles prestaram atenção, olhando
entre eles. Draco viu Narcissa andar pelo grupo silenciosamente e sair da sala,
pela porta dos fundos.
Havia
outros passos no saguão, claramente audíveis. As portas duplas se abriram.
Primeiro uma, depois a outra. Draco estava agarrando suas mãos, uma agarrada a
outra, embora não notasse.
Sirius
entrou, sob a forma de um cachorro. O silêncio foi total. Hermione o seguiu,
muito pálida e infeliz. E depois de Hermione... veio Harry.
Uma
espécie de suspiro veio dos Death Eaters, como vento nos galhos.
Harry
estava ainda mais pálido que Hermione, um tipo de cor branco-cinzas, mas ele
parecia resoluto. Ele não estaav usando seus óculos, o que o fazia parecer
mais novo do que era. Havia sangue seco em sua mão, tênue, e em suas vestes...
um pouco do sangue era seu, outro tanto era de Draco.
-
Estou aqui_ ele disse
Voldemort
permaneceu no centro de seu círculo de Death Eaters e riu.
-
E eu sei o motivo_ ele disse – Você veio em busca dele_ e ele apontou para
Draco
-
Sim_ disse Harry
-
Ele não vale isso, Harry Potter_ disse Voldemort – O que você acha que ele
estava fazendo toda essa manhã enquanto você resgatava seu camarada canino?
Ele estava nos contando tudo. Desde
quando eu cessei o efeito da poção que te ligava a ele... e eu devo procurar
saber como isso foi feito, isso foi o mais engenhoso... ele estava cantando uma
música interessante.
-
Eu não acredito nisso!_ disse Hermione asperamente – Você está mentindo!
Você pode ter descoberto que Harry estava aqui sem Draco dizer nada!
Voldemort
virou seu olhar venenoso para ela.
-
Você deve ter gostado de seu pequeno entreato com o jovem Malfoy no armário,
grande troca!_ ele disse – Para defendê-lo tão lealmente.
O
rosto de Hermione corou. Draco tentou pegar sue olhar, mas ela não olharia para
ele.
-
Então... então você o torturou!_ ela gaguejou, mais incerta
-
Eu não consigo imaginar porque eu iria torturá-lo pela informação de que ele
passou uma sórdida meia-hora num armário com uma garota idiota!_ disse o Lord
das Trevas – Não. Ele me contou de bom grado, em contou tudo.
Hermione
não disse nada, mas lágrimas começaram a escorrer silenciosamente sobre seu
rosto.
-
Em todo caso, isso não importa_ disse Voldemort, virando-se para Harry – Eu
tenho todas as cartas, você não tem nenhuma. Eu não posso acreditar que você
pôde ser tão irremediavelmente idiota a ponto de vir aqui achando que podia me
enfrentar. Só eu conhecia seu pai, garoto... e isso é exatamente o tipo de
coisa que ele teria feito. Mais idiotas do que corajosos, pai e filho.
Harry
segurou sua varinha.
-
Eu tenho isso!_ ele disse – Você não vai ousar me enfrentar enquanto eu
tenho isso!
-
Não._ concordou Voldemort, e estalou os dedos. Cordas apareceram do ar,
chicotearam Harry e se amarraram firmemente contra o corpo de Harry. Voldemort
andou até ele, pegou a varinha dele e a jogou no chão. - E agora você não a
tem mais._ ele se levantou e olhou pensativo para Sirius e Hermione – EU
poderia matar seus amigos._ ele disse suavemente no ouvido de Harry – Mas será
muito mais divertido deixar você fazer isso!
Harry
não disse uma palavra, mas olhou para o Lord das Trevas com ódio.
Voldemort
estalou seus dedos novamente e o braço Lacertus voou dos braços de Lúcio até
sua própria mão estendida. A despeito de ser tão magro, o Lord das Trevas era
muito forte. Ele fez o braço Lacertus rodopiar sobre apenas uma mão, como se
fosse um batom, e então ergueu o braço de Harry, o que não estava amarrado
para o seu lado, e enfiou o braço Lacertus passando pelo punho dele como se
fosse uma simples luva.
Harry
gritou bem alto. As cordas se soltaram e ele caiu amarrotado sobre o chão, ele
não estava mais gritando, mas contorcendo-se como se o braço fosse
incandescente e o estivesse queimando. Draco podia ver o metal torcendo-se e
enrugando-se como se estivesse derretendo, se encaixando na própria carne de
Harry, espalhando gavinhas de metal branco por todo o braço de Harry, como
sinistros braceletes.
Draco
colocou sua própria mão sobre seu braço, em dor solidária. Ele não percebeu
que ele estava fazendo isso, mas fez do mesmo jeito.
Finalmente,
Harry se sentou. E até os Death Eaters ofegaram. O braço de Harry havia se
tornado uma coisa de metal e lâminas e morte horrível. A prata do Lacertus
havia se espelhado o suficiente pelo corpo dele para agarrar o lado esquerdo de
seu peito. Havia uma espécie de auréola de luz preta em volta dele, uma auréola
contrária, que brilhava com luz bruxuleante e escura. A pele dele cintilava
branca sob essa luz negativa; seus olhos cintilavam como esmeraldas. Ele não
parecia humano.
Draco
ouviu Hermione sufocar um tipo seco de soluço.
-
Harry_ disse o Lord das Trevas num ruído surdo – O quê você é?
-
Eu sou uma arma_ disse Harry, numa voz esquisita e distante – Eu sou sua
arma.
O
Lord das Trevas sorriu e virou-se para Lúcio.
-
Não tenho certeza de que precisemos sequer usar a maldição Imperius nele,_
ele disse – Mas é melhor previnir do que remediar._ ele ergueu sua varinha e
a apontou para Harry – Imperio!
Harry
baixou sua cabeça quando o jato de luz verde o atingiu. Quando ele a ergueu
novamente, seus olhos pareciam ainda mais fora de foco.
-
Agora_ disse Voldemort – Agora, Harry, vire o Braço em... nela!_ ele apontou
para Hermione – Na sua namoradinha. Vá em frente. Faça isso!
Harry
virou. Ele ergueu o braço, cujas lâminas estavam torcidas junto com o punho, e
o apontou para Hermione, que olhava para ele com os olhos arregalados. Então
ele disse:
-
E você disse que eu era idiota.
E
virou-se novamente, e dessa vez o Lacertus estava aponta diretamente para
Voldemort e a pequena multidão de Death Eaters se reuniu em volta dele. Ele
começou a andar até eles, vagarosamente, como se necessitasse fazer um grande
esforço. Todos os Death Eaters ficaram boquiabertos.
-
Você sabe que a maldição Império não funciona em mim._ disse Harry
– E você deveria fazer melhor do que armar o seu inimigo com uma arma mortífera!
-
Essa é dificilmente mortífera para mim._ disse Voldemort agudamente – Seu
garoto idiota.
-
Talvez sim,_ disse Harry – Talvez não.
E
ele abriu sua mão.
As
lâminas prateadas se torceram, e de sua palma metálica uma jato de luz azulada
foi expelido.Sua força era tão grande que Harry cambaleou para trás. Draco
caiu no chão como se uma lingüeta de fogo azul queimasse sua cabeça,
atingindo o muro mais distante passando por um estojo de espadas antigas, que caíram
fazendo um barulho imenso.
Harry
caiu, mas ele ainda estava direcionando a luz para Lúcio e os Death Eaters.
Draco viu a luz golpear primeiro um, depois o resto dos Death Eaters, e gritarem
como quando a luz os chicoteou, assim como as cordas de Voldemort chicotearam
Harry. Um a um, Lúcio incluído, eles demeram e desapareceram.
Voldemort
foi o último a partir. Ele aprecia ter permanecido lá por puro ódio de Harry.
Mas Harry ergueu seu braço e apontou-o novamente para o Lord das Trevas, e
assim como os outros, Voldemort foi atirado para longe.
A
luz azul desapareceu com ele. E Harru caiu no chão como se tivesse sido
baleado.
Draco
se levantou com dificuldade e começou a correr até Harry. Contudo, Hermione
chegou lá antes dele, e se atirou perto de Harry. Ele parecia estar muito frio.
Ela agarrou o braço metálico e começou a tocar sua varinha naquilo.
Draco
chegou perto para ajudar a manter op braço de Harry fixo, mas Hermione, pálida
e desesperada, falou asperamente:
-
Não toque nele!
Draco
puxou sua mão de volta.
Houve
um lempejo de luz branca da varinha de Hermione, e o braço Lacertus metálico
desapareceu. Harry começou a se mexer.
Os
ombros de Hermione se soltaram com alívio.
-
Me desculpe_ ela disse, sem olhar para Draco – Foi só o braço, sugando a
energia dele, isso o teria matado em um minuto. Eu tinha que tirar isso dele.
-
Não foi a
maldição Lacertus!_ disse Draco categoricamente. Por que ela não olhava para
ele?
-
Não_ disse Hermione, ainda olhando para Harry – Não. Nós modificamos isso.
Mas o braço ainda era um objeto transfigurado muito perigoso, e se ele
continuasse com isso, teria sido facilmente morto.
Uma
lágrima espessa rolou pelo nariz dela e caiu no rosto de Harry. Harry abriu
seus olhos.
-
Pare com isso_ ele disse, rouco
Hermione
sorriu para ele. Harry sorriu de volta.
-
Você foi incrível, Harry!_ ela disse – Foi mesmo!
Sirius,
que veio frouxamente, sentou perto de Harry e agarrou sua mão.
-
Isso foi fantástico!_ ele disse – Realmente fantástico, Harry, parabéns!
Harry
sentou-se vagarosamente. Ele ainda estava muito pálido, mas cor estava voltando
ao seu rosto.
-
Nós ainda precisamos sair daqui, não precisamos?_ ele disse num tom prosaico
– Hermione, você disse que o feitiço não era permanente?
Ela
balançou sua cabeça.
-
Foi só um forte feitiço Furacão no lugar do Feitiço fatal que o Lacertus
geralmente usa._ ela disse – Não vai matá-los, mas vai mantê-los longe por
um bom tempo. E finalmente, isso irá empurrá-los
a um lugar ao acaso. Eu espero que isso empurre Voldemort para o tanque
das piranhas no zoológico!_ ela adicionou, com raiva
Draco
achou que deveria dizer alguma coisa, mas não tinha certeza disso. Ele
provavelmente devia agradecer a Harry por ter salvo a sua vida. Mas Harry e
Hermione estavam ocupados sorrindo um para o outro como idiotas, e também havia
Sirius, batendo nas costas de Harry e tratando-o como se ele fosse alguma espécie
de herói. Bem, está certo, Draco admitiu, Harry era uma espécie de herói.
Embora que fosse claro que ele não estaria na posição de precisar de ter sua
vida salva se ele não tivesse fingido, em primeiro lugar, ser Harry para salvar
a vida de Hermione. E ela não lhe agradeceu por isso. Na verdade, ela não
tinha sequer tomado conhecimento disso.
Sentimentos
de que havia sido esquecido, deixado para trás, jorraram em sua cabeça. Ciúmes
e raiva e medo de tormento. Nem Harry nem Hermione olhariam para ele: eles
pensavam que ele os havia traído, eles sentiam nojo dele.
-
Potter_ ele disse brevemente. Ele tirou de seu bolso os óculos de Harry e os
jogou sobre o colo dele – Seus óculos.
Harry
olhou para ele.
-
Obrigado, Malfoy!_ ele disse, mas seus olhos estavam desconfiados
Isso
só fez a raiva de Draco crescer.
-
Vá em frente_ Draco disse – Me pergunte!
-
Te perguntar o quê?_ perguntou Harry, parecendo ainda mais desconfiado
-
Se Voldemort me torturou para me fazer contar onde você estava._ ele disse –
Você estava se perguntando isso. Então, me pergunte!
-
Não pergunte!_ disse Hermione, num tom agudo
Mas
nenhum deles estava ouvindo a ela. Eles estavam olhando um para o outro, olhos
verdes mirando olhos acinzentados.
-
Bem_ disse Harry – Ele te torturou?
-
Não_ disse Draco
Houve
um longo silêncio.
-
Muito bem_ disse Harry – Estamos quites.
Hermione
olhou de um para o outro. Harry ainda estava pálido e trêmulo, mas Draco
estava tão calmo e compilado como se tivesse passado por nada mais que um corte
de cabelo feio, embora que seu rosto e suas roupas ainda estivessem cheios de
sangue.
-
Draco_ ela começou, mas ele sequer olhou para ela
-
Eu não quero ouvir nada vindo de você, Granger._ ele disse brevemente
Draco
se abaixou e pegou sua varinha do chão, onde havia caído. Então, ele se
levantou e a colocou dentro de seu bolso. Ele ainda estava vestindo as roupas de
Harry, roupas gastas e tudo mais. Ele não olhou para Hermione enquanto fez tudo
isso, não viu o rosto dela com uma expressão infeliz.
-
Vejo vocês na escola_ ele disse, e saiu do aposento
Hermione
agarrou o braço de Harry.
-
Harry... ele não pode ir...
Harry
estava cansado.
-
Deixe-o ir para onde quiser, Hermione!
Ela
balançou sua cabeça violentamente.
-
Nós nunca vamos sair daqui sem ele... há dezessete feitiços só na porta de
entrada, e só ele sabe como contorná-los...
Harry
virou-se para Sirius.
-
Pegue ele!_ ele disse
Sirius
tomou sua forma canina e pulou até Draco. Ele o atingiu nas costas e fê-lo
cair sobre o chão. Draco virou-se de volta, gritando, e Sirius sentou-se sobre
o peito dele. Harry se levantou e, seguido por Hermione, aproximou-se deles
vagarosamente.
-
Chamou seu cachorro, não é, Potter?_ disse Draco, olhando Sirius com imensa
aversão – Eu odeio cachorros.
-
Você poderia ser um pouco mais legal com alguém que ajudou a salvar a sua
vida?_ falou Harry
-
Achei que estivéssemos quites._ respondeu Draco
-
Não estou falando de mim_ disse Harry – Estou falando de Sirius.
-
Calem a boca você dois._ Hermione interrompeu com grande agitação – Nós
precisamos partir. Draco... você precisa vir conosco, nós nunca vamos sair
daqui sem você.
-
E isso é problema meu porque...?
A
fala arrastada de Draco estava de volta. A fala que Hermione se lembrava, a fala
que ela odiava.
Sirius
tomou sua forma humana de repente, se levantou, fazendo Draco cair abruptamente.
-
Eu vou te dizer porque isso é problema seu, meu garoto_ ele disse, e estalou
seus dedos. Cordas apertadas surgiram no ar, como haviam aparecido para
Voldemort mais cedo, e se enroscaram pelo braço esquerdo de Draco, amarrando-o
firmemente ao braço direito de Sirius. Antes que Draco pudesse reagir, Sirius
pegou a varinha dele de dentro do bolso dele, e colocou dentro do seu – Porque
eu estou fazendo isso ser problema seu.
Draco
estava com tanta raiva que seus olhos estavam quase pretos de fúria. Então,
ele sorriu para Harry e Hermione. Era um sorriso vil e sem alegria.
-
Essa é a forma que vocês querem brincar_ ele disse – Ótimo.
-
Por que você não vem conosco simplesmente porque você quer?_ perguntou
Hermione,cuja voz fazia rachar – Nós não fizemos nada além de tentar
te ajudar...
-
Meu pai diz que não é mais meu pai._ disse Draco – O Lord das Trevas me quer
morto, e quando eu voltar para a escola, eu provavelmente vou ser expulso. Se a
idéia era mostrar o quão ruim é ser você, Potter, isso funcionou.
Os
olhos de Harry lampejaram com raiva.
-
Em primeiro lugar, nada disso foi por causa de você, Malfoy.
Draco
parecia estar esperando Harry dizer isso.
-
Claro que não_ ele escarneceu – Porque tudo é por sua causa, não é, Potter?
Nenhuma de nossas vidas estaria em perigo se não fosse por você.
-
Harry não pode fazer nada além de ser ele mesmo._ disse Hermione, numa voz trêmula
-
Talvez não_ falou Draco – Mas ele podia arrastar seus amigos para confusões
mais e mais vezes. O que você vai fazer, Potter, quando você fizer algo errado
e um deles morrer? É só uma questão de tempo, a única dúvida é se será o
Weasley, ou o Homem Cachorro aqui, ou até mesmo Granger...
-
Cale a boca, Malfoy!_ disse Harry, num tom fatal
-
Eu não acho que Granger precise de muito estímulo para morrer por você_ Draco
continuou, seus olhos brilhando – Eu ouvi vocês dois nos túneis: Diga
isso, Harry, diga isso...
-
Cale a boca!_ gritou hermione, e Draco riu
-
Ele só quer nos deixar com raiva o bastante para que o deixemos ir sem nós._
disse Harry, no mesmo tom fatal de voz – Bem, isso não funcionou.
E
ele andou. No meio do caminho até a porta, Harry parou, abaixou-se, e pegou uma
das espadas que havia caído do estojo. Ele a colocou no seu cinto, virou-se e
olhou para as outras três pessoas.
-
Vamos_ ele disse – Agora.
**
Era
cerca de meia-noite, e o céu da Mansão Malfoy era uma tigela preta virada,
enfeitada com lantejoulas. A propriedade estava preta e prateada e mortífera.
Claro que, se eles não tivessem Draco com eles, eles já estariam
terminantemente mortos. Amargado e vingativo ele devia estar, mas ele ainda era
um Malfoy, e sabia como andar pela propriedade.
Sirius
andava na frente, empurrando Draco ligeiramente a sua frente. Harry e Hermione
seguiam atrás. Harry estava quieto, com a quietude de cansaço. Eles desviaram
inúmeros obstáculos, incluindo um ninho de aranhas gigantes que Sirius
prontamente atordoou com sua varinha.
Hermione
estava se sentindo triste. Não era só porque eles estavam na propriedade da
família Malfoy, o que já era aterrorizante, nem só porque Harry estava
terrivelmente pálido e com cara de doente e ela estava com medo de que o feitiço
Lacertus, mesmo em sua forma alterada, tinha feito a ele algum tipo de dano
duradouro; também era porque Draco não estava falando com ela.
Ela
queria agradecer a ele por ter salvo a sua vida, mas ela não podia, porque ele
não falaria com ela. Quando ela tentou se aproximar, ele a afastou. Na verdade
ele só havia falado com um deles para perguntar se Narcissa estava bem. Nenhum
deles tinha coragem de contar a ele sobre o Feitiço Essencial, nem agora, então
Sirius não pôde dar a ele uma resposta melhor do que simplesmente dizer que
Narcissa estava bem. Isso, é claro, só deixou Draco ainda mais chateado.
Hermione
continuava olhando Draco com o canto de seus olhos. Como ela podia ter estado tão
errada sobre alguém? Ela havia estado tão certa, tão segura de que
aquilo não era a Poção Polissuco, que aquilo não podia ser a Poção
Polissuco... mas a forma que ele olhou para ela, falou com ela, na sala de
esgrima, era como se a semana anterior nunca tivesse acontecido e que ele a
odiava novamente.
Eles
haviam chegado a uma pequena ponte, que Era muito estreita. Draco parou. Harry,
que não estava prestando atenção, estava quase pisando na ponte quando Draco
agarrou sua manga.
-
Eu não andaria nisso se eu fosse você, Potter._ ele falou arrastadamente
Harry
andou para trás rapidamente, e olhoupara Draco com suspeitas. Perguntou:
-
Por quê? O que iria acontecer?
-
O procedimento padrão._ respondeu Draco – você iria saltar cerca de 100
metros e te espalhar numa área livre enquanto você grita a plenos pulmões.
Harry
olhou para ele e Draco sorriu seu sorriso irritante novamente. Por um momento,
parecia que Harry iria dar um soco no rosto dele. Draco meio que queria que ele
desse mesmo, mas ficou desapontado.
-
Certo_ disse Harry -Então é uma bomba.
-
Eu não sei como você deve chamar isso._ disse Draco – Eu não falo trouxês.
-
É algum tipo de feitiço explosivo, vamos apenas contornar isso, Harry._ disse
Hermione, terrivelmente infeliz
-
Não_ disse Harry, ainda olhando para a ponte, pensativo – Devolva a varinha
dele. Sirius.
Sirius
parecia ter suas dúvidas.
-
Harry..._ ele começou
-
Devolva a ele_ repetiu Harry. Ele virou-se e olhou para Draco – Tire o feitiço,
Malfoy.
-
E se eu não tirar?
-
Então, nós iremos andar sobre a ponte e testar nossas chances._ disse Harry
– Você pode ir primeiro.
Draco
franziu sua sobrancelha. Sirius tirou a varinha de Draco do bolso e devolveu a
ele, colocando-a bem na mão dele, e mantendo seu punho bem firme.
Draco
apontou sua varinha para a ponte. E falou:
-
Raptus Regaliter!
Houve
um agudo lampejo de luz. Sirius pegou a varinha de Draco de volta e eles andaram
sobre a ponte, Sirius empurrando Draco a sua frente. Como nada aconteceu, Harry
e Hermione seguiram-nos.
Sirius
não disse quase nada para Draco desde que ele disse a ele que sair de lá era
problema dele também. Agora, entretanto, Sirius virou-se para Draco e disse:
-
O que eles usaram em você, garoto? Veritaserum?
Pego
de surpresa, Draco tropeçou.
-
O quê?_ ele se espantou
-
Eu vi sua cara quando n[os entramos naquela sala, e de novo quando Harry quase
andou sobre aquela ponte._ disse Sirius – Você não contaria a Lúcio nada.
Para começar, você é muito orgulhoso. Você se esqueceu que eu já era
nascido e crescido nos dias Voldemort andava por aí torturando pessoas e usando
Veritaserum como se fosse poção tempero. Eu sei o que é resistir à magia
negra._ ele segurou o queixo de Draco e o forçou a olhar para cima – Você
mordeu seu lábio a fundo, não mordeu?_ ele continuou, soando aprovador –
Muito bem.
Draco
puxou sua cabeça de volta.
-
O que você tem a ver com isso?
-
Não muito_ Sirius admitiu – Mas isso deve ter muito a ver com eles_ ele fez
um gesto apontando Harry e Hermione atrás deles na trilha
-
Eles não iriam acreditar em mim.
-
Tente_ sugeriu Sirius
-
Não_ disse Draco – Eles já estavam muito prontos para acreditar que logo que
tirassem o efeito da poção de mim, eu iria virar e dar-lhes uma punhalada nas
costas._ ele continuou, com intensa amargura – Hermione parecia que ia cuspir
em mim. Eles sequer perguntaram.
-
Você também nem ofereceu direito.
-
Se eu fosse Harry_ falou asperamente Draco – ela nem teria perguntado, ela já
saberia.
-
Você não é Harry_ disse Sirius, com bruta verdade – Não é mais.
Draco
virou sua cabeça para o lado, assim Sirius não veria sua expressão.
-
Harry, o herói._ ele disse numa voz tensa – Ele está voltando com Hermione e
eu tenho que levar o Homem Cachorro para passear, porque estou amarrado a ele.
-
Então leve um conselho do Homem Cachorro._ disse Sirius – Você não está
fazendo muito para melhorar sua causa, no momento. Apenas conte-lhes a verdade,
Malfoy.
-
Não sei mais se eu sou um Malfoy._ disse Draco – E eu também não sou Harry.
Eu não sei quem eu sou.
**
Hermione
já havia começado a perder a noção do tempo quando ela ouviu Harry dar um
assobio brusco de espanto. Ela olhou para cima e viu para o quê ele estava
olhando: um grande abismo que dividia o chão ao meio na frente deles. Era
estreito, possivelmente não tinha mais que trinta metros de largura, mas
parecia muito, muito fundo. Ele se enrolava de um lado para o outro, como uma
serpente. Era óbvio que não havia jeito de contornar o abismo.
-
É um poço sem fundo_ disse Draco, olhando para isso com algum constrangimento
– Ou será que é um Feitiço de Profundidade, eu não tenho certeza. Não...
eu tenho certeza de que meu pai disse que ele pediu ao paisagista um poço sem
fundo._ Draco deu de ombros – Seja lá como for, eu não recomendo cair nele.
Esse abismo não deve ter mesmo fundo, mas você vai cair por um bom tempo.
-
Bem a cara da sua família ter um abismo sem fundo, Malfoy_ disse Harry
sombriamente – Outras pessoas têm plantações de arbustos no jardim. Você
tem um poço sem fundo.
-
Mais incomum que uma plantação de arbustos._ disse Draco – Mais útil, também.
-
Vocês já discutiram o bastante_ disse Sirius num tom agudo – Como nós
passamos para o outro lado?
-
Você não pode._ disse Draco – Se você tivesse o sangue Malfoy, você
poderia andar pelo abismo sem uma ponte. Mas você não tem_ ele empinou sua
cabeça para Harry – Bem, talvez você tenha, Potter, quer tentar?
Harry,
que não tinha idéia da velocidade na qual suas novas células de sangue
substituíam suas antigas e não tinha a mínima vontade de descobrir saltando
num penhasco, balançou sua cabeça violentamente. E disse:
-
De jeito nenhum.
-
Mas claro,_ disse Draco – Se eu tivesse a minha varinha...
Sirius
deu a varinha a ele, e segurou o punho dele enquanto ele executava o feitiço. Não
houve lampejo de luz, mas uma ponte apareceu. Era mais uma passarela estreita,
que abraçava os lados do abismo. Mal era larga o bastante para duas pessoas
andarem lado-a-lado.
-
Eu não gosto muito disso_ disse Sirius
Draco
deu de ombros.
-
É o que fazemos quando temos que atravessar com alguém que não é Malfoy._
disse Draco – É segura o suficiente. Atravessa o abismo, até para baixo.
-
Você primeiro_ disse Harry a Draco
Eles
estavam na metade do caminho, andando dois a dois na passarela estreita, quando
eles ouviram. Uma espécie de zumbido diretamente de cima. Hermione olhou para
cima, tentando ver pelo cerca de vinte metros de penhasco que se estendia acima
deles, e viu que os outros estavam fazendo o mesmo.
-
O quê é isso?
Todos
olharam para Draco, que estava desconcertado.
-
Não tenho idéia_ ele disse brevemente
-
Vamos voltar à encosta, todo mundo!_ disse Sirius agudamente, e eles
encostaram-se na sombra de pedra.
Depois
de alguns minutos, o barulho acabou, e eles voltaram a andar, embora que mais
devagar.
-
Isso soava quase como... um helicóptero._ disse Harry, bem baixo, para Hermione
– Mas não pode ser. Não aqui.
-
Não funcionaria_ ela concordou – Muita magia no ar.
-
Algum tipo de monstro voador?_ perguntou Harry, preocupado
-
Não soava como alguma espécie de animal...
Ela
parou de falar quando o zumbido começou de novo a ser escutado, vindo de cima,
e dessa vez acompanhado de uma luz intensamente brilhante. O que quer que tenha
sido, virou e retornou para onde veio. Eles se acotovelaram contra o penhasco.
Então algo bruscamente passou pelas cabeças deles, alguma coisa grande, e se
Hermione não fosse bem informada, ela teria achado que isso era um helicóptero
ou um avião, mas não podia ser.
-
Volte!_ disse Sirius rudemente, e Hermione percebeu que ele estava falando com
Draco, que havia se movido e estava de volta na trilha, longe das sombras
A
luz vinda de cima brilhou sobre o cabelo dele, que ficou da mesma cor dela. Ele
estava fazendo alguma coisa com suas mãos... mas sua mão esquerda estava
amarrada, não estava?
-
Sirius!_ Harry gritou agudamente – Ele tem a varinha dele...
Sirius
virou-se. Draco pulou para trás, furiosamente puxando seu punho. Alguma hora,
na confusão, ele pegou sua varinha do bolso de Sirius e se soltou. Ele tirou o
resto de corda mágica de seu punho e jogou esse resto no chão. Ele tinha uma
expressão muito esquisita no rosto: metade triunfo, metade desespero.
-
Vocês podem ir sem mim a partir daqui._ ele disse, e correu pelo caminho que
eles já haviam percorrido
Sirius
caiu de quatro em sua forma canina e correu atrás dele.
Várias
coisas aconteceram ao mesmo tempo.
Draco,
ouvindo Sirius atrás dele, derrapou para parar, virou-se e correu para outro
lado, fora da ponte e sobre o ar. Ele não havia mentido, ele podia andar no ar
sobre o abismo. Seus pés batiam no ar e lampejos prateados apareciam, como uma
faca batendo em um metal.
Sirius,
obviamente assustado, derrapou para parar.
Harry,
vendo a aflição de Sirius, começou a correr para frente. E de repente, tropeçou
num dos restos de corda de Draco. Ele caiu para frente silenciosamente, rolou, e
escorregou da margem da passarela, fora de vista.
O
coração de Hermione parou.
-
Estou aqui!_ disse uma voz fraca abaixo dela – Mas eu acho que eu quebrei meu
braço.
Hermione
ajoelhou-se, rastejou-se até a margem extema da passarela, e olhou para baixo.
À primeira vista, ela só viu escuridão, que se transformava vagarosamente num
tipo de sombra e numa rocha inferior. Ela mirou o rosto pálido de Harry, virado
para ela. Ele estava agarrado a um pedaço de rocha, com um braço. Sua outra mão
estava num ângulo estranho ao seu lado. Suas pernas estavam balançando-se
sobre o abismo, profundo, negro e sem fim.
-
Harry!_ ela ofegou
Ela
se abaixou o máximo que pôde e avançou pouco a pouco até que ela pôde alcançar
a mão que se segurava na rocha.
-
Você está bem_ ela disse freneticamente – Agüente firme, Harry...
Ela
virou sua cabeça, procurando desesperadamente por Sirius, e o viu a sessenta
metros de distância, assistindo Draco correr pelo ar no lado oposto do abismo.
-
Sirius!_ ela berrou – Sirius, venha rápido!
Houve
um estalido muito alto, e um pedaço da rocha que Harry estava segurando
desmoronou. Ele deslizou um pouco, puxando Hermione com ele. Ela lançou o braço
que não estava segurando Harry até uma rocha, e apertou seus joelhos. O
cascalho ralou sua pele, mas ela parou de deslizar.
Ela
olhou novamente para Harry. Não havia nada além do peso dela impedindo-o de
cair, e ela estava segurando o punho dele tão firmemente, que ela podia ver
suas próprias unhas entrando na carne dele.
-
Agüente firme!_ ela disse, sua voz soando alarmante – Só agüente firme,
Harry, Sirius está vindo...
Ela
podia ver Sirius correndo até eles na maior velocidade possível, com as quatro
patas, e ainda assim, ele não parecia estar chegando nem um pouco perto.
-
Eu não posso_ disse a voz de Harry abaixo dela
Ela
olhou de novo para Harry. Ele estava muito pálido, sujeita e cortes enfeitavam
o rosto dele, mas ele estava estranhamente calmo.
-
Eu não posso_ ele repetiu, e ela viu que ele estava certo: a mão dele estava
escorregando da dela.
Ela
foi mais para perto dele, metade dela estava agora fora da passarela, e segurou
a manga dele, muito firme.
-
Harry_ ela disse – Harry, por favor!
Mas
ela sabia que isso era inútil. Ele não podia subir por si próprio com o braço
quebrado. Ele era um peso morto no final do braço dela, e o ombro dela estava
doendo muito, agora. Ela estava ciente do zumbido acima novamente, mas ela não
ousou olhar para cima.
-
Hermione_ disse Harry
Ele
estava sorrindo. Como ele podia estar sorrindo numa hora dessas?
-
Eu te amo, você sabe_ ele disse
Ou
ao menos, soou assim. O zumbido estava muito alto em seus ouvidos e ela não pôde
ter certeza.
-
O quê?_ perguntou Hermione, chocada – O quê você disse?
Harry
abriu sua boca para falar. Houve um som de roupa rasgando, e um pedaço da manga
dele ficou na mão dela, como tinha que acontecer, e ela sabia que iria. Ela viu
os olhos dele arregalarem com terror, e
então ele estava caindo, caindo para longe dela, espiralando na escuridão
impenetrável abaixo.
**
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