Título: A longa noite de nós dois
Autor: magalud
Categoria: slash
Gênero: Dark, Angst, Romance
Classificação: NC-17
Personagens ou Casais: Harry/Snape
Resumo: Depois de passar o verão com Snape, Harry volta a Hogwarts para seu último ano, um que jamais esquecerá.
Spoilers: escrito antes de Harry Potter e o Príncipe Mestiço.
Disclaimer: Reconheceu alguém? Não é meu.
Alertas: Mpreg. Violência. Palavrões. Non-con.
Avisos: Continuação de "O verão glorioso". Você tem que ler esse primeiro, não tem jeito. Aliás, se já leu, aconselho até a reler. Mas não se esqueça de que a trilogia começou com "A prisão de Harry Potter"
Notas: Peço desculpas se alguns dos nomes estiverem no original e não na tradução brasileira. Eu não acredito em traduzir nomes, embora eu conscientemente acredite em alienígenas como um exercício de estatística.
Notas 1: Tudo isso começou com um plot bunny que Ravenkiss plantou na minha cabeça. Não era um bunny branquinho e fofinho: ele era cruel, viciado em ácido lisérgico, cheio de dentes afiados e não me largou até eu começar a escrever essa fic. Pior do que isso, até eu escrever, ele chamou vários amiguinhos e aí eu tive que fazer uma trilogia. Ao longo da história há homenagens e citações a Ptyx, a vários outros autores, sem mencionar a invasão de um outro personagem fictício.
Notas 2: Os títulos dos capítulos são músicas do Yes, por causa dos fascinantes jogos de palavras e imagens. Eles podem parecer não ter nada a ver, mas são tudo de bom. E foi um pretexto para eu revirar meus velhos álbuns! J
Notas 3: Agradecimentos e gratidão eterna à fenomenal Lilibeth, a lili-beta e Amanda Saitou!

 

 

A longa noite de nós dois

 

 

Capítulo 1 – Sonhos doces

 

Ao entrar o Grande Salão de Hogwarts para o Banquete de Boas-Vindas, Harry Potter mal conseguia esconder a emoção. Ele sabia que muita coisa estava em jogo aquele ano: era a última vez que assistia à cerimônia de seleção de novos alunos, porque era seu último ano na escola; a guerra contra Voldemort provavelmente tomaria novos rumos, e ele estava apaixonado por seu relutante Mestre de Poções. De todas essas coisas, apenas a última lhe parecia mais urgente e importante, ocupando sua mente todo o tempo. Os dois tinham vivido um tórrido romance durante o verão, um romance que Severus Snape insistira em romper uma vez que as aulas recomeçassem.

 

Contudo, Harry não estava nada satisfeito com essa separação e prometera a si mesmo fazer de tudo para reconquistar o homem por quem seu coração batia. Não que ele tivesse exatamente um plano, mas ele pretendia ir até as últimas conseqüências para provar a Severus que ele não fora apenas uma paixão adolescente de verão.

 

Harry refletira longamente sobre isso durante a semana final das férias, que passara em Grimmauld Place com os Weasley e Hermione. Foi nessa ocasião que ele finalmente dissera aos amigos que era gay. A reação não fora tão ruim quanto esperava: Ron se recuperara do choque inicial assim que Harry garantira não estar interessado nele, e Hermione o abraçara, dizendo que não era uma escolha fácil.

 

O ano realmente prometia ser movimentado, e isso começava naquele exato instante. Os alunos viram o retorno do professor Remus J. Lupin à cadeira de Defesa Contra as Artes das Trevas, e houve reações, uma vez que era amplamente conhecido tratar-se de um lobisomem. Os Slytherins pareciam chocados e insultados. Os alunos do primeiro e segundo anos estavam de olhos arregalados, como se esperassem que Lupin os atacasse na primeira oportunidade. Alguns poucos saudaram-no de volta com alegria, como o trio de Gryffindor.

 

Já no jantar de boas-vindas, Harry pôde perceber que Draco Malfoy continuava sendo informado por seu pai, agora fugitivo de Azkaban. Em alto e bom som, o louro jogava insinuações sobre Harry ter visto "o sol nascer quadrado" ou "puxar tempo atrás das grades" por causa da "branquinha". Seus dois gorilas, Crabbe e Goyle, bem como o alourado Blaise Zabini, riam-se alto.

 

Harry os ignorou, tendo olhos somente para Snape. Como ele sentia falta daqueles olhos pretos revirando de desejo, o cheiro de sexo, suor e lubrificante aumentando-lhe o tesão...

 

Seriam muitos banhos frios até Snape ser convencido a novamente repartir os lençóis com o Menino-Que-Sobreviveu.

 

– Passou bem as férias, Harry?

 

– Sim, senhor – Harry estava um tanto apreensivo. As aulas mal começaram e ele já tinha sido chamado ao escritório do diretor.

 

– Sua decisão de passar o verão com o Prof. Snape foi uma surpresa para mim, Harry – confessou Albus Dumbledore. – E eu raramente me deixo ser surpreendido. Acredito que vocês tenham resolvido suas diferenças.

 

E como, pensou Harry.

 

– Oh, sim, senhor.

 

– Então não vai se importar de ter atividades extras com ele?

 

– Nós passamos o verão com aulas de Legilimência, senhor, se é disso que está falando.

 

– Não, Harry, na verdade eu falo de Poções.

 

– Poções? Mas eu não faço Poções.

 

– Precisamente. E você vai precisar ter aulas se quiser fazer os NEWTs para se tornar um Auror.

 

– NEWTs de Poções? Mas eu não sou bom nisso...

 

– Harry, é muito importante que você se torne um Auror. Esse treinamento pode ser crucial para derrotar Voldemort. Por isso estou pedindo ao Prof. Snape que reserve horários noturnos para ensiná-lo. Eu mesmo lhe ensinaria, mas já que vocês estão se dando bem e ele é o nosso atual Mestre de Poções...

 

Harry imediatamente concordou, por motivos muito menos nobres do que a guerra contra Voldemort: agora ele tinha um desculpa oficial, sancionada por Dumbledore, para visitar Severus durante as noites. E não perdeu tempo.

 

Na primeira oportunidade, ele pegou o Mapa dos Marauders e foi às masmorras. Bateu à porta e ouviu a ordem de entrar, obedecendo em seguida. Severus estava na sala de aula vazia e movimentou a varinha no ar, causando um suave estalido de mágica.

 

– Agora as proteções vão reconhecer você.

 

– Obrigado, Severus. – Harry sorriu. – É bom ver você.

 

O sorriso de Harry afetou o Mestre de Poções como um feitiço direto. Ver o rapaz depois daquela breve separação provou ser mais difícil do que Severus imaginara. Ele planejara usar aquele período para se convencer de uma vez por todas que Harry era inacessível e que tudo tinha sido apenas um arroubo de verão. Agora ele via que o rapaz estava impregnado em sua pele, marcado a ferro e fogo em sua alma.

 

Não que isso mudasse alguma coisa. Não importava o que Severus sentia. Seus sentimentos nunca tinham sido importantes antes, e isso não iria mudar agora só porque ele estava apaixonado por Harry. Por mais difícil que isso fosse, ele tinha que manter a palavra e continuar longe do jovem. Era o melhor para o rapaz, e, justamente por amá-lo tanto, Severus prontamente negaria todos os seus sentimentos.

 

Mas ninguém disse que seria fácil, com ele a sorrir, os olhos verdes brilhando em sua direção, a proximidade que o fazia lembrar-se do glorioso verão...

 

– Calculo que o diretor tenha lhe dito sobre a necessidade de reforçar seu aprendizado em Poções.

 

– Ele me disse. Eu só vou ter que contornar os horários de Quidditch.

 

– Dificilmente haverá problemas. Lamento por suas noites livres.

 

– Eu não me importo. Agora posso dizer a verdade a Ron e Hermione, que estou com você.

 

– Ah, sim, seus amigos. Foi bom o final de suas férias?

 

– Foi bom estar com meus amigos, mas senti sua falta, Severus.

 

Severus desviou o olhar e mudou de assunto:

 

– Conseguiu falar com seus amigos a respeito de suas... inclinações?

 

– Se eu contei que sou gay? Ah, falei. Ron demorou a se acalmar, e Hermione me olhou como se eu tivesse contado que só tinha um mês de vida.

 

– Há quem diga que isso é uma doença.

 

O rapaz deu de ombros:

 

– Não se pode agradar a todos. O importante é que eles não me rejeitaram.

 

– Sim, isso é muito importante. Numa época de guerra, é imprescindível arregimentar apoios.

 

– Eu vi que Voldemort chamou você há poucos dias.

 

– Não diga o nome dele!

 

– Por quê? Por que você tem tanto medo?

 

– Não é medo. Toda vez que o nome dele é pronunciado, a Marca Negra arde. E ele sente, e depois questiona o que se falou sobre ele.

 

– Desculpe – Harry estava envergonhado. – Eu não sabia.

 

– Tudo bem, só não repita isso. Eu sei que o Prof. Dumbledore o incentiva ao pronunciar o nome dele.

 

– Não faço mais. Mas ele... estava bravo?

 

– Ele quer capturá-lo, Harry. Estava impaciente e deu-me instruções para vigiá-lo de perto.

 

– Sei – Harry não pôde evitar um sorriso malicioso. – E como pretende fazer isso, de me vigiar de perto? Sabe, eu tenho algumas sugestões.

 

Percebendo o tom licencioso do rapaz, Severus disse:

 

– Harry, por favor. Nós já conversamos sobre isso.

 

– Tá, eu sei. Mas não pense que isso me agrada.

 

– Acho melhor começar sua lição de Poções. Trabalharemos aqui e você usará os estoques da escola.

 

– Está bem, Severus.

 

– Para começar, use esse livro: "Poções Avançadas", de Libatius Borage. Ele é muito antigo, e você pode estranhar a linguagem no início, mas é bom ir se acostumando.

 

– Certo.

 

Não era exatamente o reencontro sonhado por Harry, mas ele estava ao lado de Severus e isso era o que mais importava no momento.

 

 

 

Capítulo 2 – Perto do limiar

 

– Não, não – Severus corrigiu o jeito como Harry mexia a poção. – A instrução é específica: apenas 35 mexidas circulares no sentido anti-horário. Isso tem que ser seguido à risca.

 

– Não é o que estou fazendo?

 

– Obviamente não, ou eu não estaria corrigindo – ele colocou a mão sobre a de Harry, mexendo. – Veja a diferença.

 

– Hum.

 

A proximidade dos dois corpos teve efeito imediato em ambos. Harry se virou para olhar Severus, os rostos bem próximos, olhos negros flamejantes encontrando-se com verdes de igual intensidade. Milhões de mensagens foram passadas entre os dois, o tempo ficou suspenso. Sem se darem conta, eles se aproximaram ainda mais, e seus lábios se encontraram. Instantaneamente, surgiu um gemido de satisfação do fundo da garganta de Harry. O som suave tirou Severus do transe e ele deu um passo para trás.

 

– Harry...

 

O rapaz suspirou, frustrado com o fim do contato.

 

– Não podemos, Harry – Severus desligou o fogo e desviou o olhar. – Já discutimos sobre isso. O verão passou, e em Hogwarts, tudo precisa ser diferente. Temos que nos separar. Não quero me repetir. Não quero passar o ano inteiro evitando você.

 

– Não quero brigar, Severus. Mas está claro que talvez não dê para ficarmos separados.

 

– Vamos ter que conseguir. Pense em tudo que está em jogo.

 

– Isso pode ser mais forte do que nós dois. Pense nessa possibilidade, pelo menos.

 

Severus não respondeu.

 

 

Longbottom. Mais uma vez, e sempre, Longbottom.

 

Severus examinou com desprezo o tubo cheio de um líquido opaco verde brilhante, no qual deveria estar um azul-claro transparente. Uma análise preliminar revelara que o garoto tinha conseguido a façanha de reunir ingredientes em quantidades compatíveis com uma antiga receita, hoje quase esquecida. Por acidente, Longbottom muito provavelmente tinha criado uma alternativa capaz de aperfeiçoar a antiga poção, dando um novo sentido à expressão "atirar no que vê e matar o que não vê". Snape pôs a poção novamente no fogo para quebrar seus componentes.

 

De qualquer forma, o zero estava garantido, uma vez que o inepto rapaz não tinha conseguido preparar a poção a que se propusera. Por que, indagou-se Severus pela enésima vez, aceitara o garoto em sua classe, estava além de sua compreensão.

 

Severus olhou para o lado: Harry continuava a trabalhar na Poção de Clareamento, mas ele podia notar que os olhos do rapaz se desviavam para sua direção sempre que ele imaginava não estar sendo observado. Severus sorriu para si mesmo, colocando a poção de Longbottom em fogo baixo. Ele ouviu Harry se mexendo perto dele, indo ao armário pegar um ingrediente enquanto sua poção borbulhava suavemente.

 

De repente, num movimento rápido, os dois estavam próximos: os rostos quase se encostando, os olhos devorando-se, como se seus corpos respondessem a uma atração física irresistível e eles obedecessem unicamente a leis da natureza, não a suas vontades. Severus sentiu o cheiro de Harry entrando-lhe pelas narinas, aguçando-lhe um tipo especial de apetite, minando-lhe as defesas, corroendo-lhe o controle. Os lábios se encontraram naturalmente, sem intenção, apenas instinto, e o fogo só aumentou, cegando a ambos.

 

Harry apertou Severus contra si, mexendo os quadris, aprofundando o beijo. Severus passou a beijar-lhe o pescoço, mas o rapaz abriu as próprias calças e levou a mão elegante até sua ereção, quente e pulsante.

 

O cérebro de Severus parara de funcionar e ele se pôs de joelhos, as mãos nas nádegas expostas de Harry, a boca abrigando-lhe a masculinidade rígida. Harry arqueou, apoiando-se na bancada, a boca aberta, o ar escasso.

 

A temperatura elevava-se e Harry gemia diante dos talentos daquela boca, movendo-se naquela fonte de umidade e calor que o enlouquecia. Até que ele não agüentou mais e puxou Severus de pé, sussurrando, rouco:

 

– Quarto... Agora...

 

– Não!... – O homem arrancava as roupas de seu corpo, expondo-lhe a pele jovem – Não posso esperar!... Quero você agora!...

 

Desajeitados, eles se livraram também das roupas de Severus, que se dobrou de bruços na bancada, oferecendo-se a Harry, alucinado de desejo. Tudo parecia ser tão irreal, tão deliciosamente insano. Ele ergueu a mão:

 

Accio lubrificante!

 

Um frasco veio para sua mão e ele o passou a Harry, que não hesitou numa preparação rápida e recorde antes de se afundar em Severus, lentamente, a sensação familiar que ele tanto sentia falta agindo como uma dose de droga agia num viciado, espalhando-lhe prazer e calor por todo o corpo. Só Severus o fazia se sentir assim, e ele mais uma vez teve a sensação de estar em casa, no lugar onde mais estava à vontade e onde era aceito incondicionalmente. Aquilo, pensou, era a definição de amor verdadeiro.

 

Severus usou seus músculos para apertar Harry dentro de si, senti-lo ainda mais. O rapaz gemeu, e começou a se movimentar com ardor, fazendo Severus enlouquecer ainda mais. Como ele sentira falta de Harry, de tê-lo dentro de si, de sentir seu aroma, de tocar sua pele, de poder ser seu e somente seu...

 

E o controle que se danasse, pensou, sem ter idéia do quanto se arrependeria dessas palavras.

 

Harry esticou-se para agarrar a ereção de Severus, sorrindo para si mesmo quando o sisudo Mestre de Poções soltou um gemido alto e totalmente diferente do que seus alunos costumavam ouvir. Ah, o som que ele amava... Harry adorava provocar essas reações em Severus, e fez a mão deslizar para cima e para baixo ao longo do seu pênis firme e latejante. Nossa, o homem estava tão excitado que contagiava Harry.

 

Logo os dois estavam prestes a explodir, e a reação foi em cadeia: primeiro Severus, que arqueou o corpo para trás e despejou seu sêmen na mão de Harry, com um som inarticulado gutural. O rapaz não parara de estocar, promovendo ataque impiedoso à próstata de Severus, e sentiu-o fechando em torno de si, apertando-se todo em sua volta. Harry não agüentou e explodiu em seguida, gritando o nome de Severus e esvaziando-se em seu corpo.

 

Eles se abraçaram, ofegantes. Em pouco tempo, porém, a temperatura das masmorras à noite os fez se mexerem, em busca de roupas para seus corpos que rapidamente esfriavam. Harry esperou Severus colocar algumas roupas antes de beijá-lo:

 

– Como eu amo você...

 

O Mestre de Poções retribuiu o sorriso:

 

– Vista-se antes que pegue um resfriado. Preciso verificar as poções.

 

Harry meneou a cabeça, satisfeito, e foi até o canto da sala, onde seu sapato tinha ido parar, dando as costas para Severus. Mais tarde, ele se lembraria de que aquela tinha sido uma atitude infeliz, mas inevitável.

 

Ele mal ouviu Severus gritar seu nome quando uma explosão soou, seguida de outra, que o jogou contra a parede. Ele não viu exatamente o que tinha acontecido, mas num relance pôde ver a poção de Neville dar um espirro tão grande que atingira a chama, provocando a primeira explosão, esparramando o líquido em Severus e até dentro da poção inacabada de Harry. Foi justamente o contato com a segunda poção que causou nova explosão e novo banho em Severus, que foi ao chão, encharcado e imóvel. Harry gritou:

 

– Severus!

 

As duas poções misturadas não pararam de reagir, e borbulharam furiosamente, mesmo fora do caldeirão. Assustado, Harry atravessou a sala, venceu a poça espessa e ameaçadora no chão e puxou o homem que amava para um lugar seco e seguro. Tentou limpá-lo, chamando:

 

– Severus!... Severus, pode me ouvir?

 

Nada. As poções borbulharam mais uma vez, espirrando para os lados, como se estivessem iradas. Harry correu até a lareira:

 

– Madame Pomfrey! Madame Pomfrey, por favor, é uma emergência!

 

– Mr. Potter? O que houve?

 

– Um acidente com poções. O Prof. Snape está ferido! Ele não quer acordar!

 

– Fique calmo, Mr. Potter, eu já estou indo. Recolha uma amostra das poções que causaram todo esse dano, por favor. E fique calmo!

 

Harry obedeceu, tentando se acalmar, o coração acelerado, imaginando o que não daria para ver aqueles olhos negros e profundos se abrindo de novo.