Igreja da Santa Cruzada do Caos Perpétuo
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Os irmãos reunidos em conclave (Lisboa Dezembro de 2001) decidiram
transformar o anarquismo Luso - O nosso programa aponta para uma cada vez
maior, uma cada vez maior, radicalização de atitudes.
Atenção companheiros:
1. Actuem conscientes de que o racismo psíquico veio substituir
a descriminação aberta e é hoje um dos aspectos mais
repugnantes da nossa sociedade.
2. Abandonem toda a pureza ideológica, abracem o anarquismo
"tipo 3" (para utilizar a terminologia de Bob Black): -Nem colectivista
nem individualista. Limpem os Templos, destruam os ídolos, desembarassem-se
do velho, das relíquias e dos mártires.
3. O movimento anti trabalho ou "trabalho zero" é fundamental,
incluindo o ataque radical e violento contra a educação e
servidão das crianças.
4. Substituam as tácticas caducas de publicação/propaganda
pela pornografia e o entretenimento popular como veículos de uma
reeducação radical.
5. Na música a hegemonia do compasso 2/4 e 4/4 tem de ser combatida.
Precisamos de uma nova música, totalmente disparatada. No entanto
confirmadora de vida. Potente mas ritmicamente subtil. O mesmo combate
deverá ser dirigido aos "performers" auto flageladores. Morte à
arte da mutilação viva a arte portadora de vida e de liberdade!
Necessitamos de uma nova estética. JÁ!
6. O anarquismo tem de se descartar do materialismo evangélico
e do banal cientifismo bidimensional do século XIX. Os "estados
mais elevados de consciência" não são mais meros fantasmas
inventados por sacerdotes malvados. O oriente, o oculto, as culturas tribais
possuem técnicas que podem ser assimiladas de maneira verdadeiramente
anarquista. Sem "estados mais elevados de consciência", o anarquismo
consome-se (dilui-se) e seca num queixoso lamento. Necessitamos de um tipo
prático de "Anarquismo Místico", isento de toda a merda pseudo
filosófica e do deslumbramento do "New Age" - Inexoravelmente herético
e anti clerical. Ávido de todas as novas tecnologias de consciência
e metanóia, uma democratização do chamanismo, ébria
e serena.
7. A sexualidade foi assaltada, obviamente pela direita, mais concretamente
pela pseudo vanguarda da "pós sexualidade", e mais subtilmente pela
recuperação espectacular nos media e publicidade. Chegou
o momento da reafirmação explosiva do Eros Polimorfo, de
uma glorificação literal dos sentidos - queremos uma doutrina
de gozo. Abandonemos a vergonha e todo o ódio pelo mundo.
8. Ensaiemos novas tácticas para ocuparmos a caduca mentalidade
de "esquerdas". Enfatizemos os benefícios práticos, materiais
e pessoais na criação de redes radicais. Os tempos não
são propícios para a violência ou combatividade (directa),
mas com toda a certeza a sabotagem e a imaginação têm
sempre lugar cativo no "espectáculo". Trama e conspira, não
te acomodes nem te lamentes!... O mundo da arte, em particular, merece
uma boa dose de "terrorismo poético".
9. A sociedade pós industrial trás algumas vantagens
(p.ex.. criação de redes digitais) ainda que possa vir a
manifestar-se mais opressiva. As comunas de 60 procuraram fazer frente
às forças de opressão - fracassaram. Como podemos
separar o conceito de espaço dos mecanismos de controlo? Os gangsters
territoriais, as nações estado, meteram a mão no mapa
mundo (inteiro). Quem inventará para nós uma cartografia
de autonomia? Quem pode esboçar um mapa que inclua os nossos desejos?
O anarquismo implica em ultima instância a Anarquia - e a anarquia
é caos. -Caos é o princípio da criação
continua...
O CAOS não morreu.