1.
a possibilidade de tudo
2.
os mitos não são lendas para
aqueles que crêem, que os respeitam
3.
são histórias localizadas no
tempo. envolvem o sobrenatural e
deles irrompe uma realidade - outra.
4.
o ritual transporta-nos ao mito - é
dizer: revivemos através dele o mito.
5.
através do rito a natureza é
revitalizada e cumpre-se o objecto do ritual:
- a busca da perfeição do início.
6.
o retorno implicará, pois, esse ritual
e a recitação do mito.
7.
na superfície neutra do papel, uma
grafia que nasce do gesto incontrolado
da mão - a mão que desenha perante
um olhar que observa e não intervém.
8.
há nisto um quê de gnose estética
que tem como base o auto-conhecimento.
9.
essa grafia, desencadeia - pode desencadear
- processos transitórios
de transe ou o despertar de forças
subterradas nos atavismos da espécie.
10.
a incorporação da escrita na
obra plástica não é novidade
- faz parte integrante da história
da pintura
11.
uma questão estética.
12.
arrisquemos, porém, uma leitura alargada.
uma leitura não limitada
apenas a uma caligrafia formal e plástica,
num contexto simplesmente semântico.
13.
arrisquemos a palavra/escrita/dita, enquanto
geradora de múltiplas relações de poder
14.
enquanto geradora do desejo
15.
o artista/feiticeiro deverá, pois,
desenvolver uma grafia capaz
de libertar forças escondidas - capaz
de jogar com a pluricefalia xamânica
16.
cumprir em pleno o acto de criação,
tendo presente a
dinâmica do caos onde natureza, criatividade,
tempo e acaso são variáveis num quadro perfeitamente determinista.
17.
a relação entre o acaso, o acto
criativo, o tempo e
a natureza coloca
o mago/artista como interveniente num ritual
preciso, o qual só será concluído
quando alcançada a comunhão
entre natureza e projecto criado.
18.
esta acção coloca o mago na
condição de
manipulador de elementos capazes de estruturar
a obra - sigilo.
19.
ele comporta-se como um soldador de objectos
onde o
acaso é elemento de fundamental importância.
20.
assim, os "objectos" alvo da colagem transformam-se
em
signos/símbolos da acção-desejo
21.
o desejo também de anular o caracter
condicionador da linguagem
22.
a obra conseguida é para ser vista/contemplada(pelos
olhos)
23.
não para ser lida no sentido convencional
- recusa de todos
os condicionalismos gerados pelos signos da
linguagem
24.
a actuação do artista/mago,
neste ritual, é espontânea
25.
não há limitações
ao rito.
26.
o iniciado não obedece a quaisquer
liturgias ou a leis ditadas por mestres.
27.
só a liberdade poderá gerar
o prazer.
28.
mas o mago é conhecedor
29.
ele sabe que a natureza é a grande
mãe e o caos é a possibilidade de tudo
30.
o mesmo será: TUDO É POSSÍVEL
31.
e O DESEJO SERÁ CUMPRIDO se O QUE QUISERMOS,
FIZERMOS
32.
assim teremos um acto conceptual gerado por
um rito.
33.
um acto pendular que se poderá resumir
da seguinte forma
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