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NIVUSKA: MEIO NIVA, MEIO FUSCA
Tudo começou com um descuido na trilha. Percorrendo a estrada do inferno, esqueci-me de verificar o nível do óleo, que foi sendo consumido até a última gota. Já fora da trilha, o motor começou a bater. Por estar com toda a família no carro, à noite, num lugar ermo e desconhecido, preferi rodar com o motor naquela situação até o próximo posto, que infelizmente ficava a 20 km. Chegando lá, enchi o cárter, mas a situação já era irremediável. Com 52465 km, o motor precisava de retífica. O motor foi desmontado para verificar a extensão do problema: uma biela azulada, necessidade de retífica do virabrequim e cilindro. Os pistões teriam que ser trocados. Aproveitando o serviço, também a embreagem seria substituída. Levantando os preços de peças, observamos que o preço dos pistões originais era muito superior a de outros carros, nacionais. Foi na tentativa de economizar dinheiro que surgiu a idéia de procurar algo que se adaptasse bem ao motor russo. O pistão nacional mais próximo era o do Fusca 1500, medida std. Seu diâmetro era 4 mm maior que o original. A peça, projetada para funcionar na horizontal em um motor a ar, certamente atenderia às exigências de resistência na nova situação. Para que os pistões entrassem no bloco, seria necessário usiná-lo, uma vez que o Niva não usa camisas em seus cilindros. Feita uma medição, concluiu-se que não haveria problemas em tal usinagem, pois a distância final entre os cilindros seria de cerca de 15 mm (alguns carros nacionais usam 7 mm). O próximo problema a resolver era a altura do pistão. Instalado sem adaptações, bateria no cabeçote, inviabilizando a adaptação. O pistão tem material suficiente para permitir um rebaixamento de sua cabeça, mas a solução adotada foi outra. O pino dos pistões tem o mesmo diâmetro do original, podendo ser usado sem problemas. O furo do pistão onde o pino se aloja, no entanto, foi alterado. Aumentou-se o furo em 1,2 mm, excentricamente, de forma que o centro ficou 0,6 mm mais alto. Foram fabricadas buchas para retornar o diâmetro à medida original e com isso o pistão ficou rebaixado em 0,6 mm em relação ao cabeçote. Com o aumento do diâmetro, houve a necessidade de se fazer uma nova junta de cabeçote. Sua altura foi determinada em 1 mm, para não aumentar demais a taxa de compressão. Feita a alteração, a capacidade volumétrica do motor passou de 1570 para 1710 cm3 e sua taxa de compressão aumentou dos 8,5:1 originais para cerca de 9,6:1. Antes da montagem, o conjunto inferior foi balanceado dinamicamente. Os pistões receberam um trabalho na parte inferior, para impedir que tocassem as bolachas do virabrequim e também evitar a batida de saia. Após o trabalho, o conjunto biela-pistão foi submetido a um balanceamento estático. Para dar um toque de arte ao serviço, foram polidos os dutos de admissão e escape. O carburador permaneceu original, mas futuramente será estudada a substituição por outro maior. O princípio foi conseguir mais performance sem alterar muito o consumo. O carro, hoje com 1000 km rodados, faz entre 6,5 e 7,5 na estrada, portanto sem grandes variações em relação às marcas originais. Testado em estrada de terra, com pneus originais, o carro chegou a cantar os quatro pneus na passagem de 1a para 2a marcha. O serviço sai por cerca de R$ 1800,00 (base=1999) dependendo, fora os trabalhos de balanceamento e polimento de dutos, pintura do motor e zincagem de parafusos. Pode ser feito à base de troca na Mecânica Ruehe. O endereço é R. Pastor Helers , 280, Morro do Espelho, São Leopoldo - RS. Os telefones são (051) 592-7219 e 989-6794, onde qualquer assunto pode ser esclarecido com Henrique Luís Ruehe. |
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