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O Que É Evolução Biológica?

por Lenny Flank
© 1996

tradução: Gilson C. Santos

Dragão de KomodoA palavra "evolução" na verdade significa duas coisas completamente distintas e separadas (e é uma tática favorita dos criacionistas a tentativa de obscurecer a distinção entre as duas). Por um lado, "evolução" significa simplesmente que organismos se modificam com o passar do tempo, que alguns organismos desapareceram do planeta e são substituídos por outros organismos que não existiam antes. Neste sentido, "evolução" não é uma teoria científica ou hipótese, é um fato observável, da mesma maneira que o ciclo de vida de um sapo é um fato observável. O registro fóssil é muito claro em indicar organismos que já existiram e que não existem mais (dinossauros, trilobitas, pterodátilos, mastodontes) e  organismos que existem agora e que não existiam na eras geológicas anteriores (humanos, chipanzés, cervos, serpentes).

Por outro lado, "evolução" também é a palavra usada para indicar a teoria científica de como este processo de organismos substituindo organismos ocorreu. Neste sentido, "evolução" não é um fato observável, é um modelo científico (leia mais abaixo a definição de um "modelo") que procura explicar o fato da evolução (mudanças nas espécies através do tempo).

Na maioria da vezes, quando um cientista fala de "evolução", ele está falando sobre o modelo atualmente aceito do processo através do qual organismos tem se modificado através do tempo, não sobre a existência atual ou inexistência de tal mudança por si própria. Os criacionistas, por outro lado, gostam de interpretar variadas críticas científicas de alguns aspectos do modelo evolucionário como um ataque a existência da própria evolução. É importante reconhecer que este argumento é falso, uma vez que as duas esferas são completamente separadas e distintas.    

O modelo científico da evolução atualmente aceito foi primeiramente planejado no livro Sobre A Origem das Espécies Através da Seleção Natural de Charles Darwin. A teoria darwiniana da evolução pode ser resumida em alguns postulados simples:

(1) Os membros de qualquer população biológica em particular irão diferir entre si em pequenas particularidades e terão características ligeiramente diferentes de estrutura e comportamento. Este é o princípio da "variação". 

(2) Estas variações podem ser passadas de uma geração para outra, e a prole daqueles que possuem um tipo particular de variação também tenderá a ter aquela mesma variação. Este é o princípio da "hereditariedade". 

(3) Algumas destas variações darão ao seu possuidor uma vantagem na vida (ou escapar de alguma desvantagem ), permitindo que o organismo obtenha mais alimentos, fuja de predadores mais eficientemente, etc. Dessa forma, aqueles organismos que possuem uma variação útil tenderão a sobreviver por mais tempo e gerar mais descendentes que os outros membros daquela população. Estes descendentes, através do princípio da hereditariedade, também tenderão a possuir estas variações vantajosas, e isto terá o efeito de aumentar, sobre um número de gerações, a proporção de organismos na população que possui esta variação. Este é o princípio da "seleção natural".

Estes princípios são combinados para formar a essência do modelo evolucionário. A visão darwiniana tradicional sustenta que pequenas mudanças na estrutura e no  comportamento, efetuadas pela seleção natural das variações, produz, após um longo período de tempo, organismos que diferem tão grandemente de seus ancestrais que eles não são mais o mesmo organismo, e devem ser classificados como uma espécie separada. Este processo de especiação, repetido a mais de 3,5 bilhões de anos atravessou o tempo desde que a primeira forma de vida apareceu na Terra, explica a produção gradual de toda a diversidade da vida. 

Em anos recentes, duas teorias novas têm sido amplamente aceitas que complementam a teoria da evolução darwiniana tradicional. A primeira destas é o "equilíbrio pontuado", uma teoria estabelecida por Stephen Gould e Niles Eldredge no início da década de 1970. A teoria darwiniana original considera que o aumento de mudanças que produz uma espécie nova ocorre por toda a população das espécies "parentais", e que a população completa gradualmente é substituída por uma nova espécie, um cenário conhecido tecnicamente como "especiação simpatrica" (simpatrico significa "o mesmo lugar"). Em 1972, Gould e Eldredge propuseram que a maioria das especiações tomaram lugar não na população inteira da espécie parental, mas dentro de um grupo pequeno, isolado geograficamente dela. Após esta transição isolada para uma nova espécie tomar lugar, a nova espécie se move para fora da área de sua origem  para substituir as espécies mais antigas por todo seu hábitat. Este cenário é conhecido como "especiação alopatrica", que significa "lugar diferente".

Gould e Eldredge apontaram que um modo alopatrico de especiação, no qual a transição evolucionária de uma espécie para outra tem lugar somente em uma área geográfica isolada e por um período relativamente curto de tempo, necessariamente limitaria o número dos fósseis intermediários que poderiam ser encontrados pelos paleontologistas, uma vez que estas populações intermediárias seriam extremamente limitadas tanto no espaço como no tempo e não seriam encontradas a menos que fossem preservadas como fósseis (por si própria uma ocorrência rara) e também a menos que um caçador de fósseis descobrisse por acaso a área específica onde uma transição tivesse ocorrido (Gould e Eldredge conseguiram descrever uma destas áreas -- uma pequena pedreira isolada em Nova York que ilustrou a transição de uma espécie de trilobita Phacopsto para outra, os níveis mais baixos continham as espécies originais de trilobitas, os níveis superiores continham as espécies novas e no meio havia uma série de transições indo de uma a outra).

A outra teoria da evolução é chamada "deriva genética", "neutralismo" ou "evolução não adaptativa". Na visão darwiniana, todas as características de um organismo são o resultado da seleção natural, que continuamente se livra das variações inadequadas e seleciona as adequadas para serem conservadas na próxima geração. Entretanto, ao menos em alguns momentos, a presença de uma característica genética particular pode ser somente o resultado de uma mudança. Em uma população pequena na qual uma porção dos membros são possuidores de uma característica e uma porção é possuidora de outra, é possível por um conjunto de circunstâncias acidentais tais como uma doença ou um desastre natural aniquilar todos os possuidores de uma destas características, restando somente uma característica. Assim, esta característica seria conservada não através da seleção natural, mas unicamente devido à circunstâncias fortuitas. Isto é freqüentemente referido como "sobrevivência do mais afortunado". 

Também parece haver um grande número de características que são iguais em sua "aptidão", nenhuma tem qualquer vantagem de seleção sobre as outras. Desta maneira, estas características são referidas como "neutras" --  ou são selecionadas a favor ou selecionadas contra, e a proporção de uma característica para outra numa população pode mudar casualmente através de métodos estatísticos puramente.

Nem a teoria do equilíbrio pontuado nem a teoria neutralista substitui a teoria darwiniana da seleção natural gradualista, tampouco consideram que a teoria darwiniana esteja "errada". Melhor, ambos os processos são complementares ao ponto de vista darwiniano, enquanto que, ao mesmo tempo completamente separado dele. Assim, não pode realmente ser dito que exista uma única "teoria da evolução" -- existem na verdade diversas. Apesar de atualmente haver muito debate científico nos centros de estudo em torno da freqüência relativa e importância de cada destes modos de especiação, nenhum destes debates se preocupam com a existência ou a inexistência atual da mudança evolucionária (apesar dos criacionistas gostarem muito de usarem citações selecionadas de teóricos evolucionários criticando este ou aquele aspecto da teoria do mecanismo evolucionário, numa tentativa de lançar dúvida ao modelo inteiro).

Também é importante notar aqui que a evolução como um modelo científico é completamente omissa em relação a origem definitiva da vida  sobre a terra; apesar do modelo evolucionário afirmar que toda a vida descende de alguma fonte comum (que pode ter sido um organismo original simples, ou diversos organismos diferentes que apareceram mais ou menos ao mesmo tempo), o modelo por si próprio não tem nada a dizer sobre o processo através do qual este organismo original  ou organismos apareceram na Terra -- a teoria do mecanismo evolucionário está somente preocupada com a questão de como a vida pode ser transformada em formas novas de vida. Não existe nenhuma teoria evolucionária preocupada com o desenvolvimento original da vida a partir de substâncias químicas não vivas, uma vez que este tópico sai fora da estrutura do modelo evolucionário. A questão das origens pertence a uma disciplina biológica inteiramente separada conhecida como "abiogênese", que é da incumbência antes de bioquímicos do que biólogos evolucionistas. Do mesmo modo, o modelo evolucionário não tem nada a haver com a astronomia ou cosmologia e é completamente omissa sobre a formação original do universo (big bang, estado regular, fechado ou aberto do universo, etc).

E, como com qualquer outro modelo científico (gravidade, relatividade, física quântica, química molecular), o modelo evolucionário não apresenta nenhum programa moral, ideológico, econômico ou político. A teoria da evolução não postula qualquer maneira de como os humanos "deveriam" agir, ou qualquer afirmação sobre como a sociedade "deveria" ser organizada, não mais que a teoria da relatividade ou a teoria eletrodinâmica quântica. Do mesmo modo, a teoria evolucionária não afirma que a história (tanto humana como biológica) é inevitavelmente "progressiva", movendo-se inexoravelmente do "bom" para o "melhor", tampouco a história move-se do "menos complexo" para o "mais complexo". O processo da evolução é totalmente ad hoc e sem direção. 

Artigo publicado em 13/02/00

 

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