Educação
e Desenvolvimento Edson do Carmo Inforsato
Os países
que possuem maior poderio econômico e, também
cultural, instituíram os marcadores que
identificam o nível de desenvolvimento atingido
por um país. Entre esses marcadores está a
escolaridade, aliás, ela se constitui no mais
importante deles, fazendo-nos entender que educação,
mais do que um índice, é condição de
desenvolvimento. Os discursos oficiais,
disseminados e assumidos por grande parte das
elites, proclamam exaustivamente a educação
como alavanca do desenvolvimento e do bem-estar.
Auto-propagandistas por excelência, os ocupantes
do poder instituído exibem ostensivamente as
suas pseudo realizações na área educacional,
posto que se fossem factíveis todas elas, já
contaríamos com uma educação de qualidade para
a nossa população.
De todo
modo, pelos critérios adotados pelos titulares
do mundo ocidental, torna-se difícil não
estabelecer uma correlação forte entre educação
e desenvolvimento. Por outro lado, podemos dizer
que pode não haver níveis altos de correlação
entre crescimento econômico e educação.
Infelizmente o Brasil é um exemplo disso, uma
vez que desde o pós-guerra o país tem
apresentado taxas significativas de crescimento
econômico sem a devida correspondência no campo
educacional. A situação mostrada no texto Educação:
500 Anos de Solidão deixa este fato
esclarecido. Algum desenvolvimento houve em
decorrência do próprio crescimento verificado
no país : aumento da expectativa de vida, pequeníssimo
declínio da mortalidade infantil e universalização,
ainda que precária, da escolaridade básica. Mas
, convenhamos, esses ganhos não se
compatibilizam com a quantidade de riquezas
produzidas pelo país. Enquanto que alguns críticos
observam que não há investimento suficiente,
outros apontam o mau uso dos recursos como o
responsável pelos indicadores tão precários
observados na educação.
Há
consensos explicativos que relacionam a
miserabilidade da maioria da nossa população
com os esforços de crescimento sem a devida
contrapartida social. O fato é que este
crescimento exigiu movimentos migratórios
intensos que superpovoando as cidades tornaram
ainda mais difíceis as formas de convivência
entre as pessoas. O industrialismo pesado, a
construção civil e outras atividades
propulsoras do crescimento não apresentaram
demanda para uma escolaridade efetiva. Os
ocupantes diretos e indiretos do poder -
continuando a tradição histórica de darem
pouca relevância ao investimento social -
raramente se empenharam e se empenham em
estruturar as bases da sociedade para responder
com adequação os desafios impostos pelo
crescimento econômico. Construíram escolas, é
verdade, mas não se ocuparam com o devido zelo
em mantê-las com um ensino propiciador de competências,
habilidades e valores afirmativos de uma
sociedade desenvolvida. As chamadas elites
mantiveram os esquemas exploratórios da nossa
inauguração, pois aqui a mão de obra continua
baratíssima e perpetua-se assim porque a maioria
dos brasileiros não têm a oportunidade de se
qualificar e, deste modo, romper esse circulo
vicioso. Neste sentido houve a manutenção de um
ethos infantil que estigmatiza todo um povo e que
, por isto mesmo, não permite força expressiva
da sociedade para a exigência de seus direitos
elementares e a prática dos seus deveres
constitucionais.
Ao cabo de
500 anos de história, observa-se neste país a
predominância de uma tônica ética do cada qual
por si, resultado de uma trilha histórica na
qual as elites nunca permitiram o florescimento
de um sistema educacional que possibilitasse o
alcance dos instrumentos da cidadania pela
maioria do nosso povo. Não se trata de dizer que
nada foi feito; muito foi feito em termos de
produção de riquezas tanto materiais como
culturais, mas muito pouco foi feito em termos do
acesso que esse povo produtor de tais riquezas
pudesse ter a elas.
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