AS “DONAS” DA ESCOLA

 

 

Dia 7 recebemos pedido de uma aluna:  ela queria se transferir de uma escola estadual para outra escola perto de sua casa.  Ela só queria que fôssemos sua porta-voz e não nos furtamos a nenhum pedido de ajuda para isso é que nos organizamos e registramos o NAPA como Núcleo de Apoio a Pais e Alunos e integramos o Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública.

Não ficamos surpresos com a forma agressiva e grosseira com que nos respondeu uma pessoa do outro lado da linha que se identificou como Sonia.  Falou todos os absurdos que vamos relatar e desligou o telefone sem nos ouvir.  É muito comum esse comportamento.

1.    A Escola Lourival Gomes Machado não poderia transferir a aluna porque

a)     ela queria ficar na mesma classe do namorado de 17 anos, o que para ela seria um horror, uma exigência descabida como se dois namorados pleitearem estar juntos na mesma classe fosse um crime;

b)    essa escola, no começo do ano superlotou as salas do período vespertino e elas transferiram os alunos que julgavam excedentes, compulsoriamente para o noturno, menos concorrido, por ordem da DRE 14 Centro Oeste, que essa transferência prejudicou alunos e que alguns até desistiram de estudar por causa disso.

A pessoa acabando de falar desligou o telefone e insistimos na ligação para conferir e saber seu nome todo, logo que nos identificávamos ela colocava a ligação em uma musiquinha e nos esquccia.

Dia 8 retornamos a ligação e dessa vez nos atendeu Dona Lourdes e se identificou como diretora e foi muito mais agressiva que a Dona Sonia, muito mais arrogante e disse que nos processaria, que para dar explicações ou conversar só pessoalmente e que nunca resolveu nada por telefone e que iria fazer um levantamento sobre o NAPA e que iria saber se tínhamos representatividade e se éramos idôneos.

Não temos nada a esconder, temos registro em cartório e para registrar uma entidade como a nossa precisamos ter, como se diz, “ficha limpa”, mas queremos esclarecer essa servidora, que o mínimo que se pode esperar é que a diretora da escola entenda de leis, pelo menos no que toca a educação.  Também é querer pouco exigir que ela trate todos com urbanidade e respeito e não só aqueles que tiverem “ficha limpa”, se forem idôneos e tiverem representatividade; todos pagam impostos.

Como é que a comunidade pode participar da escola com as diretoras se comportando como donas, ameaçadoras e ferozes?

Nós que atuamos rigorosamente dentro da lei somos tratados dessa maneira desrespeitosa e ouvimos os maiores absurdos, imagine os pais, mesmo os pais do Conselho ficam assustados, assinam tudo o que a diretora quer e ponto.  Se ela é assim tão autoritária, ameaçadora e agressiva com adultos, como será com as crianças e adolescentes?

Queríamos esclarecer a essa senhora que ela está diretora, mas é uma servidora e que a escola não é dela.

Importante lembrá-la que a Constituição Federal, no artigo 205 diz que “a educação deve ser incentivada com a colaboração da sociedade”.  Em nenhum momento diz que para ser atendido com respeito e educação, para fazer uma crítica ou reivindicação o cidadão tem que estar, como ela diz, idôneo. Segundo o ECA em seu artigo 15 a criança e o adolescente tem direito a buscar auxílio, refúgio e proteção mas, ela, a diretora, sim tem que ser uma pessoa idônea.  Idoneidade deve ser condição para que ela permaneça no cargo.  Por isso protestamos e perguntamos:  “As diretoras são as ‘donas’ da escola?”

 

São Paulo, 10 de agosto de 2000

 

 

Cremilda Estella Teixeira

Presidente

NAPA – Núcleo de Apoio a Pais e Alunos - Rua Rui Pinto, 156

Fone: 3742-3023

 

C/cópia para:

Exmo. Sr. Presidente da República

Exmo. Sr. Ministro da Educação

Comissão de Educação do Senado Federal

Comissão de Educação da Assembléia Legislativa

Exmo. Sr. Governador do Estado de São Paulo

Exmo. Sr. Vice-governador do Estado de São Paulo

Exma. Sra. Secretária de Educação e Desportos do Estado de São Paulo

Ouvidoria da Secretaria de Educação e Desportos do Estado de São Paulo

Diretoria Regional do Ensino Centro Oeste