Capítulo 10 - Um Estranho Jantar
Parte 1 - Caminhando para uma cilada
Draco já havia procurado num corredor imenso cheio de portas, não importava se você olhasse para a esquerda ou para a direita, existiam várias delas, as quais Draco abriu uma por uma e só encontrou um aposento vazio. Os elfos domésticos, assim como os mordomos fantasmas não sabiam dizer onde Narcisa e Gina haviam ido, isto estava começando a deixar Draco desesperado, quase entrando em pânico.
Ele já tinha procurado praticamente em toda a Mansão, geralmente era naqueles lugares que os hospedes ficavam, então por quê Draco não encontrava Gina?
Com um mau pressentimento tomando conta dos seus pensamentos, ele escancarou a última porta, certo de que agora suas suspeitas se confirmariam e provavelmente Gina estaria em perigo, por um descuido dele...
- Gina, você está aí? – Draco gritou entrando revoltado e olhando para uma cama vazia e uma cortina que balançava com o vento – Não! – ele gemeu colocando as mãos sobre o rosto e sentindo a culpa tomar conta de si.
- Eu estou aqui – veio uma voz abafada de um lugar muito perto, na direção das costas de Draco, ele se virou assustado.
- Gina! – Draco exclamou com alívio, a menina estava sentada numa cadeira em frente a uma penteadeira com um espelho e um abajur, ele não a viu porque estava tão nervoso que esqueceu de olhar para o lado da porta – Você não imagina o quanto eu fico feliz em te ver...
Draco abraçou a menina, que olhou estranhamente para ele.
- Você está bem? – perguntou desconfiada – Quero dizer, desde que você entrou você está agindo de uma forma estranha.
- Ela te fez algum mal? – disse apressado – O quê aconteceu?
- Calma – Gina sorriu com a reação dele – Assim que deixamos o escritório, a sua mãe chamou o primeiro elfo para me levar até a sala de roupas, e foi isto. Eu fiquei uma hora provando sozinha vários vestidos, devo dizer que foram os minutos mais prazerosos da minha vida.
- O quê? – falou Draco indignado – Minha mãe te deixou sozinha?
- Foi – respondeu simplesmente – Eu não te entendo, você estava tão desesperado porque achou que ela tinha feito algum mau comigo e agora que você sabe que ela não deu a mínima pra mim, você fica decepcionado.
- É que você podia ter se perdido... mas deixa pra lá – disse, e olhou para a roupa da menina – Nossa, eu nunca tinha visto este vestido antes!
- Sério? – Gina ergueu as sobrancelhas entretida – Você por acaso já havia reparado alguma vez nos vestidos que existem aqui?
- Não – disse sem nenhum embaraço – Mas é que nenhuma mulher como você os havia usado antes!
- E se eu dissesse que se outro menino falasse a mesma coisa pra mim, não soaria tão verdadeiro como você faz ser – falou Gina – Você é encantador, mas não deixa de ser mau caráter também.
- Porquê? – replicou – Eu não sou mentiroso.
- Não – concordou firmemente – Provavelmente você acha que está sendo verdadeiro com todas as garotas que você diz isso.
- E eu acho que você deveria começar a confiar em mim – pediu com veemência.
- Eu prometo que vou tentar – disse Gina num tom divertido.
- Okay, você deveria se olhar no espelho – sugeriu.
- Era o quê eu estava fazendo... – Gina hesitou – e se você chegasse um pouco antes eu teria que lhe dar um tapa na cara.
- Você quer dizer que se eu fosse mais rápido as roupas estariam fora de cogitação? – Draco soou interessado.
- Ahã – disse Gina encabulada.
- Maldita distração! – praguejou inconformado.
- Draco! – Gina disse com a voz esganiçada – Não lamente tanto!
- Então, porquê você não levanta e dá uma bela volta para que eu possa realmente te ver com este vestido? – Draco ofereceu uma mão.
- Claro, senhor – respondeu Gina pomposamente aceitando a mão de Draco.
Quando Gina levantou o vestido caiu perfeitamente em seu corpo, ele colou nas partes certas, em sua cintura e abriu como um tecido rodado nas pernas. Tinha um decote não muito exagerado e era azul claro que combinava com os olhos dela.
- Uau! – disse Draco impressionado – Você está tão...
- Linda, maravilhosa e incrivelmente deslumbrante? É eu sei – falou Gina com convicção – Mas eu sou uma espécie de Cinderela, a meia-noite o feitiço acaba e eu volto ao normal.
- Não, o seu feitiço é permanente – disse Draco – Você sempre é completamente encantadora.
- Por algum motivo você está querendo me agradar... – disse suspeitosamente – Eu juro que vou descobrir o porquê.
- Deixe de desconfiar tanto de mim... – disse Draco e Gina sentou-se ao lado dele.
- O quê é isso que você está segurando? – Gina indicou um amarrotado de roupas que estava em baixo do braço de Draco. Abalado ele se lembrou que ainda precisava se vestir, porém no momento suas roupas estavam totalmente amassadas.
- É... são minhas roupas – Draco hesitou – Eu preciso me vestir... já volto...
- Espere! – chamou Gina com urgência – Da última vez que você foi embora, você demorou uma hora para voltar e ainda quase me matou de susto. Desta vez posso saber, aonde você vai?
- Não muito longe. – Draco garantiu – No quarto da frente, como eu já te disse antes: “Se estiver em perigo, grite!”.

Quando Draco voltou foi à vez de Gina admirar-se com ele. Isso não era como os trajes de Hogwarts, e nem como o Baile de Inverno onde ele parecia um padre. Era uma calça preta e uma blusa verde escuro, e por cima ia uma capa preta em detalhes prateados e um grande M, magicamente bordado e que ficava brilhando no lado esquerdo, provavelmente porque era o lado do coração.
- Você acha que estou à sua altura? – perguntou Draco.
- Eu quase seria capaz de te pedir em namoro – comentou Gina.
- Mas você já é minha namorada – falou Draco estupefato.
- Na teoria sim, na prática não – respondeu a garota com firmeza.
- Vamos lá, o quê você está esperando para passar para esta etapa? – disse com entusiasmo.
- Fica frio, Draco – falou Gina – Nosso amor é proibido, seus pais me odeiam.
- Meus pais não gostam de ninguém – disse resumidamente – Eu acho que você não deveria se importar tanto com a opinião deles.
- Talvez eles estivessem um pouco chocados pela maneira que você me tratou – disse Gina – Quem sabe eles estão pensando que o filhinho deles caiu num simples truque da Poção do Amor.
- Por quê você acha isso? – perguntou Draco confuso.
- Quando você disse “ela é incomparável, não existe ninguém igual a ela”, eu vi os olhos deles se arregalarem, só não sei se era de raiva ou de nojo – falou – Eu achei que você não precisava ter feito isso.
- Porquê você não deixa eu me divertir e acreditar por alguns segundos que você gosta de mim? – replicou Draco.
- Pra você seria divertido saber que eu gosto de você? – Gina ergueu as sobrancelhas.
- Não, você não entendeu o quê eu quis dizer – Gina levantou da cadeira em frente ao espelho e se sentou ao lado de Draco, olhando fixamente nos olhos dele.
- Então me explique – pediu pacientemente.
- Eu não quero apenas me divertir com você, se você deixar eu quero te levar a sério. Eu quero ficar de mãos dadas com você, eu quero fazer carinho no seu cabelo...  – Draco disse num tom sincero – Eu quero te tratar bem, só que você não sabe se escolhe o Potter ou eu.
- Eu não sei quem escolher?!? – disse absolutamente abismada – Que eu saiba nenhum de você demonstrou querer namorar comigo ou quem sabe vocês tenham problemas em lidar com os sentimentos de vocês!
- Ah, você nunca percebeu que eu queria namorar com você? – Draco soou indignado – Não é você que não quer enxergar isto, você prefere aceitar que um Potter indeciso seja mais verdadeiro do que um Malfoy.
- O quê? – exclamou confusa.
- Porque Malfoys são perversos, odeiam todo mundo e enganam as pessoas – disse firmemente – Agora só porque o Potter tem uma cicatriz idiota na testa ele pode usar quem ele quiser e sair como herói.
- Eu não estou aqui para discutir a fama da sua família – falou Gina decidida – E o Harry seria incapaz de usar alguém por simples diversão, e eu não permito que você fale assim comigo.
- Você não percebe? – argumentou indignado – O Potter beijou você e agora ele está se declarando para a Tathy. Eu não apostaria na falta de memória dele.
- Essa é a sua estratégia? – os cabelos de Gina pareciam pegar fogo enquanto as sardas se acentuavam – Me provar o quanto o Harry é pior do que você? Não está funcionando.
- Não... – negou terminantemente – Quando eu vou te convencer que quero namorar com você, e não importa quem mais esteja envolvido nisso.
- Mas são muitas pessoas para se ignorar, e você sabe que são as nossas famílias – falou prudentemente.
- Eu sei que eles se odeiam... – Draco abaixou a cabeça, porém sua voz continuou num tom determinado – Só que a pior coisa que pode acontecer é ninguém ir à festa no dia do nosso casamento.
- Sabe qual é a pior coisa que pode acontecer? – replicou Gina convicta – Mortes e duelos sem sentido, porque seus pais são Comensais da Morte, eles são vingativos.
- Meus pais não iriam sair correndo para matar a sua família pr minha causa, eles não acham que eu sou um grande tesouro a ser perdido...
- Seus pais e Voldemort não precisam de motivos para torturar e matar, somente pretextos – afirmou Gina – Se por acaso você ficar comigo, a minha família vai se transformar em praticamente sua, e daí seus pais vão se aproximar dos meus pais e sentir uma vontade incontrolável de acabar com eles. Como assassinatos em família, dizem que é sempre mais prazeroso.
- Então eu peço para eu meus pais me deserdarem, e isto passa a não ser mais um assunto de família – disse.
- Você faria qualquer coisa por mim? – perguntou Gina num tom desconfiado.
- Não seria sacrifício nenhum me livrar dessa Mansão e de toda a nossa fortuna, se você pensa que eu dou muito valor a isso – Gina percebeu que Draco estava dizendo a verdade, porque as palavras dele tinham tanta firmeza que seria impossível duvidar de qualquer uma delas – Mas eu acho melhor você continuar imaginando o quê eu seria capaz de fazer por você do que realmente saber a resposta para isso.
- Por quê você não quer me contar? – disse entusiasmada.
- Porque isso estragaria todo o suspense, você sabe que eu gosto de você, só não sabe até onde o meu amor vai. Tente descobrir – os olhos cinzas de Draco brilharam como se estivessem desafiando-na.
- Pode acreditar – replicou num tom firme – eu vou descobrir. O seu beijo no escritório me deixou constrangida.
- Você gostou? – ele sorriu maliciosamente.
- Não te interessa – Gina sorriu – Você não devia ter me beijado na frente dos seus pais nem que fosse para distraí-los.
- Realmente eles ficaram de queixo caído porque entenderam que eu tenho boas intenções com você... – Draco chegou mais perto do rosto de Gina que arregalou os olhos ligeiramente assustada – Mas você gostou?
- Eu senti arrepios subindo pela minha espinha... acho que isso de certa forma é gostar sim – ela afastou o rosto.
- Quando a gente é adolescente, arrepios querem dizer outra coisa – Draco falou com a voz cheia de malícia – Gina meu amor, isso quer dizer que seus hormônios estão à flor da pele!
- Draco – ela exclamou envergonhada – Quem pediu para você fazer análise dos meus sentimentos?
- Eu achei que devia te avisar antes que eles tomassem conta de você! – Draco disse num tom assustador.
- Há, há! – Gina disse – Muito engraçado.
Ela se levantou e o vestido caiu novamente em seu corpo, Draco ficou mais uma vez paralisado olhando para ela sem perceber o quanto ridículo ele ficava daquele jeito parecendo impressionado.
- O quê foi? – disse Gina cansada.
- Eu devo pedir pra você não fazer isso muitas vezes... – Draco torceu o nariz – Por que eu não consigo pensar quando te vejo assim...
Gina sorriu e ofereceu uma mão para ele levantar.
- Você está maravilhosa... – Draco sussurrou no ouvido dela.
- Você não é confiante, mas também eu sei que você tem alguma coisa especial... e está me conquistando – disse Gina fracamente.
- Verdade? – Draco disse num tom cheio de esperança.
- Verdade, mas acho melhor não falarmos sobre isso... – ela quis mudar de assunto – Temos convidados nos esperando...
- Nossos ilustres convidados, perversos e matadores a sangue-frio, uns nojentos que não vão se dar ao trabalho de notar a nossa presença no salão – falou Draco com repugnância.
- Uau! Eu não fazia idéia do quanto você gostava deles... Sabe, até que eu acho o velho rabugento do Macnair simpático...
E Draco fechou a porta atrás deles, Gina não estava nervosa era como se Draco estivesse levando-a para jantar num romântico restaurante à luz de velas, ela parecia até animada, Draco arriscou cogitar esta hipótese. Draco não tinha medo porque já sabia o quê os esperava, mas talvez Gina tentasse ignorar o medo porque não sabia o quê os esperava, e podia ser dez vezes pior do que a imaginação dela foi capaz de imaginar ser.
Draco também estava tendo uma visão simplificada, como se ele tivesse esquecido do quê era realmente importante naquela hora, os dois precisavam tentar ouvir informações suficientes para ajudar Harry, precisavam tentar facilitar as coisas para a destruição do talismã. Eram responsabilidades supremas nas mãos deles.
Mas o coração apaixonado de um adolescente resumia isto a sua amada usando um belo vestido, de mãos dadas com ele e num delírio de fantasia indo para um divertido jantar onde eles iriam acabar dormindo em qualquer canto, exaustos de tanto conversar e rir. Seria perfeito se fosse assim.
Cabia a Gina fazer Draco lembrar da missão, ao mesmo tempo em que ela era o motivo que o distraía, não era uma tarefa fácil. Se bem que no meio de tantos olhares tenebrosos e barulhos finos de talheres, a atmosfera tensa fizesse os dois voltarem a realidade.
Porém os sonhos têm o péssimo hábito de fugirem da realidade, e quando Gina entrou junto com Draco e olhou para um salão imenso, totalmente decorado e uma grande mesa com talheres de prata, copos e pratos distribuídos coordenadamente, ela pensou que aquilo fosse um jantar de galas.  E estava incrível, a música no fundo... não havia músicos, então Gina não fazia a menor idéia de onde vinha esse melodia calma de violinos, rosas pretas faziam parte do enfeite da mesa. Gina também nunca tinha visto rosas pretas e a comida ainda não havia sido servida.
Se Gina pensou que os seus trajes estavam exagerados, os de Narcisa estavam exuberantemente à altura e havia sofás confortáveis onde alguns bruxos sentavam para conversar, enquanto outros bebiam coisas que Gina suponha ser extremamente forte para deixar qualquer um por três dias na cama com enxaqueca.
Se ela não soubesse que todos que estavam presentes ali eram Comensais da Morte, seguidores do Lord das Trevas que estavam esperando o menor sinal para matar Harry e voltar com aquela vida de medo de antigamente, Gina até teria tido simpatia pelos bruxos, mas o passado nojento deles insistia em voltar na memória dela, e Gina chegava a sentir desprezo e uma pontinha de pena deles, mas só um pouco.
Se ela não soubesse de tudo que envolvia o jantar, certamente pensaria que era mais uma fabulosa festa que sairia na revista
A Alta Sociedade Mágica, no qual ela não poderia negar estar acompanhada de um belo par.

     **   **
Sirius não tinha problemas em farejar o rastro dos quatro, em qualquer lugar que eles estivessem Sirius acabaria chegando até lá. Teve um momento em que ele se viu confuso porque o cheiro de Harry e Gina desapareceu dentro de uma parede concreta, isto não era nada bom, o quê quer que tenha acontecido fez os dois desaparecem. Sirius pensativo voltou a sua forma humana, ele olhou para suas mãos pálidas e gélidas, um humano ficava mais sensível ao frio, isto o lembrou.
Forças, Black tinha para continuar apesar de todo o esforço elas sempre demoraram a se esgotar, como uma chama que acendia na responsabilidade e em seu dever.
Ele não havia se esquecido que era o principal informante de Dumbledore, e também o único bruxo adulto suficientemente perto de Harry para poder deter qualquer ação de Voldemort. Era sua segunda chance, sua vez de se redimir por Tiago e Lílian. Como da primeira vez, ele tinha ganhado o lugar da primeira fila para assistir ao espetáculo com direito a ser coadjuvante, só que desta vez ele agiria certo e não iria fazer o papel de vilão.
O frio congelava seus ossos e a fome passava a fazer efeito, ninguém parecia ter um resto de comida para oferecer a um cão preto abandonado. Foi um caminho longo para chegar até a Mansão Malfoy, boa parte do trajeto percorrido com suas próprias patas e às vezes uma carona quando conseguia embarcar num trem. Todo esse esforço começava a resultar numa dor ressequida latejando no joelho dobrado de Sirius, que não estava bom desde que ele voltou de Azkaban, mas que piorou consideravelmente diante da situação.
Porém na mesma medida em que a dor atingia seu joelho fazendo sua perna fraquejar, vinha em sua mente a risada sem vida de Voldemort, todo o ódio guardado por Rabicho que algum dia ele levaria todo consigo novamente, e um bando de servos covardes que não teriam piedade em matar um garoto de 15 anos e seus amigos.
Não, Sirius sentia que era preciso em seu mais íntimo vigiar Harry, saber o quê está acontecendo e evitar que o sobrinho sofra como seu próprio pai e tantos outros bruxos já tinham sofrido, coisas que tragicamente ninguém pode evitar, no passado Voldemort foi devastador e acabou com tudo que atravessou na sua frente.
Almofadinhas resolveu seguir logo o cheiro de Draco e Tathy, de qualquer forma era sua única escolha, ele não poderia fazer mais nada a não ser apostar todas as fichas nesse caminho.
Sirius não confiava em nenhum Malfoy, ele sabia como eles eram traiçoeiros, Lúcio e Narcisa eram bons exemplos disso e se Draco tivesse traído Harry e  levado Tathy junto com o talismã para Voldemort, ele teria feito todo plano corretamente. Draco era o único que sabe onde cada passagem secreta pode dar, onde não existe perigo naquela Mansão, cumprindo ordens de seu pai ele poderia levar Harry a qualquer cilada sem o menor esforço.
Mas Sirius também sabia que Harry era esperto o suficiente para saber em quem confiar e ficar atento a todas as possibilidades, Almofadinhas só lamentou não ter alertado o sobrinho que pessoas como Malfoy são suspeitas e que nunca se pode dar as costas ou confiar cegamente neles.
Sirius não podia evitar que pressentimentos ruins viessem em sua cabeça, quando se trata de Voldemort ele sabia muito bem que as chances de acontecerem catástrofes eram grandes, geralmente sempre ficava alguma marca desagradável para que possa lembrar do encontro. Ainda olhando para suas mãos que estavam ficando roxas e agora ele começava a sentir calafrios de frio.
“Eu pensei que o inferno fosse quente...” Sirius pensou com sarcasmo enquanto fechava o punho como se ele estivesse prestes a dar um soco em alguém.
Almofadinhas confiava na capacidade do Harry para resolver problemas difíceis, ele sabia tudo que o sobrinho já tinha enfrentado e duvidava que se fosse ele próprio se ainda estaria vivo.
Ele se lembrava que antigamente Dumbledore e seus seguidores se infiltravam nos Comensais da Morte para saber de novas informações e quando algum era descoberto morria tragicamente, alguns Voldemort fazia questão de mandar de novo dizendo que não era aquele tipo de lealdade que ele precisava ou que o servo estava estragado que talvez servisse melhor ao mago patético como Alvo, outros jamais voltavam.
Não era por acaso que Riddle é chamado de Lord das Trevas, com ele não havia piedade e não se podia desafiar, como Harry tantas vezes já tinha feito.
Com tantas vidas que ele já tinha destruído não seria sacrifício matar mais três jovens, entre eles o odiado Harry Potter, o Menino-Que-Sobreviveu e manchou o seu nome, o provável herói que poderia ter acabado com a Era das Trevas. 
Sirius conhecia bem essa história, ele fazia parte dela e sabia que Voldemort não admitia que um simples bebê tivesse acabado em segundos com o objetivo que ele sempre traçou de conquistar o mundo com o terror, Sirius sabia que não importava para Você-Sabe-Quem ser amado, ele apenas queria ser temido por sua capacidade de matar. Era um respeito grotesco, mas era isso que ele buscava... e se Harry acabasse nas mãos dele?
Muitos não tinham escapado, bruxos poderosos e aurores morreram pelos poderes malignos e existia a Quarta Maldição Imperdoável, Harry era uma peça chave nos planos de Voldemort. Isso o colocava cada vez mais como alvo principal de um jogo de dardos, como se fosse a bolinha pequena que fica no centro, é a mais improvável de ser acertada porém é a mais cobiçada entre todas, e não era permitido desistir de tentar acertar nela.
“Será que o Harry está bem?”.
A pergunta não saía de sua mente assim como o frio não saía de seu corpo. Sirius transformou-se imediatamente em um animago, ele estava tão acostumado a virar um cão preto que apenas desejava fazer isto e as mãos e pernas logo ficavam no formato de quatro patas e finalmente os pêlos o aqueciam. Ele sentiu que estava pronto para continuar a seguir o forte cheiro de hortelã que Draco deixava, o seu olfato era o grande trunfo de um cão, além da velocidade que ele poderia prosseguir.
Velozmente Sirius sentiu o vento arrepiando seus pêlos e suas patas ajudavam com um bom impulso. Ele iria encontrar Harry e os outros, e se alguma coisa tivesse acontecido a eles, alguém iria pagar, pagar com um preço alto, a sua vida.
O cheiro de Draco e Tathy se misturava sempre mais, isso queria dizer que eles estavam muito próximos, Sirius foi fielmente seguindo isso até uma parede que ele estranhamente constatou ser transparente.
Desconfiado ele encostou o focinho no chão, até achar um buraco e cair.

     **   **


- Você acha que o Malfoy sabe onde a Gina está? – Harry perguntou impaciente a Tathy que estava sentada na cama observando o garoto olhar pela janela o imenso jardim.
- Não se preocupe, se o Draco ainda estivesse procurando pela Gina, certamente ele entraria desesperado por esta porta pedindo a nossa ajuda – garantiu Tathy.
- E eu daria um soco na cara dele... – rangeu Harry com vigor.
- Talvez ele tenha pensado nessa possibilidade e resolveu procurar mais um pouco antes de colocar a sua cara a tapa – falou Tathy seriamente e Harry virou-se espantado.
- Você acha realmente que a Gina pode estar perdida? – disse Harry com uma voz forçada.
- Harry, eu não sei se você percebeu, mas eu estou rindo da sua cara – os olhos verdes dela formaram uma linha fina e Tathy disse levemente – Eu tenho certeza que está tudo bem, senão já teriam no mínimo uns três Comensais da Morte tentando nos pegar!
- Eles podem estar ocupados torturando a Gina querendo saber de nós... talvez um
Veritas ou um simples Cruciatos para tentar arrancar alguma informação dela.
- Você acha mesmo? – o tom de Tathy começou a ficar preocupante.
- Esse é o forte deles – respondeu Harry com firmeza e observando que a expressão dela ficou cheia de pânico ele acrescentou – Eu estou brincando!  Mas ela pode estar aqui fora – disse Harry colocando quase todo o seu corpo para fora da janela e se apoiando no pára-peito.
- Harry você não deve colocar tanto a sua cabeça a amostra nessa janela, porque neste momento existem pessoas lá fora que pagariam um milhão de libras por ela – avisou Tathy.
- Involuntariamente eu estou participando da Caça à Cabeça, como alvo principal – disse Harry irritado – Vamos em frente, acho que avistei a cabeça do Potter flutuando na janela!
- Harry, você só está assim por quê está com fome ou eu vou ter que aturar o seu péssimo humor até o Draco voltar pra você poder descontar nele? – falou Tathy rispidamente.
- Me desculpe... eu sei que estou sendo um chato – Harry disse voltando ao seu tom de voz normal e sentou ao lado de Tathy – Mas eu me sinto tão inútil quando eu sei que os meus amigos estão correndo riscos por mim e eu posso apenas esperar que o resultado seja positivo.
- Sabe qual é o seu ponto fraco? – disse Tathy firmemente – Você pensa que é o único capaz de lutar contra o mal. Tudo bem, você fez uma coisa impossível quando sobreviveu com apenas um ano de idade do
Avada Kedrava de Voldemort, só que outros bruxos também podem conseguir se lutarem com determinação e com propósitos realmente bons.
- Se você pudesse me garantir isto... – Harry disse desanimado – Será que a Gina e o Draco vão conseguir se manter vivos?
- E por quê não? – replicou Tathy perplexa – A Gina tem uma coisa que é muito poderosa dentro dela, o amor inocente, sem maldade nenhuma. Contra o mal esta é uma das principais armas. E o Draco tem jogo de cintura, e uma vontade de vencer impressionante.
- A vontade de vencer dele nunca adiantou no Quadribol – murmurou Harry.
- Não confunda os sentimentos. O quê o Draco sente em relação ao Quadribol é somente ambição de mostrar a todos que é melhor que você. Isso não o faz ter vontade realmente de te superar.
- Você tem razão... – admitiu Harry reflexivo – O Draco tem uma determinação do caramba! Se ele soubesse usar isto direito ele seria um grande adversário pra mim, não é?
- Sim – Tathy concordou com a cabeça e encarou Harry – Acho que aos poucos ele está aprendendo isso, ainda mais quando o assunto é a Gina.
- Finalmente alguém resistiu ao charme infalível dos Malfoy – ele disse sarcasticamente - É estranho, mas acho que ele ama a Gina a ponto de ir contra as idéias idiotas dos pais dele.
- Realmente ele ama ela, só falta saber se a Gina também ama ele – Tathy ergueu as sobrancelhas – Talvez ela esteja confusa, talvez ela ainda não tenha certeza de quem ama.
- Você acha que a Gina pode estar apaixonada por mim mesmo depois de tanto tempo? – perguntou Harry.
- Acho – respondeu seriamente – Contando que você acabou de beija-la quando estávamos naquele labirinto...
- Mas eu já disse pra você que eu já decidi ficar com você – ele afirmou.
- Por quê? – falou Tathy num tom teimoso – Essa pergunta eu ainda não fiz.
- Por que eu quis me esconder atrás do amor que um dia a Gina sentiu por mim, e eu nem sei se ela sente mais – Tathy sentiu que cada palavra que Harry dizia era muito sincera, e também havia um tom que revelava que ele se arrependeu de ter feito o quê fez – Eu percebi que estava gostando de você, não como eu gosto da Mione, eu estava gostando demais do seu sorriso, de estar do seu lado. Só que pra mim era bem mais fácil me apaixonar pela Gina, que eu conheço há anos.
- E você nem me conhece direito... – Tathy olhou para o chão.
- Não! – Harry interrompeu com veemência – Não importa mais isso, eu já te conheço o suficiente pra gostar de você. Então eu posso esperar tempo suficiente pra você passar a confiar em mim e contar esse segredo tão tenebroso que você diz que guarda.
- Você vai saber – Tathy afirmou com tanta convicção que surpreendeu Harry – Porque infelizmente isso vai nos separar, eu não tenho como te esconder por muito tempo.
- E por quê você não me conta agora? – pediu Harry cautelosamente.
- Ainda não chegou a hora... – cortou Tathy – E esse não é o momento mais apropriado. O quê você acha que nós podemos fazer até os dois voltarem?
- Nos distrair – o tom de Harry mudou para o de alguém que acabou de ter uma idéia frustrada – Porque eu não quero ficar pensando que o meu estômago está revirando de tanta fome...
- E você fica incrivelmente irritante quando está de estômago vazio – acrescentou Tathy.
- Você diz isto porque não conhece o meu primo, Duda – Harry sorriu lembrando de quando ele comeu um caramelo incha-língua, e das dietas que Duda nunca seguia corretamente. Agora que Harry estava longe da Rua dos Alfeneiros, ele podia se lembrar dos Dursley como uma família extremamente patética e cômica.
- Duda? – indagou Tathy – É o seu primo trouxa?
- Sim – Harry confirmou com a cabeça e ainda rindo – Ele é realmente esfomeado... e você acha que eu estou tão insuportável assim? – Harry fez uma expressão de menino carente.
- Tadinho... – Tathy apertou carinhosamente as bochechas dele – Tão chatinho, tão guloso... – ela sorriu e Harry beijou suavemente os lábios dela – Hum... mas é o meu insuportável preferido!

**  **
Gina ainda sentia-se atordoada, porque a festa estava tão linda e tudo estava tão perfeito quanto num sonho, que ela chegava a gostar de estar ali, um ambiente completamente agradável.
- Você está começando a mudar de idéia, não é? – disse Draco olhando penetrantemente nos olhos dela – Está ficando admirada com esse jantar.
- Você acha? – Gina continuou a olhar para frente e a sorrir para os convidados pelos quais ela passava – Eu estou fazendo algo de errado?
- Sim, você está se enganando – Draco deu um sorriso forçado para Gina que olhou chocada para ele – Gina acorde, isto não é um conto de fadas. Isto é um ninho de cobras.
- Infelizmente esta é a dura realidade – Gina comentou desiludida.
- Não se esqueça disso – alertou Draco – Nas primeiras festas eu também me sentia orgulhoso por estar no meio de bruxos com aparência de serem tão importantes e poderosos, mas com o tempo você acaba percebendo que eles não dão a mínima pra você.
- E o fato de eu ser sua namorada não conta nada?
- Bom, se você fosse namorada de Voldemort aí poderia representar alguma coisa – eles caminhavam de braços cruzados pelo salão e Draco parecia muito sério e mantinha a pose de nariz empinado e lançava olhares superiores aos convidados – Mas como você é somente a namorada do filho de Lucio Malfoy não tem grande importância pra eles.
- Nem pensar que eu vou ser namorada de Voldemort – Gina comentou com nojo – Isso definitivamente está fora de questão! – Draco sorriu.
- Você tem que conhecer mais a fundo a vida das pessoas dessa festa... Algumas histórias fazem você ficar horas rolando de rir – Draco comentou maliciosamente.
- É mesmo? – Gina soou com interesse – Então você podia contar umas pra mim, porque eu estou vendo que esse jantar vai ser monótono até o final.
- Com todo o prazer, senhorita. – Draco disse como se outra proposta não pudesse fazê-lo mais feliz no momento – Está vendo aquele homem perto do bar?
- Sim – Gina concordou animadamente imaginando o que viria a seguir.
- Ele mora na travessa do tranco, numa casa praticamente caindo aos pedaços. Desde que a mulher morreu, ele nunca sai muito de lá, só ficam ele e os gatos – Draco parou um instante e continuou numa nota abaixo – Dizem que ele tem mais de cinqüenta gatos, todos espalhados pela casa. Aquele é o preferido dele – o homem segurava no colo um gato preto com os pêlos todos compactos, como se tivessem sido alisados e agora estivessem duros. O homem alisava os pêlos do gato desde a cabeça até o rabo repetidamente – Vê a cara de prazer dele? – Draco sorriu – Comentam que ele... trocou os gatos pela mulher, como se quisesse substituir a falta dela... – Gina arregalou os olhos espantada.
- O quê? Você está querendo dizer que ele faz...
- Sim, ele tem... digamos... relações íntimas com os gatos – confirmou Draco com uma cara de safado.
- Draco – Gina soltou um gritinho horrorizado – Isso é nojento! Um caso entre mais de cinqüenta gatos e este velho! Eu não quero nem imaginar isso...
- Por quê não? – replicou Draco num tom divertido – Eles devem lamber ele todinho...
- Cala a boca... eu estou ficando com vontade de vomitar...
- Não, não faça isso! Bom, também tem o Sr. Notocek... esse é um homem estranho.
- Não me diga... – disse Gina hesitante.
- Aquele com o sobretudo perto da janela . Sabe por quê ele usa essas roupas largas e esse casaco por cima?
- Por que ele é um velho esquizofrênico que gosta do frio e de roupas que não fiquem apertadas? – perguntou Gina.
- Não – respondeu Draco – Ele sofreu um acidente em sua mina, estava praticando um novo feitiço mas se distraiu e acabou atraindo uma pedra gigante e afiada que caiu em cima da sua perna esquerda – Draco apontou – Vê como ele manca? A pedra mutilou a perna dele e o que sobrou está aparecendo até o osso.
- Draco! – Gina parou indignada – Cadê as histórias que me fazem rolar de rir? Isto está mais para uma seção de histórias macabras.
- Se você perceber o jeito que ele anda... – argumentou Draco – É engraçado...
- Eu acho que o seu pai devia escolher alguns convidados mais NORMAIS para variar, eu acho que iria fazer bem para a mente dele...
- Há-há – desdenhou Draco – Está bem, vamos ver quem não têm um final tão trágico. E esta mulher por quem acabamos de passar? Não acha ela bonita?
- Acho – concedeu Gina – Principalmente o cabelo dela é tão longo e bem tratado... realmente ela é muito linda.
- Essa é uma prova de como as mulheres se enganam... isso é artificial.
- Como assim? – disse Gina confusa.
- É uma peruca! Em baixo desse lindo cabelo colado não tem nada a mais do que uns três ou quatro fios e ainda cheios de piolho.
- Mas se ela não tem cabelo, como pode ter piolhos?
- Os piolhos fazem ferida na cabeça dela, pode acreditar sem isso ela é horrível!
- Mas como você sabe disso?
- O Goyle tropeçou e acabou caindo em cima dela em outro jantar, mas quando ele se levantou tinha tirado a peruca dela... eu não sei direito o que ela parece sem aquilo, talvez um rato narigudo. Eu fiquei a noite inteira rindo da cara dela e do Goyle:
“Des-desculpe...” muito idiota...
- Eu realmente não quero mais saber sobre a vida de ninguém aqui – disse.
- Então o quê você quer fazer? Subir para o meu quarto e fugir desta festa chata? – sugeriu Draco com segundas intenções.
- Claro, mas não podemos esquecer da comida da Tathy e do Harry. Eles devem estar esperando por nós...
- Ah... – lamentou Draco – Eu tinha me esquecido desse detalhe, O Potter também está lá em cima...
- Por quê? – Gina disse num tom desconfiado – Se você estava pensando que eu subiria sozinha para o quarto com você, você só podia estar sonhando... Draco, eu acho que ainda seus pais não se tornaram tão liberais e eu ainda não quero ficar sozinha com você.
- Você não faz idéia de quantas meninas ficariam felizes com esse convite... – disse Draco.
- Mas eu dispenso. – garantiu Gina – Talvez a gente devesse se preocupar se os bolsos do seu traje são grandes para colocarmos algumas coisas, como por exemplo aquela tortinha...
- Claro, e quando você vai esquecer o Potter e fingir que está namorando comigo? – perguntou Draco com uma pontinha de ciúmes.
- Eu já estou fazendo isso... – respondeu Gina – Mas não esqueça que preciso ouvir sobre o novo plano diabólico de Voldemort e tentar arrancar informações sobre a Espada.
- E depois de tudo isso – indagou Draco esperançoso – Será que você poderia pensar sobre o quarto?
Gina lançou um olhar ameaçador para Draco

     **    **

- Tathy – disse Harry suplicante – Você ainda acha que devemos continuar aqui esperando?
- Não, agora eu realmente acho que devemos fazer alguma coisa. E também podemos tentar descobrir onde está a espada. Mas antes vamos procurar a Gina e o Draco, certo?
- Então, pegue a Capa da Invisibilidade – ordenou Tathy decidida.
- Acho que está na hora de explorarmos a Mansão Malfoy – replicou Harry com vigor e pegou a Capa que trouxera junto com sua mala, é óbvio que ela seria útil mais cedo ou mais tarde. Afinal, eles precisavam caminhar pela casa e encontrar a Espada, não havia jeito mais seguro de fazer isso do que estando invisível.
Harry passou o braço esquerdo nas costas de Tathy, abraçando-a embaixo da Capa, com muito cuidado os dois abriram a porta e depois de verificar que não havia ninguém no imenso corredor continuaram sem fazer barulho.
- Você faz alguma idéia da onde pode ser o Salão de festas? – perguntou Tathy.
- Aonde um bando de caras estúpidos de roupa preta que adoram torturar os outros gostam de estar? – refletiu Harry.
- Boa pergunta, talvez eu deva perguntar pra um destes quadros...
A cada passo havia a chance de alguém aparecer e captura-los. Todos os andares acima estavam escuros, somente uma luz prateada entrava pelas grandes janelas góticas da Mansão.
- Não seria má idéia, nenhum deles nos conhecem, podemos fingir que estamos perdidos – concordou Harry.
- E nós seríamos os Comensais da Morte mais jovens do último século, e ainda mais a gente corre o risco do quadro sair falando por aí que viu um menino com uma cicatriz em forma de raio na testa acompanhado por uma menina. Logo teria um batalhão nos perseguindo por toda a casa...
- Você acha que o Malfoy é tão anti-social, assim? Quero dizer, ele também pode convidar alguns amiguinhos para a festa ou você prefere procurar por toda Mansão até encontrar o lugar certo? – argumentou Harry.
- Okay – concedeu Tathy contrariada – Pelo menos tire os óculos e esconda a cicatriz.
Foi o quê Harry fez, e tiraram a Capa da Invisibilidade. Olharam para o primeiro quadro em volta e viram uma mulher gorda comendo um cacho de uvas. Os dois tinham presa, mas também tinham que demonstrar calma.
- Por f... – Tathy começou a dizer, mas Harry deu um cutucão no seu braço.
“É claro” ela pensou “Comensais da Morte não costumam ser gentis” – Onde fica o Salão de festas? – disse desta vez com frieza.
- Quem são vocês? – perguntou o quadro impertinente.
- A pergunta aqui é: Quem é você? Uma simples empregada! – falou Harry com desprezo – Não te interessa saber quem somos nós, somos pessoas extremamente superiores a você e se não quiser pegar fogo agora mesmo diga onde fica a porcaria do Salão.
- Vá até o final do corredor e desça a escada à direita até o primeiro andar, vocês irão sair em frente à porta do Salão – respondeu imediatamente a mulher com um medo visível.
- E se você estiver mentindo voltamos aqui para te mostrar que não somos idiotas! – ameaçou Harry.
- Não, senhor! – garantiu o quadro.
Sem olhar de novo para a mulher, Harry e Tathy jogaram a Capa por cima de seus corpos, descendo rapidamente a escada.
- Eu não sabia que você podia ser tão mal!
- Um pouco de convivência com o Malfoy e é fácil aprender a tratar os outros como lixo...
- O Draco não é tão ruim assim! Ele até que é legal, e gentil...
- Pare! Quando você vai começar a me elogiar também? – perguntou Harry enciumado.
- Ah, Harry! Você é um ciumentinho mais lindo que eu já conheci, sabia? – Tathy sorriu.
Foram passando sorrateiramente pelos cômodos e chegaram a porta do Salão, que felizmente estava semiaberta facilitando para que os dois pudessem entrar. Parecia uma comissão fúnebre, vários pontinhos vestidos de preto dançavam, bebiam e estavam espalhados pelo lugar. A maioria bruxos, na realidade Harry reparou que não havia nenhuma mulher exceto Narcisa e... Gina!
- Olha lá, Harry! – Tathy cutucou o garoto, animada – A Gina está bem, e parece que em ótima companhia com o Draco – Harry olhou para perto da grande janela, onde Gina estava passando de braços cruzados com o menino.
- Ótimo, pelo menos sabemos que nada de errado aconteceu, eles deviam estar tentando ouvir conversas e descobrir alguma coisa interessante, mas parecem que esqueceram disso e o Malfoy resolveu ficar jogando as cantadas dele pra cima da Gina.
- Eu acho que você devia deixar os dois namorarem um pouquinho... Vamos lá, dê uma chance pro Draco! – Tathy deu uma piscadela.
- A Gina disse que eles não estão namorando – falou Harry – E pense que eu prometi pro Rony que ia cuidar da irmã dele, e no momento o Malfoy representa o maior perigo, e acho que devemos pelo menos ouvir o quê eles estão falando – e Harry foi arrastando Tathy próximo aos dois. Eles chegaram a um metro de distância e Tathy sussurrou:
- Se
ainda não estão namorando, estão chegando quase lá...



- Promete que vai pensar? – disse Draco.
- Eu não sabia que a proposta era séria, ou se era apenas para eu te dar um tapa na cara? – respondeu Gina.
- É a proposta mais séria que já fiz em toda a minha vida, e vai ser uma decepção se eu levar um tapa na cara porque terei todo o trabalho de te convidar de novo!
Alguém pigarreou a alguns passos de distância.
- Okay, Potter. Eu sei que você está aí usando a Capa da Invisibilidade e ouvindo a conversa dos outros – Draco falou como se soubesse o tempo todo que Harry estava ali – Mas que tal dizer de uma vez o quê você quer?
- Eu não estava espiando vocês... – Harry se defendeu encabulado – Eu e a Tathy viemos ver se você tinha encontrado a Gina, porque por acaso há uma hora atrás você a tinha perdido no meio dessa Mansão...
- E como você vê, agora ela está sã e salva comigo – respondeu Draco orgulhoso – Então Potter, você quer correr riscos aqui?
- Não, mas eu pensei em ficar para o jantar – respondeu ironicamente.
- Tudo bem, eu sei que vocês estão morrendo de fome – Draco sussurrava olhando para o lugar onde ele imaginava que Harry e Tathy estavam – Mas eu acho que isso pode esperar até o jantar acabar e eu levar um prato pra vocês.
- Eu estava adorando a idéia de continuar aqui, as pessoas parecem tão excêntricas! – disse Tathy.
- Nem pensar. Se alguém tropeçar em vocês ou se vocês fizerem alguma besteira pode dar tudo errado. Não esqueçam que a cabeça do Potter vale mais do que um milhão de libras...
- Espero que você faça a sua parte, Malfoy – disse Harry duramente – Pelo que eu vi, você e a Gina não estavam nem um pouco preocupados em descobrir algumas informações novas.
- E depois diz que não estava espiando a gente – replicou Draco com malícia.
- Não enche!
- Potter, você não pode ficar irritadinho senão os Comensais da Morte vão te descobrir aqui! – avisou Draco.
- Está bem, a gente vai voltar para o quarto, mas saiam daqui o mais rápido possível e tragam notícias boas pra nós – disse Harry e pegou na mão de Gina – Se cuida.
- Vocês dois também – respondeu Gina.
Eles sentiram os movimentos de Harry e Tathy se afastando.

     **    **

- O quê foi? – perguntou Tathy olhando curiosa para Harry, porque o garoto tinha parado ao sair da porta.
- Vamos procurar a Espada – disse definitivamente.
- Espera aí, você tem certeza? – disse Tathy hesitante – Pode ser perigoso...
- Tathy – Harry olhou profundamente nos olhos dela – Se Voldemort pôr as mãos no talismã, ele vai conseguir reviver completamente e se tornará muito mais poderoso do que já era no passado. Além disso, eu irei morrer. Eu não quero morrer e não quero deixa-lo espalhando terror pelo Mundo Mágico. É a nossa melhor chance, não tem ninguém nos corredores.
- Eu entendo – disse num tom confuso – Mas não seria melhor esperarmos as notícias do Draco e da Gina e montar um plano?
- Não – respondeu Harry decidido – Se você não quiser ir, eu entendo. Você vai estar segura no quarto do Malfoy, mas mesmo que seja sozinho eu preciso tentar achar a Espada Bélica de uma vez.
- Okay, nós vamos atrás dessa maldita Espada – Tathy retribuiu o olhar penetrante, como somente ela conseguia responder com a mesma intensidade – Vamos, eu jamais vou te deixar sozinho, nem que isso seja uma loucura e... Harry, não podemos demorar.
- Obrigado, você é demais! – Harry deu um beijo apressado nos lábios de Tathy.

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