Capítulo 15 - Laços de Sangue

Os Comensais da Morte cresceram em torno dela, como sombras mensageiras do terror, Gina tentou se debater, mas foi inútil, estavam segurando seu punho com muita força, quanto mais ela se mexia, mais sentia afundar os dedos em suas veias.

Harry sentiu uma fisgada em seu estômago, definitivamente a vida de Gina estava em perigo por sua causa, desde que ele tinha entrado em Hogwarts seus amigos se arriscavam para ajudá-lo, no entanto Harry não estava pronto para assistir alguém morrer no lugar dele, isso era tão injusto, Gina não podia sofrer a dor que era só dele, sua responsabilidade, seu destino desde que foi marcado por aquela cicatriz.

- O que você faz agora, Potter? – instigou como uma serpente venenosa Belatriz Lestrange.

- Afaste-se! – ordenou Sirius no seu tom mais ameaçador, sua varinha piscando uma luz dourada – Não faça nenhuma bobagem, Belatriz, da qual irá se arrepender!

- Não me faça rir! – respondeu a mulher com seu rosto cavernoso ganhando um olhar homicida – O que você vai fazer, priminho? – disse insolentemente.

Com esta última frase, murmúrios entre Tathy e Draco perguntando se os dois realmente eram parentes, Harry apenas confirmou com a cabeça. Havia quinze luzinhas verdes apontadas para eles, eles estavam simplesmente indefesos. Belatriz andava devagar pelos Comensais e falava de um jeito insano.

- Você – ela acusou Sirius – só desonrou nossa família, Black! Sempre foi um bonzinho patético, como eu adorava colocar lesmas no seu almoço você passava o dia inteiro vomitando e nunca reagia, mal posso esperar para me divertir com você de novo.

- Eu tinha doze anos e estava assustado com a podridão da nossa família – Sirius lançou um olhar fatal para ela – Mas muito tempo passou, você sabe como Azkaban pode nos tornar frios, não queira experimentar o que eu aprendi nesses anos.

De repente um jato verde passou à esquerda da cabeça de Sirius, atento ele apenas se inclinou.

- A mais leal serva do Lord das Trevas não tem competência para acertar um feitiço? – Almofadinhas zombou ainda segurando firme a sua varinha, como todos os outros – Você desperdiçou sua vida por tão pouco poder!

- Você desconhece o poder do meu senhor! – esbravejou Belatriz ficando zangada – Vamos ver o quanto essa menina pode suportar. Vou torturá-la, Black, e você verá que não deve subestimar os poderes das Trevas!

As palavras tinham acabado de sair da boca da mulher alta, de cabelos morenos à altura dos ombros quando outro jato prateado cortou o ar.

-
Protego! – ela disse com um reflexo invejável e o feitiço bateu no escudo e evaporou.

- Não encoste nela! – disse Draco com os dentes rangendo, a raiva explodindo em cada parte de seu corpo.

Belatriz Lestrange iria se vingar, porém uma voz rouca e cortante surgiu pela mesma porta em que os Comensais haviam entrado.

- Ora, ora Malfoy! Você já defendeu causas melhores, estou desapontado vendo que você se uniu aos Justiceiros dos Sangue-Ruim!

Sirius deu um passo para trás, levando todos com ele. Harry sentiu seu sangue ferver com o misto de pavor que progredia do seu estômago até seus pulmões, ele ouviu Tathy arfar rapidamente.

Draco não hesitou, nem disse uma de suas respostas atrevidas, contudo ele continuou a empunhar sua varinha diante do peito.

- Não a machuquem! – falou com voracidade, ele não deixou transparecer nenhum medo se é que ele tinha algum – Está acabado para você, não tem mais Maldição, Harry já a destruiu!

- Harry Potter tem frustrado meus planos ultimamente, a Quarta Maldição era só uma estratégia para derrotá-lo, mas não é a única – os olhos em forma de fendas fixaram-se em Harry e seu tom de voz subiu uma nota grave – Estou farto de um moleque atrapalhar o grande Lord das Trevas, está na hora dos seus amigos pagarem por isso!

- Harry!Draco! Fiquem onde estão! – berrou Sirius segurando os dois.

Nesse momento Belatriz Lestrange disse
“Impedimenta” e um feixe verde derrubou Sirius que foi jogado para além da redoma que guardava a Espada Bélica. Ele caiu desacordado.

Então, Harry e Draco perceberam que não podiam agir por impulso, não podiam se distrair, nem olhar para Sirius. Os dois se entreolharam por um instante, Harry viu Draco pálido e surpreso e conseguiu se ver nas íris acinzentadas do garoto, ele também estava muito abatido.

Ambos voltaram-se imediatamente para os Comensais da Morte, Harry apertando tanto sua varinha que a ponta de seus dedos ficaram brancas.

- ele está bem! – o garoto ouviu a voz segura de Tathy atrás e sentiu que a pressão que zumbia em seu cérebro diminuiu.

- Harryzinho, eu precisava unir os dois talismãs para recuperar minha juventude – disse Voldemort que estava com seu escondido pelo capuz, mas revelava sua aparência ofídica e suas entranhas profundas como se ele não dormisse há séculos – No entanto você se pôs no meu caminho, como já tinha feito outras vezes. Diante disso vou pegar algo que devia ter sido meu três anos atrás.

Gina chorava baixinho enquanto Voldemort chegava perto dela e tocava com seu dedo pontudo e roxo no queixo dela, fazendo-a olhar para ele. Deste modo Harry viu a figura amedrontada de Gina, tão pequenina entre aqueles espectros negros. Ele a viu passar o olhar por Draco sem esperança, seus olhos estavam quase tão vermelhos como seus cabelos.

- A juventude dela, Potter. E não há nada que você possa fazer desta vez. O meu eu do passado era um pouco arrogante, eu admito, porém você não terá mais nenhuma chance de ser herói novamente – Voldemort bradou a varinha no ar e com dois riscos negros um frasco contendo uma poção fumegante surgiu em suas mãos – Ela irá tomar e vai me fortalecer!

Uma nuvem tempestuosa desceu sob a atmosfera da sala, Voldemort demonstrava estar satisfeito, Gina não resistia mais, apenas fixava seus amigos como se tivesse os vendo e isso não fosse se repetir no segundo seguinte, seus lábios mexeram lentamente dizendo “me ajudem”.

- Não! Eu tomo no lugar dela! – gritou Draco decidido, entretanto, Voldemort o ignorou e alguns Comensais riram.

- Espere! Vamos fazer um trato – afirmou Harry e sua voz paralisou os movimentos da sala – Você liberta todos os meus amigos, eu não quero que ninguém se machuque, e isto inclui Sirius...

- Mestre, como você permite que esse pirralho lhe dite ordens?! Ele é um indigno... – sussurrou Belatriz com ardor.

- Cale a boca, Bela! – mandou o Lord das Trevas, seu rosto cruel contorcendo-se numa intimidação – Não se intrometa em negócios grandes demais para seu cérebro pequeno...

- Me desculpe, milorde... – ela pediu – Eu lamento...

Voldemort nem a olhava, Belatriz se tornou invisível.

- Se você garantir que todos sairão daqui vivos – continuou Harry num tom muito determinado – Eu bebo a poção no lugar de Gina e você lucra mais do que poderia com essa poção.

- É... – Voldemort sibilou pensativo – Deixo eles escaparem, mas tenho a sua juventude. Trato feito, venha até aqui, Potter.


No mesmo instante os Comensais soltaram os braços de Gina e a menina correu para o grupo do lado oposto, Harry largou sua varinha no chão que foi recolhida por Tathy e deu dois passos à frente, quando Dolohov e Nott o empurraram em direção a Voldemort.

- Não adiantou você lutar contra mim esses anos, não existe bruxo capaz de me vencer – ele disse entusiasmado, Harry podia sentir o cheiro podre que vinha da boca de Voldemort – Você acabou, Potter. Que maneira mais idiota de perder, não imaginava que seria tão fácil!

- Eu posso ter sido apenas um pirralho no seu caminho, mas eu venci você quando era um bebê, você não entende, mas meus pais também venceram você – disse Harry, sua voz soou com um misto de rebeldia e estranha calma – E tenho certeza que Dumbledore vai te derrotar e você nunca vai entender, porque é cego demais para ver o quanto um sentimento bom pode ser forte.

- Você realmente me emocionou com este discurso – cortou o Lord das Trevas co frieza – Mas chega, sua voz está me irritando. Beba esta poção e devolva minha juventude, garoto.

- Poupe meus amigos – avisou Harry sendo mais corajoso do que em qualquer outro momento em que Tathy o tinha visto até agora.

- Harry, NÃO! – ela engasgou desesperada.

Harry desviou seu olhar tranqüilo para a garota, seu coração não batia mais, ele tentou esvaziar sua mente, sabia que tinha feito o que era certo, poderia morrer em paz.

Seus amigos estavam paralisados, sem olhar para eles mais uma vez, Harry pressentiu que Draco estava por um fio de explodir em revolta lançando feitiços para todos os lados, Gina estava muito fraca e as lágrimas caíam por sua pele, Tathy assistia a cena traduzindo por todos os seus gestos que estava extremamente infeliz. Ela procurava um contato com seu amado, mas Harry já estava desligado dela, Tathy sentiu-se encharcada de incapacidade e tristeza.

Harry virou o conteúdo da poção e antes que pudesse beber o último gole, desmontou escorregando o frasco entre seus dedos que quebrou no chão. Voldemort soltou uma gargalhada maligna e vitoriosa.

- Não! – berrou Tathy perdendo o controle, olhando para Harry caído – Eu disse que não era pra você fazer isso!

Seus olhos verdes cintilaram como o brilho de uma estrela cadente, ela deu alguns passos distanciando-se de Draco e Gina. As vestes compridas de Tathy rodopiaram em seus pés, uma ventania não deixava sua roupa negra encostar no chão, os cabelos dela esvoaçaram-se no sentido que a misteriosa energia o levava.

Uma luz negra acendeu em torno da garota, contudo não era a luz de sua varinha. Tathy parecia um anjo iluminado, e quando ela voltou-se para Draco e Gina mostrou um ser desconhecido, celestial e incrivelmente aborrecido.

- Juntem-se a Sirius! – comandou estendendo seu braço direito, erguendo a varinha –
Escudo Totallus!

Uma cúpula transparente cobriu os três, era feita de fumaça muito fina e eles conseguiam atravessá-la. Tathy andou obstinada para onde Harry estava, Draco e Gina ansiosos notaram que os Comensais da Morte lançavam uma cascata de feixes prateados, verdes, vermelhos, no entanto todos estouravam no início do fulgor negro e rebatiam nas paredes de pedra, destruindo aos poucos a sala.

- Estuporem-na! – bradou Belatriz enquanto Tathy se aproximava e os Comensais abriam caminho ainda atingindo-na com uma série de encantamentos.

- Parem! – mandou Voldemort que unicamente observava a garota prosseguir.

- Harry! – chamou Tathy ajoelhando-se e colocando a cabeça dele em seus braços – Eu sinto muito.... Você é a pessoa mais leal que eu conheci em toda a minha vida, você não merece isso...

Na mesma hora em que Tathy ainda abraçava Harry, Sirius despertou. Atordoado Sirius viu o contorno embaçado das pessoas que foi se tornando mais claro, até ele ver uma cena inesperada através da cúpula que o cercava: Tathy segurando Harry no chão diante dos Comensais da Morte afastados e Voldemort que parecia apenas um espectador.

- O que ela está fazendo? – perguntou Sirius apoiando-se em seus cotovelos para levantar.

Ele não obteve resposta, Draco e Gina acompanhavam vidrados tudo que acontecia. Tathy agitou a varinha num ato rápido e decisivo.

-
Soprus Vivítio! – disse meigamente apontando a varinha para Harry, e um grande jorro impetuoso de luz negra escureceu a sala e quando o lugar voltou a ser visível, Sirius viu Tathy trazendo Harry em seus braços.

- Sua menina maldita! – praguejou Voldemort enfurecendo-se –
AVADA KEDRAVA!

No entanto, a garota estava prevenida, o tempo que a Maldição levou para percorrer a distância entre Voldemort e Tathy durou tempo suficiente para ela se virar e lançar um contra-feitiço protetor em forma de flecha que dissipou a Maldição Letal.

- Não se lembra de mim? – perguntou Tathy um tanto quanto intrigante olhando diretamente nas fendas verticais que substituíam os olhos de Voldemort.

No mesmo instante ela deu as costas para ele, e entregou Harry para Sirius.

- Cuide dele, e não saiam da proteção que eu conjurei para vocês – e acrescentou ligeiramente percebendo que Sirius iria se opor – Eu sei o que eu estou fazendo!

- Eu devia ter recordado quem você era na hora em que a vi! – Voldemort recomeçou a falar com a sua voz rouca – Que feliz reunião familiar, não tinha o desprazer de te encontrar desde que você era uma menina que fazia xixi na cama com medo de pesadelos...

- Eu também não estou contente em te reencontrar! – afirmou Tathy fluindo pura aversão em suas palavras – Você me desapontou, Tom, cada vez ficou mais perverso, rejeitou nossa família.

- Eu nunca pertenci ao que você chama de família – rosnou Voldemort seus lábios se encrespando – Não tenho sangue trouxe correndo em minhas veias... tenho o poderoso sangue de Salazar Slytherin!

- Você tirou de mim o que era mais importante! – berrou Tathy magoada encravando suas unhas na palma de sua mão. A energia que ela emanava aumentou consideravelmente – Fico feliz por ter crescido longe da sua monstruosidade!

- E ser uma fraca! – retorquiu Lord das Trevas malignamente – Assim com Harry Potter, defensor dos Sangue-Ruins que não entendem nossa superioridade, nossa natureza mágica!

- Eu não estou aqui para pôr nossas briguinhas em dia! Sei que ela – Tathy entoou como se tivesse um significado especial implícito que Voldemort pudesse entender – apoiaria minha decisão de te impedir de cometer mais crueldades!

- Não podemos saber o que ela gostaria porque um trouxa a abandonou indefesa e acabou com a vida dela! – vociferou Voldemort sacando sua varinha.

- Quando você abrir sua mente, Tom, estarei te esperando para um novo lar – falou Tathy calmamente, sua varinha já estendida e pronunciou uma dúzia de palavras mágicas.

O jato de luz negra que saiu da ponta da varinha de Tathy se espalhou por todo o cômodo, fazendo Gina estremecer pelos raios vibrantes que saltavam da órbita da magia.

Antes da escuridão o lugar, a garota viu num milésimo de segundo um filme em câmera lenta da figura difusa de Voldemort lutar para reter seu feitiço, ele estava completamente sozinho, e desapareceu sem explicação depois. Ele e os Comensais tinham fugido. Com um suspiro exausto Tathy desabou quase inconsciente.

Harry ainda não sentia suas pernas, com passos meio atropelados ele chegou até a garota, seguido por esgotados Draco, Gina e Sirius.

Ele a segurou com firmeza entre seus braços, os olhos de seu amor abriram olhando vagamente para o espaço até encontrá-lo muito angustiado.

- Você está bem? – perguntou Harry num tom que sufocava sua voz.

- Está difícil de respirar – Tathy sussurrou arquejando um ruído fino vindo de seus pulmões – Eu gastei todas as minhas forças.

- Então descanse – Harry aconselhou carinhosamente – Você combateu Voldemort como igual, eu pensei que só Dumbledore pudesse impedi-lo, mas você fez isto muito bem.

- Harry – chamou a garota de baixo, ela parecia tão frágil – Eu estou com medo.

Ele procurou a mão dela e a agarrou, estava muito fria, ele conseguia ver as veias através de sua pele branca.

- Eu também estava com medo, mas você me salvou – Harry acariciou ligeiramente os longos cabelos dela – Eu não vou te abandonar.

- Me desculpe... – Tathy soluçou sentindo-se totalmente covarde diante da sinceridade dele – Eu fui uma idiota, fui fraca, não quero que você se preocupe comigo.

- Você está sendo idiota agora falando essas coisas – argumentou Harry desorientado – Eu devia estar aí, foi tudo minha responsabilidade...

- Eu não estou me referindo a isto...Estou tentando te contar sobre a coisa estúpida que eu escondi de você – ela disse exasperada.

- Tem algo a ver como que Voldemort disse sobre vocês serem da mesma família? – Harry perguntou um tanto quanto indiferente a essa informação.

- Você ouviu tudo, não é? – ela disse desolada, fixando algum ponto perto de seu pé – Eu entendo se você quiser me odiar para sempre por eu pertencer a tal família!

- Isso não me importa, quem liga se você é prima de segundo grau daquele homicida – Harry olhou para ela afetuosamente embora seus olhos expressassem desapontamento – Eu só queria que você tivesse confiado em mim, e não ter fugido dizendo aquelas bobagens.

- Eu sou irmã dele – revelou Tathy e respirou com grande dificuldade, ela sentiu Harry soltando sua mão, olhando extremamente surpreso para ela, porém ele simplesmente encostou sua cabeça em seus ombros, abraçando-a.

- Primeiro se recupere – Harry murmurou pacientemente mesmo que não conseguisse negar que estava chocado com a notícia. Ela ainda sentia cada parte quente do corpo dele confortando-a – Não diga mais nada.

Sirius resolveu se afastar depois de ter ouvido a retratação de Tathy, ele já sabia o suficiente, o resto deveria ser decidido somente entre os dois.

- Draco!Gina! – gesticulou apenas mexendo a boca – Deixem os dois...

Eles caminharam até Sirius, ambos com expressões curiosas.

- Ela é irmã de Lord Voldemort! – repetiu Gina boquiaberta, encarando Draco e Almofadinhas meio confusa.

- O que você acha que devemos fazer, Sirius? Você acha que devemos confiar nela?

- Eu não a conheço muito bem para sair distribuindo relatórios sobre a personalidade dela – respondeu num tom muito sério – Mas uma coisa inacreditável ela fez esta noite, salvou Harry e expulsou Voldemort!

- É óbvio que a Tathy é nossa amiga – defendeu Gina lançando um olhar fulminante para Draco – Ela trouxe o talismã até aqui, nunca teve uma reação suspeita, Tathy ama o Harry de verdade. E o que ela fez por ele hoje prova definitivamente que não há dúvidas sobre o caráter dela.

- Eu só estava pensando... – especulou Draco com o olhar aéreo desviando a atenção de uma indignada Gina – Ela e Voldemort são da mesma família, não seria incomum se ela também fosse perversa como o irmão...

- E você acabou com a teoria que eu tinha para acreditar que você tinha mudado – agradeceu Gina sarcasticamente – Seu Sangue Malfoy controla mais você do que sua vontade própria?

- Não, você tem razão – concordou Draco sorrindo, para a menina de cabelos ruivos flamejantes, “Ele fica muito encantador quando sorri” Gina pensou apaixonada – Minha descendência não pode controlar isso – e ele a levantou e deu um beijo calculado em sua boca rosada.

- Adolescentes! – exclamou Sirius feliz, entretanto, sentindo que havia ficado isolado.

Algum tempo se passou, então Tathy respirou fundo, ela não podia adiar mais o fato de que ela teria que olhar para ele, falar com ele, se ela soubesse aparatar teria ido para um lugar bem longe.

- Você está magoado comigo? – Tathy hesitou.

- Por você ter enfrentado seu irmão – essa afirmação entalou na garganta de Harry – me ajudado no momento que eu podia ter morrido, e talvez ter sumido pra sempre sem me explicar por quê, sem me dizer uma palavra quando eu te dizia que não havia nada que pudesse nos separar.

- E agora você percebeu como estava errado e quere que eu vá embora antes que você cuspa na minha cara – disse Tathy triste levantando rapidamente e virando-se para a porta.

- Não vamos complicar mais as coisas – Harry a puxou pelo braço com violência – Você agiu como uma idiota, garota, em perder tanto tempo longe de mim por causa desse detalhe – então Harry colocou seus braços em volta da cintura dela, e simplesmente a beijou.

Tathy se entregou ao beijo, deslizando entre as mãos de Harry, sentindo o calor e o perfume de maça que vinha do pescoço dele. Ela foi tocada com delicadeza e singularidade, e era isso que tornava Harry tão especial, seu jeito único de provocar sensações que ela não conseguia descrever, mas era capaz de lembrar em qualquer momento, como se ele estivesse do lado dela fazendo tudo de novo. Harry soube que Tathy tinha realmente se entregado a ele, dado cada partícula de si naquele beijo.

- Hei, Potter! – a voz de Draco trouxe-os de volta a realidade – Agora que vocês já se entenderam, e todo mundo está feliz com esse clima romântico, menos Sirius que está sozinho, ele me pediu para arranjar um jeito de irmos embora antes que ele fique sentimental demais. Alguma idéia?

- Esta é a sua casa, Malfoy – replicou Harry soando mau-humorado – Você adora ser estraga prazeres, não é?

- Para não perder o costume – Draco sorriu de forma maliciosa – Felizmente eu sou o Cara-das-Idéias-Geniais e estou tendo uma agora mesmo... – Draco refletiu mordendo seu lábio inferior e desviou seu olhar como se estivesse com ânsia de Tathy e Harry que estavam entrelaçados, ela com um braço em torno do tronco de Harry e ele
com o braço atrás dos ombros dela.

-
Accio vassouras! – falou e segundos depois cinco Nimbus 2006 entraram pela porta lateral da direita – Vamos aproveitar o estoque do meu pai e ir pelo céu!

    **    **

Lúcio rastejava pelos extensos corredores da Mansão Malfoy, ele tinha a sensação de que era uma linha infinita que se distorcia e embaralhava suas idéias. O que o sustentava era o desejo incontrolável de encontrar a suposta Narcisa, tirar satisfações e vingar os anos roubados de sua vida em que ele cometeu crimes e fez coisas cruéis controlado pela
Maldição Imperius.

Estar lúcido era um sentimento embriagante para ele, como uma pancada forte em seu crânio levando em consideração que praticamente há duas décadas ele não obedecia a seus impulsos.

O chão que era feito de blocos de mármore intercalados em branco e preto repetia-se exaustivamente pelo caminho de quadros, espelhos, lustres, Lúcio estava completamente desorientado, sua mente que tinha sido leve como o vento da primavera ficou super carregada e não funcionava direito, ele só enxergava retângulos com muitas portas, não conseguia definir um lugar certo para encontrar Narcisa, tudo rodopiava estonteantemente...

- Sr. Malfoy! – Lúcio ouviu uma voz pomposa após sentir uma brisa congelante passar pelos seus ossos – Você está péssimo! Está doente?

O homem concentrou seu olhar na fumaça falante e percebeu que era Simon, o fantasma criado da família.

- Eu estou perfeitamente bem, Simon – resmungou Lúcio e se pudesse teria segurado o fantasma pelo colarinho, porém ele apenas o fitou – Você viu Narcisa?

- Mestre, eu deveria te aconselhar a não beber tanto nas reuniões com os Comensais... – disse o fantasma num tom muito suave.

- Eu preciso saber onde está a Narcisa! – repetiu alterando a voz e esquecendo qualquer gentileza que tinha tido até agora – Você existe para me servir, se você não prestar nem para dizer onde ela está vou destruí-lo imediatamente!

- Ela está na Sala dos Metais, Mestre – respondeu prontamente.

- E para onde fica essa Sala? – perguntou, sentindo-se estranho por não reconhecer sua morada.

- Não está longe daqui – disse prestativo – O Mestre terá que voltar para o início do corredor e virar a esquerda, passar pela estátua da bruxa caolha e entrar na primeira porta...Mas, o senhor está realmente muito tonto, por Merlin, os humanos não conhecem limites...

- Pode ir agora – mandou Lúcio fazendo um gesto brusco com a varinha e Simon desapareceu através das paredes.

Suas últimas gotas de esforço foram gastas no ímpeto de chegar a Sala dos Metais, a porta estava escancarada e á medida que a distância entre ele e a entrada do aposento diminuíam, Lúcio vislumbrava a imensidão dos objetos mágicos mais bizarros, colocados em prateleiras que iam do chão até o teto, um grande armário na parede e uma escrivaninha jogada no centro do tapete com o emblema da família Malfoy, Narcisa estava do lado oposto da entrada, retirando do cofre sacos de galeões e os guardando em um malão posto no chão.

Quando ela se virou para depositar mais moedas no malão, viu um bruxo vestido de preto, sua túnica esfiapada e desajeitada pelo corpo, os cadarços de seu coturno desamarrados, um braço rígido estendido em sua direção.

- Onde você pena que vai, amor? – disse num tom macabro, a varinha mirando no coração dela.

- Lúcio! – reagiu Narcisa surpresa – Você não devia estar com o Lord das Trevas!

Ele deu um sorriso debochado e caminhou alguns passos adentro, aparentemente sem se preocupar com o olhar arregalado de sua mulher que o seguia.

- E você não devia estar roubando a nossa fortuna... – falou num tom infantil, como se estivesse explicando o que é certo e errado para uma criança – Ia nos abandonar?

- Você está muito estranho – Narcisa disse o temor dando um tempero especial a sua expressão – eu não estou gostando do jeito que você está agindo...

- Está sentindo falta de algo? – perguntou Lúcio ameaçador encostando a varinha no pescoço dela que se empurrava contra a parede – De me controlar com a
Maldição Imperius, seu verme! Pare de fingir, eu já lembrei de tudo e você vai pagar pelo que fez...

- Não! – gemeu Narcisa que estava presa, seus olhos estavam tornando-se vermelhos – Você não me mataria, essa não é uma boa escolha, eu sou o seu amor da adolescência, a mãe do seu filho....

- Você é um demônio podre – rosnou Lúcio cheio de raiva –
Avada Kedavra!

Porém no mesmo instante que o feitiço foi lançado, Narcisa golpeou violentamente a cabeça de Lúcio com um objeto comprido e pontudo, que se assemelhava a duas réguas que se cruzavam, ela se abaixou, o feitiço ricocheteou na parede e bateu em uma prateleira, fazendo-a desabar.

Narcisa respirou ofegante, ela estava apoiada em suas mãos quando se ajoelhou para verificar a pulsação de Lúcio, escorria sangue da lateral de seu rosto, onde ela o tinha ferido.

Narcisa podia garantir que ele estava morto, pressentiu isso quando o examinou, contudo uma mão agarrou a sua com muita força esmagando seus ossos, e a outra ergueu-se em oposição à ela.

- Não pense que você vai se ver livre de mim tão cedo! – Lúcio respondeu a dúvida de Narcisa, olhando de diagonal para aquela mulher que também já tinha empunhado a varinha contra ele.

- Parece que não vamos chegar a lugar nenhum com toda essa agressividade – ela afirmou determinada – Podemos fazer um trato?

- Vá pro inferno! – replicou Lúcio, ambos estavam de pé, a tensão das varinhas gelava o ar, seus olhos trocavam faíscas, os dois gritaram –
Expelliarmus!

Os feixes de luz se encontraram e a descarga mágica atirou Lúcio e Narcisa fazendo-os atingir a parede. Lúcio sentiu o sangue irrigando seu cérebro, suas têmporas latejavam e a dor intensa que atingia o auge em cada membro seu dificultava sua visão.

-
Crucio! – disse Narcisa de um ponto mais distante da sala e o feitiço ardeu e lacrimejou seus olhos, ele não seria capaz nem de sustentar suas pernas, nem de respirar, porém ele também não podia desistir, então Lúcio levantou sua mão trêmula e resmungou ao um som indistinguível:

-
Estupefaça!

A luz verde atingiu o estômago de Narcisa, ela permaneceu no chão, com ânsia de alguém que estava prestes a vomitar. A dor suavizou dentro da mente de Lúcio Malfoy.

Ele se arrastou para trás das estantes, tentando ganhar tempo, apesar de que nenhum estivesse em condições de batalhar, Lúcio estava mais debilitado e confuso. Encostou nas prateleiras, fechando os olhos para esquecer a dor cortante que passava nas laterais de sua cabeça, e abriu de novo, apurou os ouvidos, queria realmente confiar em sua habilidade auditiva, mas naquele momento, sua confiança estava inteira em sua varinha, pronta para atacar.

Lúcio espiou Narcisa, alta, loira e atormentada, cambaleando. Ele saiu do seu esconderijo, tirando vantagem do momento que ela estava desatenta:

- Diffindo! – falou Lúcio com movimentos precisos que deixaram Narcisa com cortes profundos no braço e em seu rosto.

-
Impedimenta! – um raio pulverizou o tapete, e Lúcio praguejou ao ver a sola fronteira de seu coturno derreter.

- Má pontaria! – ele esbravejou ao bradar sua varinha com vigor –
Crucio!

Contudo seu feitiço também passou raspando no ombro de Narcisa, ela mostrou seus caninos pontiagudos.

- Petrificus Totallus! – falou destemida e o corpo de Lúcio ficou rígido, os membros colados, ele não pode resistir ao colidir com o chão, simplesmente como uma estátua seus olhos perplexos assistiam Narcisa juntar o malão e se encaminhar para a saída.

- Eu poderia matá-lo – ela constatou agachando-se e encostando levemente a varinha no rosto de Lúcio, ela fazia cócegas, mas se ele não estivesse tão amortecido perceberia que estava suando frio – Mas você é tão bonito que seria um desperdício e sei que não queria me machucar realmente... Nos vemos por aí, garanhão, vou sentir saudades do nosso filho Draco, voltarei para buscá-lo!

Narcisa sapateou com seu salto de pico fino até a porta, lacrando-a pelo lado de fora.

- Colloportus! – disse e Lúcio não a viu mais.

   
**    **

Um relâmpago caiu perto de Rony, era Krum que veio rapidamente ajudá-lo a achar Hermione. Ele desceu da vassoura e perguntou:

- Onde ela está?

- Ela se perdeu – respondeu o garoto num tom amargo enquanto sentia pontadas fortes em sua cabeça.

- Vocês sabiam que isso podia acontecer! – reprovou Krum – O que estavam tentando fazer? Vocês perderam a cabeça?

- Harry é o nosso melhor amigo – Rony tentou se defender – Mas você não sabe como eu estou arrependido de tê-la trazido pra cá.

- Você a ama, não é? – questionou Krum seriamente.

- Sim, eu a amo – confirmou Rony, sentindo uma facada no coração por ter permitido que tudo isso acontecesse.

- Pois eu também a amo, Weasley – retorquiu Vítor – Entre nós dois, só quem pode escolher é ela. Herm-on-nini é uma garota muito inteligente, ela saberá nos responder com quem ela quer ficar, ao outro só restará aceitar, sem ressentimentos.

- Qualquer um que ela decidir, Krum – afirmou Rony olhando com vigor para o búlgaro – Eu só quero que ela esteja bem, que a gente possa encontrá-la salva, porque eu nunca vou me perdoar se ela se ferir.

- Nem eu – disse com uma voz grossa – Não vamos perder mais tempo – sua expressão búlgara ficou ainda mais dura, ele montou na vassoura novamente.

- Há quanto tempo você bebeu a poção?

- Cinco minutos.

- Você tem mais dez minutos antes de começar a passar mal assim como eu – Rony tateou sua Nimbus 2002 que tinha acabado de recuperar com o feitiço “Accio”.

- Quer uma carona? – Vítor Krum ofereceu vendo o estado em que Rony estava.

- Não, eu prefiro ir sozinho. E no céu vou estar protegido contra os feitiços – os dois deram um impulso e o ar gélido da noite transpassava pelos cabelos de Rony e o deixou ligeiramente arrepiado de frio – Vamos seguir por ali! Ela deve estar lá embaixo!

Eles ganharam altitude e a noção de espaço se tornou melhor, no entanto a visão continuava como uma névoa. Hermione tinha caído na parte mais emaranhada do jardim que ficava longe da porta de entrada da Mansão, os dois não conseguiam enxergar o chão, resolveram descer e procurá-la a pé.

- Aterrisagem no início da floresta, Hermione não pode ter se afastado tanto de lá.

Os garotos tocaram o solo e rumaram para o norte, desviando dos gravetos, folhas e raízes que rastejavam o chão.

- Hermione! – gritou Rony, seguido de perto por Krum, ambos com a varinha em punho e acesas.

Por algum tempo eles só conseguiam ouvir as próprias vozes ricocheteando nos galhos, observando com cuidado por dentre as árvores, avançaram alguns passos.

- Espere! – Rony fez um gesto para que Krum não se movesse e ficasse em silêncio – Acho que eu ouvi alguma coisa!

O garoto olhou a sua volta, como sua visão não podia ajudar muito, pois a escuridão era imensa ao seu redor, ele apurou sua audição para tentar ouvir um suspiro, um ruído, uma folha qualquer caindo.

- Eu estou aqui – o sussurro vinha da sua esquerda, a luz da varinha iluminou esse lado e perto dele estava Hermione apoiada em uma árvore, muito maltratada, os braços arranhados e a mão enfaixada pelo pedaço de calça que faltava em sua perna.

Ele não teve tempo de pensar em nada, apenas abraçou-a, seus cabelos estavam com cheiro de terra, mas os cachos ainda tinham a cor dourada e estavam macios.

- Você está bem? – Rony segurou seu rosto.

- Eu fiquei com tanto medo – ela choramingou – O efeito da poção já tinha passado, mas eu tentei andar e fui derrubada por um feitiço de raspão. Fiquei com medo de que você não chegasse aqui – ela o abraçou novamente e viu a sombra de alguém de grande porte parado à sua frente. Hermione soltou do abraço de Rony, e decorreram-se segundos até ela reconhecer que era Vítor Krum. A presença dele a abalou, seus olhos o encararam com surpresa, ela não sabia o que fazer, não sabia o que dizer.

- Herm-on-nini – ele gaguejou colocando a mão ferida da garota em cima da sua mão gigante – Ron me contou o que vocês tentaram fazer, com ele também estava passando mal me chamou para ajudara salvá-la, e ele agiu certo – ela simplesmente o abraçou, mas Rony teve a leve impressão de que não tinha sido com amor de namorado, e sim com o carinho de uma amiga, ele varreu esses pensamentos de sua mente.

- Você não queria me ver? – perguntou Krum, a garota balançou a cabeça tentando dizer que o que o garoto havia acabado de falar não fazia o menor sentido – Você mudou de idéia, não é Herm-on-nini? Você desistiu de namorar comigo?

Seu olhar aflito foi de Krum para Rony que estava parado esperando uma resposta. Ela não conseguiu dizer nada, sua garganta estava seca, então apenas moveu sua cabeça para os lados novamente.

- Vocês podem me ajudar a levantar? – Hermione pediu, quando já estava de pé disse para que a soltassem.

- Nós vamos ter que voltar – explicou Rony – Não temos mais poções e eu não quero arriscar sua vida outra vez. Este lugar é muito perigoso pra ficarmos sozinhos, tenho certeza que Sirius irá trazer Harry e todos a salvo.

- Eu queria que a gente pudesse fazer alguma coisa – reclamou Hermione com vestígios de sua antiga irritação quando não conseguia praticar algum feitiço em Hogwarts – Mas eu concordo com você!

Nesse instante o ar se encheu repentinamente com o ruído de passos, galhos sendo derrubados; Rony apontou a luz para trás e viu muitos Comensais se aproximando, eles estavam com pressa, pareciam fugir. Ele encarou a menina e o garoto, engolindo sua saliva seca.

- Os Comensais estão vindo, precisamos sair daqui o mais rápido possível.

Rony e Krum montaram suas vassouras, já estavam planando quando olharam para Hermione imóvel, sua pele estava tão pálida e sua boca congelada, ela não tinha vassoura para acompanhá-los.

- Nós sabemos que você não pode gostar de duas pessoas do mesmo jeito que nós a amamos – Rony se declarou, olhando no fundo dos olhos cor-de-mel da garota – Nós não temos culpa de te amar, mesmo que você só possa amar um de nós dois, e assim o outro terá que se conformar com a sua amizade.

Krum parecia estar concordando plenamente com as palavras de Rony, ele não interrompeu, apenas estava esperando a decisão de Hermione.

- Esta não é a melhor hora pra te pedir isso – disse apressando-se – Mas você já sabe com quem quer ficar, mesmo que seja lá no fundo dos teus sentimentos, não nos faça esperar mais – ele pediu – Quem você ama de verdade?

Os Comensais da Morte emergiram com suas capas pretas, eles estavam se aproximando de Hermione, ela precisava decidir naquele momento a coisa mais importante da sua vida, seu coração bateu forte e o calor voltou ao seu corpo até ruborizou seu rosto. Agora teria que escolher entre Vítor e Rony que esperavam com a mão estendida. Um segundo cruel de dúvida, embora Rony estivesse certo de que ela sempre soube com quem queria ficar.

Então Hermione estendeu a mão para revelar seu amor eterno ao seu príncipe encantado.

    **   **
Sirius, Harry, Tathy, Draco e Gina voavam passando por cima da Mansão Malfoy, já havia decorrido metade da noite, estavam no meio de uma madrugada relativamente morna, contudo amena, pois não havia vento e eles deslizavam sobre o manto negro da noite, com devida pressa de pousar finalmente do lado de fora da casa e retornar para o Acampamento da Ordem da Fênix onde poderiam descansar com a certeza de que mais um plano de Voldemort tinha acabado e que por enquanto o Mundo Mágico estava salvo.

Poucos minutos depois eles aterrizaram em frente ao portão com a grande letra
M.

- Sirius! – chamou Draco preocupado olhando para os lados – Você está vendo o meu pai? Ele não está aqui!

- Acalme-se Malfoy! – pediu Sirius jogando sua vassoura na grama e espiando o jardim, o qual era possível distinguir apenas a ostentosa porta de entrada e nenhum sinal de um homem adulto caminhando para vir ao encontro deles – É melhor esperarmos enquanto recuperamos nossas forças, seu pai pode estar chegando – ele enfatizou ao olhar a expressão impaciente no rosto de Draco – Vamos esperar.

Gina se aproximou de um Draco mal- humorado que estava sentado na grama apoiando os cotovelos em seus joelhos.

- Não se preocupe – ela disse enquanto o abraçava – Seu pai está bem e está vindo pra cá nos encontrar!

-  Não dá pra ser tão otimista quando se tem um monte de Comensais da Morte com raiva de você andando em volta da Mansão! – ele retrucou atirando uma pedrinha no portão que provocou um estralo metálico.

- Ah! Por favor, Draco – insistiu Gina num tom irônico – Eles estavam fugindo! Não iam se dar ao trabalho de procurar seu pai da maneira que Você-Sabe-Quem estava furioso!

- É, eu também acho que não – disse enquanto atirava outra pedra.

Então, ele parou subitamente e olhou para Gina, seus olhos acinzentados cheios de terror

–  E se eles o pegaram enquanto ele tentava chegar aqui! Porque se Você-Sabe-Quem encontrasse meu pai no caminho ele o mataria! – concluiu levantando-se dando passos largos na direção da entrada da Mansão. Draco virou par Gina com a varinha empunhada – Eu vou atrás dele, preciso saber como meu pai está! Não agüento mais ficar esperando!

Draco tinha um novo brilho em seu olhar, era de determinação. Sem pensar, Harry correu até Draco e segurou-o pelas vestes.

- Não, Malfoy! – disse rispidamente.

- O quê foi, Potter? – ele retrucou empurrando Harry que mesmo assim não o soltou – Você quer dizer como eu devo agir agora que meu pai está desaparecido – desafiou-o num tom trivial.

- Meu Deus, Malfoy! – exclamou Harry com severidade – Quem disse que ele está desaparecido? – e como Draco não estava ouvindo e continuava a tentar se desvencilhar dele, Harry o derrubou na grama.

Draco respirou com dificuldade e focalizou Harry que prendia seus braços no chão.

- Mas que diabos...? – ele começou a dizer com raiva.

- Você está vendo alguma Marca Negra? – indagou Harry com vigor.

Draco procurou no céu um crânio envolto por uma fumaça verde, no entanto isto já havia desaparecido.

- Se eles tivessem matado alguém, a Marca Negra ainda estaria aqui! – afirmou Harry encarando Draco com firmeza – O mais sensato a fazer agora é darmos um tempo e se o Lúcio não voltar todos nós vamos entrar lá dentro e procura-lo com você!

Draco hesitou por alguns instantes enquanto refletia sobre o que Harry tinha dito.

- Você está certo, Potter – Draco concordou tirando os braços de Harry e sentando com uma expressão entediada.

O aspecto gélido do luar havia ido embora e o calor fulgurante do Sol aparecia atrás das montanhas. Draco permanecia sentado agora com uma expressão de profundo tédio. Ninguém resolveu falar nada durante aquela interminável hora que se arrastou vagarosamente enquanto eles esperavam pelo Sr.Malfoy.
Assim que Draco fez um barulho expelindo o ar com força e levantou sua cabeça para verificar mais uma vez o portão de sua casa, ele viu um vulto. Um vulto com vestes azul-marinhas mancando, Draco sentiu seu coração disparar e se pôs de pé bruscamente, todos olharam do garoto para o homem que transparecia estar realmente cansado.

- Pai! – exclamou Draco num tom aliviado. E imediatamente ele correu para ajudá-lo.

- Eu estou bem! – disse modestamente – Eu tentei chegar aqui antes do amanhecer, mas tive que resolver um assunto que me causou mais problemas do que eu esperava.

- Mas o que aconteceu?! – perguntou Draco que o ajudava a caminhar mais perto de Sirius e os outros.

- Eu tive uma discussão com a sua mãe, Draco – Lúcio afirmou seriamente e vendo a cara de espanto que os que estavam ouvindo a conversa fizeram, ele acrescentou num tom casual – Não se fazem mais casamentos como antigamente!

Gina e Tathy deram sorrisinhos nervosos.

- Fico feliz que você chegou, Lúcio – disse Sirius – Afinal, você nos deve uma explicação, por qual motivo você nos salvou?

Lúcio olhou irritado para Sirius que o olhava com uma forte desconfiança.

- Eu ainda não posso revelar meus verdadeiros motivos – ele explicou retribuindo com uma expressão séria e palavras secas – Preciso falar com Dumbledore, mas posso garantir Black, que daqui pra frente eu irei mudar muito, voltarei a ser como o estudante de Hogwarts.

- Vá em frente, Lúcio. Seu filho também mudou e você nos deu uma prova irrefutável! – Sirius ergueu suas sobrancelhas com curiosidade – Mas ainda quero saber quais os motivos que o fizeram mudar desse jeito.

- Todos irão saber na hora certa – Lúcio disse e virou-se para Draco – Agora eu preciso que você me leve para a Mansão, pois estou fraco e um repouso fará bem a nós dois – ele emendou ao prestar atenção ao estado de Draco – Além disso, tenho coisas muito importantes para lhe dizer, filho.

- Tudo bem – Draco concordou intrigado – A minha mãe brigou com você e fugiu. Ela foi com os Comensais?

- Ela não está mais aqui – respondeu friamente – Falaremos sobre isso em particular na Mansão. Então, se despeça de seus amigos.

Nesse instante, Draco e Gina trocaram olhares. Ela parecia triste e desanimada.

- Na verdade, pai – disse corajosamente Draco puxando a mão de Gina, na tentativa de agradá-la – Eu estou namorando a Gina!

A garota ruborizou e escondeu o rosto no ombro de Draco.

- Que ótima notícia! – falou Lúcio surpreso – Você tem bom gosto, meu filho. Combinaremos um jantar aqui na Mansão para reunir as famílias.

- Eu receio que você terá alguns problemas com isso, pai – disse Draco num tom desanimado – Nossas famílias não se dão bem pelo menos desde que eu nasci.

- Droga! – Lúcio reclamou – Mas não se preocupe, mocinha – ele disse quando Gina finalmente conseguiu encará-lo – Eu farei de tudo para consertar esta situação.

Gina sorriu esperançosa. Draco se despediu de Sirius que entre um aperto de mão disse um “se cuida” amigável, Harry também parecia um amigo de longa data, e depois de se despedir de Tathy com um beijo no rosto, ele puxou Gina para um canto.

- Eu preciso cuidar do meu pai e saber o que aconteceu de tão grave – Draco segurou firme as mãos delicadas de Gina – Nos veremos em breve, eu prometo.

- Você sabe que meus pais não vão permitir – sussurrou Gina aflita, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas, talvez fosse a última vez que ela o visse, talvez só voltasse a vê-lo de longe em alguma reunião da Ordem da Fênix.

- Eu não quero te ver assim tão triste – ele confortou-a passando seus dedos delicadamente no rosto de Gina, depois sorriu – Meu pai está disposto a acabar com essa briga idiota e eu também.

- Mas eu garanto que o Rony e os meus pais não – ela disse negativamente.

- Eles irão ouvir o Dumbledore e eu aposto como o meu pai tem uma boa explicação para tudo isso – ele afirmou pela última vez e abraçou Gina, ela retribuiu abraçando-o com força, ainda com o pensamento de que só o veria dali a muito tempo rodeando sua cabeça.

Ela olhou para ele tentando parecer mais alegre, porém havia vestígios de tristeza em seu olhar. Nessas horas parecia tão difícil conseguir encará-lo... mais difícil ainda quando ele aproximava seus lábios rosas e ela podia ver cada poro de sua pele branca. Então, Gina fechou seus olhos e agora ela podia sentir seus lábios com os dele, sentia o cabelo loiro dele roçando em seu rosto, tão real quanto o calor de suas bocas na emoção de um beijo que ela guardaria durante meses e que seria proibido quando ela partisse.

- Eu vou esperar uma coruja trazer notícias suas, não demore ok? – Gina fazia um enorme esforço para parecer otimista.

- É melhor você não demorar para respondê-las! – replicou Draco piscando e ele se afastou com Lúcio Malfoy na direção da Mansão carregando sua Nimbus 2006.

Gina ainda estava absorta em suas lembranças, dela e Draco juntos durante esses meses e como ele a havia pedido em namoro, e depois como ela seria infeliz se não pudesse vê-lo mais... de repente ela escutou a voz de Sirius vindo de um lugar profundo de sua mente.

- Prontos para partir, galera?

- Você está acordada, Gina? – brincou Harry.

- Não enche! – ela disse num tom atrevido e, no entanto, ainda assustada que fossem partir assim tão rápido.

Eles deram um impulso e agora quatro vassouras voavam juntas na direção de um acampamento atrás das montanhas que estava montado a uma distância relativamente pequena pela velocidade que a Nimbus poderia chegar, pois já era possível ver as barracas em miniatura.

- Estamos indo exatamente para onde, Sirius? – indagou Harry.

- Para o Acampamento da Ordem da Fênix – ele revelou com um ar de superioridade – Dumbledore e os outros estavam mais perto do que vocês imaginam!

    **   **

  Sirius os guiou e não muito tempo depois eles desceram num espaço aberto entre várias barracas, e incrivelmente todos já estavam esperando ansiosos por eles. A Sra.Weasley enxugava as lágrimas com um lenço florido, enquanto o Sr. Weasley tentava acalmá-la. Hagrid olhava animado para eles embora Harry tenha notado que ele havia roído todas as unhas até ficar em carne viva e que seu cabelo estava mais desarrumado do que o normal. Dumbledore tinha a mesma expressão serena habitual em seu rosto, entretanto Harry já o conhecia bastante para perceber que ele também estava aliviado e contente em revê-los.

A Sra.Weasley voou para cima de Gina e começar a beijar os cabelos dela, murmurando algo como “minha menininha”. O Sr.Weasley as abraçou. Sirius recebeu os cumprimentos de Dumbledore e alguns outros membros da Ordem e imediatamente se retirou para descansar. Harry segurava firmemente a mão de Tathy, afinal ninguém a conhecia a não ser por Dumbledore, e Harry não iria deixá-la enquanto os outros o cumprimentavam e faziam perguntas para ele.

Uma sensação boa o invadiu quando Dumbledore se aproximou, provavelmente ele lhe diria algo inteligente, que o fizesse sentir bem e avisaria todos que ele e Tathy precisavam repousar depois de tanta aventura. Harry finalmente se sentiu em casa de novo.

Ele sorriu para Dumbledore, estava feliz que tinha conseguido destruir o talismã e que todos estavam bem, desta vez Voldemort não tinha feito nenhuma vítima. Porém, seu sorriso desapareceu no instante em que Lupin surgiu como uma bala de canhão. Seu antigo professor parecia realmente cansado, tinha gotas de suor escorrendo pela barba e rugas na testa.

- Rony e Hermione não estão aqui! Eles sumiram! – ele decretou numa voz alta e fúnebre.

- O quê? – berrou Harry desesperando-se – Eles também vieram pra cá?

A Sra. Weasley soltou Gina pela primeira vez e olhou para Lupin com uma cara torta, logo em seguida desmaiou.

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